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1 PRÁTICA PEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR: FUNDAMENTOS E METODOLOGIA DO ENSINO DE QUÍMICA Maiara Pereira Mendes FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA 2 Maiara Pereira Mendes Graduada em Tecnologia em Processos Químicos pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Mestra e doutora em Ciência de Alimentos pela Universidade Estatual de Maringá. Atualmente atua na pesquisa e no ensino superior nas principais áreas: ciência e tecnologia de amidos, cereais e bebidas; química de alimentos, processo de extrusão, química analítica e química orgânica. PRÁTICA PEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR: FUNDAMENTOS E METODOLOGIA DO ENSINO DE QUÍMICA 1ª edição Ipatinga – MG 2022 3 FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral: Valdir Henrique Valério Diretor Executivo: William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva Bruna Luiza Mendes Leite Carla Jordânia G. de Souza Guilherme Prado Salles Rubens Henrique L. de Oliveira Design: Brayan Lazarino Santos Élen Cristina Teixeira Oliveira Maria Eliza Perboyre Campos Taisser Gustavo de Soares Duarte © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita do Editor. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br http://www.faculdadeunica.com.br/ 4 Menu de Ícones Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São sugestões de links para vídeos, documentos científi- cos (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo abordado. Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações importantes nas quais você deve ter um maior grau de atenção! São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada unidade do livro. São para o esclarecimento do significado de determinados termos/palavras mostradas ao longo do livro. Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 5 SUMÁRIO INTRODUÇÃO A QUÍMICA ANALÍTICA INSTRUMENTAL EXPERIMENTAL . 8 1.1 CLASSIFICAÇÃO DO MÉTODOS ANALÍTICOS ..................................................... 10 1.2 ANÁLISE INSTRUMENTAL ....................................................................................... 12 1.3 SELEÇÃO DE UM MÉTODO ANALÍTICO ................................................................ 13 1.4 CALIBRAÇÃO E PADRONIZAÇÃO DOS MÉTODOS INSTRUMENTAIS .................. 14 1.5 PROCESSO ANALÍTICO ......................................................................................... 17 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 20 MÉTODOS ELETROQUÍMICOS ................................................................. 25 2.1 MEDIDAS POTENCIOMETRICAS ............................................................................ 27 2.1.1 Eletrodos de Referência ..................................................................... 30 2.1.2 Eletrodos Indicadores ......................................................................... 32 2.1.3 Eletrodos indicadores metálicos ...................................................... 32 2.1.4 Eletrodos de membrana .................................................................... 34 2.1.5 Aplicações Quantitativas .................................................................. 37 2.1.6 Curva de calibração .......................................................................... 37 2.1.7 Método de adições padrão ............................................................. 38 2.1.8 Medição de pH ................................................................................... 39 2.1.9 Titulações potenciométricas ............................................................. 39 2.2 EXPERIMENTOS ...................................................................................................... 41 2.2.1 Potenciometria direta: determinação de pH em amostras líquidas, pastosas, sólidas e suspensões.......................................... 42 2.2.2 Titulações potenciométricas de neutralização ............................ 44 2.3 APLICAÇÕES DE MÉTODOS CONDUTOMÉTRICOS.............................................. 45 2.4 EXPERIMENTOS ...................................................................................................... 48 2.4.1 Determinação da constante de ionização de alguns ácidos .. 48 2.4.2 Titulação condutométrica de ácido forte com base forte ........ 49 2.4.3 Análise condutométrica de vinagre adulterado com HCl ........ 51 2.5 APLICAÇÕES DE MÉTODOS ELETROGRAVIMÉTRICOS ........................................ 52 2.5.1 Eletrogravimetria sem Controle de Potencial ............................... 52 2.5.2 Eletrogravimetria de Potêncial Controlado ................................... 55 2.5.3 Experimento .......................................................................................... 59 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 61 MÉTODOS ESPECTROCÓPICOS .............................................................. 67 3.1 INTRODUÇÃO ÀS TÉCNICAS ANALÍTICAS ÓPTICAS ........................................... 67 3.2 APLICAÇÕES DA ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO MOLECULAR UV-Vis ....... 72 3.2.1 Instrumentação no UV-Visível ........................................................... 74 3.2.2 Aplicações Quantitativas .................................................................. 77 3.2.3 Aplicações Qualitativas ..................................................................... 78 3.3 EXPERIMENTOS ...................................................................................................... 79 3.3.1 Determinação de Nitrato em Água Potável Utilizando a Espectroscopia de Absorção na Região do Ultravioleta ........... 79 3.3.2 Determinação de Hidrocarbonetos Aromáticos em água ........ 81 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 84 UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 6 ESPECTROSCOPIA ATÔMICA .................................................................. 89 4.1 APLICAÇÕES DA ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO ATÔMICA ....................... 89 4.1.1 Instrumentação.................................................................................... 90 4.2 APLICAÇÕES DA ESPECTROSCOPIA DE EMISSÃO ATÔMICA ............................ 95 4.2.1 Instrumentação.................................................................................... 95 4.3 EXPERIMENTOS ......................................................................................................98 4.3.1 Determinação de Magnésio em Amostras de Água .................. 98 4.3.2 Determinação de Sódio em Substituto de Sal .............................. 99 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................. 101 MÉTODOS CROMATOGRÁFICOS ......................................................... 105 5.1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 105 5.2 CLASSIFICAÇÃO DAS TÉCNICAS CROMATOGRÁFICAS .................................. 106 5.2.1 Princípios das Separações Cromatográficas .............................. 107 5.3 APLICAÇÕES DA CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA ....................... 108 5.4 APLICAÇÕES DA CROMATOGRAFIA EM PAPEL ............................................... 112 5.5 APLICAÇÕES DA CROMATOGRAFIA EM COLUNA .......................................... 113 5.6 APLICAÇÕES DA CROMATOGRAFIA GASOSA ................................................ 117 5.6.1 Análise Qualitativa e Quantitativa ................................................ 123 5.7 EXPERIMENTOS .................................................................................................... 123 5.7.1 Separação de Corantes por Cromatografia em Camada Delgada .............................................................................................. 124 5.7.2 Separação de Extrato de Espinafre por Cromatografia em Coluna ................................................................................................. 124 5.7.3 Análise de Cafeína em Refrigerantes por Cromatografia Gasosa ................................................................................................. 125 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................. 127 OUTROS MÉTODOS DE SEPARAÇÃO .................................................... 131 6.1 APLICAÇÕES DE CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA ............... 131 6.2 APLICAÇÕES DA CROMATOGRAFIA POR TRONCA IÔNICA ........................... 135 6.3 APLICAÇÕES DA ELETROFORESE ....................................................................... 137 6.3.1 Eletroforese Capilar ........................................................................... 138 6.4 INSTRUMENTAÇÃO ............................................................................................. 139 6.4.1 Métodos de Eletroforese Capilar ................................................... 141 6.5 EXPERIMENTOS .................................................................................................... 142 6.5.1 Análise de Analgésicos por CLAE .................................................. 142 6.5.2 Separação de Cátions em Resina de Troca Catiônica ............ 143 6.5.3 Determinação de um Complexo de vitamina B por Eletroforese ............................................................................................................... 