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Behaviorismo: Principais Escolas Teóricas

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As principais escolas teóricas: BEHAVIORISMO 
Nos Estados Unidos no final do século XIX, dois pontos de vista se mostravam fortes 
na psicologia: o funcionalismo de William James e o estruturalismo de Edward 
Titchener. As principais universidades de psicologia dos Estados Unidos nessa época 
eram Cornell e Harvard, onde ensinavam, respectivamente, Titchener e James. Apesar 
de as propostas de ambos serem conceitualmente diferente, elas se aproximavam em um 
aspecto: consideravam a consciência como o objeto de estudo da psicologia. 
Os estudos de Thorndike (da Escola Funcionalista de Columbia) foram de grande 
influencia para os pensadores da psicologia, principalmente os estadunidenses, na área 
de educação. Segundo o autor, “assim como a ciência e a agricultura dependem da 
química e da botânica, a educação depende da psicologia e da filosofia”. 
O “manifesto behaviorista” e os primórdios de uma ciência do comportamento “O que 
precisamos fazer é começar a trabalhar na psicologia fazendo do comportamento, e não 
da consciência, o ponto objetivo do nosso ataque.” 
O ano de 1913 foi marcado por uma declaração de guerra, uma ruptura intencional com 
essas duas posições. O movimento de protesto iniciado tinha a intenção de destruir 
antigos pontos de vista. Seus líderes não desejavam modificar o passado e, menos ainda, 
manter alguma relação com ele. Esse movimento revolucionário chamava-se 
behaviorismo (do inglês behavior – comportamento), e foi promovido pelo psicólogo 
John B. Watson, de 35 anos. 
As premissas básicas do behaviorismo de Watson eram simples: - A psicologia de 
Watson buscava uma base científica que lidasse exclusivamente com os atos 
comportamentais observáveis e passíveis de descrição objetiva - Esta psicologia 
rejeitava qualquer termo ou conceito mentalista - Palavras como “imagem”, “sensação”, 
“mente” e “consciência” — adotadas desde a época da filosofia mentalista — não 
significavam absolutamente nada para a ciência do comportamento, do ponto de vista de 
Watson. 
Além disso, alegava que ninguém jamais “havia visto, tocado, cheirado, experimentado 
ou transferido de um lugar a outro a consciência. A sua definição não passa de mera 
suposição tão improvável quanto o conceito de alma” 
Influência para a psicologia behaviorista 
Positivismo – Auguste Comte: A visão positiva dos fatos abandona a consideração das 
causas dos fenômenos (procedimento teológico ou metafísico) e torna-se pesquisa de 
suas leis, entendidos como relações constantes entre fenômenos observáveis O único 
conhecimento válido é o de natureza social e observável de forma objetiva. 
Psicologia Funcional: Outro antecedente direto do behaviorismo foi o funcionalismo. 
Embora não fosse uma escola de pensamento totalmente objetiva, a psicologia funcional 
na época de Watson apresentava mais objetividade que suas predecessoras. 
Os psicólogos aplicados não viam muita utilidade na introspecção e na consciência, e 
suas diversas áreas de especialização constituíam essencialmente uma psicologia 
funcionalista objetiva. 
Mecanicismo - Descartes: Explicações mecanicistas para o funcionamento do corpo 
humano. 
Psicologia animal: O behaviorismo é o resultado direto dos estudos do comportamento 
animal. 
Duas grandes influencias da psicologia animal: 
Edward Lee Thorndike (1874-1949) - Psicólogo funcionalista da Columbia University 
Em uma série de experimentos, Thorndike colocava um gato faminto na caixa feita de 
ripas de madeira e deixava a comida do lado de fora da caixa, como um prêmio por ele 
conseguir escapar. O gato tinha de puxar uma alavanca ou uma corrente para afrouxar o 
trinco e conseguir abrir a porta. No início, o gato exibia comportamentos aleatórios, 
como empurrar, farejar e arranhar com as patas, tentando alcançar a comida; por fim, 
por tentativa e erro, acabava executando o comportamento correto, destrancando a 
porta. Na primeira tentativa, esse comportamento ocorria sem querer; nas tentativas 
subsequentes, os comportamentos aleatórios mostravam‐se menos frequentes, até que a 
aprendizagem fosse completa. Então, o gato passava a demonstrar o comportamento 
apropriado assim que era colocado na caixa. 
Lei do efeito: os atos que produzem satisfação em determinada situação tornam‐se 
associados a ela; quando a situação ocorre novamente, os atos tendem a se repetir. Lei 
do exercício: quanto mais um ato (ou resposta) é realizado em uma dada situação, mais 
forte se torna a associação entre ato e situação. 
Ivan Petrovich Pavlov (1849 – 1936) - Fisiologista Russo 
 Experimento - colocava-se o sujeito experimental (em geral, cães) sobre uma mesa, 
preso por correias, dentro de uma sala com isolamento acústico e isenta de estimulação 
visual externa. Através de uma fístula feita na parte inferior do focinho do animal, 
introduzia-se um encanamento emborrachado que era ligado às glândulas salivares. 
Com este encanamento era possível aferir com precisão a quantidade de saliva 
secretada. 
Os experimentos iniciais consistiam na apresentação ao cão de um pedaço de pão que 
logo em seguida era dado ao animal para que o comesse. Com a repetição do 
procedimento, bastava a visão do alimento para que o cão salivasse. O reflexo salivar 
eliciado pelo alimento colocado na boca do animal foi denominado reflexo 
incondicionado, visto que não demandava nenhuma aprendizagem. Era, portanto, inato. 
Já a secreção salivar obtida com a visão do alimento só foi obtida após algumas 
tentativas. Logo, o processo demandou uma aprendizagem ou condicionamento, fato 
que levou Pavlov a denominá-lo REFLEXO CONDICIONADO. 
Pavlov descobriu que qualquer estímulo não aversivo poderia provocar respostas 
reflexas em seus sujeitos, desde que condicionadas corretamente. Por exemplo: um som 
(até então um estímulo neutro) é apresentado ao sujeito. Poucos instantes depois 
(digamos, 5 segundos), é apresentado o alimento (estímulo incondicionado). É óbvio 
que o sujeito salivará apenas diante do estímulo incondicionado num momento inicial. 
Repetindo-se os emparelhamentos entre o estímulo neutro e o estímulo incondicionado, 
o estímulo neutro será capaz de eliciar a salivação. Quando isto ocorre, o estímulo 
neutro se torna um estímulo condicionado, passando então a produzir respostas 
condicionadas. 
John Broadus Watson (1878-1958) - Matriculou-se, em 1894, na Universidade de 
Furman. Em 1903, Watson se torna a mais jovem pessoa a se doutorar na Universidade 
de Chicago. Em 1913, publica o artigo “A psicologia como o behaviorista a vê”, que 
ficou conhecido como o “manifesto behaviorista” e no qual delimitava o campo onde a 
psicologia deveria focar seus estudos. Dois anos mais tarde, é eleito presidente da 
Associação Americana de Psicologia (APA). 
 Obras 
Comportamento: uma introdução à psicologia comparativa [Behavior: an introduction to 
comparative psychology], foi lançado em 1914. Defendia a aceitação da psicologia 
animal e descrevia as vantagens do uso de animais na pesquisa psicológica 
Behaviorismo , 1924 - o autor contextualiza e define o behaviorismo não como um 
sistema de psicologia, mas como uma aproximação metodológica aos problemas da 
mesma. Watson considerava o comportamento como um campo de estudo muito novo, 
e que concepções como “mente” e “consciência” ainda não haviam sido abolidas de 
outros campos do saber, como a filosofia, por exemplo 
Os cuidados psicológicos com a criança, de 1928 – um livro de estrondoso sucesso – 
Watson apresentava um sistema para a criação de filhos baseado no 
comportamentalismo. 
Métodos do Behaviorismo segundo Watson 
→ observação, com e sem o uso de instrumentos, (amostragem do comportamento e não 
qualidades capacidades mentais); 
→ métodos de teste,(para Watson, o teste não media a inteligência nem a personalidade; 
ao contrário, simplesmente media as respostas do indivíduo à situação do estímulo de 
ser submetido ao teste); 
→ método de relato verbal, (“Falaré fazer, ou seja, comportar‐se. Falar abertamente ou 
para nós mesmos (pensar) é um comportamento tão objetivo quanto jogar beisebol” 
(Watson, 1930, p. 6) 
→ método do reflexo condicionado, ele escolheu esse tratamento por oferecer um 
método objetivo de análise do comportamento, de redução em unidades básicas, ou seja, 
em ligações de estímulo‐resposta (E‐R). 
Behaviorismo pós-Watson 
Os neobehavioristas – Tolman, Hull e Skinner. Operacionalismo 
 Burrhus Frederic Skinner (1904‐1990) - “Os homens agem sobre o mundo, modificam-
no e, por sua vez, são modificados pelas consequências de suas ações.” Skinner, 1957: 
15 (página – 182). 
Skinner graduou-se em inglês no Hamilton College e decidiu seguir a carreira de 
escritor. Após algumas tentativas frustradas, a escrita, como atividade profissional, foi 
deixada de lado. Skinner ingressou no curso de psicologia da Universidade de Harvard 
em 1928 e doutorou-se em 1931. Em 1947, retornou à Harvard como professor. 
Permaneceu nessa instituição como professor-pesquisador até sua aposentadoria, em 
1974. 
Obras mais importantes: O comportamento dos organismos (1938), Walden II (1948), 
Ciência e comportamento humano (1953), O comportamento verbal (1957), Para além 
da liberdade e da dignidade (1971), Sobre o behaviorismo (1974). 
O contexto acadêmico da época foi marcado por uma fase conhecida como a “crise da 
física clássica”, que alterou a maneira de pensar a ciência em todas as suas formas. O 
sistema determinista, que atribuía relações estritas entre as causas e os efeitos nos 
fenômenos naturais, sofria várias críticas desde muito antes da crise. Ernst Mach (1838-
1916), físico austríaco, defendia o abandono das explicações de causalidade mecânica 
utilizadas pela física newtoniana, em favor da adoção de RELAÇÕES FUNCIONAIS 
entre os fatos. Dessa forma, atribuições mecanicistas de causa e efeito foram 
gradativamente perdendo espaço para as descrições funcionais entre fatos. Um exemplo 
disso é a teoria da relatividade geral de Albert Einstein (1879-1955), que, em 1915, 
formula uma teoria da gravitação mais abrangente que a de Newton. 
