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INTRODUÇÃO • Relembrando: para confirmação do diagnóstico do HIV é necessário que haja dois testes positivos. • Infecções oportunistas: são causadas por micro- organismos que em pessoas com imunidade normal, não causam doenças, mas, em imunossuprimidos, podem causar infecções graves. • A AIDS pode apresentar no hemograma: anemia, plaquetopenia e linfopenia. EVOLUÇÃO DA AIDS A evolução do HIV para AIDS é ocasionada pela morte dos linfócitos TCD4. • TCD4 acima de 500: não apresenta problemas. • TCD4 350-500: pode haver a reativação de infecções bacterianas, herpes zoster (catapora), herpes simples e tuberculose típica. • TCD4 < 350: tuberculose atípica (tuberculose extrapulmonar), candidíase oral. • TCD4 < 200: pneumocistose, candidíase esofágica (mais invasiva), isosporidíase (protozoário intestinal que causa diarreia). • TCD4 < 100: neurotoxoplasmose, criptococose, Histoplasmose, sarcoma de kaposi, criptosporidíase. • TCD4 < 50: citomegalovírus, micobacteria avium, microsporidíase. Observação: chama-se de AIDS pacientes que possuem TCD4 abaixo de 200 ou 350 ou que possui alguma infecção oportunista (agentes pouco patogênicos que só afetam pessoas imunossuprimidas). • HIV/AIDS causa diarreia crônica, porém, a presença de agentes oportunistas intestinais pode potencializar esse sintoma. • Para avaliação das células TCD4 deve-se solicitar a contagem das células TCD4. PROFILAXIAS PRIMÁRIAS CD4 < 200: • Profilaxia para pneumocistose: utiliza-se o fármaco Sulfametoxazol-Trimetoprim (SMX-TMP) 800/160mg 3x por semana. CD4 < 100: • Profilaxia para neurotoxoplasmose: utiliza-se o fármaco SMX-TMP 800/160 mg 1x ao dia. CD4 < 50: • Profilaxia para micobacteria complexo avium: utiliza-se o fármaco azitromicina 500 mg 3x por semana. Candidíase oral, candidíase vaginal e herpes zoster TRATAMENTO DE INFECÇÃO LATENTE DA TUBERCULOSE (ILTB) CD4 > 350: • Tratar ILTB se PPD (exame para identificar a presença de infecção pela Mycobacterium tuberculosis mesmo que latente) ≥ 5 mm. CD4 < 350: • Realizar PPD anualmente. • Considerar tratamento de ILTB independente do resultado do PPD. TRATAMENTO DA ILTB: • Isoniazida: ➔ 5-10 mg/kg (máximo 300 mg); ➔ 6 - 9 meses (180 - 270 doses); ➔ Quando associada à bebida alcóolica pode causar cirrose hepática. • Rifampicina (R): ➔ Preferencial em menores 10 anos, maiores de 50 anos, hepatopatas. ➔ 10 mg/kg/dia (máximo 600 mg) ➔ 4 meses (120 doses) • 3HP: ➔ Rifapentina 900 mg + Isoniazida 900 mg 1x por semana em TODO. ➔ 12 semanas. HIV – Infecções Oportunistas HIV x TUBERCULOSE • TCD4+ > 350: quadro clínico semelhante ao HIV- • TCD4+ < 350: ➔ Formas extra-pulmonares e disseminadas mais frequentes; ➔ Menor sensibilidade dos teste diagnósticos; ➔ Solicitar cultura e teste de sensibilidade. • TCD4+ < 50: microbactéria não-tuberculosa. PNEUMOCISTOSE • Fungo oportunista que se encontra no ambiente. • Não causa infecção em imunocompetentes. • Em cerca de 90% dos casos TCD4+ < 200. • Quadro clínico: dispneia progressiva e insidiosa (evolução lenta), tosse não produtiva e febre baixa ou ausente. • Em casos raros pode apresentar pneumotórax. • O exame físico pulmonar geralmente é normal, porém, ao esforço pode haver dessaturação. • No exame laboratorial apresenta: ➔ paO2 < 70 mmHg ➔ DHL > 500 mg/dL (> 1000 = pior prognóstico) • No RX de tórax há presença de infiltrado intersticial difuso e simétrico. • Na TC encontra-se infiltrado difuso em vidro fosco e pneumatoceles (cistos de ar/bolhas). Tomografia com infiltrado em vidro fosco Tomografia com pneumatoceles DIAGNÓSTICO: • Clínico-Radiológico: história clínica + exames de imagem. • Pode ser necessária a realizaç3ão de exame invasivo: broncoscopia com LBA (com ou sem biópsia transbrônquica). ➔ Pesquisa de Pneumocystis (azul de toluidina); ➔ Imunofluorescência direta; ➔ PCR. TRATAMENTO: • SMX-TMP 15-20 mg de TMP por dia de 6-8h. • Prednisona 1 mg/kg/dia q12h por 5 dias. ➔ Redução 50% a cada 5 