145 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................. 147 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................. 152 REFERÊNCIAS ......................................................................................... 153 UNIDADE 04 UNIDADE 05 UNIDADE 06 7 CONFIRA NO LIVRO Na unidade é realizado inicialmente uma contextualização a respeito da química analítica e introduzido o conceito de análise instrumental. No decorrer da unidade será possível aprender mais sobre como escolher e executar um método analítico. Nesta unidade primeiramente será compreendido de uma forma geral os métodos eletroquímicos. Em seguida será estudado mais a fundo os métodos potenciométricos, condutométricos e eletrogravimétricos, bem como suas práticas. Nessa unidade será iniciado o estudo dos métodos espectroscópicos. Inicialmente é abordado os conceitos gerais dos métodos, em seguida é abordado o conteúdo sobre a espectroscopia de absorção molecular no UV-Vis e experimentos do método. Na Unidade 4 será possível estudar as técnicas de espectroscopia de absorção e emissão atômica, onde será apresentado seus princípios, técnicas, equipamentos experimentos. Nesta unidade se inicia o estudo das técnicas de separação por cromatografia. Inicialmente será apresentado os princípios de cromatografia e em seguida o estudo mais aprofundado das técnicas de camada delgada, papel, coluna e a gás. Na última unidade será dado a continuidade dos estudos das técnicas de separação, onde será possível aprender sobre a cromatografia líquida de alta eficiência e troca iônica e, além disso, a técnica de separação por eletroforese. 8 INTRODUÇÃO A QUÍMICA ANALÍTICA INSTRUMENTAL EXPERIMENTAL A química analítica foi definida por Valcárcel (2012), como “uma ciência metrológica que desenvolve, otimiza e aplica processos de medição, com o objetivo de obter informações (bio)químicas, globais ou parciais, a respeito da qualidade de objetos e/ou sistemas naturais e artificiais, para resolver problemas analíticos de ordem social e econômica”. Com essa definição pode-se notar a dimensão e importância que a química analítica têm para a ciência, natureza, sociedade e economia, podemos considerar essa ciência indispensável para o aprimoramento da qualidade de vida nas sociedades modernas (ARAÚJO; IRIS, 2021). A química analítica consegue se conectar com outras áreas de conhecimento e ciência, o que favorece que avanços científicos e tecnológicos sejam alcançados, contribuindo de maneira positiva para a solução de problemas reais, presentes no dia a dia dos cidadãos. A química analítica pode ser dividida basicamente em três grandes áreas que se comunicam entre si: química analítica qualitativa, química analítica quantitativa e química analítica instrumental. A química analítica qualitativa, estabelece a identidade química das espécies presentes em uma amostra, tem como objetivo uma visão global do comportamento de várias substâncias em diferentes condições. A química analítica quantitativa determina as quantidades relativas das espécies ou analitos que são os componentes de uma amostra a serem determinados, busca definições e expressões matemáticas que possam ser usadas de forma satisfatória para descrever os fenômenos observados. Já a Metrologia: é a ciência da medição que abrange todos os aspectos teóricos e práticos relativos às medições, qualquer que seja a incerteza, em quaisquer campos da ciência ou tecnologia (INMETRO, 2012). UNIDADE 01 9 química analítica instrumental é composta por um conjunto de métodos instrumentais que consistem na medida das propriedades físicas e/ou químicas do analito, como condutividade, potencial de eletrodo, absorção ou emissão de luz, razão massa/carga, fluorescência, entre outros. Métodos esses que utilizam desde equipamentos mais simples até os mais sofisticados, mas que também podem envolver reações químicas em algumas etapas. Com a química analítica instrumental consegue-se realizar a identificação e quantificação de elementos e compostos. A análise química representa uma área da química analítica, onde se aplica um conjunto de técnicas e métodos, com o objetivo de se obter o conhecimento da composição química de uma amostra. É composta de medições de parâmetros de interesse através de instrumentos analíticos. A análise instrumental ganha destaque entre os ramos da análise química, pois o desenvolvimento de novas tecnologias tem possibilitado o aprimoramento de instrumentos e métodos analíticos, possibilitando a solução de problemas cada vez mais complexos e de extrema importância para a sociedade (ARAÚJO; IRIS, 2021). Aanálise química, principalmente a instrumental, precisa da atuação de profissionais responsáveis, que devem estar capacitados, habilitados e preparados, tanto para operar a instrumentação quanto para realizar todas as ações inerentes ao funcionamento de um laboratório. Por isso, nessa disciplina será apresentado os principais temas que contemplam a química analítica instrumental experimental. Antes de seguir com o conteúdo, precisamos nos familiarizar com alguns termos muito utilizados nesta área e que estão descritos do Quadro 1: Quadro 1: Termos mais utilizados em química analítica. Analito Espécie química, bioquímica ou biológica que pode ser identificada Leia o livro Química Analítica e Análise Química de Hage e Carr (2012). Com a leitura desse livro você vai conseguir ter um melhor panorama sobre a química analítica e como as suas três áreas (qualitativa, quantitativa e instrumental) se complementam na análise química. Disponível em: https://bit.ly/3GjXCfN. Acesso em: 06 jun. 2021. https://bit.ly/3GjXCfN 10 e quantificada em um processo de medição. Amostra Parte do material em que se busca uma informação analítica. Deve ser representativa do todo. Matriz Conjunto dos constituintes e veículos que compõem uma amostra (meio). Padrão Porção da matéria com uma quantidade conhecida do analito, cuja matriz deve ser a mais similar possível com a matriz da amostra. É a referência utilizada nos processos de medição e deve apresentar a rastreabilidade necessária para garantir a confiabilidade destas medições. Amostragem Processo de obtenção de uma ou várias porções (alíquotas) do material, que é objeto de análise, a fim de obter uma amostra, que seja representativa do todo. A amostragem pode ser feita no campo e/ou no laboratório. Sinal de trabalho Resposta instrumental relacionada com alguma propriedade do analito. Ruído Variação aleatória do sinal de fundo ou da linha de base do equipamento de medição, geralmente de baixa intensidade, proveniente de oscilações de natureza instrumental ou de outras variáveis. Relação sinal/ruído Indicador da qualidade da medida. Quanto maior for a relação sinal/ruído, menor será a interferência do ruído perante o sinal. Interferente É uma espécie ou uma matriz ou qualquer tipo de perturbação externa que afeta o sinal de trabalho (aumenta ou diminui) provocando erros aleatórios ou sistemáticos na determinação do analito. O interferente pode gerar um sinal próprio ou mudar o comportamento do analito. Fonte: Adaptado de Araújo; Carvalho (2021, p. 29). 1.1 CLASSIFICAÇÃO DO MÉTODOS ANALÍTICOS A análise de uma determinada amostra gera um sinal químico ou físico cuja intensidade do sinal é proporcional à quantidade de analito na amostra. O sinal pode ser qualquer coisa que se possa medir, sendo os exemplos mais comuns: massa, volume, absorbância, entre outros. As técnicas de análise química podem ser classificadas de várias formas, observe o Quadro 2: Quadro 2: Classificação DAS TÉCNICAS DE ANÁLISE QUÍMICA CLASSIFICAÇÃO DAS TÉCNICAS DE ANÁLISE QUÍMICA FINALIDADE REQUERIDA Análise qualitativa - Identificação dos analitos ou grupos químicos presentes na amostra. - Gera uma resposta binária a partir do procedimento investigativo: presente/ausente, maior/menor que..., ocorreu/não ocorreu a reação química esperada, etc. Procura responder principalmente as questões: o que 11 há na amostra? Quais as propriedades da amostra? Análise estrutural Busca estabelecer uma estrutura química e/ou bioquímica do analito, inclusive estereoquímica. Análise quantitativa Busca determinar a quantidade, concentração ou proporção dos analitos da amostra. Resposta numérica de acordo com o objetivo da análise: teor, concentração, proporção relativa, etc. Procura responder quanto do analito há na amostra. DE ACORDO COM A QUANTIDADE DE AMOSTRA Macroanálise > 100mg; geralmente na ordem de gramas. Semimicroanálise Entre 10 e 100mg; geralmente na ordem de centigramas, em uma escala intermediária entre macroanálise e microanálise. Microanálise Entre 0,01 e 10mg; geralmente requer equipamentos especiais, muito sensíveis ou em pequena escala. Ultramicroanálise < 0,01mg; quantidade na ordem de alguns microgramas, em uma escala menor do que a microanálise. DE ACORDO COM O NÍVEL DE CONCENTRAÇÃO DO ANALITO Componentes majoritários > 1%. Componentes minoritários 0,01-1%. Componentes residuais (traços) < 001% ou < 100mg.kg-1 ou μg.g-1, teores na ordem de ppm. Componentes residuais (ultratraços) < 0,0001% ou 1mg.g-1, teores na ordem de ppb e ppt. DE ACORDO COM OS PROCEDIMENTOS DE CALIBRAÇÃO E DE PADRONIZAÇÃO Absolutos Baseados