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Granulócitos, monócito e macrófago

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Alice Salles- 5º P
Granulócitos 
São os três tipos de neutrófilos que no estágio maduro, tem grânulos específicos no citoplasma: neutrófilos, eosinófilos e basófilos 
Produzidos na medula óssea, passam algumas horas no sangue e atravessam as paredes dos vasos, vão para os tecidos onde fazem suas funções, em especial fagocitose e a destruição de agentes patogênicos. diferem dos monócitos( e seus derivados, macrófagos) pois tem meia vida curta de alguns dias: fazem fagocitose ou entram em apoptose
Neutrófilos:
São leucócitos mais abundantes no sangue periférico.
Os neutrófilos maduros são células altamente especializadas no exercício da fagocitose e destruição intracelular de bactérias, principalmente por mecanismos que envolvem ativação de peroxidação e digestão de enzimas de seus grânulos e citoplasma como lisozimas, defensinas, catepsinas e proteínas catiônicas, entre outras.
O emprego de anticorpos monoclonais permite identificar várias moléculas que tem importância funcional nos neutrófilos como moléculas de adesão e receptores de citocinas. 
A produção e a circulação de neutrófilos, sua migração para os tecidos e a fagocitose de bactérias são bem conhecidos e servem como modelo da dinâmica dos granulócitos
Produção dos neutrófilos:
Os neutrófilos são produzidos na medula óssea a partir de células progenitoras multipotenciais pela ação de fatores G-CSF e GM-CSF. A célula mais imatura da linhagem granulocítica, que é identificável é conhecida como mieloblasto, já é uma células restrita, comprometida com uma diferenciação terminal granulocítica e não deve ser encarada como uma célula progenitora
Seu núcleo volumoso tem característica imatura, com cromatina delicada e nucelos visíveis, alta relação núcleo-citoplasmática, enquanto o citoplasma é muito basófilo e tem alguns grânulos azurófilos que permitem reconhecer seu vínculo com a linhagem granulocítica. 
Mieloblasto promielócitos mielócitos metamielócitos neutrófilos maduros (segmentados e bastonetes). Essa sequência de maturação é acompanhada por mudanças na morfologia celular:
a) O núcleo vai perdendo sua característica imatura, nucléolos desaparecem, cromatina é condensada aos poucos e o formato do núcleo vai evoluindo de arredondado para chanfrado, reniforme e segmenta-se. São 3 a 4 segmentos irregulares, ligados por um delicado filamento ( o número de segmentos pode variar, embora células com grande número de segmentos só é visto em anemias megaloblásticas e síndromes mielodisplásicas)
b) O citoplasma vai perdendo a basofilia e vão aparecendo mais grânulos. Inicialmente são grânulos azurófilos mais grosseiros, seguidos de grânulos específicos(secundários) e grânulos terciários ( ou de gelatinase)
Granulações:
As granulações do citoplasma dos neutrófilos são de 4 tipos: 
Grânulos primários ( ou azurófilos):
· são grânulos mais grosseiros que aparecem precocemente no desenvolvimento dos neutrófilos. A presença de mucopolissacarídeos sulfatados tem propriedades de metacromasia, corados intensamente pelo azuro A, de onde deriva o nome de grânulos azurófilos. 
· Proteína mais característica desses grânulos é a mieloperoxidase , que não tem nos grânulos secundários ou específicos. 
· No entanto a atividade de mieloperoxidase não se limita aos grânulos azurófilos e pelo menos nas fases mais imaturas, pode ser observada em numerosas membranas reticuloendoplasmáticas e Golgi. 
· O granulo azurófilos mais imaturo são menores e pobres em defensinas e os mais velhos são maiores e ricos em defensinas
· Defensinas: proteínas ricas em arginina e cisteína que tem ação microbicida. 
· Nãonão são produzidos nas células mais maduras e à medida que ocorrem divisões celulares, eles se diluem, levando a sua menor concentração nas células mais maduras
Grânulos secundários (ou específicos):
· Grânulos mais delicados, que começam a acumular-se no citoplasma a partir do estágio de promielócito tardio, e são as granulações predominantes nos neutrófilos maduros ( duas a três vezes mais que os grânulos azurófilos)
· São mieloperoxidase-negativos, e sua proteína mais característica e abundante é a lactoferrina, embora tenham várias enzimas e receptores de vitamina B12, TNF, laminina, vitronectina e fragmento C3b do complemento
Grânulos terciários ( ou de gelatinase):
· Grânulos menos densos e ricos em gelatinase, considerados por alguns como um subtipo de granulações específicos 
Vesículas secretórias:
· São grânulos facilmente mobilizáveis, que se caracterizam por alta concentração de receptores de membrana, como CD11b, CD14, CD16 e receptor de formilpeptídeo. 
· Com o mecanismo de exocitose, que ocorre rapidamente no processo de rolagem do neutrófilo sobre o endotélio, a membrana da vesícula funde-se com a membrana celular, expulsando seu conteúdo e aumentando a expressão desses receptores na membrana do neutrófilo, particularmente integrina, que facilita a adesão firme do granulócito a célula endotelial.
Circulação dos neutrófilos:
Os neutrófilos são produzidos e armazenados na medula óssea, sendo liberados para o sangue periférico onde sua meia vida é de 7h. A massa de neutrófilos maduros disponíveis como reserva da medula para liberação é cerca de 10 a 15 vezes maior do que a massa de neutrófilos que se encontram no compartimento intravascular em determinado momento
As células podem ser mobilizadas muito rapidamente, em resposta a agressões variadas, como a presença de lesão tissular com invasão de bactérias
Os neutrófilos estão apenas de passagem pelo sangue, muito rapidamente, sendo o sangue a via de ligação entre o ponto de produção e armazenamento(medula óssea), onde há uma grande massa de neutrófilos, e o local de consumo (tecidos).
