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HR CLINICA ODONTOLOGICA III Reparação das Feridas ETIOLOGIA DAS FERIDAS Lesões traumáticas podem ser causadas por agressões químicas ou físicas. CAUSAS DE LESÃO TECIDUAL FÍSICA QUÍMICA Incisão Substâncias de pH não-fisiológico Contusão Substâncias de concentração não- fisiológica Frio excessivo Proteases Irradiação Vasoconstritores Comprometimento do fluxo sanguíneo Agentes trombogênicos EPITELIZAÇÃO O epitélio lesado tem uma capacidade regenerativa que lhe permite restabelecer a sua integridade por meio de migração e de um processo de inibição de contato. Em geral, uma borda livre de epitélio continua a migrar (pela proliferação de células germinativas do epitélio que empurram a borda livre adiante) até que entre em contato com uma outra borda livre de epitélio, onde então se sinaliza para parar de crescer lateralmente. Um exemplo do efeito deletério do controle da epitelização pelo processo de inibição por contato ocorre quando uma abertura é acidentalmente feita no seio maxilar. Se houver lesão tanto no epitélio da parede do seio quanto na mucosa oral, ocorre a migração em ambas as regiões. O processo de reepitelização (epitelização secundária) é por vezes utilizado em certos procedimentos cirúrgicos pré-proteticos, em que uma área da mucosa é despida de epitélio e então deixada para epitelizar pelo epitélio adjacente, que se prolifera pelo leito da ferida. ESTÁGIOS DA CICATRIZAÇÃO DAS FERIDAS Dividido em três estágios básicos: 1. Estágio Inflamatório: Inicia-se no momento em que ocorre a lesão tecidual, e, na ausência de fatores que prolonguem a inflamação, dura de 3 a 5 dias. Esse estágio tem duas fases: vascular e a celular. Os eventos vasculares entram em cena durante o inicio da inflamação, com uma vasoconstrição inicial dos vasos lesados como resultado do tônus vascular normal. A vasoconstrição reduz o fluxo sanguíneo na área da lesão, promovendo a coagulação sanguínea. Os sinais cardinais da inflamação são a vermelhidão (eritema) e a tumefação (edema), com calor e dor. O calor e o eritema são causados pela vasodilatação; o inchaço pela transudação de fluidos; e a dor e perda de função pelas histaminas, cininas e prostaglandinas liberadas pelos leucócitos, assim como a pressão proveniente do edema. A fase celular da inflamação é desencadeada pela ativação do sistema do complemento sérico decorrente do traumatismo tecidual. A fase inflamatória é algumas referida como fase de intervalo, porque nesse período não ocorrem ganhos significativos na consistência da fenda (já que ocorre pouca deposição de colágeno). A principal substância que mantem a fenda unida nessa fase é a fibrina, que possui pouca resistência tênsil. 2. Estágio Fibroblástico: Os fios de fibrina derivados da coagulação sanguínea que se entrecruzam nas fendas formam uma rede sobre a qual os fibroblastos podem iniciar a precipitação de substância fundamental e tropocolágeno. A substância fundamental consiste em diversos mucopolissacarídeos que agem para manter as fibras colágenas unidas umas às outras. Os fibroblastos também secretam fibronectina, uma proteína que ajuda na estabilização da fibrina, auxilia no reconhecimento de materiais estranhos que devem ser removidos pelo SI, age como fator quimiotático para fibroblastos e também ajuda a guiar os macrófagos ao longo dos fios de fibrina para eventual fagocitose. Os fibroblastos depositam tropocolágeno, o qual sofre entrelaçamento para produzir o HR colágeno. Inicialmente, o colágeno é produzido em quantidade excessiva e se deposita de forma aleatória. Se uma ferida é submetida a tensão no início da fase fibroblástica, ela tende a se abrir ao longo da linha inicial do traumatismo. Contudo, se a tensão ocorrer perto do final desta fase, a ferida se abre ao longo da junção entre o colágeno antigo, previamente estabelecido sobre a borda da ferida, e o colágeno recém-depositado. Clinicamente, a ferida está rígida ao final da fase fibroblástica, em razão da quantidade excessiva de colágeno, eritematosa, devido ao alto grau de vascularização. 