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1. INTRODUÇÃO TEÓRICA Sabemos que com o passar dos anos, cada vez mais a crise energética fica mais evidente, onde a busca por fontes energéticas se tornou mais frequente e necessária. Sendo assim, dentre as possibilidades, o hidrogênio se destaca pela simplicidade de conversão, facilidade de transporte e benefícios econômicos. Para obtenção de hidrogênio, uma das formas mais viáveis é a partir de eletrólise. Essencialmente dentro de um eletrocatalisador composto de ânodos e cátodos separados por membranas e imersos em solução ácida ou básica, onde uma corrente contínua constante flui através dos eletrodos, gerando hidrogênio segundo as reações: Em meio ácido: 𝐶á𝑡𝑜𝑑𝑜: 2𝐻+ + 2𝑒− → 𝐻 2 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 1) Â𝑛𝑜𝑑𝑜: 𝐻 2 𝑂 → 1/2𝑂 2 + 2𝐻+ + 2𝑒− (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 2) 𝑅𝑒𝑎çã𝑜 𝐺𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙: 𝐻 2 𝑂 → 1/2𝑂 2 + 𝐻 2 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 3) Em meio básico: 𝐶á𝑡𝑜𝑑𝑜: 2𝐻 2 𝑂 + 2𝑒− → 𝐻 2 + 2𝑂𝐻− (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 4) Â𝑛𝑜𝑑𝑜: 2𝑂𝐻− → 1/2𝑂 2 + 𝐻 2 𝑂 + 2𝑒− (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 5) 𝑅𝑒𝑎çã𝑜 𝐺𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙: 𝐻 2 𝑂 → 1/2𝑂 2 + 𝐻 2 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 6) Para uma dada corrente I, a diferença de potencial entre cátodos e ânodos é dada por: ∆𝑉 = ∆𝐸 𝑟𝑒𝑣 + η 𝑎 + η 𝑐 + 𝐼𝑅 𝑠𝑜𝑙 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 7) onde é a diferença de potencial termodinâmico (para I = 0) entre os eletrodos,∆𝐸 𝑟𝑒𝑣 e são os sobrepotenciais anódicos e catódicos, correspondentes às reações deη 𝑎 η 𝑐 evolução de oxigênio e hidrogênio respectivamente e é a queda ôhmica devido𝐼𝑅 𝑠𝑜𝑙 à resistência da célula. A partir da equação (7), uma diminuição no da célula para uma dada∆𝑉 corrente pode ser obtida através da redução dos sobrepotenciais e , visto que oη 𝑎 η 𝑐 termo é facilmente minimizável através da geometria da célula e o não+ 𝐼𝑅 𝑠𝑜𝑙 ∆𝐸 𝑟𝑒𝑣 pode ser alterado. Assim a pesquisa por novos materiais eletródicos tem por objetivo básico a diminuição do valor de ou minimizando assim o valor de , oη 𝑎 η 𝑐 ∆𝑉 que leva à uma redução no custo de produção de hidrogênio. O sobrepotencial corresponde à diferença entre o potencial do eletrodo ( ) a uma𝐸 dada densidade de corrente ( ) em relação ao potencial para , ou seja, o𝑖 𝑖 = 0 potencial reversível ( ) da reação em questão ( ). Este parâmetro está𝐸 𝑟 η = 𝐸 − 𝐸 𝑟 relacionado com a densidade de corrente na célula através da equação empírica proposta por Tafel (para ):η < 120𝑚𝑉 𝑙𝑜𝑔(𝑖) = 𝑙𝑜𝑔(𝑖 0 ) + η𝑏 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 8) ou, η = 𝑏 𝑙𝑜𝑔(𝑖) − 𝑏 𝑙𝑜𝑔(𝑖 0 ) (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 9) ou ainda, η = 𝑏 𝑙𝑜𝑔(𝑖) + 𝑎 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 10) onde é a densidade de corrente de troca e é a tangente de Tafel e𝑖 0 𝑏 .