O comportamento dos organismos não seria influenciado apenas por alterações 
ambientais antecedentes, como proposto pela psicologia estímulo-resposta, baseada no 
paradigma reflexo. Grande parte do comportamento seria influenciada por suas 
consequências. Comportamento operante 
A noção de comportamento operante descreve a ação do organismo sobre o meio do 
qual emergem as consequências últimas de seu comportamento. 
Exemplo: Caixa de Skinner ou caixa de condicionamento operante - Quando o rato na 
caixa de Skinner pressiona a barra, ele recebe comida, mas somente a recebe se 
pressionar a barra; portanto, ele opera sobre o ambiente. A demonstração da clássica 
experiência da caixa de Skinner envolvia o ato de pressionar a barra, que fora construída 
de modo a controlar as variáveis externas. Colocava-se um rato privado de comida na 
caixa, ficando ele livre para explorar o ambiente. No curso dessa exploração, o rato 
pressionava uma alavanca ou uma barra, ativando um mecanismo que liberava uma 
bolinha de ração em uma bandeja. Depois de conseguir algumas bolinhas (os reforços), 
o condicionamento costumava se estabelecer com rapidez. Observe que o 
comportamento do rato (pressionar a alavanca) atuou sobre o ambiente e, assim, serviu 
como instrumento para a obtenção do alimento. 
Com base nessa experiência básica, Skinner derivou sua lei de aquisição, segundo a 
qual a força de um comportamento operante aumenta quando ele é seguido pela 
apresentação de um estimulo reforçador. 
Alguns conceitos formados por Skinner: 
Esquema de reforço: Intervalos de reforço – a cada tanto tempo, se a pessoa é reforçada, 
é igual se ela for reforçada em toda oportunidade? Intervalos fixos (por exemplo, 
salário) vs intervalos flexíveis, intervalos menores vs intervalos maiores etc. A pesquisa 
de Skinner demonstrou que, quanto menor o intervalo entre os reforços, mais rápida a 
resposta do animal. Quando o intervalo aumentava, a taxa de respostas diminuía 
Aproximação sucessiva: uma explicação para a aquisição de comportamento complexo; 
comportamentos, como aprender a falar, serão reforçados somente à medida que tendam 
ao comportamento final desejado ou se aproximem dele 
Comportamento verbal: Segundo Catania (1999: 392), comportamento verbal “é 
qualquer comportamento que envolva palavras, independente da modalidade (falada, 
escrita, gestual); que é adquirido e mantido pelas práticas de reforçamento de uma 
comunidade verbal, isto é, uma comunidade de falantes e ouvintes”. O organismo 
humano, portanto, quando se comporta verbalmente, tem as consequências de suas 
ações providas por outros seres humanos, e não imediatamente pelo ambiente físico que 
o cerca 
Behaviorismo Social – o desafio cognitivo 
Albert Bandura - Professor da Stanford University e psicólogo canadense - criador da 
teoria social-cognitiva. 
 A teoria social cognitiva de Bandura é uma forma de behaviorismo menos radical que a 
de Skinner e reflete o espírito dos tempos, o impacto do renovado interesse da 
psicologia nos fatores cognitivos. Sua pesquisa tinha como meta observar o 
comportamento dos indivíduos durante a interação. Bandura foi-se afastando mais e 
mais do behaviorismo ortodoxo vindo a incluir na sua teoria elementos relacionados 
com processamento de informação, autocontrole e autodireção de pensamentos e ações. 
A abordagem de Bandura é uma teoria de aprendizagem social porque estuda o 
comportamento enquanto este é formado e modificado em situações sociais. Bandura 
criticava Skinner por usar apenas sujeitos individuais (a maioria ratos e pombos) em vez 
de sujeitos humanos interagindo uns com os outros. Ele destacava que poucas pessoas 
vivem em isolamento social, e que os psicólogos não podem esperar que descobertas de 
pesquisas que ignoram as interações sociais sejam relevantes para o mundo moderno. 
Além de ser uma teoria behaviorista, o sistema de Bandura era cognitivo. 
Processos para a aprendizagem social 
Atenção -> Memória -> Produção/execução -> Motivação 
Conceitos da teoria social cognitiva 
Reforço vicário: noção de Bandura de que o aprendizado pode ocorrer por observação 
dos comportamentos de outras pessoas e das consequências deles decorrentes, e não 
apenas experimentando o reforço diretamente. 
A aprendizagem ocorre não pelo reforço direto, mas por meio de “modelos”, o que 
implica observar o comportamento de outras pessoas e nele fundamentar os nossos 
próprios padrões de comportamento. 
A tendência do indivíduo é modelar o próprio comportamento com base nas pessoas do 
mesmo sexo e idade, ou seja, nos nossos semelhantes que conseguiram resolver os 
problemas similares aos nossos. Há uma propensão também de se deixar impressionar 
por modelos de prestígio e status superiores ao nosso. 
Assim, personagens de filmes, de propagandas, figuras históricas etc. podem funcionar 
como modelos poderosos. Os pais, professores e irmãos mais velhos costumam ser 
modelos para as crianças. Nos grupos sociais, estamos constantemente imitando atitudes 
de algumas pessoas e, ao mesmo tempo, somos modelo para outras. 
Pesquisas realizadas em vários países comprovaram, consistentemente, que as crianças 
que assistem uma grande quantidade de atos violentos na televisão e em filmes, ou 
passam horas jogando videogames cheios de ação, demonstram muito mais 
comportamento violento e agressivo quando se tornam adolescentes e jovens adultos do 
que as crianças expostas a menos violência. 
 
GESTALT 
Tenerife, localizada a 200 milhas da costa da África, é a ilha mais famosa na história da 
psicologia, pois foi lá que Wolfgang Köhler estudou macacos. Mas esse não é mais um 
dos animais que tinham sido treinados ou condicionados a se comportar de determinada 
maneira. Até Köhler, psicólogo alemão, ir para Tenerife, em 1913,acreditava‐se que a 
única maneira de animais aprenderem era por meio de tentativa e erro, isto é, 
tropeçando acidentalmente na resposta correta – aquela que trazia comida como 
recompensa. A maioria das pesquisas sobre animais citadas até o momento envolve 
animais ensinados a se comportar da maneira como o experimentador ou treinador 
desejava. 
Köhler não tinha interesse em treinar os macacos que encontrou vivendo na ilha. Seu 
objetivo era observá‐los para ver como eles resolviam problemas. Ele acreditava que 
eles eram mais inteligentes do que as pessoas imaginavam e que eram capazes de 
resolver problemas de maneira muito semelhante à dos humanos. Assim, colocou os 
macacos em gaiolas grandes, colocou os instrumentos que poderiam usar para obter 
comida bem à vista deles, e sentou‐se para observar o que faziam. 
As diferenças entre a psicologia da Gestalt e o behaviorismo logo ficaram evidentes. Os 
psicólogos da Gestalt admitiam o valor da consciência, embora criticassem a tentativa 
de reduzi‐la a elementos ou átomos, enquanto os psicólogos behavioristas recusavam‐se 
a reconhecer o valor do conceito de consciência na psicologia científica. 
Ademais, os psicólogos da Gestalt insistiam no fato de que, quando os elementos 
sensoriais são combinados, eles formam um novo padrão ou configuração. Se juntarmos 
um grupo de notas musicais individuais (elementos da música), por exemplo, uma 
melodia ou um tom surge dessa combinação, formando algo novo, que não existia em 
nenhuma das notas enquanto elementos individuais. Um modo popular de se afirmar 
essa noção é a ideia de que o todo é diferente da soma das partes. Gestalt é um termo 
alemão de difícil tradução. O termo mais próximo em português seria forma ou 
configuração 
Fundadores da Gestalt: Max Werheimer (1880-1943), Kurt Koffka (1886-1941) e 
Wolfgang Kohler (1887-1967) 
Conceitos gerados por esta escola da psicologia 
➔ Fenômeno Phi e a percepção do movimento: A persistência da visão, ou persistência 
retiniana, nos diz que uma imagem dura um certo tempo em nossa retina, uma fração de 
segundo, e que, se dispormos imagens estáticas em uma sequência, teremos a sensação 
de movimento. 
➔Proximidade: Partes bem próximas umas das outras no tempo e no espaço parecem 
unidas e tendem a ser percebidas juntas. Os elementos mais próximos uns dos outros 
têm maior probabilidade de serem agrupados 
➔Continuidade: Há uma tendência de a nossa percepção seguir uma direção para 
conectar os elementos de modo que eles pareçam contínuos ou fluir em uma direção 
específica. 
➔Semelhança: As partes similares tendem a ser vistas juntas, formando um grupo. Na 
figura, os círculos e os pontos parecem juntos, e a tendência é perceber fileiras de 
círculos e de pontos em vez de colunas. 
➔Preenchimento: Há uma tendência da nossa percepção em completar as figuras 
incompletas, de preencher as lacunas. 
➔Simplicidade: Há uma tendência de vermos a figura como tendo boa qualidade sob as 
condições de estímulos; a psicologia da Gestalt chama essa característica de prägnanz 
ou boa forma. Uma boa Gestalt é simétrica, simples e estável, e não pode ser mais 
simples nem mais organizada. O quadrado e a bola são boas Gestalts, porque são 
claramente percebidos como completos e organizados 
➔Figura/fundo: Há uma tendência de organizar as percepções do objeto (a figura) que 
está sendo visto e do fundo (a base) sobre o qual ele aparece. A figura parece ser mais 
substancial e destacar‐se do seu fundo, dependendo de como a percepção é organizada. 
Os psicólogos alemães, que fundaram a escola da Gestalt no início do século 20, 
lançaram a ideia de que os elementos individuais da mente não são os importantes 
(como sustentavam os estruturalistas), mas a gestalt: a forma ou configuração que esses 
elementos constituem. A visão de uma árvore, em toda a sua grandeza, é muito mais do 
que uma mera combinação de manchas de luz, sombra e formas separadas. 