na utilização de padrões básicos de massa, carga ou outras grandezas do sistema internacional de medidas (SI). Não requerem necessariamente um padrão de substância química específica no procedimento de calibração. Relativos ou comparativos Baseados na relação entre o sinal gerado pelo instrumento, a grandeza medida e a concentração ou quantidade de matéria do analito, ou seja, na comparação do analito na amostra desconhecida com padrões do analito. Contempla a maior parte das análises instrumentais. Estequiométricos Baseados na reação estequiométrica do analito com um reagente padrão, onde se produz uma variação no sistema que possa ser detectada de forma clássica (visual) ou instrumental (sensores, eletrodos, etc.). DE ACORDO COM A TÉCNICA E A DESIGNAÇÃO HISTÓRICA Análises clássicas Originárias nos primórdios da química analítica. São baseadas no emprego de reações químicas, extração ou destilação como operações fundamentais do procedimento analítico e dependem bastante da habilidade do analista. As técnicas clássicas mais comuns empregadas até hoje são as de gravimetria e de volumetria. Análises instrumentais Utilizam algum instrumento para monitorar qualquer alteração física ou físico-química nas espécies químicas ou reações estequiométricas. Alterações como: emissão ou absorção de luz, potencial elétrico, temperatura, corrente elétrica, razão massa/carga, entre outras, que geral um sinal elétrico como 12 resposta. Fonte: Adaptado de Araújo; Iris (2021, p. 34-36). 1.2 ANÁLISE INSTRUMENTAL Pode-se considerar, de maneira geral, que uma das principais características da análise instrumental é que nela utiliza-se instrumentos acoplados a sistemas de detecção, compostos por sensores ou detectores, além de que, na maioria dos instrumentos analíticos ainda contém fontes, podendo ser elétricas, eletromagnéticas, térmicas, químicas, radioativas, entre outras. Essas fontes estimulam o analito para que ele gere uma resposta, que, é convertida em sinal elétrico pelo sistema de detecção. Outros acessórios e dispositivos podem compor o instrumento, como: válvulas, fornos, monocromadores, injetores, amostradores, etc. É possível verificar um esquema que ilustra as principais partes e processo de um equipamento para análise instrumental. Figura 1: Esquema De Um Equipamento Fonte: Araújo; Iris (2021, p. 38). As técnicas analíticas instrumentais são baseadas nas propriedades dos analito, dessa forma podem ser classificadas conforme o Quadro 3: Quadro 3: Técnicas analíticas e suas propriedades Técnicas Propriedades Ópticas Espectrofotometria no UV-Vis Interação da radiação eletromagnética com a matéria Espectrometria atômica Espectrofotometria no IV Fluorimetria Fluorescência de raios X Turbidimetria Refratometria Difratometria de raios X 13 Polarímetria Eletroquímica Potenciometria Interação das espécies com a superfície de eletrodos Coulometria Condutometria AmperometriaEletrogravimetria Voltametria Polarografia Cromatográficas Cromatografia líquida Migração diferencial das substâncias, impulsionadas através de um leito estacionário Cromatografia gasosa Cromatografia com fluido supercrítico Outras Espectrometria de massas Diversas Técnicas radioquímicas Termogravimetria Ressonância magnética nuclear Microscopia eletrônica de varredura Eletroforese capilar Etc. Fonte: Araújo; Iris (2021, p.38). 1.3 SELEÇÃO DE UM MÉTODO ANALÍTICO Um método é a aplicação de uma técnica a um analito específico em uma matriz específica. Os requisitos da análise determinam o melhor método. Na escolha de um método, são levados em consideração os seguintes critérios: exatidão, precisão, limite de detecção, limite de quantificação linearidade, sensibilidade, seletividade. A escala de operação, tempo de análise, disponibilidade de equipamento e custo, também devem ser considerados na escolha. No Quadro 4 pode-se verificar os critérios de seleção de um método analítico e sua respectiva descrição: Quadro 3: Critérios De Seleção De Um Método Analítico Exatidão Grau de concordância entre o valor medido e o valor de referência. Está associada à proximidade do valor verdadeiro e diminui com o aumento dos erros sistemáticos. Precisão Grau de concordância dentro de um grupo de resultados obtidos ao se aplicar o mesmo método analítico. Está associada à dispersão dos valores resultantes de uma série de medidas e aos erros aleatórios ou indeterminados do processo de medição. Limite de detecção Menor nível de concentração (ou quantidade) de analito detectável por um método e que pode ser estatisticamente diferenciado do ruído ou do branco Limite de quantificação Menor nível de concentração (ou quantidade) de analito que pode ser determinado com precisão e exatidão aceitáveis, sob as condições 14 experimentais estabelecidas. Linearidade Capacidade do método de gerar resultados diretamente proporcionais à concentração do analito. Ocorre dentro de uma faixa determinada de concentração. Sensibilidade Capacidade de distinguir entre pequenas diferenças na concentração de um analito. Em métodos mais sensíveis, uma pequena diferença na concentração do analito causa maior variação no valor do sinal analítico medido. Sob o ponto de vista prático, a sensibilidade pode ser expressa pela inclinação da curva de calibração. Quanto mais inclinada a curva, mais sensível é o método. Seletividade Capacidade do método em detectar o analito de interesse na presença de outros componentes da matriz. Um método que tenha capacidade de distinguir um conjunto particular de espécies, dentre elas o analito, é chamado de seletivo. Um método que produz resposta apenas para o analito é chamado de específico. Fonte: Araújo; Iris (2021, p. 32). O método selecionado deve ser eficiente, simples e rápido; não deve causar danos aos materiais em que as amostras serão tratadas e analisadas; não deverá gerar erros sistemáticos; deve saber sobre sua seletividade; deve ser empregado com mínima manipulação, e os resultados serão obtidos com a máxima segurança operacional. O método estabelece quais os analitos que poderão ser determinados, especificando-se a matriz ou as matrizes e os riscos de interferência, ou seja, fornece as condições apropriadas para a obtenção dos resultados que possibilitem a solução do problema. Para seleção de um método analítico, é essencial definir claramente a natureza do problema analítico. 1.4 CALIBRAÇÃO E PADRONIZAÇÃO DOS MÉTODOS INSTRUMENTAIS A calibração garante que o equipamento ou instrumento usado para medir o sinal está operando corretamente, para isso utiliza-se um padrão conhecido que Os erros sistemáticos têm valor e causas definidos, identificáveis e são da mesma ordem de grandeza para réplicas de medidas realizadas de maneira semelhante. Os erros sistemáticos são inúmeros e são classificados em quatro grupos: erros pessoais, erros operacionais, erros de método e erros devido a instrumentos e reagentes. Erros indeterminados são consequências dos efeitos de variáveis que talvez não possam ser controladas nas medidas. Esse tipo de erro está sempre presente e não pode ser eliminado, porém pode ser localizado e reduzido em um experimento a partir da sua otimização prévia. 15 produz um sinal exato. A padronização é o processo de determinar experimentalmente a relação entre o sinal e a quantidade de analito (HARVEY, 2000). A curva de calibração é um método de padronização que representa a resposta do instrumento em função da quantidade de matéria do analito, podendo ser expressa em unidades de concentração ou de massa, oriundo de soluções- padrão, sendo que esses padrões podem ser preparados a partir do analito puro no mesmo solvente que será utilizado na análise. Para desenvolver uma curva de calibração, é preciso realizar a medição de soluções ou materiais que contenham concentrações conhecidas do analito (padrões) no determinado instrumento que se deseja calibrar nas mesmas condições operacionais. Assim, a variação de sinal estará associada à variação de quantidade de matéria do analito. Os resultados obtidos são plotados em um gráfico, onde a resposta instrumental é representada no eixo vertical y e a concentração ou massa do analito no padrão é representada no eixo horizontal x, sendo que x é uma variável independente da resposta instrumental. Através de uma mesma curva de calibração é possível determinar a concentração de uma série de amostras, dependendo do método e com cautela. Observe um exemplo de curva de calibração na Erro! Fonte de referência não encontrada.: Figura 2: Curva De Calibração Fonte: Elaborado pela Autora (2021). 