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Yahanna Estrela Medicina – UFCG FARMACOLOGIA GLICOCORTICOIDES INTRODUÇÃO ✓ Tipos de anti-inflamatórios → AINES (bloqueiam a COX), COXIBES e glicocorticoides, que serão abordados aqui. ✓ Definição dos glicocorticoides: são anti- inflamatórios esteroidais com propriedades antialérgicas, imunossupressoras e anti- inflamatórias. Propriedades “AAI”. ✓ São medicamentos análogos sintéticos do cortisol. A potência com relação ao cortisol endógeno pode variar. Os corticoides agem nos mesmos receptores (são agonistas) do cortisol. ✓ Exemplos: dexametasona, betametasona, prednisona, prednisolona, metilprednisolona, budesonida, mometasona, desonida, fluticasona, hidrocortisona, triancinolona. ✓ São lipossolúveis, então podem ser administrados por qualquer via, pois serão bem absorvidos. Isso, associado à sua propriedade AAI, facilita sua utilização para diversos quadros clínicos. ✓ Fígado e rins constituem os principais locais de metabolismo periférico do cortisol. Sofre conjugação com o ácido glicurônico para se tornar mais solúvel e ser excretado via renal. Extra: • Fígado e Rins apresentam diferentes isoformas das enzimas 11B–hidroxiesteróide desidrogenase. 1. Tipo I (11B-HSDI) → Converte Cortisona em Hidrocortisona (ativa) no FÍGADO 2. Tipo II (11B-HSDII) → Converte Cortisol em Cortisona (inativo) no RIM FISIOLOGIA EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE- SUPRARRENAL ✓ É importante conhecer esse eixo, pois o uso de glicocorticoide pode suprimir o eixo hipotálamo- hipófise, fazendo com que não haja mais produção de cortisol. Por isso as prescrições não ultrapassam 7 dias, sendo o ideal 5 dias. Passando disso, precisa fazer desmame. ✓ O desmame é utilizado para que seja o eixo volte a produzir os hormônios fisiológicos. O desmame é feito reduzindo a dosagem gradativamente para que o organismo volte a funcionar. EXTRA Síndrome de abstinência ao GC: o organismo reage à ausência do corticoide. Febre, dor no corpo, mal estar. Seu tratamento é feito administrando o GC novamente e fazendo desmame. O paciente pode adquirir tolerância e, consequentemente, resistência à determinado GC, sendo necessário trocar o fármaco ou aumentar a dose. Preferivelmente trocar o fármaco. O pico de cortisol é pela manhã, por volta de 7h e 8h da manhã. Dessa forma, o melhor horário do dia para se tomar o GC é pela manhã, para que ele simule o efeito do cortisol. O uso do GC a noite pode gerar insônia. MECANISMO DE AÇÃO ✓ O cortisol, hormônio fisiológico, é transportado pela globulina CBG. ✓ Já o GC é transportado pela albumina. 1. O GC entra na célula alvo por difusão simples; 2. Ele se liga ao receptor liberando proteínas do choque térmico (HSP70 e HSP90); 3. O complexo GC + receptor migra para o núcleo; 4. O complexo se liga a sequências especificas de DNA → GRE (elementos de resposta ao GC. São genes regulados pelos GC). 5. Regulação da transcrição gênica; 6. Síntese/inibição de proteínas; 7. Efeito celular. ✓ O efeito celular dos GC são os AAI. Porém, para cada efeito, pode haver uma dosagem específica. Por exemplo, para imunossupressão, a dosagem é maior. ✓ O GC atua no excesso de ácido araquidônico decorrente da inflamação. ✓ Alguns dos efeitos dos GC no organismo: aumentam a expressão da proteína lipocortina/anexina, diminuem a expressão de COX-2, diminuem a produção de anticorpos (IgE, IgG, por exemplo). Na covid, por exemplo, era utilizada apenas após 7 dias, quando iniciava a fase de inflamação → utilizado para diminuir a tempestade de citocinas. No caso de um paciente com asma, o processo inflamatório é na musculatura lisa brônquica. Inflamações podem ocasionar o aumento das substâncias citadas acima, como também de leucotrienos, a partir da lipoxigenase. No caso dos AINES, eles inibem apenas a COX, deixando a via de formação dos leucotrienos livre. Isso ocasiona a insuficiência respiratória no asmático quando tratado com AINES. EFEITOS COLATERAIS ✓ Síndrome da abstinência ao GC; ✓ Síndrome de Cushing → patológica (produção excessiva de cortisol) ou medicamentosa (uso de GC). Para saber qual é, fazer o teste de supressão com betametasona. o Se for patológico, após o teste, os níveis de ACTH e cortisol estarão elevados. o Se for medicamentosa, o ACTH e cortisol estarão diminuídos devido ao feedback negativo. o Características da síndrome: ▪ Face de lua ▪ Abdome e nuca salientes ▪ Estrias avermelhadas ▪ Hipertensão arterial ▪ Predisposição a diabetes ✓ SNC → insônia, nervosismo, irritabilidade, aumento da pressão intracraniana. ✓ Olhos → aumento de PA intraocular e pode desenvolver catarata, como consequência da hiperglicemia. ✓ SCV → aumento da PA devido a aumento de sódio e água. ✓ Catabolismo de proteína → braços e pernas finas e pele mais frágil e com equimoses e estrias. ✓ Metabolismo de lipídios → acúmulo de gordura visceral, nucal e facial. Lipogênese na região abdominal e lipólise na região de braços e pernas. ✓ Metabolismo ósseo → Ativação de osteoclastos/inibição de osteoblastos e diminuição da vitamina D a nível intestinal, ocasionando osteopenia, osteoporose e fraturas. ✓ Metabolismo da glicose → gliconeogênese e glicogenólise, ocasionando