 
PSICANÁLISE 
A psicologia do século XX foi profundamente influenciada por um de seus pensadores 
mais famosos, Sigmund Freud. 
Sigmund Freud (1856-1939) Freiberg – República Tcheca Com quatro anos sua família 
mudou-se para Viena (Áustria) Concluiu medicina na Universidade de Viena, 
dedicando-se a neurologia. Foi professor de neuropatologia. Freud alterou, 
radicalmente, o modo de pensar a vida psíquica. 
Freud foi treinado em medicina e começou sua carreira trabalhando com pessoas 
portadoras de transtornos neurológicos, como paralisia de várias partes do corpo. Ele 
constatou que alguns de seus pacientes tinham poucos motivos médicos que 
explicassem suas paralisias. Em pouco tempo, passou a crer que as condições desses 
pacientes eram causadas por fatores psicológicos. 
Os Estudos sobre a histeria (1895), publicação em co-autoria com o JOSEPH BREUER, 
trazem relatos sobre vários tratamentos conduzidos pelos autores, em geral com 
pacientes histéricas atormentadas por múltiplos sintomas, inclusive corporais (como 
paralisias). Deduz-se que tais sintomas são formados a partir da repressão de certas 
lembranças que, não podendo ser integradas na história dessas mulheres, “retornam” no 
corpo, simbolizadas nos e pelos sintomas. 
Nessa época, Freud e Breuer empregavam a hipnose para obter acesso a materiais que 
pudessem estar na origem dos sintomas. Durante o transe hipnótico surgiam lembranças 
que, uma vez relatadas e revividas afetivamente, auxiliavam na elucidação e mesmo na 
eliminação de certos sintomas. É o que se chama de “método catártico” : sob hipnose, o 
paciente recorda e revive um evento que lhe foi traumático, externalizando e 
descarregando afetos não manifestados por ocasião do trauma; tal descarga emocional é 
denominada ab-reação. 
Freud, porém, tinha algumas ressalvas em relação ao uso da hipnose: nem todos os 
pacientes eram hipnotizáveis e a eliminação dos sintomas revelara-se apenas provisória 
ou parcial. Mas o principal motivo que o leva a abandonar definitivamente esse método 
é o fato de considerá-lo um meio artificial de neutralizar a resistência. Ou seja, a 
hipnose encobre a existência de uma força/barreira que ativamente impede o acesso aos 
conteúdos reprimidos. Para Freud, é preciso encontrar um meio que permita a 
dissolução gradual das resistências. 
A psicologia estava ainda nos primórdios, ao final do século XIX, quando Freud 
especulou que grande parte do comportamento humano é determinada pelos processos 
mentais que operam abaixo do nível da consciência. 
Esse nível subconsciente é chamado inconsciente. Contrariando a crença popular, Freud 
não foi o primeiro a elaborar uma hipótese da existência de um inconsciente – o primo 
de Darwin, Sir Francis Galton, propôs a ideia antes. 
Freud acreditava que forças mentais inconscientes, muitas vezes sexuais e conflituosas, 
produzem desconforto psicológico e, em alguns casos, chegam a causar transtornos 
mentais. De acordo com o pensamento freudiano, muitos desses conflitos inconscientes 
surgem de experiências vivenciadas na infância e que a pessoa está bloqueando na 
memória. 
Inconsciente - pensamentos, atitudes, impulsos, desejos, motivações e emoções dos 
quais não estamos cientes. 
A partir de suas teorias, Freud foi pioneiro na abordagem por estudo de caso clínico e 
desenvolveu a psicanálise. Um estudo de caso consiste no exame intensivo de um 
indivíduo incomum. 
→observação →registro →descrição 
 A meta de um estudo de caso é descrever os eventos ou experiências que levam a ou 
resultam de um determinado aspecto excepcional. 
Psicanálise: Nesse método terapêutico, terapeuta e paciente trabalham juntos para trazer 
os conteúdos do inconsciente do paciente para sua percepção consciente. Uma vez 
revelados os conflitos inconscientes do indivíduo, o terapeuta o ajuda a lidar com eles 
de maneira construtiva. Exemplificando, Freud analisava o conteúdo simbólico evidente 
dos sonhos de um paciente, buscando encontrarconflitos ocultos. Ele também usava a 
associação livre, em que um paciente falaria sobre qualquer coisa que quisesse e pelo 
tempo que desejasse. Freud acreditava que, por meio da associação livre, uma pessoa 
eventualmente revelava os conflitos inconscientes que causaram os problemas 
psicológicos. 
Primeira tópica – primeira fase da teoria psicanalítica 
The Conscious Mind: Sistema do aparelho psíquico que recebe ao mesmo tempo as 
informações do mundo exterior e as do mundo interior. Na consciência, destaca-se o 
fenômeno da percepção, principalmente a percepção do mundo exterior, a atenção, o 
raciocínio. 
The Preconscious Mind: Refere-se ao sistema onde permanecem aqueles conteúdos 
acessíveis à consciência. É aquilo que não está na consciência, neste momento, e no 
momento seguinte pode estar. O pré-consciente funciona como uma espécie de barreira 
que seleciona aquilo que pode ou não passar para o consciente. 
The Unconscious Mind: É constituído por conteúdos reprimidos, que não têm acesso 
aos sistemas pré-consciente/consciente, pela ação de censuras internas. Estes conteúdos 
podem ter sido conscientes, em algum momento, e ter sido reprimidos, isto é, “foram” 
para o inconsciente, ou podem ser genuinamente inconscientes. O inconsciente é um 
sistema do aparelho psíquico regido por leis próprias de funcionamento. 
Interpretação dos Sonhos (1900) – marca de fato o início da psicanálise 
Primeiro grande modelo de aparelho psíquico (ou “primeira tópica”) vinha sendo 
delineado ao longo dos anos 1890, mas só no capítulo VII de A interpretação dos 
sonhos foi oficialmente formalizado É composto por dois grandes sistemas – 
inconsciente e pré-consciente/consciente –, separados por uma barreira (censura) que 
exerce ativamente uma força (repressão) no sentido de expulsar certas representações 
(ideias, lembranças, fantasias) do sistema pré-consciente/consciente e mantê-las no 
sistema inconsciente. 
Essa operação se faz necessária porque tais representações causam angústia e dor 
quando disponíveis na consciência do sujeito. Porém, a repressão não destrói a 
representação dolorosa: mesmo mantida em estado inconsciente, ela permanece ativa, 
tentando retornar ao sistema consciente. O resultado desse conflito, que envolve um 
verdadeiro jogo de forças, é a produção das chamadas “formações do inconsciente: os 
sintomas, sonhos, lapsos (ou atos falhos) e chistes (piadas e ditos de espírito)” que 
seriam frutos de uma espécie de “negociação” entre os sistemas. 
É por esse motivo que as formações do inconsciente solicitam procedimentos 
interpretativos: enigmáticas para o próprio sujeito (que as considera insignificantes, 
bizarras ou simplesmente incompreensíveis), são produções que encobrem outros 
sentidos, a serem construídos ou reconstruídos por meio da interpretação psicanalítica. 
Em última instância, o trabalho da interpretação é desfazer a deformação a que foram 
submetidos os conteúdos reprimidos. Tentar dar sentido a esses sonhos, sintomas, 
lapsos etc. 
Segunda tópica 
 A década de 1920 traz uma novidade: a chamada “segunda tópica”, que descreve o 
aparelho psíquico como sendo constituído por três instâncias, denominadas ID, EGO e 
SUPEREGO. A nova divisão não corresponde ponto por ponto à tópica anterior (como 
vimos: inconsciente, consciente e pré-consciente), pois o EGO e o SUPEREGO têm 
partes inconscientes (como mostra, por exemplo, o uso dos mecanismos de defesa por 
parte do ego). 
Ou ainda, o ID é totalmente inconsciente, mas concebido em termos mais amplos do 
que o sistema inconsciente da primeira tópica (que coincidia, em grande parte, com os 
conteúdos reprimidos); o id é o substrato pulsional do psiquismo e contém outras coisas 
além do material recalcado, como algumas fantasias herdadas que nunca sofreram 
repressão e jamais se tornarão conscientes. 
Desenvolvimento infantil segundo Freud 
 A criança que Freud descortina sente tristeza, solidão, raiva, desejos destrutivos, vive 
conflitos e contradições, é portadora de sexualidade, escapa ao controle da educação. 
 Nesse período, final do século XIX e início do século XX, Freud com a Psicanálise 
abre um campo de investigação antes desconhecido. Introduz a noção de inconsciente e 
abala a confiança que a cultura ocidental deposita na razão. “Descobre” a sexualidade 
infantil e contesta a ideia da “inocência” da criança, o que também provoca abalos na 
concepção que o ser humano tem dele mesmo. 
A Psicanálise, então, traz um novo discurso sobre o ser humano, não como indivíduo 
(objeto da ciência), mas como marcado pelo inconsciente, por essa “outra cena” ao 
mesmo tempo inquietante e familiar, um ser humano passível de sonhar, amar, desejar, 
construir crenças, odiar, culpar-se, etc. 
Psicanálise pós-Freud: Wilhelm Reich (1897-1957), Carl Gustav Jung (1875-1961), 
Alfred Adler (1870-1937), Anna Freud (1895-1982), Melanie Klein (1882-1960), Erick 
Fromm (1900-1980), Erik Erikson (1875-1942), Wilfried Bion (1897-1979), Donald W. 
Winnicott (1896-1971), E Jacques Lacan (1901-1981). 