16 Para elaborar a curva de calibração deve-se: 1. Preparar uma série de soluções-padrão a partir de diluições de uma solução-estoque; 2. Regular as condições do instrumento e ajustar a escala de medição com o solvente puro, com o branco ou com os próprios padrões; 3. Medir (“ler” no instrumento) os padrões; 4. Construir gráficos que relacionem os sinais lidos no instrumento com as quantidades dos padrões; 5. Traçar a curva de calibração por ajuste da melhor reta por regressão linear, usando calculadora científica ou planilha eletrônica. (Araújo e Iris, 2021, p. 45) A linearidade da curva de calibração ocorre apenas em uma determinada faixa de concentração, dependente das propriedades do analito, da matriz e das condições instrumentais. Essa região linear da curva de calibração é “faixa ótima de trabalho”. Nesta faixa, têm-se os limites inferior (limites de quantificação e de detecção) e superior (de linearidade) da curva de calibração, a correlação entre o sinal da amostra e dos padrões deve ser feita apenas dentro deste intervalo. Os parâmetros da linearidade da curva de calibração são: (1) Sendo: y = a medida do sinal analítico ou um valor proporcional a ele. x = valores associados aos padrões, de conhecimento prévio à medição, podendo ser concentração, massa, volume etc. Em diversos processos analíticos é utilizado a amostra “BRANCO”, você sabe o porquê? A amostra branco é uma amostra que não contém o analito ou que contém o analito como contaminante. Esse tipo de amostra é utilizada normalmente para calibrar o instrumento, para verificar as interferências que possam ser geradas pela matriz ou por reagentes, entre outras funções. Na espectroscopia, pode ser utilizado para “zerar” o equipamento, ou seja, no momento da leitura da amostra com o analito, o equipamento desconsidera a absorbância do branco, que geralmente é o solvente onde o analito está dissolvido e que sua leitura foi realizada previamente.17 Coeficiente angular (a): é a inclinação da curva em relação aos eixos, ele expressa a sensibilidade da medição. Coeficiente linear (b): é a interseção da curva com os eixos das ordenadas (valor de y quando x for zero). Além dos coeficientes da curva, pode-se e deve-se calcular também o coeficiente de determinação (R2), ele expressa a correlação entre x e y. Quanto maior a proximidade de 1 for o seu valor, melhor será a reta descrita pela regressão linear dos pontos, indicando que pontos experimentais estão mais alinhados entre si. 1.5 PROCESSO ANALÍTICO Os problemas analíticos que irão utilizar a química analítica como um todo, principalmente a química analítica instrumental, que atualmente tem bastante destaque pelo avanço das técnicas e equipamentos, são variados e de diferentes naturezas. Podem ser utilizados na determinação de parâmetros de potabilidade da água, para verificar a contaminação de solo e uma consequente contaminação de alimentos, sendo que a necessidade de se avaliar esses três problemas é de resolver questões de saúde pública. Os problemas analíticos podem surgir de uma cena de um crime, uma análise antidoping, até a análise de obras de arte para verificar sua autenticidade, entre outros objetivos. O processo analítico pode ser dividido em cinco etapas: 18 Figura 3: Processo Analítico Fonte: Adaptado de Araújo; Iris (2021, p.30). Planejamento: realizar o levantamento bibliográfico sobre os objetivos da análise e os métodos analíticos que serão utilizados é essencial, dessa forma se obtém informações sobre do problema. A análise pode ser realizada de diversas maneiras, dessa forma é muito importante saber quais técnicas e os métodos que são mais apropriados para a execução da análise química na amostra e diante da realizada do laboratório. Um método analítico inadequado poderá gerar erros, perda de amostra, de tempo, de recursos ou até mesmo danificar um instrumento. Amostragem: é a forma de coleta e modo de transporte da amostra até o laboratório de análise, de forma que não ocorra alteração das suas características originais, preferencialmente. É uma etapa crítica que impacta significativamente na confiabilidade dos resultados. Deve haver um plano de amostragem bem definido e coerente com a amostra, analito, ambiente e análise. Preparação: se refere ao preparo das amostras e padrões, é uma etapa de extrema importância. Essa etapa objetiva submeter a amostra a um procedimento 19 apropriado, adequando a quantidade do analito, à faixa de medição do instrumento e converter a amostra a um estado compatível com o método (ARAÚJO; IRIS, 2021). O preparo também auxilia na eliminação de interferências. Medição: nessa etapa se obtém os dados analíticos que envolvem as medições propriamente ditas. O sinal de trabalho que será gerado a partir de uma propriedade intrínseca do analito, será convertido em uma grandeza, que será processada adequadamente na etapa de tratamento dos dados. As medições das amostras incluem replicatas, calibrações, padronização e controle. Tratamento de dados e emissão de resultados: esta etapa envolve cálculos, análises, comparação com outros resultado e dados da literatura, plotagem de gráficos, discussões, conclusões, relatórios, entre outros. Muitas vezes é necessário realizar tratamento estatístico dos dados experimentais, para que se possa considerar os erros e as incertezas e, os mesmos possam ser expressos corretamente. Todas as etapas do processo analítico têm sua importância e se ocorrer uma falha em qualquer uma delas pode acarretar em uma falha de qualidade e prejudicar a confiabilidade do resultado final. Leia o livro Fundamentos da Metrologia: Científica e Industrial de Albertazzi e Souza (2008). Com este livro você vai poder aprofundar seus conhecimentos a respeito de metrologia, como monitorar, controlar, e investigar suas análises instrumentais, além disso, vai aprender mais sobre calibração e padronização e ainda sobre os erros que podem ocorrer. Conteúdo de fundamental importância para o melhor desempenho em análises instrumentais. Disponível em: https://bit.ly/3AQjNcr. Acesso em: 06 jun. 2021. https://bit.ly/3AQjNcr 20 FIXANDO O CONTEÚDO 1. A química analítica pode ser bastante abrangente, principalmente quando se trata de análise química. Uma das divisões da química analítica é entre a química analítica qualitativa, quantitativa e instrumental. Diante da divisão da química analítica mencionada, associe as duas colunas, relacionando a área da química analítica com seu principal enfoque: I. Química Analítica Qualitativa II. Química Analítica Quantitativa III. Química Analítica Instrumental ( ) Estabelece a identidade química das espécies presentes em uma amostra. ( ) Composta por um conjunto de métodos que consistem na medida das propriedades físicas e/ou químicas do analito. ( ) Determina as quantidades relativas das espécies ou analitos que são os componentes de uma amostra a serem determinados. A sequência correta dessa classificação é: a) 1, 2, 3. b) 1, 3, 2. c) 2, 3, 1. d) 3, 1, 2. e) 3, 2, 1. 2. Na química analítica instrumental experimental utiliza-se vários termos rotineiros de importância, onde saber seu significado é fundamental, pois faz parte da rotina de análise dessa área. Sendo assim, a porção da matéria com uma quantidade conhecida do analito, cuja matriz deve ser a mais similar possível com a matriz da amostra é referente a qual termo? a) Analito. 21 b) Branco. c) Padrão. d) Amostra. e) Amostragem. 3. As análises instrumentais podem ser classificadas em ópticas, eletroquímicas, cromatográficas e outras de acordo com suas propriedades. Diante disso, associe as duas colunas, relacione o tipo de análise instrumental com sua propriedade. I. Óptica II. Eletroquímica III. Cromatográficas ( ) Interação das espécies com a superfície de eletrodos. ( ) Interação da radiação eletromagnética com a matéria. ( ) Migração diferencial das substâncias, impulsionadas através de um leito estacionário. A sequência correta dessa classificação é: a) 1, 2, 3. b) 1, 3, 2. c) 2, 1, 3. d) 2, 3, 1. e) 3, 1, 2. 4. Diante de diversas propriedades das espécies químicas existentes é possível explorá-las com as diversas técnicas dos métodos ópticos, eletroquímicos, cromatográficos e outros que compõem a química analítica instrumental. Diante do exposto, avalie as afirmações a seguir como (V) para verdadeiras e (F) para falsas. I. A refratometria é uma técnica óptica. II. A coulometria é uma técnica eletroquímica. 22 III. A termogravimetria é uma técnica eletroquímica. IV. A eletroforese capilar é técnica de analise instrumental. As afirmações I, II, III e IV, são respectivamente. a) V, V, F, V. b) V, F, F, V. c) F, F, V, F. d) F, V, V, F. e) V, V, V, F. 5. Para a realização da análise química utilizando a química analítica instrumental experimental, é importante que siga algumas etapas para ter um processo analítico eficiente e obter resultados confiáveis. São etapas de um processo analítico: I. Planejamento. II. Preparação. III. Medição. IV. Tratamento de dados. É correto o que se afirma em: a) III e IV, apenas. b) I, II e III, apenas. c) I, III e IV, apenas. d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 6. Leia o trecho a seguir: É a forma coleta e modo de transporte da amostra até o laboratório de análise, de forma que não ocorra alteração das suas características originais, preferencialmente. É uma etapa crítica que impacta significativamente na confiabilidade dos resultados. Deve haver um plano debem definido e coerente 23 com a amostra, analito, ambiente e análise. Identifique a seguir a qual etapa do processo analítico o trecho se refere. a) Medição. b) Preparação. c) Planejamento. d) Amostragem. e) Emissão dos resultados. 