Os principal reguladores da saída de neutrófilos da medula são os ligantes das quimiocinas:
· CXCR4(SDF-1 ou CXCL12): retem os neutrófilos na MO
· CXCR2, KC(CXCL1) e MIP-2(CXCL2): promovem a liberação de neutrófilos 
· G-CSF: mobiliza neutrófilos da MO pois aumenta a relação de ligantes do CXCR4 em relação aos de CXCR2
Os neutrófilos não se distribuem homogeneamente no compartimento circulatório. Cerca de 50% dos que estão no compartimento vascular estão retidos próximo à parede dos vasos, especialmente nos pequenos capilares e em tecidos como pulmões e baço neutrófilos marginados ( em equilíbrio com os neutrófilos livres)
Exercício e adrenalina mobilizam células do pool marginado para o circulante, fazendo aumentar a contagem de neutrófilos sem que haja liberação significativa de células da MO
Migração dos neutrófilos:
Os neutrófilos circulantes são células esféricas sem movimentação ativa expressiva. Próximo a uma lesão inflamatória, eles aderem à parede endotelial, deixam os vasos sanguíneos e movimentam-se ativamente em direção ao foco inflamatório.
Esse processo envolve dezenas ou centenas de moléculas, que são ativadas e desativadas ou movimentadas em diferentes regiões da célula. As principais são as moléculas que controlam a adesão dos neutrófilos as células endotelial e ao colágeno (integrinas, selectinas e outras) e moléculas com capacidade contrátil que fazem a célula avançar no movimento migratório (F-actina e misoina II)
A migração é em três fases:
1.Ligação ou adesão primária:
· Os neutrófilos que estão perto da parede endotelial estabelecem contato transitório com endotélio, independentemente da ativação, reconhecido como “rolagem celular”
· O fenômeno depende da associação e dissociação de receptores e seus ligantes nas células endoteliais e nos ápices de projeções vilosas dos neutrófilos.
· As principais moléculas envolvidas são: L-selectina(CD62L,LECAM-1), P-selectina e E-selectina.
· L-selectina(CD16L, LECAM-1): glicoproteína expressa constitutivamente na superfície de vários tipos de leucócitos, que se liga a três ligantes das células endoteliais: CD34, GlyCAM-1 e MadCAM-1.
· P-selectina (CD62, CD62P, LECAM-3): glicoproteína presente nos grânulos da células endoteliais e grânulos alfa de plaquetas. Pode ser exposta rapidamente na célula endotelial em seguida a um estímulo inflamatório ou trombogênico.Ligantes da p-selectina CD162 ou PSLG-1 e SLe
2.Adesão secundária:
· Bruscamente o fenômeno de rolagem pode parar, indicando que o neutrófilo está firmemente aderido a superficiel endotelial. Essa fase depende das integrinas dos leucócitos e seus receptores endoteliais da família dos genes de Ig(IgSF).
· As integrinas são formadas por diferentes tipos de cadeia beta( beta 2 ou CD18), que se associam com caeias alfa(CD11a, CD11b, CD11c e CD11d), e as mais importantes são αL , αM e α4.
· IL-8: ativamente secretad pelas células endoteliais nos locais de inflamação, ela provoca modificação da conformação das moléculas da integrina no neutrófilo, promovendo sua ligação com as células ICAM-1. 
3.Diapedese ou transmigração:
· Os neutrófilos firmemente aderidos as células endoteliais interdigitam-se nas falhas entre as duas células, passando para o subendotélio e para os tecidos
· O movimento das células envolve da contração de actina e misoina
· A célula migrante perde seu aspecto esférico e fica polarizada, com uma projeção de vanguarda em que vão se formando os lamelopódios, e uma região de retaguarda ou uropódio.
· Essa locomoção da célula é controlada pela variação de sua adesividade: tanto a adesão na fronte quanto a liberação da região distal são essenciais para assegurar esse movimento. Essa polarização está associada a distribuição de moléculas na célula
· CD43(leucossialina): proteína antiadesiva da membrana do leucócito, responsável por sua carga negativa e sua concentração no uropódio pode estar relacionada a liberação dessa região da célula para avançar 
· Quimiotaxia: atração dos neutrófilos para o local de lesão, depende da ação de várias substâncias liberadas no processo inflamatório. Muitas dessas substâncias são liberadas pelo próprio neutrófilo e um pequena quantidade de leucotrienos como LTB4 liberada inicialmente faz com que mais neutrófilos sejam atraídos e vão liberando IL-1beta, ligantes CXCR1 e depois CXCR2, recrutando mais células.
Outros efeitos das quimiocinas:
· Além de estimular adesão de leucócitos as células endoteliais, as interleucinas têm outras atividades relacionadas com ativação dos neutrófilos.
· IL-8: aumenta capacidade dos neutrófilos de matar bactérias pela intensificação da fagocitose, geração de superóxido e liberação de grânulos. Desencadeia adesão do neutrófilo a célula endotelial promove sua migração para os tecidos e ativa localmente o seu mecanismo efetor. 
· MCP-1 e MCP-1a: ativam monócitos
· MCP-1a, eotaxina e Rantes: ativa eosinófilos.