 
HUMANISMO 
O termo “humanismo” surgiu no Renascimento entre o final do século XIV e o início do 
século XV, e denominava tanto um aspecto literário, os escritores clássicos, quanto um 
viés filosófico, preocupando-se com o valor do homem e a tentativa de 
compreendê-lo em seu mundo 
A psicologia Humanista tomou forma e ganhou força na década de 1960, e como o 
Behaviorismo, foi desenvolvida nos Estados Unidos. Conhecido como “terceira força”, 
o sistema da Psicologia Humanista pretendeu opor-se tanto ao Behaviorismo quanto a 
Psicanálise 
A psicologia humanista refletia o sentimento de descontentamento manifestado na 
década de 1960 contra os aspectos mecanicistas e materialistas da cultura ocidental. A 
contracultura da época era constituída pelos denominados hippies, principalmente 
estudantes universitários os que abandonavam os estudos, alguns dos quais usavam 
drogas alucinógenas para estimular e expandir suas experiências conscientes. 
Como grupo, compartilhavam ideais compatíveis com a abordagem humanista da 
psicologia, ou seja, o enfoque na realização pessoal, a crença na perfeição humana, a 
ênfase no presente, a tendência à exteriorização do self (dar vazão ao conteúdo da 
mente) e a valorização dos sentimentos em detrimento da razão e do intelecto. 
As contribuições vieram de duas escolas da filosofia: Fenomenologia e Existencialismo 
Sobre influência dessas duas escolas, o centro da psicologia humanista é a pessoa em 
um contexto único, e que tem o potencial de transformar a vida dentro de si, de 
maneira continuada e infinita. O homem, na perspectiva humanista, é percebido como 
um ser livre, capaz de se recriar independentemente dos condicionamentos, pois a 
própria realidade é percebida de maneira pessoal e está impregnada de significados 
ligados a consciência pessoal. 
A vida interior é soberana 
Para a Psicologia Humanista: 
A psicologia comportamental consistia em uma abordagem limitada, artificial e 
improdutiva da natureza humana. Eles consideravam que o foco no comportamento 
manifesto era desumanizador e que essa visão reduzia o ser humano ao status de simples 
animal ou máquina. Discordavam da visão de comportamento do homem como uma 
forma predeterminada em resposta aos fatos de estímulo da vida. E, ainda, 
consideravam o homem um ser muito mais complexo do que ratos de laboratório. 
Se opunham às tendências deterministas da psicanálise freudiana e à forma como se 
minimizava o papel da consciência, além de criticarem Freud por estudar apenas 
indivíduos neuróticos e psicóticos. Eles argumentavam que, se os psicólogos se 
concentravam apenas no estudo da disfunção mental, como seria possível compreender 
a natureza da saúde emocional e de outras qualidades positivas do homem? Ao abrir 
mão de analisar prazer, alegria, êxtase, bondade, generosidade, por exemplo, para 
estudar o lado obscuro da personalidadehumana, a psicologia estava ignorando as 
virtudes e as forças exclusivamente humanas. 
Abraham Maslow (1908‐1970) - Considerado o pai espiritual da psicologia humanista, 
provavelmente foi quem mais contribuiu para incentivar o movimento e conferir-lhe 
certo grau de respeitabilidade acadêmica. 
Primeiramente estudou psicologia na Cornell University com E. B. Titchener. Na 
Cornell a experiência teria sido negativa. Segundo Maslow, o curso foi “horrível e 
desanimador e não tinha nada a ver com pessoas, por isso, fiquei horrorizado e me 
afastei do curso”. Maslow transferiu-se para a University of Wisconsin, onde encontrou 
uma abordagem diferente em psicologia, e obteve o Ph.D. em 1934. 
Maslow tornou‐se um entusiasta behaviorista watsoniano, convencido de que a 
abordagem científica natural mecanicista proporcionava todas as respostas para os 
problemas do mundo. Então, uma série de experiências pessoais levou-o a perceber que 
o behaviorismo era limitado demais para lidar com os persistentes problemas do 
homem. 
Decidiu dedicar‐se ao desenvolvimento de uma psicologia que lidasse com os mais 
elevados ideais humanos. Trabalharia para melhorar a personalidade humana e mostrar 
que as pessoas eram capazes de comportamentos mais nobres que o ódio, o preconceito 
e a guerra. 
Suas principais obras publicadas são: 
A psicologia da ciencia (1966) 
A psicologia do ser (1962) 
Motivação e personalidade (1954) 
Autorrealização 
Na visão de Maslow, cada indivíduo é dotado de propensão inata à autorrealização. Esse 
estado, o mais elevado das necessidades humanas, envolve o uso ativo de todas as 
qualidades e habilidades, além do desenvolvimento e da aplicação plena do potencial 
individual. Para o indivíduo sentir‐se autorrealizado, primeiro é necessário satisfazer as 
necessidades mais inferiores na hierarquia inata, e cada uma delas deve ser satisfeita 
antes que a próxima possa nos motivar. 
As necessidades propostas por Maslow, na ordem de prioridade de satisfação, são: 
fisiológicas, de segurança, de pertinência e amor, de estima e de autorrealização. 
 
 
Carl Rogers (1902-1987) 
Quando Rogers tinha 12 anos, a família se mudou para uma fazenda, onde ele 
desenvolveu um grande interesse pela natureza. Lia sobre as experiências agrícolas e 
sobre a abordagem científica na solução dos problemas. Embora a leitura o ajudasse a 
canalizar a vida intelectual, sua vida emocional estava em constante turbulência. 
Ele afirmou: “Minhas fantasias durante esse período eram realmente bizarras e, 
provavelmente, seriam classificadas como esquizofrênicas por um especialista, mas, 
felizmente, jamais tive contato com um psicólogo” 
Aos 22 anos – Convencera-se de que as próprias pessoas deviam dar rumo às suas vidas 
com base na própria interpretação dos acontecimentos e não dependerem da visão dos 
outros. Convencera-se, ainda, de que cada um deve empenhar esforços para tornar-se 
uma pessoa melhor. Esses conceitos tornaram-se a base da sua teoria da personalidade. 
Rogers recebeu o Ph.D. em psicologia clínica e educacional, em 1931, da Teacher 
College da Columbia University. Em 1940, iniciou a carreira acadêmica, lecionando na 
Ohio State University, University of Chicago e University of Wisconsin. Durante esses 
anos, desenvolveu e aprimorou a sua teoria e o seu método de psicoterapia. 
Carl Rogers é mais conhecido por sua abordagem popular da psicoterapia, chamada 
terapia centrada na pessoa. 
O nome da terapia de Rogers expressa sua visão da personalidade humana. Ao colocar a 
responsabilidade pela melhora na pessoa ou no paciente, e não no terapeuta (como 
ocorre na terapia ortodoxa), Rogers assumia que as pessoas seriam capazes, consciente e 
racionalmente, de mudar os próprios pensamentos e comportamentos do indesejável 
para o desejável. Ele não acreditava no indivíduo permanentemente reprimido por 
forças inconscientes ou por experiências da infância. A personalidade é moldada pelo 
presente e pela maneira como o indivíduo percebe a circunstância. 
Rogers descrevia as pessoas plenamente funcionais como realizadoras, em vez de 
realizadas, para indicar que a evolução do self está em constante andamento. Essa 
ênfase na espontaneidade, na flexibilidade e na capacidade contínua de crescimento está 
perfeitamente expressa no título do livro mais famoso de Rogers: Tornar-se pessoa [On 
becoming a person] (1961) 
 
PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA 
Wundt sugeriu duas psicologias: uma Psicologia Experimental e uma Psicologia Social, 
de modo a resolver as dicotomias natural e social; autonomia e determinação; interno e 
externo. 
Seus seguidores enfrentarão esses pêndulos, escolhendo um dos polos da dicotomia: 
→ Titchener concebeu o homem como dotado de uma estrutura que permite que a 
experiência se torne consciente; 
→ James, ao contrário, pensou o homem como um organismo que funciona em um 
ambiente e a ele se adapta; 
→ o Comportamentalismo pensou o homem como produto de condicionamentos; 
→ a Gestalt valorizou as experiências vividas; 
→ a Psicanálise enfatizou as forças que o homem não domina e não conhece, mas 
que o constituem 
Todas as abordagens se constituíram como esforços para que a ciência psicológica 
pudesse dar conta de compreender o homem e seu contato com o mundo real. Nenhuma 
delas, no entanto, superou as perspectivas mecanicista e determinista presentes já em 
Wundt. 
Mecanicista por pressupor uma regularidade no humano, como se fosse uma máquina 
dotada de funcionamento próprio, que, por ser natural, pode ser desvendado e 
conhecido. O homem pensado como máquina. Não podemos nos esquecer de que o 
pensamento moderno é impregnado dessa perspectiva mecanicista. 
Determinista, por pressupor causas para o “efeito homem” que observamos. Além disso, 
há marcadamente a perspectiva do homem apriorístico, com estruturas ou mecanismos 
prontos que permitem seu funcionamento regular enquanto ser humano. 
A discussão estava sempre entre - interno/externo; psíquico/orgânico; 
comportamento/vivências subjetivas; natural/social; autonomia/determinação. 
A Psicologia Sócio-Histórica, que toma como base a Psicologia Histórico-Cultural de 
Vygotsky (1896-1934), apresenta-se desde seus primórdios como uma possibilidade de 
superação dessas visões dicotômicas. 
Lev Semenovitch Vygolsky (1896-1934) 
 
Nasceu em Orsha, pequena cidade perto de Minsk, a capital da Bielo-Rússia 
Com 18 anos, Lev Vygotsky matriculou-se no curso de Medicina, mas em seguida 
transferiu-se para o curso de Direito a Universidade de Moscou. Paralelamente ao curso 
de Direito estudou Literatura e História da Arte. 
Em 1917, ano da Revolução Russa, graduou-se em Direito e apresentou um trabalho 
intitulado “Psicologia da Arte”, que só foi publicado na Rússia em 1965. 
Em 1924, após uma brilhante participação no II Congresso de Psicologia em 
Leningrado, foi convidado a trabalhar no Instituto de Psicologia de Moscou. Nessa 
época, escreveu o trabalho “Problemas da Educação de Crianças Cegas, Surdas-mudas e 
Retardadas”. 
Morreu aos 38 anos de tuberculose. 