7. A calibração e padronização são processos dentro da análise química instrumental essencial para se realizar uma análise da melhor maneira possível e se obter resultados confiáveis. A respeito da calibração e padronização, avalie as assertivas a seguir: I. Para a calibração utiliza-se um padrão conhecido que produz um sinal exato. II. Padronização é o processo de determinar experimentalmente a relação entre o sinal e a quantidade de analito. III. Calibração é o que garante que o equipamento ou instrumento usado para medir o sinal está operando corretamente. É correto o que se afirma em: a) II, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas e) I, II e III. 8. A curva de calibração representa a resposta do instrumento em função da quantidade de matéria do analito, podendo ser expressa em unidades de contração ou massa, oriundo de soluções-padrão. A curva de calibração é um processo de: a) Calibração. 24 b) Amostragem. c) Padronização. d) Método de análise. e) Tratamento de resultados. 25 MÉTODOS ELETROQUÍMICOS A eletroquímica estuda a transferência de elétrons entre as espécies e a movimentação das cargas nos meios, a transferência ocorre na célula eletroquímica. Nessa ciência estuda-se processos de conversão de energia química em energia elétrica e vice-versa. As técnicas eletroquímicas baseiam-se nas propriedades elétricas do analito de uma célula eletroquímica. Nessas técnicas utiliza-se eletrodos como sensores diretamente em contato com o analito. Algumas delas utilizam fontes elétricas, outras podem ser acopladas a sistemas de titulação automática. As medidas das propriedades elétricas são: diferença de potencial, corrente, carga, condutância etc. Essas medidas são relativamente simples, com isso, os instrumentos para realizar a medida são mais baratos em comparação com outras técnicas instrumentais, fazendo com que suas técnicas sejam bastante aplicadas. As técnicas eletroquímicas têm bastante evidência, pois têm a capacidade de resolver diversos problemas analíticos, principalmente para na determinação e/ou identificação das atividades das espécies, que representam as concentrações efetivas em um determinado meio (ARAÚJO; IRIS, 2021). Porém, há de se considerar, que os sensores eletroquímicos têm sido utilizados com êxito em sistemas em linha, já que o sinal elétrico é razoavelmente seletivo, facilmente transmissível e responde rapidamente às variações de atividade, sem necessidade de retirar a amostra do meio em que se encontra, facilitando o controle a distância de sistemas de produção (ARAÚJO; IRIS, 2021). O sinal analítico é decorrente de três fontes principais: potencial, corrente e carga. Os métodos eletroquímicos podem ser classificados de diversas formas. Uma divisão simples é entre métodos em massa, que medem propriedades de toda a solução, e métodos interfaciais, nos quais o sinal é uma função de fenômenos que ocorrem na interface entre um eletrodo e a solução em contato com o eletrodo. A medição da condutividade de uma solução, que é proporcional à concentração total de íons dissolvidos, é um exemplo de método eletroquímico em massa. A UNIDADE 02 26 determinação do pH usando um eletrodo de pH é um exemplo de método eletroquímico interfacial. Além dessa classificação pode-se dividir os métodos eletroquímicos relacionando as técnicas, o parâmetro medido e a unidade de medida mais comum, como pode-se observar no Quadro 5: Quadro 4: Técnicas Eletroanalíticas Técnica Parâmetro medido Unidade mais comum Potenciometria Diferença de potencial (d. d. p.) Volt Condutometria Condutância Siemens Voltametria Corrente elétrica com d. d. p. variada Ampère Eletrogravimetria Massa Grama Amperometria Corrente elétrica com d. d.d p. fixa Ampère Coulometria Carga elétrica Coulomb Fonte: Araújo; Iris (2021, p. 260). As medições eletroquímicas são realizadas em uma célula eletroquímica, composta por dois ou mais eletrodos e componentes eletrônicos associados para controlar e medir a corrente e o potencial. A célula eletroquímica mais simples usa dois eletrodos. O potencial de um dos eletrodos é sensível à concentração do analito e é chamado de eletrodo de trabalho ou indicador. O segundo eletrodo, que é chamado de eletrodo de referência, serve para completar o circuito elétrico e fornece um potencial de referência contra o qual o potencial do eletrodo de trabalho é medido. Idealmente, o potencial do eletrodo de referência permanece constante, de modo que qualquer mudança no potencial geral da célula seja atribuída ao eletrodo de trabalho. Em um método dinâmico, onde a passagem da corrente altera a concentração das espécies na célula eletroquímica, o potencial do eletrodo de referência pode mudar com o tempo. Este problema é eliminado substituindo o eletrodo de referência por dois eletrodos: um eletrodo de referência, através do qual não circula corrente e cujo potencial permanece constante; e um eletrodo auxiliar que completa o circuito elétrico e através do qual a corrente pode fluir. Embora existam muitas técnicas eletroquímicas diferentes de análise, existem apenas três métodos experimentais básicos: (1) medição do potencial sob condições estáticas sem fluxo de corrente; (2) medir o potencial enquanto controla a corrente; e (3) medir a corrente enquanto controla o potencial. Cada um desses projetos experimentais, no entanto, é baseado na lei de Ohm de que uma corrente 27 (i), passando por um circuito elétrico de resistência (R) gera um potencial (E), como pode ser observado na (2 portanto: (2) Cada um desses métodos também usa um tipo diferente de instrumento. Neste capítulo será apresentado três técnicas eletroquímicas: potenciométricas, condutométricas e eletrogravimétricas. 2.1 MEDIDAS POTENCIOMETRICAS A potenciometria é uma técnica onde o analito faz parte de uma célula galvânica ou pilha e que se baseia na medida da diferença de potencial entre um par de eletrodos, sendo eles indicador e referência. Na potenciometria a instrumentação é simples e barata, seus componentes são: Eletrodo que possui seletividade e sensibilidade ao analito, sendo esse eletrodo o indicador; Eletrodo que possui o potencial fixo e constante, que serve de contraponto na medição, esse é o eletrodo de referência; Uma ponte salina que se trata de um dispositivo para separar e conectar as semi- células indicadora e referência, podendo ser chamada também de junção ou diafragma; Instrumento capaz conectar o par de eletrodos e medir a diferença de potencial na ausência de corrente elétrica. Outras características da potenciometria e dos instrumentos utilizados nas medidas potenciométricas são: Compatibilidade com sistemas automáticos de análise como válvulas e tituladores; A medida de diferença de potencial não é destrutiva; Pode-se determinar concentração e a atividade de uma espécie eletroativa; A amostras complexas podem ser aplicadas a técnica, desde com tratamento prévio, diante da sensibilidade e a seletividade na percepção do analito; Resposta rápida do equipamento, podendo ser muitas vezes instantânea. Na potenciometria, o potencial de uma célula eletroquímica é medido em condições estáticas. Como nenhuma corrente, ou apenas uma corrente 28 insignificante, flui durante a medição do potencial de uma solução, sua composiçãopermanece inalterada. Por esse motivo, a potenciometria é um método quantitativo útil. As primeiras aplicações potenciométricas quantitativas surgiram em 1889, logo após a formulação da equação de Nernst relacionando o potencial de uma célula eletroquímica à concentração de espécies eletroativas na célula (HARVEY, 2000). Atualmente as principais aplicações são: determinação do pH; determinação direta e seletiva de diversas espécies eletroativas orgânicas, inorgânicas ou bioquímicas; auxílio na titulação; determinação de constantes como Kps, Ka, Kb etc; monitoramento de processos químicos e bioquímicos; entre outras aplicações. As medições potenciométricas são feitas utilizando um potenciômetro para determinar a diferença de potencial entre o eletrodo indicador e o eletrodo de referência. Na é apresentada uma célula potenciométrica. Observe que a célula é dividida em duas meias-células, cada uma contendo um eletrodo imerso na solução contendo íons cujas concentrações determinam o potencial do eletrodo. Essa separação dos eletrodos é necessária para evitar que a reação redox ocorra espontaneamente na superfície de um dos eletrodos, causando um curto-circuito na célula eletroquímica e impossibilitando a medição do potencial celular. Uma ponte de salina contendo um eletrólito inerte, como KCl, conecta as duas meias- células. As extremidades da ponte salina são fixadas com membranas porosas, permitindo que os íons se movam livremente entre as meias-células e a ponte salina, enquanto evita que o conteúdo da ponte salina drene para as meias-células. Este movimento de íons na ponte de salina completa o circuito elétrico. 29 Figura 4: Célula Para Determinações Potenciométricas. Fonte: Skoog et al. (2014, p. 529). As células eletroquímicas potenciométricas são construídas de modo que uma das meias-células forneça um potencial de referência conhecido e o potencial da outra meia-célula indica a concentração do analito. Por convenção o eletrodo indicador é considerado o cátodo onde ocorre a redução (meia-célula direita) e o eletrodo de referência é considerado o ânodo onde (meia-célula esquerda). Assim, a notação abreviada para uma célula eletroquímica potenciométrica é: Referência║Indicador E o potencial da célula é: Ecél = Eind – Eref + Ejl (3) Ecél =potêncial de célula Eind = potêncial do eletrodo indicador Eref = potêncial do eletrodo de referência Ponte salina: é uma conexão entre duas soluções que permite o movimento da corrente na forma de carga iônica. 