Fagocitose:
Dividida em 4 etapas sucessivas:
a) Adesão entre o neutrófilo e a bactéria:
· Facilitada pelo revestimento da bactéria por imunoglobulina, complemento(C3) ou outros fatores séricos para quais os neutrófilos dispõe de receptores específicos( opsonização) 
b) Ingestão:
· Quando o neutrófilo adere a bactéria ou outros detritos, os pseudópodes a envolvem e a englobam formando um fagossoma. A bactéria ou partícula fagocitada fica retida em um vacúolo delimitado pelo segmento de membrana celular invaginado
c) Desgranulação:
· O conteúdo dos grânulos dos neutrófilos pode ser descarregado no interior dos fagossomos ou para o meio extracelular da célula(exocitose)
d) Destruição do microorganismo ingerido:
· Os neutrófilos destroem microorganismos por dois mecanismos:
A. Geração de radicais de oxigênio com grande potencial microbicida
B. Por mecanismos independentes de oxigênio
A fagocitose causa um brusco aumento da atividade respiratória da célula, que gera NADPH. Alguns segundos depois do contato com a bactéria, o consumo de O2 do neutrófilo pode aumentar até cem vezes. O NADPH, transforma 02 em superóxido (O2-) pela ação de uma enzima composta de múltiplos componentes, a NADPH oxidase. 
Superóxido, além de ser bactericida, serve como fonte de outros composto ativos, como radical hidroxil, hipoclorito e peróxido de hidrogênio.
A atividade de NADPH oxidase depende da ação combinada de pelo menos três proteínas: citocromo b, p47 ou NCF-1 e p67 ou NCF-2. A proteína mais importante dos grânulos primários a mieloperoxidase, catalisa a formação de hipocloritos com superóxido
Os grânulos dos neutrófilos tem grande número de substâncias que fazem destruição de microrganismos ou outras subtancias sem gerar superóxido, que são a lisozima( está nos três grânulos dos neutrófilos), lactoferrina( grânulos secundários) catepsina G e defensina. 
Eosinófilos:
3 a 4% dos leucócitos em circulação, cerca de 200 eosinófilos por microlitro de sangue.
Núcleo bilobulado e muitas granulações alaranjadas no citoplasma, variando de 0,5 a 1,5 um. Esses grânulos têm grande densidade algumas formações de aspecto cristalóide. Além dos grânulos maiores, tem moderada quantidade de microgrânulos (0,1um). Os grânulos são ricos em peroxidase, arilsulfatase, fosfatase ácida e fosfolipase, mas não tem fosfatase alcalina nem lactoferrina
Os eosinófilos têm atividade pró- inflamatória e citotóxica considerável, participando da reação e da patogênese de numerosas doenças alérgica, parasitárias e neoplásicas. A peroxidase dos eosinófilos é diferente nos neutrófilos, cuja sínteses são controladas por genes diferentes, embora o efeito bioquímico e ação na célula sejam os mesmos: geração de atividade de peróxido na célula, capaz de destruir numerosos tipos de bactérias, fungos, helmintos e vírus.
O principal componente dos grânulos e a proteína básica (MBP) capaz de destruir larvas de parasitas e células tumorais. A neurotoxina(EDN) é uma proteína com atividade potente contra fibras nervosas mielinizadas
Eosinófilos e neutrófilos tem origens e funções semelhantes. Mas enquanto neutrófilos se acumulam rapidamente em infecções bacteriana, eosinófilo são atraídos para o tecido onde há invasão por parasitas ou reações alérgicas 
Três citocinas tem papel central na diferenciação dos eosinófilos: IL-3, IL-5 e o fator estimulador de granulócitos e macrófagos(GM-CSF). A IL-5 é a mais importante, pois estimula a formação de eosinófilos a partir de CD34 e promove liberação de eosinófilos para circulação
Eosinofilia esta sempre associada a um aumento da produção de uma dessas três citocinas e a presença de aumento isolado de eosinófilos em geral depende do excesso de IL-5.
A migração extravascular dos eosinófilos segue passos similares dos neutrófilos, começando com interações de baixa intensidade entre o eosinófilo e a célula endotelial, fazendo com que o eosinófilo se prenda frouxamente ao endotélio, role lentamente sobre o endotélio. Isso é provocado pela ação de citocinas como IL-1, IL-4 e TNF sobre as células endoteliais, intensificando a expressão de moléculas de adesão P-selectina, VCAM-1, MadCAM-1, Gly-CAM e CD34, que se ligam a PSGL-1, α4 β7, α1 β7 e L-selectina na superfície do eosinófilo. 
Em seguida, formam-se infestações mais fortes, levando a firme adesão do eosinófilo sobre a célula endotelial, que depende de outro conjunto de moléculas de adesão. 
Ex: eotaxina citocina que se liga ao receptor CCR3 na superfície do eosinófilo, aumentando expressão de moléculas de adesão que favorecem adesão firme
A célula endotelial expressa moléculas que interagem tanto com neutrófilos como eosinófilos, enquanto outras moléculas apenas interagem com um tipo específico. 
Na fase inicial, tanto neutrófilos quanto eosinófilos interagem com P-selectina, mas só neutrófilos interagem com E-selectina. A fase de adesão firme nos neutrófilos é controlada principalmente pela interação das inegrinas CD11a/CD18 (αL β2 ) e CD11b/CD18 (αMβ2 ) com ICAM-1 (CD54) na superfície das células endoteliais enquanto nos eosinófilos além dessa interação de ICAM-1 com as duas integrinas, tem importância a interação de integrina VLA-4 (α4 β1 ou CD49d/ CD29) com molécula de VCAM-1
Basófilos:
São granulócitos mais escassos do sangue e caracterizam-se pela presença de grandes grânulos metacromáticos rico em histamina, serotonina, sulfato de condroitina e leucotrienos. 
Tem similaridades funcionais com os mastócitos, mas são células distintas: os mastócitos são células do tecido conjuntivo quenão entram em circulação e não são relacionadas com os basófilos quanto a origem e seus grânulos são menores e mais abundantes que os dos basófilos. 