Entre outros trabalhos de Lev Vygotsky destacam-se: 
“A Pedologia de Crianças em Idade Escolar” (1928) 
“Estudos Sobre a História do Comportamento” (1930) 
“Lições de Psicologia” (1932), 
“Fundamentos da Pedologia” (1934), 
“Pensamento e Linguagem” (1934), 
“Desenvolvimento da Criança Durante a Educação” (1935) e 
“A Criança Retardada” (1935) 
Diante de tal quadro (mecanicista e determinista), ele propôs, então, uma nova 
psicologia que, baseada no método e nos princípios do materialismo (afirma a existência 
do mundo, do real, como primário em relação a qualquer tipo de produção humana) 
dialético (tese, antítese e síntese), compreendesse o aspecto cognitivo a partir da 
descrição e explicação das funções psicológicas superiores, as quais, na sua visão, 
eram determinadas histórica e culturalmente. Ou seja, propõe uma teoria marxista do 
funcionamentointelectual humano que inclui tanto a identificação dos mecanismos 
cerebrais subjacentes à formação e desenvolvimento das funções psicológicas, como a 
especificação do contexto social em que ocorreu tal desenvolvimento. 
Os objetivos de sua teoria são: “caracterizar os aspectos tipicamente humanos do 
comportamento e elaborar hipóteses de como essas características se formam ao 
longo da história humana e de como se desenvolvem durante a vida do indivíduo.” 
(Vygotsky, 1996:25) 
Alguns pontos desta teoria: 
- O homem é um ser histórico-social ou, mais abrangentemente, um ser histórico-
cultural; o homem é moldado pela cultura que ele próprio cria; 
- O indivíduo é determinado nas interações sociais - sujeito interativo, isto é, 
aquele que não é nem ativo e nem passivo, e que é constituído na e pela relação 
interpessoal 
- É na linguagem e por ela própria que o indivíduo é determinado - sujeito 
semiótico, sujeito constituído na e pela linguagem, sendo que apareceu como 
sujeito resultante da relação (...), e como sujeito constituído na relação 
constitutiva EU-OUTRO, numa relação dialética 
- A atividade mental é exclusivamente humana e é resultante da aprendizagem 
social, da interiorização da cultura e das relações sociais; 
- A linguagem é o principal mediador na formação e no desenvolvimento das 
funções psicológicas superiores; 
- O processo de interiorização das funções psicológicas superiores é histórico, e 
as estruturas de percepção, a atenção voluntária, a memória, as emoções, o 
pensamento, a linguagem, a resolução de problemas e o comportamento 
assumem diferentes formas, de acordo com o contexto histórico da cultura 
Para Vygotsky: 
a) a psicologia é uma ciência do homem histórico e não do homem abstrato e 
universal; 
b) a origem e o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores é social; 
c) há três classes de mediadores: signos e instrumentos; atividades individuais e 
relações interpessoais; 
d) o desenvolvimento de habilidades e funções específicas, bem como a origem da 
sociedade, são resultantes do surgimento do trabalho - este entendido como 
ação/movimento de transformação - e que é pelo trabalho que o homem, ao 
mesmo tempo em que transforma a natureza para satisfazer as suas necessidades, 
se transforma também; 
e) existe uma unidade entre corpo e alma, ou seja, o homem é um ser total. 
A teoria histórico-cultural ou sociocultural do psiquismo humano de Vygotsky, também 
conhecida como abordagem sociointeracionista, toma como ponto de partida as funções 
psicológicas dos indivíduos, as quais classificou de elementares e superiores, para 
explicar o objeto de estudo da sua psicologia: a consciência 
Funções psicológicas elementares - são de origem biológica; estão presentes nas 
crianças e nos animais; caracterizam-se pelas ações involuntárias (ou reflexas); pelas 
reações imediatas (ou automáticas) e sofrem controle do ambiente externo 
 Funções psicológicas superiores são de origem social; estão presentes somente no 
homem; caracterizam-se pela intencionalidade das ações, que são mediadas. Elas 
resultam da interação entre os fatores biológicos (funções psicológicas elementares) e os 
culturais, que evoluíram no decorrer da história humana. Dessa forma, Vygotsky 
considera que as funções psíquicas são de origem sociocultural, pois resultaram da 
interação do indivíduo com seu contexto cultural e social. 
Vygotsky considerava que a aquisição da linguagem constitui o momento mais 
significativo no desenvolvimento cognitivo. Ela, a linguagem, representa um salto de 
qualidade nas funções superiores; quando ela começa a servir de instrumento 
psicológico para: 
→ regulação do comportamento; 
→ percepção muda de forma radical; 
→ novas memórias são formadas; 
→ novos processos de pensamento são criados 
 
PSICOLOGIA COGNITIVA 
Estamos agora entrando no terceiro milênio, e há mais interesse do que nunca em tentar 
descobrir os mistérios do cérebro e da mente humana. Esse interesse reflete-se na 
recente explosão da pesquisa científica no campo da psicologia cognitiva e da 
neurociência cognitiva. É surpreendente que a abordagem cognitiva esteja se tornando 
cada vez mais importante no campo da psicologia clínica. Nessa área, reconhece-se que 
os processos cognitivos (especialmente os vieses cognitivos) desempenham um papel 
importante no desenvolvimento e no sucesso do tratamento dos transtornos mentais. De 
forma similar, os psicólogos sociais assumem, cada vez mais, que os processos 
cognitivos ajudam a explicar muitos aspectos da comunicação social. 
Este campo da Psicologia surgiu com o intuito de estudar os processos internos 
envolvidos em extrair sentido do ambiente e decidir que ação deve ser apropriada. Esses 
processos incluem atenção, percepção, aprendizagem, memória, linguagem, resolução 
de problemas, raciocínio e pensamento. 
Influências históricas: 
 O campeão de xadrez se rende ao computador engenhoso. Garry Kasparov, considerado 
o maior jogador de xadrez da história, na primavera de 1997, aos 34 anos, começou uma 
disputa de melhor de 6 jogos contra um computador. Resultado: vitória da máquina. A 
dramática e altamente divulgada vitória de um computador sobre o homem já 
simbolizava e refletia as grandes mudanças que já estavam a caminho, tanto na 
psicologia quanto na cultura como um todo. 
Avanços na psicologia com as escolas estruturalistas, funcionalistas e da Gestalt 
Estruturalismo: Não existem mais estruturalistas como Titchener na psicologia 
moderna, e isso ocorre há mais de um século. No entanto, o estruturalismo obteve 
enorme sucesso em promover a empreitada iniciada por Wundt, estabelecendo uma 
ciência da psicologia independente e livre das limitações da filosofia. A primeira escola 
de pensamento da nova ciência e a fonte vital de oposição para os sistemas seguintes. 
Funcionalismo: Os funcionalistas buscavam apenas impor uma atitude ou um ponto de 
vista e, nesse aspecto, o funcionalismo obteve êxito em penetrar no pensamento 
psicológico norte‐americano. Na medida em que a psicologia norte‐americana atual é 
vista mais como uma profissão científica e suas descobertas são aplicadas praticamente 
em todos os aspectos da vida, a atitude funcional e utilitária, de fato, mudou a natureza 
da psicologia. 
Gestalt: A oposição ao elementarismo, o apoio à abordagem da “totalidade” e o 
interesse na consciência influenciaram os psicólogos da psicologia clínica, da 
aprendizagem, da percepção, da psicologia social e do pensamento. Embora a escola da 
Gestalt não tenha transformado a psicologia da maneira como esperavam seus 
fundadores, ela exerceu considerável impacto e deve ser considerada um sucesso. 
Behaviorismo e Psicanálise 
Mesmo que as realizações do estruturalismo, do funcionalismo e da psicologia da 
Gestalt mereçam o devido destaque, esses movimentos ocupam o segundo lugar em 
comparação com o impacto fenomenal do behaviorismo e da psicanálise. 
Os efeitos desses movimentos foram profundos, mantendo identidades próprias e 
independentes como escolas únicas de pensamento. Passada a época de seus fundadores, 
Watson e Freud, tanto o behaviorismo como a psicanálise dividiram‐se internamente em 
várias posições. O surgimento de subescolas dividiu os sistemas em facções 
concorrentes, cada uma com o próprio mapa para o caminho da verdade. No entanto, 
apesar dessa diversidade interna, tanto os behavioristas quanto os psicanalistas 
mantêm‐se firmes na oposição, uns contra os outros, em relação às suas visões sobre a 
psicologia. 
Psicologia cognitiva 
Em 1913, em seu manifesto behaviorista, Watson insistia que se eliminasse da 
psicologia qualquer referência à mente, à consciência ou aos processos conscientes. E, 
de fato, os psicólogos seguidores dos mandamentos de Watson eliminaram a menção a 
conceitos e baniram toda a terminologia mentalista. Durante décadas, os livros básicos 
de introdução àpsicologia apresentavam descrições sobre o funcionamento do cérebro, 
mas não proporcionavam discussões sobre qualquer conceito relacionado à mente. As 
pessoas comentavam, em tom de piada, que a psicologia tinha “perdido a consciência” 
ou “perdido a cabeça”, aparentemente para sempre. 
No entanto, de repente (embora a tendência já estivesse se formando há algum tempo), a 
psicologia resgatou a consciência. Palavras que antes eram consideradas politicamente 
incorretas, então eram pronunciadas em alto e bom tom em encontros e utilizadas em 
trabalhos escritos. Em 1979, a publicação American Psychologist apresentou um artigo 
intitulado “O behaviorismo e a mente: um apelo (limitado) para a retomada da 
introspecção” (Lieber‐man, 1979), resgatando não apenas a mente, como também a 
suspeita técnica de introspecção. Alguns meses antes, a revista publicara um artigo com 
um título bem simples: “Consciência”. Seu autor escreveu: “Depois de décadas de 
descaso proposital, a consciência passa novamente a ser alvo da investigação científica, 
com discussões sobre o tópico surgindo por toda parte na respeitada literatura da 
psicologia” (Natsoulas, 1978, p. 906). 
Influências sobre a Psicologia Cognitiva 
As obras dos filósofos gregos Platão e Aristóteles mencionavam os processos de 
pensamento, como também o faziam as teorias dos associacionistas e empiristas 
britânicos. 
 As escolas de pensamento estruturalista e funcionalista abordavam a consciência, 
estudando seus elementos e suas funções. 