30 Ejl = potêncial de junção líquida Um potencial de junção líquida se desenvolve na interface entre duas soluções iônicas que diferem em composição e para as quais a mobilidade dos íons é diferente. A diferença de potencial através da membrana é chamada de potencial de junção líquida, Ejl. A magnitude do potencial de junção líquida de uma ponte de salina pode ser minimizada pelo uso de um sal como KCl, em que as mobilidades do cátion e do ânion são aproximadamente iguais. A magnitude do potencial de junção líquida também pode ser minimizado pela incorporação de uma alta concentração de sal na ponte salina. Por esta razão, as pontes de salinas são normalmente constituídas de soluções saturadas com KCl. O Ejl geralmente é muito baixo, e muitas vezes pode ser desprezível, mas sempre presente e pode afetar a medida potenciométrica. 2.1.1 Eletrodos de Referência O eletrodo de referência ideal deve fornecer um potencial estável de modo que qualquer alteração no Ecél seja atribuída ao eletrodo indicador e, portanto, a uma alteração na concentração do analito. Além disso, o eletrodo de referência ideal deve ser fácil de fazer e usar. Existem três eletrodos de referência comuns: eletrodo-padrão (eletrodo normal de hidrogênio), eletrodo de prata/cloreto de prata, eletrodo de calomelano. O eletrodo-padrão foi utilizado como referência para se obter os valores de potencial-padrão das células galvânicas. É um eletrodo extremamente estável e confiável, porém não é prático, dessa forma, raramente é utilizado em análises de rotina. O eletrodo de referência de prata/cloreto de prata (Ag/AgCl) é constituído de um fio de prata com cloreto de prata aderido ao metal, sendo que ambos devem estar mergulhados em uma solução de cloreto de potássio saturada com Ag+. Assim, o equilíbrio de um afeta o equilíbrio do outro. Na é possível observar um exemplo de eletrodo de Ag/AgCl: 31 Figura 5: Esquemas de célula com eletrodo indicador e eletrodo Ag/AgCl. (1) fio de prata; (2) AgCl sólido depositado no fio; (3) solução de KCl saturada com AgCl; (4) ponte salina; (5) eletrodo indicador e (6) solução contendo o analito, (7) diafragma, fazendo o Fonte: Adaptado de Araújo; Iris (2021, p. 284). O eletrodo de referência de calomelano deve ser utilizado com muito cuidado porque contém mercúrio, podendo gerar problemas ambientais. O eletrodo de calomelano tem princípios de funcionamento similares ao Ag/AgCl. Possui um tubo contendo uma pasta com cloreto mercuroso (Hg2Cl2), mercúrio líquido e solução de KCl (ARAÚJO; IRIRS, 2021). Sendo que esta pasta fica em contato com a solução de KCl (contendo Hg2+2 saturado) através de um pequeno orifício. Um fio de material inerte, normalmente a platina, fica imerso na pasta. Na Erro! Fonte de referência não encontrada. é possível observar um exemplo de eletrodo de referência de calomelano. 32 Figura 6: Esquemas de células com eletrodo indicador e eletrodo de calomelano: (1) solução de KCl contendo Hg2Cl2 saturado; (2) pasta de Hg0, Hg2Cl2 e solução de KCl; (3) diafragma; (4) fio de metal inerte; (5) diafragma (6) solução contendo o analito, (7) eletrodo indicador e (8) orifício para adicionar solução de KIC. Fonte: Adaptado de Araújo; Iris (2021, p. 285). 2.1.2 Eletrodos Indicadores Os eletrodos indicadores idealmente devem gerar uma resposta rápida e resultados reprodutíveis as variações de concentração dos analitos. O potencial do eletrodo indicador em uma célula eletroquímica potenciométrica é proporcional à concentração do analito. Aqui será descrito duas classes de eletrodos indicadores, os eletrodos metálicos e os eletrodos de membrana. 2.1.3 Eletrodos indicadores metálicos O potencial de um eletrodo metálico é determinado pela posição de uma reação redox na interface eletrodo-solução. Três tipos de eletrodos metálicos são comumente usados em potenciometria, os eletrodos de primeiro e segundo tipo, e os eletrodos metálicos redox. Um exemplo de eletrodo de primeiro tipo é o de fio de cobre ligado ao polo positivo. O analito neste tipo de eletrodo ficará em equilíbrio com o metal como mostra a (4 representando a semirreação: 33 (4) Devido a cinética lenta para transferência de elétrons, a presença de óxidos de superfície e reações de interferência e outras razões, os eletrodos do primeiro tipo são limitados a aplicação de Ag/Ag+, Hg/Hg2+2, Cu/Cu+2, Zn/Zn+2, Cd/Cd+2, Bi/Bi+3, Tl/Tl+ e Pb/Pb+2. E ainda assim, alguns desses eletrodos, como o Zn, não podem ser utilizados em soluções ácidas, pois são oxidados pelo H+ (HARVEY, 2000). Os eletrodos de segundo tipo respondem ao analito, que nesse caso é um ânion, onde o íon do metal reage com o analito e forma um complexo ou um precipitado. Um eletrodo comum de segundo tipo é o eletrodo metálico Ag/AgCl que é constituído de um fio de prata recoberto eletrostaticamente com cloreto de prata, a diferença é que, neste caso, o cloreto é o analito (ARAÚJO; IRIS, 2021). Os eletrodos metálicos redox são produzidos com um metal inerte, como ouro, paládio ou platina. Os eletrodos metálicos redox não sãoseletivos, mas são eficientes na medida da variação de potencial no sistema durante titulações redox, por exemplo, além de ter resposta rápida. O potencial de um eletrodo redox geralmente responde à concentração de mais de um íon, limitando sua utilidade para a potenciometria direta. Na Erro! Fonte de referência não encontrada.Erro! Fonte de referência não encontrada. é possível observar exemplos de eletrodos metálicos redox. Figura 7: Eletrodos metálicos redox. Fonte: Araújo; Iris (2021, p. 317). 34 2.1.4 Eletrodos de membrana Em 1906, descobriu-se que uma fina membrana de vidro desenvolve um potencial quando lados opostos da membrana estão em contato com soluções de diferentes pH. Essa descoberta levou ao desenvolvimento de uma nova classe de eletrodos indicadores, os eletrodos íon-seletivos. Seguindo a descoberta do eletrodo de vidro, os eletrodos íon-seletivos foram desenvolvidos para uma ampla gama de íons. Além disso, os eletrodos de membrana também foram desenvolvidos para responder à concentração de analitos moleculares usando uma reação química para gerar um íon que pode ser monitorado com um eletrodo íon-seletivo (HARVEY, 2000). A membrana do eletrodo é seletiva ao íon que se deseja medir e de forma ideal tem a capacidade de interação físico-química com a espécie iônica de interesse e com nenhuma outra. Idealmente as membranas íon-seletivas devem: possuir solubilidade mínima na amostra, ter condutividade elétrica e interagir seletivamente com o analito (ARAÚJO; IRIS, 2021). Como dito, os eletrodos de membrana, funcionam utilizando uma membrana que reage seletivamente com um único íon, como o eletrodo vidro que determina o pH. Dois eletrodos de referência são utilizados, um posicionado na solução interna e outro na solução de amostra. A célula eletroquímica dos eletrodos de membrana podem ser abreviadas de acordo com a (5: (5) Onde, Ref(amostra): eletrodo de referência da amostra; Ref(int): eletrodo de referência da solução interna; [A]amostra = concentração do analito na amostra; [A]int = concentração do analito na solução interna. A membrana é representada pela barra vertical (|) separando as duas soluções contendo analito. O potencial da célula pode ser descrito pela 35 Equação 6: Equação 6 Onde, Ecél = potencial da célula; ERef(int) = potencial do eletrodo de referência da solução interna; ERef(amostra) = potencial do eletrodo de referência da amostra; Emem = potencial através da membrana; Ejl = potencial de junção líquida. O potencial de junção líquida e os potenciais de eletrodo de referência são constantes, assim, qualquer mudança no potencial da célula é atribuída ao potencial de membrana. A interação do analito com a membrana gera um potencial de membrana se houver uma diferença na concentração do analito em lados opostos da membrana. Um lado da membrana está em contato com uma solução interna contendo uma concentração fixa de analito, enquanto o outro lado da membrana está em contato com a amostra. A corrente é transportada através da membrana pelo movimento do analito ou de um íon presente na matriz da membrana. A membrana seletiva pode ser constituída de diversos materiais, como: A membrana seletiva pode ser um cristal, um sólido amorfo, um sólido cristalino agregado, uma membrana líquida insolúvel em água e imobilizada em um suporte, ou ainda membranas contendo enzimas imobilizadas e que terão a seletividade da própria enzima. A seletividade dos eletrodos se baseia no equilíbrio iônico dos íons das soluções interna e externa com os íons que constituem a membrana (ARAÚJO; IRIS, 2021, p. 320). Na Figura 8 é possível observar um típico esquema de sistema potenciométrico contendo um eletrodo indicador de membrana: 36 Figura 8: Exemplo de eletrodo de membrana: (a) e eletrodo de referência Ag/AgCl (b). O eletrodo indicador é constituído por: (1) fio de prata; (2) solução de KCl contendo AgCl saturado e analito com atividade a2; (3) AgCl aderido eletrostaticamente ao fio de prata; (4) membrana seletiva. A solução externa tem atividade a1. Fonte: Araújo; Iris (2021, p. 319). Dois tipos comuns de eletrodos indicadores de membrana são o com membranas seletivas cristalinas e o de vidro. Eletrodos indicadores com membranas seletivas cristalinas: possuem uma membrana cristalina selada ao corpo do eletrodo e adicionada na parte inferior. Pode ser constituída de cristais prensados ou por um monocristal. Eletrodos de vidro: a membrana seletiva é um vidro especial que é, seletivo a íons como Ag+, H3O+, Li+, K+, Na+, etc. O vidro é geralmente adicionado em formato de bulbo na parte inferior do eletrodo indicador. Dentro do bulbo e no corpo do eletrodo indicador são adicionados um eletrodo de referência, que pode ser um Ag/AgCl, por exemplo, e uma solução com atividades fixas de Cl- e de H3O+, e o eletrodo indicador é vedado. Como a solução permanece vedada no seu interior, as atividades de Cl- e de H3O+ não são 37 alteradas. O vidro deve possuir uma camada hidratada (gel) muito fina para funcionar. Diante disso, é imprescindível manter a membrana hidratada antes das medições. Na determinação de pH, o eletrodo de vidro mais comum, é o eletrodo combinado, onde o eletrodo de referência externo é adicionado no mesmo corpo do eletrodo indicador, cada um em seu compartimento (ARAÚJO; IRIS, 2021). Na Figura 9 é possível observar um exemplo de eletrodo de vidro: Figura 9: Eletrodo de vidro: (1) membrana seletiva; (2) elemento de referência interno AgCl; (3) solução interna; (4) fio de prata Fonte: Araújo; Iris (2021, p. 320). 