Os basófilos são a principal fonte de histamina em circulação. Interação de seus receptores para a porção Fc das imunoglobulinas com a IgE determina a desgranulação com liberação de histamina e calicreína,, que são os principais mediadores de reações de hipersensibilidade imediata em anafilaxia, asma e urticária
Histamina: potente agente quimiotático para eosinófilos, contribuindo para atrai-los pro foco inflamatório.
Outras substâncias liberadas pelos basófilos também participam como mediadores do processo inflamatório, como leucotrienos, tripsina, quimiotripsina e PAF
Monócitos e macrófagos:
Sistema de fagócitos mononucleares: 
O sistema de fagócitos mononucleares é formado por células que tem capacidade fagocitária e lisossomos bem desenvolvido, adaptadas a defesa contra microrganismos, eliminação de restos celulares e de tecidos lesados e participação nos mecanismos imunes pela interação com células do sistema linfoide
Monócitos e macrófagos:
As células do sistema de fagócitos mononucleares originam-se da medula óssea. Os precursores mais imaturos morfologicamente identificáveis são os monoblastos e promonócitos. Essas células são liberadas na medula óssea e transitam pelo sangue periférico como monócitos, onde tem vida média de cerca 8-9 horas, migrando em seguida para os tecidos, onde tem sua ativação funcional.
Quando saem do sangue, tem sobrevida variável nos tecidos, podendo sobreviver por tempos prolongados (meses)
Nos tecidos, as células derivadas dos monócitos distribuem-se amplamente por todos os órgãos, recebendo denominações especiais de alguns deles, incluindo macrófagos que bordejam os seios sanguíneo do baço e medula óssea, as células de Kupffer do fígado, os osteoclastos e macrófagos da derme e dos alvéolos pulmonares. 
Os monócitos são os precursores das células gigantes polinucleadas em focos de inflamação crônica, como tuberculose e blastomicose. Essas células gigantes são polinucleadas e resultantes da fusão de macrófagos ativados por interleucinas, como IL-4 e IL-13, produzidas por linfócitos e monócitos em uma resposta imune tipo Th2
Os macrófagos são a primeira linha de defesa do organismo contra parasitas intracelulares e são capazes de destruir várias espécies de bactérias e fungos como M. tuberculosis, M.leprae, Pneumocystis carinii, Salmonella, Brucella, Listeria, Cryptococcus, Toxoplasma, Paracocidosis brasiliensis e malária. 
Os monócitos e os macrófagos são similares aos granulócitos quanto a sua atividade fagocitária, e respondem com aumento no metabolismo oxidativo e do consumo de oxigênio, produção de H2O2 e superóxidos, e estímulo do shunt das pentoses, além de produzir lisozimas. 
Os monócitos e especialmente os macrófagos participam da resposta imune pelo seu papel de APC e como células efetoras modificadas ou estimuladas pelos linfócitos ou substâncias derivadas destes (IL-4 e IL-13).
Os macrófagos são as mais ativas células na eliminação de células mortas ou lesadas, de restos de tecidos. São os macrófagos do baço, fígado e medula que eliminam as hemácias que chegaram no fim da sua vida normal, assim como os macrófagos que eliminam as hemácias destruídas em quantidade aumentada nas anemias hemolíticas 
Quando o material fagocitado se acumula na célula mais rápido do que ela consegue degradá-lo ou quando a célula tem um defeito metabólico e não consegue catabolizá-lo, formando células anormais de depósito
Monócitos e macrófagos tem papel central no desenvolvimento e na progressão da doença vascular da aterosclerose. Além dos macrófagos e células dendríticas normalmente existem na parede.
Sistema reticuloendotelial:
Sistema unificado de células com capacidade fagocitária, largamente distribuídos pelo organismo, reconhecida sobre denominações muito variadas como histiócitos, clasmatócitos, poliblastos, células adventícias, células migrantes em repouso, células de Kupffer do fígado, certas células fagocitárias dos alvéolos pulmonares, do tecido conjuntivo, da medula da adrenal, hipófise da derme, células da micróglia e os monócitos.
Esse conjunto não inclui mais as células endoteliais nem as células reticulares. Por isso, o nome deve ser trocado para sistema de fagócitos mononucleares ou sistema de monócitos-macrófagos. Essas células derivam de precursores da medula óssea, circulam no sangue sobre forma de monócitos, e migram para os tecidos onde assumem variados aspectos morfológicos e funcionais
Células dendríticas:
A resposta imunológica eficiente exige que os antígenos vão estimular os linfócitos T sejam apresentados de maneira adequada por células especializadas que promovem a diferenciação e expansão das linhagens específicas de linfócitos T. 
São APC bem caracterizadas. Existem em todos tecidos e correspondem a cerca de 0,1% dos leucócitos circulantes. Captam antígenos e migram para órgãos linfoides secundários (baço, linfonodos) onde vão interagir com células T especificas. Na mucosa intestinal, as células dendríticas CD103+ desempenham papel central na tolerância a bactérias comensais e a alérgenos dos alimentos e tem papel mais amplo da tolerância a autoantígenos 
A origem, diferenciação e diversidade das células dendrítica são conhecidas apenas parcialmente. As duas principais fontes de obtenção de células dendríticas são as células mononucleares do sangue periférico e as células CD34+ obtidos de medula óssea, do sangue ou do cordão umbilical.
Essas células são cultivadas em meios contendo diferentes citocinas e fatores de crescimento, e a diferenciação e a maturação das células dendríticas podem ser convenientemente acompanhadas pela detecção de características próprias, como a expressão do antígeno CD1a.