𝑎 =− 𝑏 𝑙𝑜𝑔(𝑖 0 ) Um acréscimo de mantendo constante ou um acréscimo de mantendo𝑖 η η 𝑖 constante pode ser obtido aumentando ou reduzindo . Logo, estes dois𝑖 0 η parâmetros podem ser otimizados tanto através de materiais que apresentem uma grande eficiência para a reação eletródica como aumentando a área efetiva, de tal forma que, para uma mesma corrente , a densidade de corrente ( ) será𝐼 𝑖 = 𝐼/𝐴 menor, resultando num valor de menor. Além disso, pode-se procurar materiaisη que exibam os dois efeitos combinados. De um ponto de vista prático, os materiais promissores devem ainda manter estável o seu desempenho por longos períodos de tempo sob condições operacionais. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Materiais utilizados: Célula eletroquímica em H, eletrodos de platina, eletrodos de níquel, eletrodo de referência de calomelano, ácido sulfúrico 1,0 mol/L, hidróxido de Sódio 1,0 mol/L e potenciostato controlado por computador. Procedimento experimental: 1. Utilizou-se um eletrodo de Pt (fio) tanto em solução ácida (H2SO4 1,0 mol/L) como em solução básica (NaOH 1,0 mol/L). Utilizou-se o eletrodo de Ni somente em solução básica (NaOH 1,0 mol/L). 2. Utilizou-se o eletrodo de referência de calomelano saturado e contra-eletrodo de platina (lâmina). 3. Montou-se o circuito eletroquímico conforme mostra o esquema da Figura 1. Nesta Figura, o esquema de cima refere-se ao uso de um Potenciostato/Galvanostato. O esquema de baixo refere-se ao uso de uma fonte de corrente contínua. Escolheu-se aquele que for apropriado ao caso. 4. Iniciou-se com o eletrodo de fio de Pt em meio ácido. Mediu-se e anotou-se a área do eletrodo de trabalho. a. Ajustou-se a densidade de corrente a um valor de 100 mA/cm2. Esperou-se a estabilização do potencial até que houvesse uma variação de ±1 mV em 1 minuto. Anotou-se a leitura do potencial. b. Diminuiu-se a densidade de corrente para 80 mA/cm2. Repetiu-se o procedimento anterior. c. Repetiu-se para as densidades de corrente de: 60, 40, 30, 20, 15, 10, 8, 6, 4, 2 e 1 mA. d. Faz-se as medidas equivalentes no sentido da corrente crescente, sem interrupção. e. Repetiu-se os procedimentos a) até d) para o mesmo eletrodo em meio alcalino. f. Repetiu-se os procedimentos para o eletrodo de Ni em meio alcalino. Mediu-se e anotou-se a área do eletrodo de trabalho; Figura 1. Representação esquemática do circuito eletroquímico utilizado para o levantamento das curvas de polarização. FCC = fonte de corrente contínua; A = amperímetro; V = voltímetro; SEC = eletrodo secundário; TRAB = eletrodo de trabalho; REF = eletrodo de referência. 5. Tratamento dos dados: a. Obteve-se as médias dos valores dos potenciais eletródicos, para cada corrente; b. Plotou-se vs. ;𝐸 𝑙𝑜𝑔(𝑖) c. Calculou-se os coeficientes de Tafel, utilizando o domínio do gráfico com comportamento linear (baixas densidades de corrente). Logo em sequência, explicou-se o porquê dos desvios de linearidade; d. Fez-se uma análise comparativa dos resultados obtidos nos dois eletrodos e nos dois meios empregados. e. E por último, respondeu-se a seguinte questão: Um eletrolisador opera a 135 mA/cm2. Para o caso da Pt, qual é o meio que apresenta menor sobrepotencial e portanto seria mais indicado para se ter menor consumo energético ? 