2.1.5 Aplicações Quantitativas A determinação potenciométrica da concentração de um analito é uma das técnicas analíticas quantitativas mais comum. Talvez a medição quantitativa de rotina mais frequentemente empregada seja a determinação potenciométrica do pH de uma solução, medida simples e frequente em instituições de ensino, pesquisa, indústrias, entre outras. Outras áreas nas quais as aplicações potenciométricas são importantes incluem química clínica, química ambiental, titulações potenciométricas, curva de titulação ou potenciometria direta e adição de padrão. 2.1.6 Curva de calibração Na maioria das técnicas instrumentais, é possível medir o sinal analítico (ΔE) de uma série de padrões do analito comparando com o sinal da amostra que 38 contém o analito nos mesmos parâmetros (ARAÚJO; IRIS, 2021). Para isso prepara-se soluções-padrão do analito, mede-se a diferença de potencial produzida por cada padrão utilizando o mesmo par de eletrodos referência/indicador. Com os dados obtidos a curva é plotada e os coeficientes por regressão linear são determinados, como já vimos na Unidade 1. Em seguida, a concentração da amostra é calculada a partir dos coeficientes e do sinal registrado no instrumento. Observe o esquema de um sistema potenciométrico na Figura 10. Figura 10: Sistema potenciométrico Fonte: Araújo; Iris (2021, p. 292). Na Figura 10 é possível observar que o par de eletrodos fica em contato com uma solução do analito e os eletrodos são conectados aos polos positivo e negativo do milivoltímetro eletrônico que realiza a medida. 2.1.7 Método de adições padrão Devido à dificuldade de manter uma matriz constante para amostras e padrões, muitos métodos potenciométricos quantitativos usam o método de adições de padrões. Uma amostra de volume, VX, e concentração de analito, CX, é transferida para uma célula de amostra e o potencial, (Ecél X), é medido. Uma adição de padrão é feita adicionando um pequeno volume, VP, de um padrão contendo uma concentraçãoconhecida de analito, CP, à amostra, e o potencial, (Ecél P), é medido. Desde que VP seja significativamente menor do que VX, a mudança na matriz da amostra é ignorada e o coeficiente de atividade do analito permanece constante. 39 Quando se deseja determinar a concentração e não a atividade, utiliza-se o método da adição-padrão. Neste método mede-se inicialmente o potencial da solução-amostra a ser analisada, depois realiza as medições constantes a cada incremento conhecido de uma solução-padrão do analito (ARAÚJO; IRIS, 2021). Assim, espera-se que todas as medidas foram realizadas com a mesma força iônica. 2.1.8 Medição de pH Com a disponibilidade de eletrodos de pH de vidro e medidores de pH baratos, a determinação do pH se tornou uma das medições analíticas quantitativas mais frequentes. A determinação potenciométrica do pH, entretanto, não é isenta de complicações. A pH = –log [H+] Equação 7 mostra a representação matemática do pH: pH = –log [H+] Equação 7 onde, pH = potencial hidrogeniônico; [H+] = concentração de íons H+. Calibrar o eletrodo apresenta uma outra complicação, pois um padrão com uma atividade conhecida com precisão para H+ precisa ser usado. Infelizmente, não é possível calcular rigorosamente a atividade de um único íon. Um eletrodo de pH é normalmente padronizado usando dois tampões: um próximo a um pH de 7 e outro que é mais ácido ou básico, dependendo do pH esperado da amostra. O eletrodo de pH é imerso no primeiro tampão, e o controle “calibrar” é ajustado até que o medidor leia o pH correto. O eletrodo é colocado no segundo tampão e o controle “calibrar” é ajustado novamente até que o medidor leia o pH correto do segundo tampão. Alguns medidores de pH são equipados com um recurso de compensação de temperatura, permitindo que o medidor de pH corrija o pH medido para qualquer mudança de temperatura. Neste caso, um termostato é colocado na amostra e conectado ao medidor de pH. 2.1.9 Titulações potenciométricas Um método para determinar o ponto de equivalência de uma titulação 40 ácido-base é acompanhar a mudança no pH com um eletrodo de pH. A determinação potenciométrica de pontos de equivalência é viável para titulações ácido-base, complexação, redox e precipitação, bem como para titulações em solventes aquosos e não aquosos. Titulações ácido-base, complexação e precipitação potenciométrica são geralmente monitoradas com um eletrodo íon seletivo que é seletivo para o analito, embora um eletrodo que é seletivo para o titulante ou um produto de reação também possa ser usado. Um eletrodo redox, como um fio platina, e um eletrodo de referência são utilizados para titulações redox potenciométricas. As titulações potenciométricas geram resultados mais confiáveis do que as titulações que utilizam apenas indicadores químicos, além disso, facilitam muito a execução da técnica quando se tem soluções coloridas ou turvas. Um aparato de titulação potenciométrica pode ser montado utilizando o sistema de medição potenciométrico, um sistema de agitação e uma bureta, porém, atualmente já é possível encontrar tituladores automáticos completos. Na Figura 11 é possível observar um esquema de uma titulação potenciométrica: Figura 11: Esquema de titulação potenciométrica Fonte: Araújo; Iris (2021, p. 307). Quando se realiza uma titulação potenciométrica, se tem interesse pelas alterações no potencial (E) da célula eletrolítica quando o titulante de concentração conhecida é adicionado a uma solução de concentração desconhecida. Este método pode ser utilizado em a todas as reações de titulação 41 desde que ao menos a concentração de uma das substâncias envolvidas possa ser seguida por meio de um eletrodo indicador adequado. Com os resultados da titulação potenciométrica uma curva de titulação pode ser gerada e pode ser seguida ponto a ponto, traçando no eixo das ordenadas E ou pH versus o volume do titulante adicionado. Observe na Figura 12 curvas de titulação de 1a derivada e 2a derivada. Figura 12: Curvas de titulação. (a) Curva de Titulação (b) 1a derivada da curva de Titulação (c) 2a derivada da curva de titulação Fonte: UFRN (2018, p. 95). 2.2 EXPERIMENTOS O método da primeira derivada consiste na plotagem de ΔE/ΔV contra V. O ponto de equivalência está localizado pelo máximo, que corresponde à inflexão da curva de titulação. O método da segunda derivada consiste na plotagem de Δ2E/ΔV2contra V. A segunda derivada é nula no ponto de inflexão e proporciona uma localização mais exata do ponto de equivalência (PASSOS, 2011). Tente plotar os gráficos através dos dados de seu experimento ou então com valores fictícios. Leia o livro Métodos Instrumentais de Análise Química volume 1 de Ewing (2019). Com este livro você vai conseguir se aprofundar um pouco mais nos métodos eletroquímicos e compreender um pouco mais sobre os equipamentos utilizados nesses métodos. Disponível em: https://bit.ly/3IU3nlR. acesso em: 06 jun. 2021. https://bit.ly/3IU3nlR 42 2.2.1 Potenciometria direta: determinação de pH em amostras líquidas, pastosas, sólidas e suspensões A técnica de medir o pH de determinada amostra utilizando um pHmetro é um método de potenciometria direta. Este experimento foi proposto pela UFRN (2018). Para realizar o experimento serão necessários béqueres de 100mL, um eletrodo de vidro combinado para realizar as medidas de pH (pHmetro). Será necessário também, amostras de água destilada, água potável, água mineral, leite, café, refrigerante, vinagre, polpa de fruta, sabão líquido ou outras amostras que deseja fazer a leitura de pH e as soluções tampão de pH 4 e pH 7 para calibrar o pHmetro. Algumas observações importantes antes de realizar os experimentos com pHmetro: Amostras que contém alto teor alcoólico levam mais tempo para estabilizar a leitura; Quando o eletrodo de vidro não estiver sendo usado ele deve ser mantido em solução de KCl 3mol/L para assegurar a hidratação da membrana eletroativa e conservação do eletrodo; Deve-se lavar o eletrodo com água destilada entre uma amostra e outra para que não haja contaminação e interferência nas leituras. Ligue o pHmetro e realize a calibração com os tampões de pH 4 e 7 de acordo com o que o equipamento solicita. Leitura de pH em amostras líquidas homogêneas: depois da calibração do pHmetro, lave o eletrodo com água destilada e seque-o cuidadosamente com papel macio. As amostras líquidas que são homogêneas, claras e não contêm gás dissolvido, podem ser colocadas em um béquer e o eletrodo do pHmetro mergulhado na amostra, garantindo que a membrana de junção esteja completamente submersa na solução. Aguarde o equipamento estabilizar a leitura e anote o pH medido. As amostras líquidas que contem gás carbônico dissolvido, é necessário desgaseificá-las através da agitação e/ou sonicação, pois o CO2 em solução forma o ácido carbônico, alterando o pH real da amostra, além de desestabilizar a medida. Após desgaseificar a amostra, a leitura pode ser realizada como descrito anteriormente. 