Ontogênese e diferenciação do sistema linfoide:
Os linfócitos fazem parte do sistema imune e tem como função principal defender o organismo contra infecções. 
Linfócitos T (TcR) e B( imunoglobulinas). Os linfócitos K(killer) responsáveis pela citotoxidade celular dependente de anticorpo (CCDA) e os NK, que exercem ação citolítica não dependente do contato prévio com antígenos
Órgãos linfoides 1º e 2º :Primários (órgãos generativos): tecidos onde os linfócitos expressam, pela primeira vez, os receptores antigênicos e adquirem a maturidade fenotípica e funcional. Ocorre durante toda vida, continua e independente da exposição previa aos antígenos. 
Secundários(órgão periférico): linfonodos, baço e tecido linfoide associado a mucosas e a pele. Resposta imune aos antígenos. 
Diferenciação de linfócitos:
Os linfócitos derivam de precursores hematopoéticos multipotentes da medula óssea, com capacidade de diferenciação em precursores das várias linhagens hematopoéticas, dando origem as células mieloides e linfoides. 
Para desenvolvimento de linfócitos T e B maduros são essenciais características do microambiente do timo e da medula óssea, representadas pelo contato com células do estroma e pela ação de citocinas especificas.
As principais células efetoras da linhagem T são as células T citotóxicas(CTL) e as células T auxiliares do tipo 1(Th1), produtoras de citocinas pró-inflamatórias, enquanto as células B atuam na produção de imunoglobulinas.
Diferenciação B:
O número de linfócitos B em um adulto normal é estimado em 5 x 10 elevado a 11, enquanto sua produção diária seria de 1º elevado a 11 células. Eles são incialmente produzidos no saco vitelino, posteriormente, na vida fetal, no fígado e finalmente na medula óssea, em intima proximidade com as células do estroma.
Marcadores mais precoces da linhagem B é o CD19 de membrana, que continua sendo expresso em todas as fases intermediarias de maturação, desaparecendo nos plasmócitos. 
Tem células B precursoras que coexpressam o CD19 e o CD34 e sintetizam a enzima desoxinucleotidil terminal transferase (TdT). Outros antígenos de membrana, como CD22, CD10, CD20, CD21 e CD5, também aparecem na diferenciação da célula B.
CD5 também é marcados de linfócito T,e aparece menos de 5% dos linfócitos B de adultos, mas se expressam em parcela apreciável de linfócitos B de fetos e recém-nascidos 
O evento genético mais importante nas primeiras fases da diferenciação B é o rearranjo de genes de cadeias pesadas de imunoglobulinas, o qual é seguido da sua expressão intracitoplasmática, e depois na membrana. O rearranjo de cadeias leves κ ou λ da imunoglobulina, e as suas expressões na membrana, ocorrem em fases posteriores de diferenciação
As etapas iniciais de diferenciação são geneticamente determinadas e independentes do contato com antígenos, enquanto as posteriores são induzidas pelos antígenos. 
As células linfoides B maduras da medula óssea atravessam a parede dos sinusoides e entram no sangue, migram para os folículos linfoides
Rearranjo dos genes de imunoglobulinas:
· As imunoglobulinas, além de serem secretadas pelos plasmócitos, são os receptores dos linfócitos B. cada molécula é formada por um par de cadeias pesadas ( que podem ser alfa, gama, um, delta , épsilon) e um par de cadeias leves ( kappa ou lambda)
· Cada cadeia tem regiões constantes e variáveis, sendo que o sítio responsável pela ligação com o antígeno é formado pela associação das regiões variáveis das cadeias leves e das pesadas. 
· Os genes das cadeias pesas e leves kappa e lâmbida das imunoglobulinas humanas localizam-se nos cromossomos 14, 2 e 22. 
· Na conformação embrionária germinativa, os genes de cadeia pesadas ocorrem em segmentos que codificam as regiões: variável(v), de diversidade (D), juncional (J) e constante(C).Cada uma das regiões V, D e J tem um número diferente de segmentos. 
· Entretanto, nas fases iniciais de diferenciação B ocorre o rearranjo dos genes de cadeias pesadas, de forma que um segmento da região V combina com um dos segmentos D, com outro dos segmentos da porção J, e com a região C adjacente. A aproximação desses segmentos forma um gene ativo que codifica a síntese de cadeia pesada, ocorrendo a transcrição do RNAm e a sua tradução, formando a cadeia pesada intracitoplasmática. 
· A classe de imunoglobulina secretada depende de qual das nove regiões constantes (4 γ, 2 α, 1µ, 1 δ e 1ε) é recrutada.
· Diversidade adicional é determinada pelas diferentes combinações possíveis entre os segmentos V, D, e J selecionados. Figura 6.4, um segmento de V2 junta-se a outro de D1, e outro de J2. 
· Ademais, a enzima TdT, que insere um número variável de novas bases no DNA da região D no momento do rearranjo gênico, é responsável pelo aumento desse repertório. 
· Para as cadeias leves, rearranjos similares ocorrem com os diferentes segmentos dos genes das cadeias leves. Finalmente, enzimas denominadas recombinases, que reconhecem certas sequências heptaméricas ou nonoméricas que flanqueiam os vários segmentos gênicos, são necessárias para a reunião dos pedaços adjacentes de DNA e são responsáveis pelo aumento da diversidade. 
· Esses rearranjos ocorrem sequencialmente, iniciando-se pelos genes de cadeia pesada, seguida pelo gene de cadeia κ e, finalmente, pelo λ. 