hiperglicemia e, consequente tendência a diabetes. O efeito do cortisol é antagonista ao da insulina. ✓ Diminuição da produção de anticorpos. ✓ Diminuição da proliferação e marginalização leucocitária → suscetibilidade a infecções. ✓ Diminuição das moléculas de adesão. ✓ Diminuição das citocinas/quimiocinas. ✓ Supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (uso prolongado). ✓ Dificuldade de cicatrização → hiperglicemia e catabolização de proteínas. USOS CLÍNICOS ✓ Pode ser utilizado para diversos quadros clínicos. ✓ Deve ser levado em consideração a individualidade do paciente → se possui comorbidade, idade, etc. ✓ Buscar sempre uso local, quando possível, para evitar efeitos sistêmicos. ✓ É indicado para distúrbios inflamatórios, doenças autoimunes, doenças alérgicas (alimentar, dermatológica, etc.), Síndrome de Addison (insuficiência adrenal primária), insuficiência adrenal secundária. ✓ Em pacientes que possuem disfunção hepática, é preferível o uso de corticoides na forma ativa, visto que muitas vezes eles não são capazes de biotransformar o profármaco. ✓ Se um paciente tratado cronicamente com glicocorticoide sistêmico tiver seu medicamento substituído por um inalatório, por exemplo, é preciso ter cuidado para não interromper abruptamente a administração sistêmica. EXTRA ✓ A duração da ação desses medicamentos depende de fatores como: 1. Fração do fármaco ligado a proteínas plasmáticas 2. Afinidade do fármaco pela 11B-HSD 2 3. Capacidade lipofílica do fármaco 4. Afinidade do fármaco pelo receptor de glicocorticoides INSUFICIÊNCIAS DA ADRENAL Síndrome de Addison (insuficiência adrenal primária) Destruição irreversível do córtex da adrenal (dessa forma, comprometerá tanto os níveis de cortisol quanto de aldosterona). Hiperpigmentação; baixa de Na+ e alta de K+; aumento de Renina; hipotensão Insuficiência adrenal secundária Alteração no hipotálamo, hipófise ou uso prolongado de glicocorticoides. Não tem comprometimento da aldosterona. Tratamento Hidrocortisona (tem “comportamento” análogo ao cortisol. Tanto para reposição quanto para inflamação. Aguda: hidrocortisona injetável. Uso prolongado: prednisona ou prednisolona associado a fludrocortisona (no caso da primária, devido ao efeito poupador de Na+, mas em baixas doses). Uso em caso de risco de parto prematuro Para prevenir a síndrome da angústia respiratória no recém-nascido, deve-se fazer uma indução hormonal com corticoides potentes para estimular a maturação pulmonar do bebê, para que haja a produção de surfactante pelos pneumócitostipo 2. Medicamento de 1 escolha: betametasona. Deve-se ser aplicado e ter no mínimo 48h antes do parto. Se o parto ocorrer antes dessas 48h, não há garantia de eficácia e provavelmente será necessária intubação do RN e utilização da betametasona diretamente no RN. Estresse diminui a imunidade, tendo em vista que pode aumentar em até 10x os níveis de cortisol. Pacientes transplantados têm que usar GC para evitar rejeição. Por que é preferível usar prednisona em grávidas? A prednisona é pró-fármaco da prednisolona. É biotransformado no fígado pela 11B- hidroxiesteroide desidrogenase I (11-BHDS I) em prednisolona. Nos rins, a 11-BHDS II transforma em cortisona (inativa). Em grávidas, mesmo que algum resíduo de prednisona passe direto no fígado, é inativo. Na placenta tem a 11-BHDS II, então não haverá biotransformação. O fígado do feto é imaturo, por isso não há como ele converter. Como é o tratamento da asma? • 1 etapa: beta-agonista de ação curta quando for necessário; • 2 etapa: corticosteroide inalatório em baixas doses; • 3 etapa: corticosteroide inalatório em médias doses; • 4 etapa: corticosteroide inalatório em médias doses + beta-agonista de ação longa; • 5 etapa: corticosteroide inalatório em altas doses + beta-agonista de ação longa; • 6 etapa: corticosteroide inalatório em altas doses + beta-agonista de ação longa + corticosteroide oral. MEDICAMENTOS ✓ Hidrocortisona • Mais próximo a ação fisiológica do cortisol, por isso é usado para reposição hormonal em caso de insuficiência da adrenal. ✓ Fludrocortisona • Como mostrado acima, possui 10x mais ação anti- inflamatória do que o cortisol, porém possui 125x mais potência de retenção de sódio • Ele não é utilizado para inflamação, apenas para reposição de efeito mineralocorticoide (como na insuficiência adrenal primária). É usado em concentrações muito baixas ✓ Prednisona • É pró-fármaco da prednisolona • Via oral • Potencial anti-inflamatório 4x maior que o cortisol • Possui efeito mineralocorticoide menor que o cortisol endógeno ✓ Prednisolona • Via oral • Potencial anti-inflamatório 4x maior que o cortisol • Efeito mineralocorticoide é menor do que o cortisol endógeno ✓ Metilprednisolona • Medicamento injetável • É pouco mais potente que a prednisona e prednisolona • Efeito mineralocorticoide é menor que o da prednisolona e prednisona, consequentemente, menor que o do cortisol. ✓ Triancinolona • Mesma potência farmacológica do Metilprednisolona • Sem efeito mineralocorticoide ✓ Betametasona e Dexametasona • Corticoides 25x mais potentes que o cortisol. • Não tem efeito mineralocorticoide
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