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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE EDUCAÇÃO LICENCIATURA EM PEDAGOGIA PROPOSTAS PEDAGÓGICAS E EXPERIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL POLO CAUCAIA ARATURI ATIVIDADE PRÁTICA ENTREVISTA COM PROFESSOR JUAN : PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL E A BNCC- ROTEIRO Camila Silva Vasconcelos Caucaia 2022 ATIVIDADE PRÁTICA ENTREVISTA COM PROFESSOR JUAN : PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL E A BNCC- ROTEIRO A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece as diretrizes que nortearão o planejamento e execução da Educação Infantil, o documento propõe os direitos de aprendizagem como estrutura base, esses direitos são o brincar, conviver, explorar, participar, expressar-se e conhecer-se. Dentro dos direitos são estabelecidos campos de experiência que ajudam a mapear e desenvolver as habilidades e competências necessárias para o bom desenvolvimento das crianças, O campos de experiências descritos pela BNCC são O eu, o outro e o nós; Corpo, gestos e movimentos; Traços, sons, cores e formas; Escuta, fala, pensamento e imaginação; Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações. A partir desse pressuposto, visitamos o CEDI A criança e o saber da rede pública municipal em São Gonçalo do Amarante. Lá encontramos o professor JUan Duarte que gentilmente nos concedeu uma entrevista e nos contou um pouco sobre seu fazer pedagógico com as crianças, abaixo estão transcritas as perguntas e as respostas do professor Juan integralmente: ENTREVISTA 1. Quanto tempo você tem de experiência na modalidade educação infantil? "Bom eu já trabalho com criança há bastante tempo, só que eu trabalhava em ONG’s então eu atendia crianças de 0 a adolescentes de 17 anos. Como professor na educação formal eu estou desde 2020, em 2020 eu comecei com o segundo ano do ensino fundamental no Colégio Marista do Sagrado Coração, escola privada né, na verdade de cunho filantrópico e aí quando eu assumi o concurso em São Gonçalo desde o ano passado eu comecei a atuar como professor da educação infantil. Inicialmente no infantil IV e infantil V, esse ano eu estou somente com as turmas do infantil V [pausa] e agora eu estou trabalhando numa escola do Pecém, porque quando a gente fez o concurso a gente pode escolher qual distrito íamos lotar de acordo com a colocação de cada pessoa no concurso , aí eu consegui me lotar no distrito de Pecém que é perto de Fortaleza e fica melhor pra mim. Então é isso, eu me chamo Juan atualmente sou professor da educação infantil da rede municipal de são Gonçalo do amarante e estou com uma turma de infantil V” 2. Na sua opinião, como os direitos de aprendizagem asseguram as práticas efetivas com os campos de experiências com as crianças? Cite um exemplo. “Na verdade eu vejo assim que os direitos de aprendizagem eles vem pra tentar segurar que as crianças tenham vivências significativas. Só que os direitos de aprendizagem por si só ou. os direitos por si só o que eu quero dizer é assim, eles escritos num instrumental de planejamento eh eles escritos num documento eles por si só eles não garantem porque às vezes pode acontecer de um professor [...] fazer um planejamento muito centralizado em si mesmo, muito centralizado no que o professor gosta de fazer enquanto atividade, muito centrado no que ele acha que as crianças precisam aprender e desvinculando do interesse daquele agrupamento desvinculando até mesmo dos próprios direitos de aprendizagem. Então eu vejo o seguinte,[...] esses direitos de aprendizagem, aqueles seis direitos, eles vão ser garantidos e eles vão efetivamente fazer com que as crianças tenham experiências contextualizadas, significativas e que de fato auxiliem elas no aprendizado se eu primeiro olhar pra esse macro que são os direitos de aprendizagem. Depois que eu olho pra esse macro, eu vou até os campos de experiência e os respectivos objetivos de experiência pra fazer o planejamento. Se eu faço esse movimento, olhar primeiro pros direitos e dos direitos pros campos de experiência e pros objetivos de aprendizagem, aí eu consigo