43 Leitura de pH em amostras em forma de suspensão: As suspensões estáveis como o leite ou as suspensões instáveis como alguns sucos de frutas devem ser agitadas para que a amostra fique homogênea, garantindo maior confiabilidade dos resultados, pois as partículas em suspensão podem apresentar pH diferente da fase líquida. Adicione a amostra em um béquer garantindo um volume que cubra a membrana de junção. Coloque o béquer em um agitador magnético com uma barra magnética dentro e inicie a agitação para que haja a homogeneização da amostra, em seguida mergulhe o eletrodo de vidro no béquer sob agitaçãode forma que a barra magnética não atinja o eletrodo. Aguarde a estabilização da leitura e anote o valor de pH. Lave bem o eletrodo a fim de garantir a completa remoção dos resíduos da amostra. Leitura de pH em amostras sólidas secas: para medir o pH desse tipo de amostras é necessário preparar um extrato em suspensão aquosa contendo a amostra, sendo que a massa da amostra deve ser conhecida e o volume de água também, para caso seja necessário reproduzir a análise, possa ser feito com os mesmos parâmetros. Para preparar o extrato macere uma porção da amostra com o auxílio de um almofariz e pistilo, em seguida pese 10g da amostra em um béquer e adicione 100mL de água destilada. Essa mistura deve ser submetida à agitação magnética e a leitura do pH pode ser realizada com descrita anteriormente. Leitura de pH em amostras pastosas: as amostras que são pastosas precisam ser homogeneizadas para realizar as leituras de pH. Depois da homogeneização o eletrodo é introduzido na pasta, garantindo que a membrana de junção seja encoberta, aguarde a leitura estabilizar e anote o pH da medido. 44 2.2.2 Titulações potenciométricas de neutralização A titulação potenciométrica é uma análise instrumental volumétrica em que o potencial entre dois eletrodos é medido como função do reagente adicionado. As titulações potenciométricas são mais precisas em relação às titulações manuais, são mais adaptáveis a automação, onde os sistemas de titulação automáticos conseguem processar volumes de amostra maiores com o mínimo de envolvimento humano. Este experimento foi proposto pela UFRN (2018). Para um experimento de titulação potenciométrica é necessário: agitador magnético, barra magnética, béqueres, bureta, eletrodo de vidro combinada para a medida de pH (pHmetro), pipeta graduada, pipeta volumétrica, solução de ácido clorídrico 0,1 mol/L, solução padrão de NaOH 0,1mol/L, soluções tampão de pH 4 e pH 7 para calibrar o pHmetro. Primeiramente é necessário calibrar o eletrodo de vidro do pHmetro com as soluções tampão. Em seguida, é necessário montar o sistema e o procedimento geral para titulação potenciométrica como o apresentado na Figura 13. Posteriormente coloca-se o béquer contendo a barra magnética sobre o agitador magnético, posicione a bureta contendo a solução do titulante sobre o béquer de maneira que o analista consiga ter controle da liberação na solução a ser titulada. Pipete um volume estabelecido da solução a ser titulada no béquer. Figura 13: Aparato de titulação potenciométrica Fonte: UFRN (2018, p. 97). 45 Para a titulação em si, é necessário que se adicione 50 mL de água destilada no béquer, de forma a cobrir a membrana de junção do eletrodo. Utilizando uma pipeta volumétrica, adicione 10mL da solução de HCl 0,1 mol/L que será titulada. Adicione a barra magnética, ligue o agitador e insira o eletrodo previamente calibrado no béquer. Inicia-se a titulação com controle da liberação de titulante ajustando a vazão da torneira da bureta. Anote os valores de pH ou E após a adição de volumes sucessivos de titulante, a cada 0,5mL até pouco antes do provável ponto final da titulação. Próximo ao ponto final, adicione volumes de 0,2mL até ultrapassá- lo e novamente em volumes de 0,5mL até o final da titulação. Conforme for adicionando cada volume do titulante, deve-se esperar estabilizar a medida de pH ou E antes de anotá-la. Recomenda-se repetir a titulação até atingir triplicata, para que seja possível calcular a média e o desvio padrão da concentração do analito. Trace em uma planilha eletrônica com os dados obtidos da titulação os seguintes gráficos: volume do titulante x pH; volume do titulante x primeira derivada e volume do titulante x segunda derivada. Localize o volume do ponto final, com ele calcular a concentração da solução de HCl utilizada. 2.3 APLICAÇÕES DE MÉTODOS CONDUTOMÉTRICOS Os métodos condutométricos são aqueles que se baseiam-se na medida da condutância elétrica de soluções iônicas. A condutância pode ser definida como: [...] uma medida da corrente resultante da aplicação de uma dada força elétrica, é diretamente proporcional ao número de íons presentes na solução. A condutometria direta encontra aplicação limitada na análise quantitativa em virtude do caráter não seletivo da conduta ̂ncia. Entretanto, a titulação condutometria, em que a medida da conduta ̂ncia serve para detectar o ponto final, tem um amplo campo de aplicação (ROSA; GAUTO; GONÇALVES, 2013, p. 106). A condutividade depende da concentração e das características dos íons presentes na solução, além das características do meio, como viscosidade, temperatura, constante dielétrica, entre outras. A condutividade é expressa em siemens por unidade métrica, geralmente centímetros (S cm−1) de acordo com o 46 Sistema Internacional de Unidades (SI). O siemens também pode ser usado por como mho (℧) (inverso de ohm), sendo que 1 S equivale a 1 mho. Em uma solução a condutância é o resultado da soma das atribuições dos íons presentes. Mesmo que todos os íons presentes na solução contribuam para a condução da corrente, a fração da corrente que é transportada por determinada espécie iônica depende de sua concentração relativa e também da facilidade do seu movimento no meio. A concentração varia a condutância especifica de um eletrólito. Um eletrólito forte, aumenta a condutância especifica com sua concentração. Já um eletrólito fraco em soluções, a condutância específica aumenta gradualmente. Nos dois casos, o aumento ocorre aos íons por unidade de volume da solução. No caso de um eletrólito forte, o número de íons por volume aumenta em conformidade com concentração. Já nos eletrólitos fracos, essa variação se deve à ionização parcial do soluto e à diminuição do grau de ionização com o aumento da concentração (ROSA; GAUTO; GONÇALVES, 2013). A conduta ̂ncia específica aumenta proporcionalmente com o aumento da diluição. A condutância equivalente total é a soma das condutâncias equivalentes dos íons individuais em diluição infinita (ROSA; GAUTO; GONÇALVES, 2013). Um bom exemplo do uso da condutometria é para conferir a qualidade da água deionizada, para ela ser considerada do tipo I, que é a de melhor qualidade, a água deionizada deve ter condutividade de ≤ 0,055 μS cm−1. A condutometria pode ser aplicada também para caracterizar uma fonte de água, para determinar a quantidade de sólidos totais dissolvidos e a salinidade da água. Quanto mais salobra for a água, maior será a quantidade de íons totais e, assim, maior será a condutividade (APHA et al., 2012). O instrumento utilizado para medidas condutométricas é o condutivímetro, ele realiza medidas diretas da condutividade e também medidas relativas, como nas titulações condutométricas. O equipamento mede a resistência elétrica entre dois eletrodos de platina em uma célula com geometria bem definida, através de um circuito simples modificado para operar com corrente alternada (ARAÚJO; IRIS, 2021). Na Figura 14 é possível observar um eletrodo de condutividade comum onde a célula é construída com eletrodos de platina platinizada de geometria constante e conhecida. As placas de platina devem estar paralelas e distanciadas, onde 47 entre elas passará uma coluna da solução eletrolítica. As dimensões do eletrodo do condutivímetro devem ser conhecidas, as áreas de cada placa têm aproximadamente 1 cm2 e a distância entre elas é de aproximadamente de 1 cm. A célula possui uma constante e seu valor é dado pela razão das áreas pela distância, assim K = 1 cm−1. Quando a condutividade é maior ou menor, existem células mais apropriadas para cada caso, sendo que para amostras com condutividades
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