Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Bradicardia Definição - Ritmo cardíaco com frequência cardíaca menor que 50 bpm - Ocorre devido à disfunção das células com atividade de marca-passo ou bloqueio do estímulo elétrico em algum ponto do sistema de condução - Relembrando a frequência cardíaca em diferentes regiões do coração: • Células no nódulo sinusal – FC: 70 bpm • Células no miocárdio atrial – FC:60bpm • Células ao redor do nódulo AV – FC: 40 - 60 bpm • Células do sistema His-Purkinje – FC: 20 - 40 bpm Etiologia - Principais causas: • Fisiológica: atleta, sono • Ação parassimpática: síncope vaso-vagal, vômito, hipersensibilidade do seio carotídeo • Doença do nó sinusal • Isquemia miocárdica/infarto agudo do miocárdio • Drogas: beta-bloqueadores, antagonistas do cálcio (verapamil, diltiazem), digoxina, amiodarona • Aumento da pressão intracraniana (HSA) • Hipotireoidismo clínico não tratado • Hipotermia - A bradicardia apresenta duas possíveis etiologias: • 1. Doença do nó sinusal: • Causas: • Fibrose degenerativa idiopática • Isquemia • Cardiomiopatias • Miocardiopatias infiltrativas: sarcoidose, hemocromatose • Cardiopatias congênitas • Cirurgias para correção de cardiopatia congênita envolvendo o átrio direito • Drogas • Hipotireoidismo • Disfunção autonômica • Sintomas: • Palpitações e Tontura (principal) • Síncope • Fadiga • Angina • Dispnéia • Manifestações eletrocardiográficas: • Bradicardia sinusal • Parada sinusal > 3.0 seg • Batimentos de escape juncional • Fibrilação atrial com resposta bradicardica • Síndrome de taqui-bradiarritmia • Batimentos de escape ventricular • Incompetência cronotrópica • 2. Bloqueios atrio-ventriculares: • Causas: • Ocorre por interrupção ou atraso na condução do estímulo elétrico dos átrios para os ventrículos devido a anormalidades no sistema de condução no nódulo A-V ou no sistema His-Purkinge • Pode ocorrer de forma fisiológica por aumento da frequência cardíaca atrial ou durante o sono por aumento do tônus vagal • Principais Causas: • Isquemia miocárdica, particularmente no infarto agudo do miocárdio • Fibrose no sistema de condução: doença de Lenegre • Metabólica: hipercalemia, hipermagnesemia • Induzido por drogas: beta-bloqueadores adrenérgicos, amiodarona, antagonistas do cálcio, digoxina, carbonato de lítio, combinação de drogas • Doenças inflamatórias ou autoimunes: LES, Esclerodermia, Amiloidose • Neoplasia: Linfoma, radioterapia • Infecção: endocardite infecciosa, doença de Chagas, doença de Lyme • Sintomas: • Fraqueza • Fadiga • Dispneia de esforço • Tontura • Síncope • Manifestações eletrocardiográficas: • Bloqueio A-V de primeiro grau: • Condução AV 1:1, com intervalo PR > 0.20 seg • Bloqueio A-V de segundo grau: • Mobitz tipo I, com FC sinusal < 100 bpm, intervalo PR variando até que ocorra o bloqueio da onda P • Mobitz tipo II: P-P com FC < 100 bpm, intervalo PR constante e bloqueio súbito de uma onda P • BAV 2:1: P-P com FC < 100 bpm, com intervalo PR constante e bloqueio de ondas P alternado • BAV avançado: ≥ 2 ondas P bloqueadas, com intervalo PR constante e FC fisiológica • BAV de terceiro grau ou BAVT: • Ritmo supraventricular sem evidência de condução AV Quadro Clínico - A bradicardia pode ser: • Assintomática • Intermitente • Permanente - Os principais sintomas incluem: • Palpitações • Tontura • Sensação de cabeça leve • Insuficiência cardíaca • Pré-síncope • Síncope Avaliação Clínica - Avaliar o contexto em que a arritmia ocorreu - Verificar sintomas de infarto do miocárdio (predispõe doença do nó sinusal) - História de Exposição ao frio: inverno, pós-operatório de cirurgia cardíaca - História de DAC predispõe a DNS; valvopatia aórtica/troca de válvula aórtica/ endocardite infecciosa predispõe a BAV - Fazer ECG durante bradicardia: FC; ondas P presentes? Associação com QRS?; duração do QRS - Exame clínico: PA, sinais de IC; sôpros (EAo.), sinais de hipotireoidismo, de hipertensão intracraniana. Manejo - Depende da causa e do tipo da bradicardia - Suspender drogas que diminuam a frequência cardíaca - Diagnosticar a causa base: p.ex.:Infarto do miocárdio, hipotireoidismo - Caso seja necessário tratamento a longo prazo, geralmente consistirá de um implante de marca-passo definitivo. Doenças do Nó Sinusal - Ritmo juncional (nodal): • O impulso elétrico origina-se no nodo AV, e se dissipa em direção retrógrada e anterógrada • Ondas P ausentes ou negativas antes do QRS e com intervalo PR < 0.12 segundos • Apresenta ritmo regular • Ritmo juncional de acordo com a FC: • FC < 50 —> ritmo juncional clássico • FC > 50 —> ritmo juncional ativo • FC > 100 pm —> taquicardia juncional • Analisado nas derivações de parede inferior (D2, D3 e AVF) - Parada sinusal e Batimento de Escape juncional: • Quando há ausência de onda P (indicando parada do nó sinusal) e posteriormente ocorre um batimento originado no nó AV (batimento de escape juncional) • Normalmente, depois o paciente retorna ao ritmo sinusal - Síndrome de taqui-bradiarritmia: • É uma forma de disfunção do Nodo Sinusal que se caracteriza por lentificação dos batimentos cardíacos (bradicardia ou pausas) acompanhada por períodos de taquicardias, secundarias a exacerbação dos focos ectópicos automáticos (taquiarritmias atriais) numa tentativa de compensar a bradicardia. • Tratamento é uma combinação de marcapasso de beta-bloqueador Bloqueios Atrio-ventriculares - Bloqueio AV de 1º grau: • Para BAV de 1º grau, a condução é alentecida, sem falha de batimento • Todas as ondas P normais são seguidas por um complexo QRS, mas o intervalo PR é mais longo que o normal (> 0,20 s) • O BAV de primeiro grau pode ser fisiológico em pacientes mais jovens com tônus vagal exacerbado e em atletas bem treinados • O BAV de primeiro grau raramente é sintomático e não é necessário nenhum tratamento, mas pode ser indicada investigação ulterior, quando estiver acompanhado de outra cardiopatia ou aparentemente ser causado por fármacos • É assintomático, porém é um marcador de risco para Fibrilação atrial a longo prazo • Etiologias: • Sexo masculino • Idade • Aumento do tônus vagal • Fatores genéticos • Medicações • Fibrose no átrio direito • Dilatação do átrio esquerdo • Atraso na condução do nódulo A-V • Atrasos na condução no feixe de His ou fibras de Purkinje - Bloqueio AV de 2º grau: • Algumas ondas P normais são sucedidas por complexos QRS, mas outras não. • Há 4 tipos: • Mobitz tipo 1 (Wenckbach): • O intervalo PR prolonga-se progressivamente a cada batimento até que o impulso atrial não é conduzido (bloqueio da onda P) e o complexo QRS não ocorre (fenômeno de Wenckebach) • A condução nodal AV é retomada no próximo batimento e a sequência se repete • O BAV de 2º grau Mobitz tipo I pode ser fisiológico em pacientes mais jovens e atléticos • O bloqueio ocorre no nó AV em cerca de 75% dos pacientes com complexo QRS estreito e em pontos infranodais (feixe de His ou seus ramos ou fascículos) em repouso • Se o bloqueio tornar-se completo, desenvolve-se caracteristicamente um ritmo de escape juncional mais seguro • Dessa forma, o tratamento é desnecessário, a menos que o bloqueio provoque bradicardia sintomática e as causas reversíveis e transitórias tenham sido excluídas • O tratamento é o implante de marca-passo, o que também pode beneficiar pacientes assintomáticos com BAV de 2º grau Mobitz tipo I em pontos infranodais, detectados por estudo eletrofisiológico efetuado por outras razões. • Mobitz tipo 2: • O intervalo P-R permanece constante • Ocorre bloqueio súbito de uma onda P, provocando uma pausa • A frequência do bloqueio pode ser 5:4, 4:3 e 3:2 • Os batimentos deixam de ser conduzidos de forma intermitente e os complexos QRS não ocorrem, geralmente em um ciclo repetitivo a cada 3ª (bloqueio 3:1) ou 4ª (bloqueio 4:1) onda P • O BAV de 2º grau, Mobitz tipo II, sempre é patológico• O bloqueio ocorre no feixe de His em 20% dos pacientes e nos ramos nos demais • Os pacientes podem ser assintomáticos ou desenvolver sensação de desfalecimento, pré-síncope e síncope, dependendo da razão dos batimentos conduzidos e bloqueados • Os pacientes têm risco de desenvolver BAV completo ou de grau avançado e sintomático, no qual o ritmo de escape tem probabilidade de ser ventricular, com frequência muito baixa e incapaz de manter a perfusão sistêmica; por isso, o implante de marca-passo está indicado https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/arritmias-e-doen%C3%A7as-de-condu%C3%A7%C3%A3o/vis%C3%A3o-geral-das-arritmias#v936709_pt https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/arritmias-e-doen%C3%A7as-de-condu%C3%A7%C3%A3o/marca-passos-card%C3%ADacos https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/arritmias-e-doen%C3%A7as-de-condu%C3%A7%C3%A3o/marca-passos-card%C3%ADacos • Variantes do Bloqueio Mobitz tipo 2: • Bloqueio AV 2:1: • FC < 100bpm com intervalo PR constante e bloqueio de ondas P alternado • A cada duas ondas P, uma não conduz para os ventrículos (é bloqueada) e não há QRS • Bloqueio AV avançado: • No bloqueio AV de 2º grau mais grave, toda 2ª onda P (ou mais) é bloqueada (ver figura Bloqueio AV de 2º grau – avançado) • O intervalo PR pode ser Constante (doença no His-Purkinje) ou Variável (doença no nódulo AV) • Pode ocorrer bloqueio 3:1 ou maior • OBS: • A distinção entre bloqueios Mobitz tipos I e II é difícil de ser efetuada, pois 2 ondas P nunca são conduzidas em uma série • Também é difícil prever o risco de bloqueio AV total, e o implante de um marca- passo costuma ser indicado. • Os pacientes com qualquer forma de BAV de 2º grau e cardiopatia estrutural devem ser considerados candidatos a marca-passo permanente, a menos que exista causa reversível ou transitória. - Bloqueio AV de 3º grau: • É o bloqueio AV total (BAVT) • Não existe nenhuma comunicação elétrica entre átrios e ventrículos e não há qualquer relação entre ondas P e complexos QRS (dissociação AV) • A função cardíaca é mantida por escape juncional ou marca-passo ventricular • Os ritmos de escape que se originam acima da bifurcação do feixe de His registram complexos QRS estreitos, frequência cardíaca relativamente rápidas (> 40 bpm) e seguras e sintomas leves (p. ex., fadiga, sensação de desfalecimento relacionada à postura e intolerância ao esforço) https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/arritmias-e-doen%C3%A7as-de-condu%C3%A7%C3%A3o/bloqueio-atrioventricular#v938064_pt https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/arritmias-e-doen%C3%A7as-de-condu%C3%A7%C3%A3o/marca-passos-card%C3%ADacos • Os ritmos de escape que se originam abaixo da bifurcação registram complexos QRS mais largos, frequências cardíacas mais baixas e inadequadas e sintomas mais graves (p. ex., pré-síncope, síncope e insuficiência cardíaca) • Os sinais são aqueles da dissociação AV, como ondas a em canhão, flutuações da pressão arterial e alterações de intensidade da B1 • O risco de síncope relacionada à assistolia e morte súbita será maior, se o ritmo de escape for lento. • Resumindo, há um ritmo atrial que não consegue passar para os ventrículos (ondas P sem associação com QRS) • Presença de onda P regulares reflete um ritmo sinusal independente de um ritmo de escape com QRS estreito (juncional) ou QRS alargado (ventricular) • Pode ocorrer em Fibrilação Atrial ou Flutter Atrial • A maioria dos pacientes necessita de implante de marca-passo. Se o bloqueio for provocado por fármacos antiarrítmicos, a interrupção do fármaco pode ser efetiva, embora possa ser necessário marca-passo temporário. - Dissociação AV: • Existem dois marca-passos funcionando de forma independente • Não confundir com bloqueio AV total (apesar de no BAVT ocorrer dissociação AV) - Assistolia: • É uma parada cardíaca • Não há débito cardíaco ou atividade elétrica (nenhuma despolarização) https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/arritmias-e-doen%C3%A7as-de-condu%C3%A7%C3%A3o/marca-passos-card%C3%ADacos https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/arritmias-e-doen%C3%A7as-de-condu%C3%A7%C3%A3o/f%C3%A1rmacos-para-arritmias • Pode ser: • Primária: • Resulta de isquemia ou degeneração do nódulo sinusal ou do nódulo AV • Geralmente é precedida de uma bradiarritmia: parada sinusal, BAVT ou ambos • Secundária: • Ocorre como resultado de uma alteração independente da geração de um impulso elétrico • Por ex: hipóxia ou acidose metabólica em sepse ou como degeneração após FV não cardiovertida ou após tentativas de cardioversão • Frequentemente resulta em óbito Tratamento dos Bloqueios Atrio-ventriculares - Marca-passo temporário deve ser implantado: • Pós infarto do miocárdio com BAV >= segundo grau até que se faça uma angioplastia primária • Deverá ser mantido (o marca-passo) até que o BAV retorne para a condução AV normal em ritmo sinusal e condução 1:1 • Caso não retorne para a condução AV normal, um marca-passo definitivo deverá ser implantado • Pacientes que cheguem no PS com BAV >= segundo grau, hipotensos ou instáveis, até que se possa programar o implante definitivo • Pacientes com suspeita de hipercalemia ou qualquer outra anormalidade que possa causar um BAV transitório
Compartilhar