dias. NEUROTOXOPLASMOSE • Consiste na reativação de infecção latente pelo Toxoplasma gondii. • Acontece quando os TCD4 estão inferiores a 100. • Quadro clínico: sintomas neurológicos focais, confusão, convulsão e cefaleia. • Nos exames laboratoriais geralmente encontra-se IgG + e IgM – (precisa de ambos para confirmar o diagnóstico). ➔ IgG+ não confirma; ➔ IgG- não exclui. • Na tomografia de crânio com contraste há presença de múltiplas lesões nodulares, edema peri-lesional, realce anelar ao contraste e efeito de massa (desvio de linha média, apagamento de sulcos e compressão de ventrículos). ➔ A punção lombar é contraindicada devido o risco de herniação encefálica. • A ressonância magnética é um exame com maior sensibilidade. • Para confirmação diagnóstica deve-se realizar um teste confirmatório: PCR para toxoplasma no líquido cefalorraquidiano e biópsia do SNC. • Diagnóstico diferencial: linfoma primário do SNC (apresenta PCR EBV LCR positivo e lesão única), abcessos piogênicos, micobacterioses, infecções fúngicas e doença de Chagas. NEUROCRIPTOCOCOSE • Causada pelo agente Cryptococcus neoformans – é um fungo leveduriforme. • Ocorrem quando há TCD4+ < 100. • Quadro clínico: cefaleia, síndrome de irritação meníngea subaguda e de hipertensão intra- craniana. • Principal diagnóstico diferencial: Neurotuberculose. • Líquor (diagnóstico e terapêutico): ➔ Pressão de abertura elevada ➔ Celularidade aumentada com predomínio linfomonocelular (quanto menor o CD4, menor a celularidade). ➔ Proteína leve ou moderadamente elevada. ➔ Glicose reduzida ➔ Provas específicas: tinta da china, prova do látex para criptococo (possível realizar no sangue) e cultura para fungos (possível realizar no sangue). TRATAMENTO: • Fase de indução: anfotericina + fluconazol 800 mg por dia (2 semanas). • Fase de consolidação: Fluconazol 400 mg por dia (8 semanas). • Fase de manutenção (profilaxia secundária): Fluconazol 200 mg por dia (12 meses). MENINGITE TUBERCULOSA • 3% dos casos de tuberculose (10% no HIV). • Doença pulmonar concomitante em cerca de 60% dos casos. • Acontece por ruptura de foco subependimário para o espaço subaracnóide. • Acometimento mais comum na região basal do cérebro, podendo ser acompanhada de vasculite (trombose, aneurisma, hemorragias focais). • Possui alta letalidade e morbidade. • Quadro clínico pode ser variável, apresentando: pródromo de mal estar, cefaleia intermitente e febre baixa; cefaleia contínua e limitante; vômitos, meningismo; sinais neurológicos focais, alteração de pares cranianos; confusão; convulsão e coma. • Nos exames de imagem (TC ou RNM), pode aparecer: infartos ou hemorragias focais, espessamento meníngeo da base do crânio, hidrocefalia e eventualmente pode apresentar nódulos parenquimatosos (tuberculomas). • Na avaliação do liquido cefalorraquidiano possui celularidade aumentada com predomomínio linfomonocelular, proteína elevada e glicose baixa. TRATAMENTO: • 2RIPE/7RI (mesmo tratamento da tuberculose). • Prednisona 1 - 2 mg/kg/dia por 2 semanas (fazer desmame gradual). RETINITE PELO CITOMEGALOVÍRUS • Ocorre reativação da infecção latente quando os linfócitos TCD4 são <50. • Deve-se realizar exame de fundo de olho periódico de rastreamento para detecção precoce. • Quadro clínico: perda de acuidade visual por necrose da retina, sem vermelhidão ou dor ocular, ocorre nos dois terços unilateral. • O diagnóstico é feito através do acometimento ocular, o qual presumido pelo exame oftalmológico. • O tratamento é feito com Ganciclovir 5mg/kg IV a cada 12h (2 semanas). SÍNDROME INFLAMATÓRIA DA RECONSTITUIÇÃO IMUNE • Consiste na reação paradoxal de piora clínica ocasionada pelaredução da carga viral e melhora da resposta imune. • Ocorre algumas semanas após o início da terapia antirretroviral, mas a suspensão da TARV não é recomendada. • Geralmente está associada a co-infecções. • Possui diagnóstico clínico. • Tratamento: AINH ou corticoterapia.
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