O behaviorismo intencional de E. C. Tolman foi outro precursor do movimento 
cognitivo. Sua forma de behaviorismo reconhecia a importância das variáveis cognitivas 
e contribuiu para o declínio da visão de estímulo‐resposta.] A psicologia da Gestalt 
também influenciou a psicologia cognitiva por causa do enfoque “na organização, na 
estrutura, nas relações, no papel ativo do objeto e na participação importante da 
percepção na aprendizagem e na memória” 
Outro precursor da psicologia cognitiva foi o psicólogo suíço Jean Piaget (1896 ‐1980), 
escreveu seu primeiro estudo científico aos dez anos de idade e, mais tarde, estudou 
com Carl Jung. Também trabalhou com Théodore Simon, que, juntamente com Alfred 
Binet, desenvolveu o primeiro teste psicológico de habilidade mental. Mais tarde, Piaget 
se tornou importante por seu trabalho sobre o desenvolvimento infantil, não com base 
nos estágios psicossexuais, conforme propunha Freud, mas em razão dos estágios 
cognitivos. 
Mais uma vez, observa‐se aqui o Zeitgeist da física, modelo para a psicologia há 
bastante tempo, e que tem influenciado a área desde o seu início como ciência. No 
início do século XX, surge uma nova visão desenvolvida pelos trabalhos de Albert 
Einstein, Neils Bohr e Werner Heisenberg. Eles rejeitavam o modelo mecanicista do 
universo, originário da época de Galileu e Newton e protótipo para a visão mecanicista, 
reducionista e determinista da natureza humana adotada pelos psicólogos desde Wundt 
até Skinner. A nova perspectiva da física descartava a necessidade de total objetividade 
e a completa separação entre o universo externo e o observador. 
Os físicos reconheciam a provável interferência de qualquer tipo de observação feita 
sobre o universo natural. Seria necessário tentar estabelecer uma relação na lacuna 
artificial entre: 
- observador e observado, 
- interior e o exterior, 
 - mental e o material. 
Desse modo, a investigação científica passou do universo independente, identificável 
objetivamente, para a observação do universo pelo indivíduo. Os cientistas modernos 
não podem mais permanecer tão distantes do foco da observação. Em certo sentido, 
devem se tornar “observadores participativos”. 
Como resultado o ideal da realidade totalmente objetiva não era mais considerado 
inatingível. A física passou a ser caracterizada pela crença de que aquilo que se 
considerava conhecimento objetivo é, na verdade, subjetivo, e, portanto, altamente 
dependente do observador. Essa ideia de que todo conhecimento é pessoal é 
suspeitamente parecida com o que George Berkeley propôs há 300 anos: que todo 
conhecimento é subjetivo porque depende da natureza do observador. 
 A rejeição pelos físicos do objeto de estudo mecanicista e objetivo e, ao mesmo tempo, 
o reconhecimento da subjetividade restabeleceram o papel vital da experiência 
consciente como uma forma de obter informações sobre o mundo real. 
Psicólogos que abriram as portas para a Psicologia Cognitiva: George Miller (1920-
2012) Mágico numero 7 – memória de curto prazo e Ulric Neisser (1928-2012) 
Psicologia Cognitiva – 1967 
Podemos definir psicologia cognitiva como o objetivo de compreender a cognição 
humana por meio da observação do comportamento das pessoas enquanto executam 
várias tarefas cognitivas. Observe, no entanto, que o termo psicologia cognitiva pode ser 
utilizado de forma mais abrangente para incluir atividade e estrutura cerebral como 
informações relevantes para a compreensão da cognição humana. Os objetivos dos 
neurocientistas cognitivos coincidem com os dos psicólogos cognitivos. 
Marco na história: Ano de 1956 foi de importância fundamental. Em um encontro no 
Massachusetts Institute of Technology (MIT): Noam Chomsky fez uma exposição sobre 
sua teoria da linguagem, George Miller discutiu o mágico número sete na memória de 
curto prazo, Newell e Simon explanaram a respeito de seu modelo extremamente 
influente denominado Solucionador Geral dos Problemas Além disso, foi feita a 
primeira tentativa sistemática de estudar a formação de conceitos a partir da perspectiva 
cognitiva (Bruner et al., 1956). 
Funções Cognitivas 
Habilidades cognitivas são propriedades funcionais de um indivíduo que descrevem as 
diferentes maneiras pelas quais as pessoas pensam, detectam estímulos, reagem a eles, 
bem como o que conhecem e como usam conhecimentos (Corr, 2010; Palmese, 2011). 
Estas funções incluem atenção, percepção, respostas psicomotoras (ex. tempo de 
reação), tomada de decisão, formação de conceitos, velocidade de processamento, 
memória, aprendizagem, linguagem, habilidades visoespaciais, funções executivas, 
entre outras (Corr, 2010; Palmese, 2011). Embora diferentes funções cognitivas 
envolvam ativação de diferentes sistemas e regiões cerebrais (Palmese, 2011), elas não 
são diretamente observáveis, sendo inferidas somente a partir do comportamento (Sivan 
& Benton, 1999). 
Ao mesmo tempo, a maioria dos psicólogos cognitivos adotou a abordagem do 
processamento da informação a partir de uma analogia entre a mente e o computador 
 ➔ Um estímulo (um evento ambiental, como um problema ou uma tarefa) é 
apresentado, 
➔ Isso provoca a ocorrência de determinados processos cognitivos, e esses processos, 
finalmente, produzem a reação ou a resposta desejada. 
Processo Cognitivos: ESTÍMULO ➔ATENÇÃO ➔ PERCERPÇÃO ➔ PROCESSO 
DE PENSAMENTOS ➔DECISÃO ➔RESPOSTA OU AÇÃO 
Os psicólogos cognitivos desenvolveram várias formas de compreender os processos 
envolvidos em tarefas complexas. Apresentaremos aqui um breve exemplo. Cinco 
palavras são apresentadas visualmente aos participantes, e eles devem repeti-las. O 
desempenho é pior quando as palavras são longas em relação a quando são curtas. 
Provavelmente, isso ocorre porque os participantes fazem um ensaio verbal (repetindo 
as palavras para si mesmos) durante a apresentação das palavras, e isso leva mais tempo 
com palavras longas do que com palavras curtas. 
Principais ideias da Psicologia Cognitiva: 
→ Os dados na Psicologia Cognitiva só podem ser completamente compreendidos no 
contexto de uma teoria explanatória, porém de nada valem as teorias sem dados 
empíricos 
 → A cognição é, geralmente, adaptativa, mas não em todas as instâncias específicas 
 → Os processos cognitivos interagem uns com os outros e também com processos não-
cognitivos 
→ A cognição deve ser estudada por meio de uma variedade de métodoscientíficos 
 → Toda a pesquisa básica em Psicologia Cognitiva poderá levar a aplicações e toda 
pesquisa aplicada poderá levar a conhecimentos básicos 
 
NEUROPSICOLOGIA 
A Neuropsicologia preocupa-se com a complexa organização cerebral e suas relações 
com o comportamento e a cognição, tanto em quadros de doenças como no 
desenvolvimento normal, conforme concordam as definições de vários autores. Lezak e 
colaboradores (1983, 1995, 2004) definem a Neuropsicologia Clínica como a ciência 
aplicada que estuda a expressão comportamental das disfunções cerebrais. 
J. Odgen (1996, p. 96) aborda o tema como o “estudo do comportamento, das emoções 
e dos pensamentos humanos e como eles se relacionam com o cérebro, particularmente 
o cérebro lesado”. Sob esse ângulo, a Neuropsicologia Clínica está mais voltada para o 
desenvolvimento de técnicas de exame e diagnóstico de alterações, enfocando 
principalmente as doenças que afetam o comportamento e a cognição (Stuss e Levine, 
2002). 
McCarthy e Warrington (1990) enfocam a Neuropsicologia Cognitiva, como um campo 
interdisciplinar drenando informações tanto da Neurologia como da Psicologia 
Cognitiva, investigando a organização cerebral das habilidades cognitivas. O termo 
“função cognitiva” significa para essas autoras a integração das capacidades de 
percepção, de ação, de linguagem, de memória e de pensamento. 
Pressuposto materialista = todo comportamento, processo cognitivo, ou reação 
emocional tem como base a atividade de sistemas neurais específicos 
Indiscutivelmente, a maior contribuição para a neuropsicologia foi dada por Alexander 
Luria (1966), que, partindo de uma base clínica e experimental, examinou pacientes 
com lesões cerebrais adquiridas na Segunda Guerra Mundial, no curso de trabalho de 
reabilitação. Suas observações meticulosas e seus estudos experimentais propiciaram o 
desenvolvimento de uma teoria das funções cerebrais e um método de investigação 
extremamente útil e eficaz para o diagnóstico localizatório e a reabilitação. 
O estudo das relações cérebro-comportamento definiu, portanto, o campo da 
neuropsicologia, e as descobertas e descrições providas por essa abordagem foram 
validadas pelos métodos de investigação estrutural e funcional nas três últimas décadas 
A avaliação não mais concentra seu interesse na localização, mas no estabelecimento da 
extensão, do impacto e das consequências cognitivas, comportamentais e na adaptação 
emocional e social que lesões ou disfunções cerebrais podem promover nas pessoas. 
Área de Broca: Formação de palavras; 
Área Associativa Límbica: Comportamentos, emoções e motivação; 
Área de Wernicke: Compreensão de linguagem e inteligência. 
Avaliação Neuropsicológica 
A Avaliação Neuropsicológica consiste no método de investigar as funções cognitivas e 
o comportamento. Trata-se da aplicação de técnicas de entrevistas, exames quantitativos 
e qualitativos das funções que compõem a cognição abrangendo processos de atenção, 
percepção, memória, linguagem e raciocínio. Há métodos considerados clássicos e 
outros ainda em construção. 
Neurociência Cognitiva 
A neurociência cognitiva é crítica para nossa compreensão dessa ligação entre cérebro e 
mente. A neurociência cognitiva compreende investigações de todas as funções mentais 
vinculadas a processos neurais, desde investigações em animais a humanos e desde 
experimentos realizados em laboratório a simulações de computador. 