Diferenciação de T:
Ao contrário dos linfócitos B, os precursores T deixam a medula óssea e entram no timo, onde continuam com sua diferenciação que inclui o rearranjo dos genes responsáveis pelos receptores de células T (TcR), que ocorre de maneira similar ao das imunoglobulinas.
No timo, esses precursores CD7+ sofrem um processo de maturação, que é extremamente complexo e resulta na formação de um repertório de células T funcionais. À semelhança do que ocorre com os linfócitos B, os linfócitos T adquirem, mantem ou perdem marcadores como o CD2, CD1, CD5, CD4, CD8, CD3, que permitem caracterizar diferentes etapas de maturação
O precursor CD34+/ CD7+ da medula ou fígado fetal migra para camada subcapsular do córtex tímico e rapidamente expressa os marcadores CD2 e CD5.
Esse precursor pró-T pode se diferenciar em duas linhagens diferentes. A maioria (95%) se diferenciam em células pré-T corticais que expressam CD1 e CD4 e CD8, proteínas TcR-αβ citoplasmáticas e, possivelmente, níveis baixos de CD3/TcR-αβ na membrana. Esses timócitos, na camada medular do timo, formam duas subpopulações: a mais numerosa CD4+CD8- e a CD4- CD8+, ambas expressando CD3/TcR-αβ. 
Alternativamente, o precursor pró-T CD34+CD7+, CD2+, CD5+ pode se diferenciar em células pré-T CD4– CD8– (5%) que expressam inicialmente TcR-γδ citoplasmático e, posteriormente, CD3 e TcR-γδ na membrana. A seguir, esses três tipos de timócitos maduros (T-αβ CD4 ou T-αβ CD8 e T-γδ) migram para o sangue e para os órgãos linfoides secundários
O TcR-αβ é expresso em 90 a 95% dos linfócitos circulantes, enquanto o TcR-γδ aparece em 5 a 10%. O TcR coexiste na membrana em íntima associação com o CD3 e, quando encontra seu antígeno específico, emite um sinal para o interior da célula desencadeando uma sequência de ativação de mecanismos que culmina com a proliferação dos linfócitos
A passagem dos precursores T pelo timo tem duas funções: 
· Produção de células T maduras;
· Seleção de clones não autorreativos; 
Ambas dependem da participação de células não linfoides do timo, que são as epiteliais, dendríticas e macrófagos, e constituem o microambiente necessário para a diferenciação dos timócitos. Nesse processo existe uma seleção positiva de linfócitos T tolerantes, capazes de interagir com produtos do MHC das células do próprio indivíduo, e a seleção negativa de clones autorreativos com essas proteínas do MHC, que são eliminados, e constituem a maioria das células. Menos de 1% dos timócitos migram para a periferia, sendo a maioria destruída dentro do próprio órgão
Os linfócitos T que emigram do timo e colonizam os órgãos linfoides secundários são chamados de células virgens. Após o contato com os antígenos, os linfócitos T participam da resposta imunológica como linfócitos T-auxiliares ou T-citóxicos e, terminada a resposta, a maioria morre, mas alguns sobrevivem e constituem os linfócitos de memória, que têm vida longa. 
O timo atinge o tamanho máximo em relação ao peso corporal no recém-nascido, aumenta em peso até próximo dos vinte anos, quando é constituído por mais de 80% de tecido linfoide. A partir dessa idade, regride progressivamente e, aos quarenta anos, é constituído predominantemente de tecido adiposo, com menos de 5% de tecido linfoide. Os corpúsculos de Hassall diminuem em número, mas aumentam em tamanho, e as células epiteliais também diminuem em número, acompanhando os timócitos
Rceptor de linfócitos T (TcR): é formado por duas cadeias ligadas por pontes de dissulfito e que estão associadas ao complexo CD3, que é responsável pela transdução do sinal emitido pelo TcR, quando em contato com o antígeno. Existem dois tipos de TcR denominados αβ e γδ. As cadeias dos TCR são similares às das imunoglobulinas e possuem uma região Variável (V) localizada na porção N terminal e a Constante (C) na porção C terminal. Todas as cadeias possuem uma porção transmembrana e pequenos segmentos intracitoplasmáticos. Os genes α, β, γ e δ do TcR possuem regiões V, D, J e C, ocorrendo rearranjos desses segmentos de maneira similar à que foi descrita para os genes de imunoglobulinas. Diversidade adicional é criada pela ação da TdT e por ação das recombinases durante a junção dos segmentos dos genes do TcR.
Diferenciação NK:
Diferentemente dos linfócitos T citotóxicos, que reconhecem peptídeos específicos de antígenos de células-alvo sempre associados às moléculas classe I do MHC, o reconhecimento de alvos pelos linfócitos NK pode ser inibido pelo MHC de classe I. As atividades citotóxicas K e NK estavam associadas aos Linfócitos Grandes e Granulares (LGL) do sangue periférico que constituem cerca de 10 a 15% de todos os linfócitos neste compartimento. 
A estrutura da célula K/NK responsável pela CCDA (atividade K) é o CD16 ou FCγRIIIA que interage com a porção Fc de IgG; entretanto a atividade NK não está associada ao CD16, sendo mediada por estruturas não definidas. As funções K e NK são desempenhadas por uma mesma célula, que compartilha alguns marcadores da linhagemT, como o CD2, CD7 e CD8, mas não possui CD3, exibe o gene de TcR na conformação germinativa e apresenta os marcadores CD16, CD56 e CD57. 
Recentemente foi demonstrado que alguns linfócitos T ativados por citocinas também podem expressar esse últimos marcadores e exercer ação citotóxica não restrita ao MHC, e são chamadas de células T-NK. Células T-NK são uma minoria das células T(<5%) que expressam marcadores de células NK (NK1.1 ou CD161) e respondem a antígenos glicolipídicos apresentados no contexto de CD1d, uma molécula HLA-1 não clássica. 