3. Estágio de Remodelação: O estágio final da reparação de feridas. Durante esse estágio, muitas fibras de colágeno aleatoriamente depositadas anteriormente são destruídas à medida que se substituem por novas fibras colágenas, orientadas para melhor resistir às forças de tensão sobre a ferida. Durante essa fase, a resistência da ferida vai aumentando lentamente, mas sem a mesma magnitude do estágio fibroblástico. Durante a contração da ferida, as suas bordas migram em direção umas das outras. Em feridas cujas bordas não podem ou não poderão ser colocadas justapostas, o processo de contração diminui o seu tamanho. FATORES QUE PREJUDICAM A CICATRIZAÇÃO DAS FERIDAS • Corpo Estranho: É tudo aquilo que o SI do organismo do hospedeiro reconhece como “não-próprio”, inclusive bactéria, detritos, material de sutura e outros. Corpos estranhos causam três problemas básicos: o Infecção em que liberam proteínas bacterianas que destroem o tecido hospedeiro. o Corpos estranhos não-bacterianos servem como abrigo para bactérias, protegendo-as das defesas do hospedeiro e promovendo a infecção. Corpo estranho é, frequentemente antigênico e pode estimular uma reação inflamatória crônica que diminui a fibroplastia. • Tecido Necrótico: Em uma ferida causa dois tipos de problemas: 1. Sua presença servir como barreira para o crescimento interno de células reparativas. O estágio inflamatório é então prolongado para permitir às células brancas remover os restos necróticos por meio de processos de lise enzimática e fagocitose. 2. O tecido necrótico vai servir como um nicho de proteção para as bactérias. O tecido necrótico frequentemente inclui sangue acumulado na ferida (hematoma), que poderá servir de excelente fonte de nutrientes para bactérias. • Isquemia: A diminuição do suprimento sanguíneo a uma ferida interfere de diversas formas na sua reparação, pode conduzir a mais necrose tecidual e também diminuir o afluxo necessário de anticorpos, glóbulos brancos e antibióticos, o que aumenta o risco de infecção na ferida. A isquemia da ferida reduz fornecimento de oxigênio e dos nutrientes necessários para a cicatrização da ferida. Causas: suturas muito apertadas ou mal posicionadas, retalhos mal planejados, pressão externa e interna na ferida, hipotensão sistêmica, doença vascular periférica e anemia. • Tensão: É o ultimo fator que pode prejudicar a cicatrização. Se forem utilizadas suturas para superar a tensão excessiva sobre a ferida, o tecido abrangido por elas será estrangulado, produzindo isquemia. Se as suturas forem removidas antes do tempo no processo de cicatrização, a ferida sob tensão irá provavelmente reabrir, e então reparar com formação de cicatriz e contração de ferida exagerada. Se as suturas forem deixadas por muito tempo na tentativa de superar a tensão sobre a ferida, esta, ainda assim, tenderá a abrir-se durante o estágio de remodelação, e o trajeto intra-epitelial, através do qual a sutura passou, se epistolizará e deixará uma permanente marca desfigurante. HR CICATRIZAÇÃO POR PRIMEIRA E SEGUNDA INTENÇÃO Na cicatrização por primeira intenção, as bordas da ferida, em que não tenha havido perda de tecido, são posicionadas exatamente na mesma posição anatômica que possuíam antes da lesão e são deixadas cicatrizar. A reparação da ferida ocorrerá com uma formação mínima de cicatriz, pois os tecidos não “perceberiam” que uma lesão teria ocorrido. Na cicatrização por segunda intenção implica a existência de um espaço entre as bordas de uma incisão ou laceração, ou entre as terminações ósseas ou nervosasdepois do reparo, ou que a perda do tecido ocorrida em uma ferida impeça a íntima aproximação das bordas da ferida. Essas situações requerem grande quantidade de migração epitelial, deposição de colágeno, contração e remodelação durante a cicatrização. A cicatrização é mais lenta e produz mais tecidos fibrosos. Exemplos de feridas cicatrizadas por segunda intenção incluem os alvéolos dentários pós-exodontia. CICATRIZAÇÃO DOS ALVÉOLOS DENTÁRIOS PÓS-EXODONTIA Quando se remove um dente, o alvéolo que fica vazio é composto de osso cortical coberto por fibras do ligamento periodontal rompidas, com uma borda de epitélio oral (gengiva) deixada na porção coronária. O alvéolo enche-se de sangue, que coagula, promovendo o selamento do alvéolo do ambiente da cavidade oral. O estágio inflamatório ocorre na primeira semana de cicatrização. Células brancas do sangue entram no alvéolo para remover as bactérias contaminantes da área e começam a destruir quaisquer restos, tais como fragmentos ósseos, deixados no alvéolo. Durante a primeira semana de cicatrização, osteoclastos acumulam-se ao longo da crista óssea. A segunda semana é marcada pela grande quantidade de tecido de granulação que preenche o alvéolo. A deposição de osteóide já começa ao longo do osso alveolar que forra o alvéolo. Nos alvéolos menores, o epitélio já pode ter completado a sua formação nessa fase. Os processos que tiveram inicio na segunda semana continuam durante a terceira e a quarta semanas de cicatrização, tendo a epitelização da maioria dos alvéolos se completado nesse tempo. O osso cortical continua a ser reabsorvido da crista e paredes alveolares, e o osso trabecular novo é depositado através do alvéolo. Somente 4 a 6 meses após a extração, a cortical óssea que forma o alvéolo é completamente reabsorvida.
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