É o campo de estudo com foco nos substratos neurais dos processos mentais. É a 
intersecção da psicologia e da neurociência, mas também se sobrepõe à psicologia 
fisiológica, psicologia cognitiva e neuropsicologia. Ele combina as teorias da psicologia 
cognitiva e modelagem computacional com dados experimentais sobre o cérebro. 
 
HISTÓRIA DA PSICOLOGIA NO BRASIL 
No ano que vem (2022) comemoram-se 60 anos da regulamentação da profissão de 
psicólogo no Brasil. Comemorar significa lembrar, trazer à memória, recordar, o que 
remete à reflexão sobre a constituição da Psicologia: suas raízes, seu estado atual e seus 
anseios e projetos para o futuro. 
Assim, aos seus quase 60 anos da Lei 4119, de 27 de agosto de 1962, que regulamentou 
a profissão de psicólogo e estabeleceu os cursos para sua formação no Brasil, muitas 
têm sido as iniciativas para se refletir sobre a psicologia em seus múltiplos aspectos: 
Produção de conhecimento, Atuação profissional, Ensino, Organização, ....entre outros. 
A produção de saberes psicológicos no período colonial e no século XIX 
Deve-se entender que o período colonial no Brasil está articulado à expansão comercial 
europeia, uma das condições para o desenvolvimento do modo de produção capitalista. 
Mais especificamente, o Brasil, sob o domínio dos portugueses, constituiu-se como 
colônia de exploração. 
 A espoliação das riquezas coloniais baseava-se no monopólio da metrópole, que 
determinava o que deveria ser produzido, a maneira de fazê-lo e a apropriação de seus 
produtos. A imensa riqueza obtida pela força de trabalho escrava na agricultura 
(baseada em latifúndios) ou na mineração garantiu às classes dominantes das 
metrópoles uma vida de luxo. 
A organização da empresa colonial exigia: 
 → de um lado, um forte aparato repressivo (seja para a contenção de revoltas internas, 
seja para a defesa do território contra a invasão de outros países europeus), 
→ de outro lado, um sólido aparato de ordem ideológica, com a finalidade de transmitir, 
impor e manter ideologias que, em última instância, justificavam e legitimavam a 
exploração colonial. 
Um exemplo: 
Catequização: Além do aparato repressivo e administrativo da metrópole, não havia 
instituições no Brasil. Até o século XVIII, a Companhia de Jesus ocupava a função de 
aparato ideológico, como braço intelectual da metrópole, atuando, sobretudo, na 
catequização dos indígenas e na educação dos filhos dos colonos. O processo 
catequético e a educação das primeiras letras para os indígenas têm sido vistos como 
expressão de uma pedagogia repressiva, baseada em castigos, com vistas à 
disciplinarização e controle, com base na psicologia moral da época. 
Segundo Priore essa era uma psicologia de fundamento moral e religioso. 
Saberes psicológicos: Religiosos, políticos, educadores, filósofos e moralistas foram os 
primeiros a abordar questões psicológicas no Brasil colonial, abordando temas como 
emoções, sentidos, autoconhecimento, educação, personalidade, controle do 
comportamento, aprendizagem, influência paterna, educação feminina, trabalho, 
adaptação ao meio, processos psicológicos, práticas médicas, controle político, 
diferenças raciais e étnicas e persuasão de “selvagens”. 
Principais autores da época colonial – Defendiam a instrução feminina 
Alexandre de Gusmão (pedagogo, jesuíta) 
Manoel de Andrade Figueiredo (calígrafo, de formação jesuítica) 
Azeredo Coutinho (bispo e economista) – Propôs metodologia específica para a 
instrução feminina, nos Estatutos do Recolhimento de Nossa Senhora da Glória, 
primeiro colégio feminino brasileiro, fundado em 1802 (fechado em seguida), e que 
custou a seu idealizador a retirada compulsória para Portugal. 
Fim da condição colonial 
Com o fim da condição colonial, o Brasil sofreu, a partir do início do século XIX , 
profundas transformações econômicas, políticas e sociais com a instalação da Corte no 
Rio de Janeiro, e, posteriormente, à guisa de independência em relação à coroa 
portuguesa, com a instauração da condição imperial. Com isso, houve a necessidade de 
formação de quadros para o aparato repressivo e administrativo, este último implicando 
maior preocupação com a educação e o ensino. A criação de cursos superiores, a 
impressão de livros e a instalação de várias instituições são exemplos das mudanças 
ocorridas no Brasil, pelo menos em seus núcleos urbanos. 
O século XIX foi profícuo na produção de saberes psicológicos, mantendo muitas das 
preocupaçõesdo período colonial, porém, assumindo um caráter mais sistemático pela 
gradativa vinculação institucional e pela melhor elaboração dos conteúdos. As questões 
sociais tornaram-se o principal foco de interesse médico ou pedagógico, fonte das 
preocupações com o fenômeno psicológico, o que não lhes conferiu um caráter de 
compromisso social com os interesses da maioria da população, mas não livres de 
contradições. 
Século XIX 
Saberes psicológicos produzidos em outras áreas de conhecimento 
Os saberes psicológicos, no século XIX, foram produzidos principalmente no interior da 
medicina e da educação; na medicina, em teses de doutorado que os formandos do curso 
de medicina deveriam defender para obter o título de doutor e nas práticas dos 
hospícios. Grande parte dos assuntos psicológicos tratados referem-se à: 
→Paixões ou Emoções, 
→Diagnóstico e Tratamento das alucinações mentais, 
→Epilepsia, 
→Histeria 
A primeira tese que trata do fenômeno psicológico foi defendida por Manoel Ignacio de 
Figueiredo Jaime, em 1836, com o título: “As paixões e afetos d’alma em geral e em 
particular sobre o amor, a amizade, a gratidão e o amor da pátria.” 
Há, nesse momento, um incremento do processo de urbanização, principalmente no Rio 
de Janeiro e em Salvador, caracterizado pela precariedade das condições de saneamento, 
o que produziu graves problemas de saúde, uma das manifestações dos profundos 
problemas de natureza social. As elites letradas referiam-se às imundícies físicas e 
morais, estas relacionadas às várias personagens urbanas, como “leprosos, loucos, 
prostitutas, mendigos, vadios, crianças abandonadas, alcoólatras”. 
Foi nessa situação que surgiu a Medicina social 
→ Mais preocupada com a saúde do que com a doença 
→ Com a prevenção do que com a cura 
→ Pautando-se nos ideais de normalização e higienização social, com vistas à 
eliminação da desordem e dos desvios, sendo proposta, nesse sentido, a higienização de 
hospitais, cemitérios, quartéis, bordéis, prisões, fábricas e escolas. 
Muitos dos quais ex-escravos que, já não mais produtivos, eram abandonados à própria 
sorte e se tornavam alvos de práticas higienistas, como a reclusão em prisões e 
hospícios, respaldada pelo discurso médico. 
A partir da década de 1840 foram criados os primeiros hospícios no Brasil, baseando-se 
na necessidade de oferecer tratamento adequado aos “loucos”, que até então viviam nas 
ruas, prisões e nas “casinhas de doudos” das Santas Casas de Misericórdia. 
O primeiro hospício do Brasil 
Inaugurado em 1852 para abrigar os alienados da Corte e demais províncias do Império, 
o Hospício de Pedro II foi a primeira instituição dessa natureza a funcionar no Brasil. 
Seu nome homenageava o próprio imperador, responsável pelo decreto fundador do 
estabelecimento, que nascia vinculado à Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, 
principal destino de alienados até então. 
Na educação, conteúdos psicológicos que abordavam as faculdades psíquicas – 
inteligência, sensações e vontade - a aprendizagem e os métodos e instrumentos 
educativos são encontrados no ensino secundário e, sobretudo, nas Escolas Normais, 
com a crescente preocupação com o fenômeno psicológico, fundamentando 
principalmente a metodologia de ensino, com foco no educando e na formação do 
educador. 
Conteúdos psicológicos são encontrados nas disciplinas - “Filosofia, “Psicologia 
Lógica”, “Pedagogia” e “Pedagogia e Psicologia”. 
Foi possível observar uma mudança em relação ao período anterior, no qual os 
indígenas eram o principal foco dos autores da época e nesse novo período, no século 
XIX, a preocupação passa a ser com os afrodescendentes 
Uma das possíveis explicações para isso é o fato de que, no período colonial, o indígena 
constituía um problema para o colonizador, uma vez que aquele não se dobrava às 
condições necessárias impostas pela empresa colonial, particularmente a submissão ao 
trabalho escravo. Nativo desta terra, tendo sobre ela o domínio e não podendo ser 
apartado de sua cultura, o indígena podia resistir mais fortemente às investidas dos 
colonos portugueses. 
Diferente foi, porém, a condição dos africanos e afrodescendentes, que, apartados de sua 
terra, cultura, língua, tribo, estavam fragilizados não apenas pela força física, mas, 
sobretudo, pela força do impedimento de suas expressões socioculturais . A solução do 
colonizador para o indígena foi sua eliminação física . A solução dos escravos africanos 
para a escravidão foi construir lenta e gradativamente uma forte base de resistência . 
Em outras palavras, no século XIX , o indígena já não mais representava um problema 
para o colonizador. O problema era, então, o afrodescendente, que, livre ou sujeitado 
ainda à escravidão, já não mais correspondia às necessidades de força de trabalho para o 
novo ciclo econômico, agora deslocado para o sudeste do País, para a cafeicultura. 
 A isso somam-se as ideias racistas, cada vez mais fortes e elaboradas, preocupadas em 
garantir não só a supremacia étnica de base europeia mas também em segregar ou 
eliminar a presença de outras origens étnicas e raciais na formação social brasileira. 
Coube ao pensamento científico, representado principalmente pelo poder médico, 
construir o discurso que sustentava tais ideias, dentre estas, muitas relacionadas ao 
fenômeno psicológico. 