As células NK originam-se na medula óssea, mas as etapas posteriores de maturação não estão esclarecidas, embora, por expressarem CD2, CD7 e CD8, uma possível origem em comum com os linfócitos T tenha sido aventada. As células NK maduras estão presentes no baço e no sangue, mas são raros nos linfonodos, placas de Peyer e medula óssea. 
Leucocitose e leucopenias:
Os leucócitos, a saber, granulócitos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos), monócitos e linfócitos compõem o sistema de defesa proporcionada pelas células sanguíneas, formadas a partir da célula-tronco, e que, quando atingem os estágios finais de maturação, integram uma consistente rede de alerta e de resposta defensiva às mais diversas agressões corporais. 
As respostas de leucócitos podem ser de elevação (leucocitoses) ou de diminuição (leucopenias), em relação à faixa de normalidade para idade e sexo (que deve ser sempre consultada para cada faixa etária na infância). 
Para avaliar um paciente com leucocitose ou leucopenia é importante determinar qual(is) classe(s) ou setor(es) de células sanguíneas está ou estão elevados ou diminuídos, ou seja, se são células linfoides ou mieloides (granulócitos e monócitos), em separado. Deve-se sempre avaliar elevação ou diminuição em números absolutos (número de células/µL) e não com base apenas no valor porcentual (%), lembrando que as variações normais geralmente encontram-se dentro de uma faixa ±2 desvios-padrão (SD) em relação à média em grandes amostras populacionais para grande número de variáveis. 
Todas as vezes que ocorrem leucocitoses ou leucopenias, uma das primeiras preocupações do médico é a de excluir uma doença hematológica primária em vista do que isso possa representar, ou seja, é a preocupação do diagnóstico diferencial entre doença hematológica primária e alteração hematológica resultante de doença não hematológica
Neutrofilia e neutropenia:
Se a função primordial dos neutrófilos é fagocitar, como parte do sistema inato (natural) da resposta de defesa, é certo que permitem uma resposta imediata a um agente agressor, independentemente de exposição prévia ao mesmo, promovendo vigilância rápida e sensível de proteção ao hospedeiro. Essas células originam-se das células-tronco da medula óssea, em processo hierárquico ordenado, com produção de 1 bilhão de neutrófilos/kg peso/dia, demorando, dentro da medula, por volta de 19 dias para sua produção e maturação completas. Dentro de um processo hierárquico absolutamente controlado, o compartimento proliferativo (ou pool mitótico) é composto de: 
a) Células progenitoras = 0,1-0,2% das células medulares; 
b) Mioblastos = 1%, que permanecem 15 horas nesta fase; 
c) Promielócitos = 3%, permanecem 24 horas nesta fase; 
d) Mielócitos = 12%, que necessitam de 4,3 dias até atingirem a fase seguinte de metamielócitos; estes últimos não proliferam, apenas amadurecendo até bastonetes e segmentados que, por sua vez, constituem o pool de reserva.5
Toda essa carga produzida em um dia garante um arsenal de reserva pronto para atuar na fagocitose de agentes agressores. Após migrarem para o sangue periférico e permanecerem aí por 6-10 horas, os neutrófilos transmigram para os tecidos, via diapedese, onde morrem por apoptose (se não forem “utilizados”).5 Para tanto, sempre devemos lembrar que a produção de neutrófilos responde à lógica de estímulos periféricos que determinam a necessidade de produção medular e que esses neutrófilos abandonam a medula óssea para seguir para os tecidos de onde partiram os estímulos. Esses estímulos são representados por mediadores inflamatórios (não necessariamente infecciosos) como exo e endotoxinas, e citocinas, que recrutam os neutrófilos para os sítios inflamatórios, onde vão digerir os agentes agressores, oxidar e desgranular efetuando sua função fagocítica.1,5 O aumento de neutrófilos (>7.000/µL) pode ocorrer em decorrência de doenças primárias hematológicas ou não hematológicas, devendo seu valor diagnóstico sempre ser avaliado no contexto clínico 
Entretanto, a neutrofilia não resulta, necessariamente e per se, em manifestações clínicas específicas, embora neutrófilos em número exageradamente aumentado (leucocitoses extremas, em número >100.000/µL) possam induzir dano vascular e tecidual por leucostase. Vale ressaltar a ocorrência de leucocitoses com neutrofilia extrema, com células maduras e sem dispoese, tipo “reação leucemoide” em tumores sólidos.
Linfocitose e linfopenia:
Assim como fagócitos (neutrófilos e monócitos) exercem papel fundamental nas defesas naturais, o tecido linfoide, por sua vez, ocupa função primária de reconhecimento imune, seja por meio de moléculas especiais (as imunoglobulinas), seja em expressão celular (linfócitos T e natural-killer), garantindo diversidade e especificidade a todo o sistema imunomediado. Esse sistema, então, é o grande responsável pelas nossas defesas permanentes (memória imunológica) e contra agressões antigênicas, cuja ontogênese, hierarquia, aquisição de competências e maturação, por ser extensa e extremamente minuciosa, foram abordados em capítulos anteriores. 
As linfocitoses (>4.000/µL), consideradas segundo a idade (valores absolutos normais são mais altos em crianças), bem como as linfopenias (<1.000/µL) devem ser sempre avaliadas, em primeira instância e sob dois grandes pontos de vista: reacionais ou tumorais.