ter de fato uma educação infantil com foco na criança, com foco nas necessidades da criança, daquele agrupamento específico. Agora quando o movimento é feito de maneira truncada e quando eu olho primeiro pros objetivos de aprendizagem ou primeiro pros campos e por último pros direitos de aprendizagem, ah eu já não acho que é efetivo. Em síntese ao meu ver do que eu acredito e do que eu faço enquanto prático pedagógico os direitos e aprendizagem asseguram práticas efetivas se eu fizer esse movimento: olho pros direitos de aprendizagem, depois eu vou pros campos de experiência e pros objetivos de aprendizagem que estão dentro dos campos de experiência. Se eu faço isso, eu consigo assegurar de maneira mais efetiva experiências significativas pras crianças. 3. Ao realizar o planejamento (individual ou coletivo) como você sinaliza no plano os objetivos de aprendizagem trazidos na BNCC? De acordo com as seguintes práticas: ⦁ o período de adaptação das crianças ⦁ as acolhidas ⦁ as refeições ⦁ as culminâncias ⦁ as brincadeiras livres ⦁ As atividades, festinhas e a elaboração de portfólios. “ Certo, então vou fazer, vou responder como eu entendi. Quando eu estou fazendo planejamento, a gente tem uma rotina, né? E nessa rotina, por mais que ela não seja estática, a criança se sente mais segura quando existe uma rotina e até pra gente trabalhar também essa questão de noção temporal para criança, a rotina serve como referência pra ela. Então o que é que eu faço? Vamos supor, a acolhida que é sempre o primeiro momento o que eu faço é eu não coloco em cada um desses momentos os mesmos campos ou os mesmos objetivos de aprendizagem porque é impossível trabalhar no mesmo campo ou só um campo visto que as experiências das crianças são múltiplas. Ou seja, vou dar um exemplo, é comum que alguns professores ao planejar um momento de brincadeira livre, do brincar livre, utilizem somente o campo corpo, gestos e movimentos. Eu não gosto de fazer dessa forma, porque eu não consigo conceber que uma mesma ação englobe somente um campo de experiência e objetivos de aprendizagem só daquele campo de experiência. Então como é que eu penso? Vamos lá. Se nesta brincadeira, se nesse brincar livre eu quero que as crianças, além de traçarem estratégias de como utilizar os brinquedos, consigam resolver conflitos entre si, negociar quem fica com qual brinquedo e tudo mais, então eu já sei que eu vou utilizar ali corpo, gestos e movimentos, algum objetivo referente a esse campo de experiência e sei que também vou usar o eu, o outro e o nós, pra que eles possam resolver conflitos entre si. Ou seja, eu não tenho campos de experiências e objetivos de aprendizagem fechados, pra acolhido eu vou usar o meu outro nós pra brincar livre vou usar corpo, gesto e movimento. atividade eu vou utilizar, escuta, fala pensamento, imaginação. Não. Quando eu vou distribuir, né, e sinalizar esses objetivos de aprendizagem, eu olho pra aquela ação, pra aquela experiência que as crianças vão ter e eu vou observar. Aqui eu só consigo encaixar no campo de experiência X ou eu posso também de alguma forma oportunizar que elas vivenciem algo que possa ter a ver com o campo de experiência Y, Z,entende, pra que não fique aquela coisa trancada porque não é disciplina, nós não estamos no ensino fundamental. Então eu não faço com que cada momento seja um campo de experiência. É mais comum que eu use dois, três campos de e objetivo. Agora falando um pouquinho do que eu faço em cada um dos momentos da nossa rotina geralmente na acolhida eu vou acolhê-los com alguma música ou com alguma história e isso vai depender do que eu gostaria que a gente experienciasse naquele dia, naquele momento. Então eu vou acolher com história, vou acolher com roda de conversa, vou acolher com roda de conversa, vou acolher com música, tudo depende do que a gente pretende praquele dia. Então, não é estático. Nas refeições, geralmente é o que é comum acontecer são as músicas pré e pós as refeições pra quea gente possa se preparar pra esse momento, no brincar livre a gente coloca sempre os brinquedos à disposição das crianças né, eu coloco os brinquedos à disposição