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Após as medições, foi possível obter os seguintes resultados: Eletrodo de Platina: Tabela 1. Densidade de corrente e sobrepotencial do hidrogênio para um eletrodo de Pt em meio ácido. i teórica (mA/cm2) I medida i real (mA/cm2) log (i) (mA/cm2) 1º E medido (V) 2º E medido (V) E médio (V) 100 13,0 96,30 1,9836 0,436 0,463 0,450 80 10,4 77,04 1,8867 0,428 0,443 0,436 60 8,0 59,26 1,7728 0,412 0,436 0,424 40 5,3 39,26 1,5940 0,387 0,408 0,398 30 3,9 28,89 1,4607 0,375 0,389 0,382 20 2,8 20,74 1,3168 0,357 0,370 0,364 15 1,8 13,33 1,1248 0,329 0,352 0,341 10 1,2 8,89 0,9489 0,327 0,339 0,333 8 1,0 7,41 0,8698 0,321 0,333 0,327 6 0,8 5,93 0,7731 0,317 0,328 0,323 4 0,5 3,70 0,5682 0,312 0,317 0,315 2 0,2 1,48 0,1703 0,298 0,304 0,301 1 0,1 0,74 -0,1308 0,294 0,295 0,295 Com os resultados obtidos pela tabela 1, foi possível plotar E vs. log (i), obtendo-se os seguintes resultados: Figura 2. Sobrepotencial do hidrogênio vs logaritmo da densidade de corrente para um eletrodo de Pt em meio ácido. Figura 3. Sobrepotencial do hidrogênio vs logaritmo da densidade de corrente na região linear para baixas densidades de corrente, para um eletrodo de Pt em meio ácido. Tabela 2. Densidade de corrente e sobrepotencial do hidrogênio para um eletrodo de Pt em meio básico. i teórica (mA/cm2) I medida i real (mA/cm2) log (i) (mA/cm2) 1º E medido (V) 2º E medido (V) E médio (V) 100 13,5 100,00 2,0000 1,448 1,528 1,488 80 10,9 80,74 1,9071 1,405 1,495 1,450 60 8,1 60,00 1,7782 1,353 1,447 1,400 40 5,4 40,00 1,6021 1,306 1,393 1,350 30 4,0 29,63 1,4717 1,274 1,343 1,309 20 2,7 20,00 1,3010 1,234 1,284 1,259 15 2,0 14,81 1,1706 1,211 1,249 1,230 10 1,3 9,63 0,9836 1,175 1,199 1,187 8 1,0 7,41 0,8698 1,160 1,175 1,168 6 0,8 5,93 0,7731 1,149 1,159 1,154 4 0,5 3,70 0,5682 1,130 1,134 1,132 2 0,3 2,22 0,3464 1,106 1,111 1,109 1 0,1 0,74 -0,1308 1,089 1,091 1,090 Com os resultados obtidos pela tabela 2, foi possível plotar E vs. log (i), obtendo-se os seguintes resultados: Figura 4. Sobrepotencial do hidrogêniovs logaritmo da densidade de corrente para um eletrodo de Pt em meio básico. Figura 5. Sobrepotencial do hidrogênio vs logaritmo da densidade de corrente na região linear para baixas densidades de corrente, para um eletrodo de Pt em meio básico. Eletrodo de Níquel: Tabela 3. Densidade de corrente e sobrepotencial do hidrogênio para um eletrodo de Ni em meio básico. i teórica (mA/cm2) I medida i real (mA/cm2) log (i) (mA/cm2) 1º E medido (V) 2º E medido (V) E médio (V) 100 32,3 100,00 2,0000 1,601 1,646 1,624 80 25,8 79,88 1,9024 1,570 1,605 1,588 60 19,3 59,75 1,7763 1,533 1,560 1,547 40 12,8 39,63 1,5980 1,487 1,508 1,498 30 9,6 29,72 1,4730 1,462 1,480 1,471 20 6,5 20,12 1,3036 1,433 1,446 1,440 15 4,8 14,86 1,1720 1,415 1,422 1,419 10 3,2 9,91 0,9961 1,390 1,394 1,392 8 2,6 8,05 0,9058 1,380 1,380 1,380 6 1,9 5,88 0,7694 1,365 1,364 1,365 4 1,3 4,02 0,6042 1,349 1,348 1,349 2 0,6 1,86 0,2695 1,320 1,316 1,318 1 0,3 0,93 -0,0315 1,295 1,290 1,293 Com os resultados obtidos pela tabela 3, foi possível plotar E vs. log (i), obtendo-se os seguintes resultados: Figura 6. Sobrepotencial do hidrogênio vs logaritmo da densidade de corrente para um eletrodo de Ni em meio básico. Figura 7. Sobrepotencial do hidrogênio vs logaritmo da densidade de corrente na região linear para baixas densidades de corrente, para um eletrodo de Ni em meio básico. Sendo assim, com os resultados obtidos nas figuras 3,5 e 7, comparando os resultados da melhor reta entre os pontos com as equações 9 e 10, foi possível chegar nos seguintes valores: Tabela 4. Determinação das constantes e da equação Tafel para diferentes eletrodos em meios ácidos