Excluídos os fatores herdados (genéticos e decorrentes de polimorfismo gênico), os fatores etiológicos adquiridos têm frequência expressiva na prática clínica, pelas causas inflamatórias e/ou iatrogênicas que comumente levam a alterações quantitativas dos linfócitos. A observação de linfocitose obriga-nos a caracterizar os seguintes parâmetros clínico-laboratoriais:
· Quadro clínico (presença de doença ou achado fortuito no hemograma); 
· Características citológicas ao hemograma (tamanho, forma, citoplasma, cromatina, nucléolos, pleomorfismo ou monomorfismo das células linfoides), que indiquem grau de maturação ou transformação antigênica; 
· Busca ativa de dados clínicos que possam caracterizar a doença em questão.
Eosinofilia e eosinopenia:
Essa população celular de granulócitos eosinofílicos, estreitamente produzida em resposta à secreção de Interleucina 5 (IL5), é comumente relacionada a respostas imunes do sistema TH2 (subcompartimento de linfócitos CD4), sendo fonte principal da produção de IL-4 e geradora de IgE. Assim que são liberados da medula óssea, vivem em média por 18 horas em sangue periférico, quando adentram os tecidos, sendo capazes de gerar vários outros mediadores inflamatórios. Nesses tecidos, eosinófilos estacionam em barreiras mais superficiais como pele, trato gastrointestinal e mucosa brônquica.11 Os eosinófilos, ao se degranularem durante a resposta inflamatória, liberam o seu conteúdo enzimático, podendo também causar lesão tecidual nesse processo de defesa imune.
Eosinofilia ocorre, muitas vezes, na dependência da ação de linfócitos T. A secreção de IL5 resulta em eosinofilia em várias doenças (parasitárias, imuno-alérgicas e neoplásicas), embora outras citocinas estejam envolvidas na diferenciação final dos eosinófilos. 
A contagem de eosinófilos também deve ser sempre avaliada em números absolutos (normal: de 0-450/µL), com as seguintes magnitudes:
a) discreta (até 1.000/µL);
b) moderada (1.000-5.000/µL);
c) importante (>5.000/µL), variações que dependem não só da causa, como também da resposta individual do paciente. 
Dentre as doenças hematológicas que cursam com eosinofilia,a leucemia mieloide crônica e os linfomas Hodgkin são as mais comuns. Linfomas não Hodgkin T e alguns subtipos de leucemias linfoides agudas-T mais raramente se apresentam com eosinofilia. Exceto para leucemia mieloide crônica e leucemia eosinofílica crônica, em que a eosinofilia faz parte da proliferação clonal, os outros exemplos citados mostram eosinofilia reacional, com essas células apresentando cariótipo normal e resultando do cenário de citocinas que medeiam o componente inflamatório associado a essas doenças clonais
Assim, de forma objetiva, sugerimos a seguinte formulação de trabalho face ao achado de eosinofilia em hemograma: 
· História clínica, com ênfase em: uso de drogas, medicações ou vacinas; sintomas B; alergias e atopias; infecções ou infestações; queixas digestivas, reumáticas, broncopulmonares; contatos, circunstantes; 
· Exame físico: busca criteriosa de visceromegalias, linfonodomegalias, lesões de pele;
· Hemograma: outras alterações associadas à eosinofilia (anemia, outras leucocitoses ou citopenias); 
Outros exames laboratoriais: protoparasitológicos, dosagens de imunoglobulinas, sorológicos
Monócitos: monocitose e monocitopenia
Monócitos e seus derivados, os macrófagos, constituem células de origem hematopoética, dispersos por todo o organismo, cuja função primordial de defesa é bastante elaborada, contribuindo para uma vigilância atenta e refinada (por suas várias subpopulações, aptas à fagocitose, e apresentação de antígenos), tanto em sangue periférico como em compartimentos extravasculares. Têm origem medular, compartilham precursores com os granulócitos e, à medida que adquirem as características da diferenciação monocitária, abandonam a medula óssea e saem para o sangue periférico, onde podem viver em média por cinco dias (variando de um dia a vários meses, na dependência de estímulos). Têm características morfológicas peculiares e seus números absolutos no hemograma variam na faixa de 80- 800/µL em adultos normais. 
A ocorrência de monocitose sempre deve implicar a distinção entre condição reativa ou neoplásica, ressaltando-se que, uma vez que sua função primordial é fagocitar e apresentar antígenos, deve-se primeiramente abordar doenças em que haja estado neutropênico associado, ou seja, uma espécie de vicariância monocítica 
A monocitopenia pode ser observada em doenças da célula-tronco, como a aplasia de medula óssea (anemia aplástica) sendo marcante, pela frequência em tricoleucemia, na qual é um dos achados diagnósticos. Além dessas ocorrências, monocitopenia pode também ser observada após uso de glicocorticoides e pós-diálise (neste caso, retornando a níveis normais em algumas horas). 
Reiteramos que, para quaisquer alterações observadas na avaliação de leucócitos, é imperativo que se leve em conta os achados clínicos, bem como possíveis alterações nas outras linhagens hematológicas compondo, assim, um raciocínio sistêmico
Reação leucimoide:
É uma contagem de neutrófilos >50.000/mcL (> 50 × 109/L) não causada por transformação maligna de uma célula-tronco hematopoiética. Pode resultar de uma variedade de causas, especialmente outros tipos de câncer ou infecção sistêmica. Vale ressaltar a ocorrência de leucocitoses com neutrofilia extrema, com células maduras e sem dispoese, tipo “reação leucemoide” em tumores sólidos. Em nossa experiência pessoal temos visto as neoplasias de pâncreas como mais frequentes neste particular, independentemente de infiltração medular pelo tumor. Esses achados são distintos daqueles observados em mielopatias infiltrativas por tumores sólidos, contemplados com a resposta medular denominada reação leucoeritroblástica
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