das crianças e em alguns dias eu coloco brinquedos estruturados e em outros dias eu coloco brinquedos não estruturados que é pra que elas possam criar os seus brinquedos uns com os outros. Agora nas atividades propriamente ditas é o que varia mais porque se eu for propor uma atividade de escrita eu vou ter uma abordagem, se eu vou propor uma atividade escrita que seja de escrita mas que envolva jogo já vai ter uma outra abordagem porque eu vou precisar que o grupo inteiro interaja ou pequenos grupos. Então tudo vai do mapeamento que eu venho fazendo e das anotações que eu venho fazendo toda semana das necessidades das turmas, e do nível de cada criança. Então é muito variado essa parte das atividades. Agora as minhas ressalvas são em relação às festas. Porque eu não gosto, isso inclusive até um um ponto de discordância lá na porque eu sou o único professor que não gosta de festividades que fazem com que a criança seja só eh um mini adulto que está ali se apresentando pros seus pais e pros professores quando às vezes as crianças não gostariam de estar ali dançando, as crianças não gostariam de estar ali, sei lá, fantasiadas ou pintadas, as crianças não estão entendendo, estão vendo sentido algum no que está acontecendo ali. Então em geral quando tem principalmente. datas comemorativas que as pessoas adoram basear o currículo da educação infantil datas comemorativas eu tento abordar porque é uma demanda até da escola, mas eu abordo da maneira mais sútil possível pra que não pareça que tudo. tá gerando em torno daquela festividade, daquela data comemorativa. E ao abordar, seja, sejam festividades ou datas comemorativas, eu tento utilizar questões sócio históricas, questões culturais, como por exemplo, o dia do índio vai já chegar, isso é uma grande polêmica lá na escola, porque eu não gosto de crianças se vestindo de índio, de professor, se vestindo de índio, então o que que eu coloco? Eu abordo a cultura do povo Anacé, que é o povo originário lá do Pecém, lá de São Gonçalo, então eu tento trazer uma abordagem que não seja caricata e genérica.” ⦁ O que você entende da relação direitos e objetivos de aprendizagem “Eu entendo que os direitos de aprendizagem como eles são mais amplos né? Eles são os grandes norteadores do nosso trabalho quanto professor de educação infantil. E por consequência os objetivos de aprendizagem são caminhos pra garantir esses direitos. Então, eu trabalho nessa, eu entendo nessa perspectiva e trabalho nessa perspectiva. Dos direitos como algo mais amplo, que norteia o trabalho e nos e dos objetivos de aprendizagem como algo que norteia o nosso caminho pra garantir esses direitos pras crianças.” CONCLUSÃO Durante a realização da entrevista podemos perceber como os direitos da criança são uma maneira de nortear as ações dos docentes em sala, eles são importantes pois a partir deles o professor pode pensar e acompanhar melhor as crianças. Na fala do professor Juan percebemos como ele usa os campos e os direitos como um norteador para suas ações mas sem esquecer de colocar as crianças como sujeitos ativos na construção do aprendizado, adaptando e propondo ações que irão privilegiar esse movimento de observar os alunos, checar os registros e a partir daí propor ações que irão se transformar em experiências significativas para cada criança. Percebemos também que há uma mudança no olhar sobre as festividades no calendário escolar, mas creio que o ponto seja justamente o da escola impor certas atividades que já são rotina na escola e esquecer que essas atividades deveriam ser desenvolvidas junto às crianças, segundo o depoimento não há consulta sobre o que as crianças querem fazer ou um olhar para suas curiosidades sobre a data festiva em questão, o que vai de encontro com alguns direitos da BNCC. Concluímos que o olhar atento do professor e estar pronto para ajustar seu planejamento para que os direitos da criança sejam garantidos, o empenho em criar experiências significativas para elas durante o tempo na escola é uma prática que deve ser colocada em primeiro plano para nós formandos do curso de pedagogia.
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