Percebe-se, pois, que o Brasil do século XIX , embora tivesse deixado a condição 
colonial, seguia imerso em profundos e graves problemas de diversas ordens, 
particularmente de caráter social. Por outro lado, nesse momento, o Brasil, agora nação 
formalmente considerada autônoma, adquiria maior facilidade de contato com outros 
países, o que facilitava a penetração de ideias correntes na Europa, especialmente na 
França, indiscutível centro intelectual da época. Por isso, o desenvolvimento do 
pensamento psicológico no Brasil, no século XIX , deve ser visto também a partir dos 
intercâmbios intelectuais com países estrangeiros. 
1890 – 1930 Autonomização da psicologia 
Esse período, que vai do final do século XIX ao início dos anos 30, deve ser visto 
necessariamente como processo que vai gradativamente se engendrando ao longo do 
tempo, iniciando com ideias e práticas que se dão no interior de outras áreas do 
conhecimento e que, aos poucos, vão se conformando como uma área autônoma, a 
Psicologia, tal como considerada na Europa e nos Estados Unidos. Antes disso, pode-se 
falar em saberes psicológicos, mas não se pode afirmar que se trate propriamente de 
Psicologia. Esta gradativamente conquista a condição de área específica de 
conhecimento e, mais tarde e como consequência, a de campo de intervenção prática. 
Nesse período, já era profícua a produção da ciência psicológica. França, Alemanha, 
Rússia e Estados Unidos, entre outros países, produziam relevantes pesquisas em 
Psicologia, assim como surgiam várias perspectivas teóricas e ampliavam-se as 
possibilidades de intervenção. Muitas dessas ideias foram trazidas para o Brasil por 
brasileiros que iam estudar e se aperfeiçoar principalmente na Europa ou por 
estrangeiros que vieram ministrar cursos, dar conferências ou prestar assessoria, alguns 
dos quais aqui se radicaram. 
Nesse período, já era profícua a produção da ciência psicológica. França, Alemanha, 
Rússia e Estados Unidos, entre outros países, produziam relevantes pesquisas em 
Psicologia, assim como surgiam várias perspectivas teóricas e ampliavam-se as 
possibilidades de intervenção. Muitas dessas ideias foram trazidas para o Brasil por 
brasileiros que iam estudar e se aperfeiçoar principalmente na Europa ou por 
estrangeiros que vieram ministrar cursos, dar conferências ou prestar assessoria, alguns 
dos quais aqui se radicaram. 
Foram os movimentos dos setores intelectuais, portanto, das camadas médias, que 
formaram um substrato que permitiu a gradativa conformação da Psicologia como área 
específica de conhecimento,base necessária para as intervenções sociais articuladas a 
seus projetos. 
Percebe-se que, nesse momento, ainda que produzida no interior de outras áreas do 
saber, é a Psicologia Científica que, de fato, encontra solo fértil para desenvolver-se no 
Brasil. Gradativamente, portanto, a Psicologia vai sendo reconhecida como uma ciência 
autônoma, ocupando um lugar significativo no âmbito do ensino, da pesquisa e da 
prática. Destaca-se a obra: Attentados ao pudor: estudo sobre as aberrações do instinto 
sexual, de Viveiros de Castro (1895), publicada em Recife e no Rio de Janeiro por duas 
editoras. 
Datam da década de 1920 as primeiras aplicações sistemáticas da Psicologia às questões 
relativas ao trabalho, embora seu desenvolvimento venha a ocorrer de fato após os anos 
1930, sobretudo relacionado às novas perspectivas de industrialização do país. 
1930 – 1962 A consolidação da Psicologia 
Ensino, pesquisa, publicações, congressos, organização e atuação prática: o processo de 
consolidação da psicologia rumo á regulamentação profissional. A Psicologia se 
consolida como uma ciência capaz de formular teorias, técnicas e práticas para orientar 
e integrar o processo de desenvolvimento demandado pela nova ordem política e social. 
Consolidam-se os campos de atuação: educação, trabalho e clínica. 
Testes e métodos de avaliação psicológicos são utilizados nos serviços públicos de 
orientação infantil implantados em São Paulo e no Rio de Janeiro. Estes também são a 
base do trabalho de institutos como o IDORT/SP, ISOP/RJ, IDOV/BA e SOSP/MG, 
voltados para a seleção e orientação de pessoal e organização do trabalho. Os Serviços 
Nacionais da Indústria e do Comércio adotam abordagens psicológicas para a 
qualificação profissional. 
A Psicologia desvincula-se gradativamente da psiquiatria, ganhando status de disciplina 
independente nos cursos de pedagogia, ciências sociais e filosofia. Cresce o intercâmbio 
com o exterior: profissionais estrangeiros vêm ao Brasil ministrar cursos e dirigir 
grupos de estudos. Ao mesmo tempo, aumentam as publicações de Psicologia. No plano 
institucional, psicólogos se organizam em associações que reivindicam a 
regulamentação da profissão. 
Nos anos 1950 uma sucessão de fatos amadurece a luta: 
Primeiro pedido de registro de um consultório de psicopedagogia no Ministério da 
Educação; 
Primeiro Congresso Brasileiro de Psicologia, em Curitiba; 
Primeiro anteprojeto sobre a formação e regulamentação da profissão, apresentado pela 
Associação Brasileira de Psicotécnica; 
Criação dos cursos de Psicologia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP e 
na PUC de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. 
Em 1958 é apresentado o Projeto de Lei 3825 que dispõe sobre a regulamentação da 
profissão de psicologista. A Lei 4119 de 27 de agosto de 1962 reconhece a profissão de 
psicólogo, fixa normas para a atuação profissional e estabelece um currículo mínimo 
para sua formação. Os campos de atuação são aqueles que se consolidaram como prática 
no período anterior: clínica, escolar-educacional e organização do trabalho. 
1962 – 1980 A regulamentação e os tempos da Ditadura 
A ditadura militar e as condições por ela imposta criam problemas para o 
desenvolvimento da profissão. É criada uma lei que retira a disciplina Psicologia do 
currículo do então ensino de 2º Grau. A Reforma Universitária de 1968, em nome da 
democratização do ensino superior, possibilita a proliferação de faculdades privadas, 
formando grande contingente de profissionais sem possibilidade de ingresso no 
mercado de trabalho, que se retrai para áreas como a Psicologia. 
Ao mesmo tempo, essas escolas tornam a docência uma alternativa de trabalho para 
psicólogos, muitos dos quais fazem desse espaço o lócus para a resistência política e 
para a produção de uma Psicologia crítica, discutindo e divulgando, entre outras, ideias 
libertárias inspiradas na antipsiquiatria e nos grupos operativos, críticas e elaboração de 
novas possibilidades de atuação na educação e no trabalho, assim como a busca de 
novos aportes teóricos, sobretudo no âmbito da Psicologia Social. 
A Psicologia Clínica, praticada nos consultórios particulares, torna-se o sonho de muitos 
profissionais, embora reforce a elitização da profissão e seja restrita como campo de 
trabalho. O clima de restrição ao livre pensamento e liberdades individuais, favorece 
perspectivas idealistas e tecnicistas na área, mas isso não foi suficiente para que, já na 
década de 1970, a crítica à esta Psicologia e a busca de alternativas teóricas e práticas 
não começassem a se concretizar. O discurso intimista forjado nesses anos é aceito pelas 
famílias que culpam os filhos e a si mesmas por sua “desestruturação”, “crises” e 
“desvios”, sem perceber as relações de determinação sociohistórica na constituição do 
psiquismo. 
A exclusão social é explicada com argumentos psicológicos. Alguns psicólogos apoiam 
práticas repressivas da época, encobrindo, ignorando ou justificando a violência do 
Estado. A Psicologia brasileira passou a criticar suas referências teóricas e práticas na 
medida em que profissionais, professores, pesquisadores e estudantes passaram a 
responder às demandas dos diversos segmentos da sociedade com os quais trabalhavam. 
Buscam compreender, no cenário estrutural da desigualdade socioeconômica, a fala dos 
sujeitos imersos em práticas e discursos instituídos que legitimavam a segregação e a 
exclusão. 
O sistema de conselhos de psicologia e a redemocratização 
A psicologia assume compromissos com a sociedade brasileira. O Conselho Federal de 
Psicologia foi criado em 1971 durante o período mais duro da ditadura militar, sob o 
controle do Ministério do Trabalho. Somente dois anos depois o Ministério do Trabalho 
convoca as associações de psicologia para elegerem o Primeiro Plenário. Em processo 
de organização, o CFP oficializa em 1975 o primeiro Código de Ética Profissional, 
reformulado em 1979. Neste mesmo ano, publica o número zero da Revista Psicologia, 
Ciência e Profissão, em que começa a tornar pública a adesão ao movimento contra a 
ditadura. Em dez anos de existência, o CFP passa de 850 para 50 mil inscritos, passando 
a atuar politicamente junto aos órgãos relacionados à Psicologia. 
Luta antimanicominal 
O Movimento da Luta Antimanicomial no Brasil teve início em dezembro de 1987, 
durante o II Congresso Nacional dos Trabalhadores em Saúde Mental, que foi realizado 
na cidade de Bauru - SP. Em dezembro daquele ano, manifestantes, dentre usuários e 
trabalhadores da saúde mental foram às ruas, clamando por uma sociedade sem 
manicômios. Dentre os resultados do Movimento da Luta Antimanicomial, destacam-se 
a instituição do dia 18 de maio como Dia Nacional da Luta Antimanicomial e a 
aprovação da Lei 10.216/2001. 
Esta lei, aprovada em abril de 2001, garante aos portadores de sofrimento psíquico 
direitos e proteção, como: assistência integral, incluindo serviços médicos, de 
assistência social, psicológicos, ocupacionais, de lazer e outros; foco no tratamento em 
serviços comunitários; tratamento com humanidade e respeito, visando a recuperação 
pela inserção na família, no trabalho e na comunidade; proteção contra qualquer forma 
de abuso e exploração; acesso a informações a respeito da doença e de seu tratamento, 
com garantia de sigilo nas informações prestadas; livre acesso aos meios de 
comunicação disponíveis; tratamento em ambiente terapêutico pelos meios menos 
invasivos possíveis; proibição da internação em instituições com características asilares 
e que não assegurem os direitos supracitados.

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