e/ou𝑎 𝑏 básicos. Meio Básico Meio Ácido Metal a (mA/cm2) b log (i0)(mA/cm2) a (mA/cm2) b log (i0) (mA/cm2) Pt 1,09 0,103 -10,583 0,296 0,0367 -8,065 Ni 1,29 0,102 -12,647 - - - 4. CONCLUSÕES Com os resultados obtidos, podemos concluir que foi atingido satisfatoriamente os objetivos planejados, onde foi possível observar os padrões das figuras 2, 4 e 6, que deveriam respeitar as equações 9 e 10 e se assemelhar com a figura 8. Figura 8. Curva E vs. log i mostrando o desvio da linearidade causado pela queda ôhmica. Ref [3]. Sabe-se que a equação de Tafel é válida para baixos sobrepotenciais e baixas densidades de correntes, já que para certos materiais e um determinando sobrepotencial, há um desvio da linearidade. Esses desvio são devidos a vários fatores, mas principalmente aos efeitos ôhmicos do sistema, onde pode haver resistências da interface eletrodo solução, resistência devido a camadas de óxidos, resistência da solução, entre outros fatores. Portanto, para o sistema estudo foi possível comparar as constantes de Tafel oriundos da literatura: Figura 9. Valores das constantes de Tafel para diferentes metais em diferentes meios. Ref [2]. Sendo assim, comparando com os valores obtidos pela tabela 4, conseguimos chegar em valores satisfatórios da constante , sendo valores bem𝑏 próximos, porém para a constante , não foi o caso, já que provavelmente por𝑎 depender de seus resultados dependem do sistema em que se constitui a𝑙𝑜𝑔(𝑖 0 ) célula eletroquímica. Agora comparando os resultados obtidos individualmente, foi possível observar que para meios básicos os sobrepotenciais tendem a ser maior, sendo maior ainda para o eletrodo de Ni, já para o eletrodo de Pt em meio ácido, o sobrepotencial necessário para se atingir as densidades de correntes desejadas foi bem menor. Portanto, se o objetivo é encontrar o melhor material que tenha o menor sobrepotencial, para o nosso caso esse seria a Pt em meio ácido. Sendo assim, para um eletrolisador que opere a 135 mA/cm2, com Pt sendo seu eletrodo, o ideal seria utilizar o meio ácido, já que provavelmente ele “aguentaria” essa densidade de corrente para um menor sobrepotencial. Segue em anexo no final do relatório os cálculos realizados, a fim de verificar. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) LIDE, R. D. Handbook of Chemistry and Physics. 87th Edition, 2006-2007. 2) LIMA, F. H. B. Laboratório de Físico-Química. Licenciatura em Ciências Exatas. 2021. Universidade de São Paulo. Instituto de Química de São Carlos. 3) ANTROPOV. L. I. Theoretical Electrochemistry. 1972, Mir Publishers, Moscow - URSS. 4) OLIVEIRA. P. C. A. Determinação da densidade de corrente de corrosão em meios de baixa condutividade: uso de microeletrodos para minimizar a queda ôhmica. Química Nova [online]. 2011, v. 34, n. 2 [Acessado 16 Dezembro 2021] , pp. 325-329. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0100-40422011000200027>. Epub 02 Mar 2011. ISSN 1678-7064. https://doi.org/10.1590/S0100-40422011000200027. 5) SANTANA, M. H. P. Estudo das propriedades superficiais e eletrocatalíticas dos eletrodos de óxidos de Ru + Ti + Ce + Nb. 2000. 93 f. Dissertação (Mestrado em Química) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2020. DOI http://doi.org/10.14393/ufu.di.2000.28
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