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Farmacologia dos Antimicrobianos

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Rafael Venâncio de Souza 
 
➢ Farmacologia dos Antimicrobianos 
 
1. Introdução (Conceitos) 
- ESPECTRO DE AÇÃO: está relacionado com a quantidade de bactérias que um determinado antimicrobiano é capaz de abranger, podendo ser estreito, 
intermediário ou de amplo espectro, atuando matando ou inibindo a proliferação dos microrganismos 
- BACTERIOSTÁTICO: substância que tem a capacidade de paralisar o funcionamento e a proliferação da bactéria – o uso de fármacos bacteriostáticos 
deve ser feito partindo do pressuposto de que o sistema imune do paciente é competente o suficiente para se encarregar de eliminar o microrganismo 
- BACTERICIDA: substância que tem a capacidade de matar o microrganismo 
OBS: existem alguns fármacos que em determinadas concentrações são bacteriostáticos (geralmente em doses mais baixas) e em concentrações 
diferentes são bactericidas – SÃO DOSE-DEPENDENTES 
2. Mecanismo de Ação 
- a imagem abaixo é de uma célula bacteriana, demonstrando os principais pontos de ação dos antimicrobianos na estrutura celular bacteriana 
- RUPTURA DOS PEPTIDEOGLICANOS DA PAREDE CELULAR 
- RUPTURA DA MEMBRANA CELULAR 
- INIBIÇÃO DAS TOPOISOMERASES – com o uso desses fármacos o DNA não consegue se enovelar 
- RUPTURA DO DNA 
- INIBIÇÃO DA SÍNTESE DE FOLATO 
- INIBIÇÃO DA SÍNTESE PROTEICA EM SÍTIOS DIVERSOS – a síntese proteica é essencial para a estrutura e a funcionalidade da célula bacteriana 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
➢ Ruptura dos Peptideoglicanos da Parede Celular 
- a parede celular é a camada mais externa da célula bacteriana, a qual é responsável pela manutenção da morfologia e da estabilidade celular 
- é uma estrutura rígida devido à presença do peptideoglicano 
- protege a membrana celular de ruptura osmótica e mecânica 
 
• BACTÉRIAS GRAM + 
- parede celular espessa de múltiplas camadas (cerca de 40 camadas), que consistem principalmente em peptideoglicano, circundando a membrana 
citoplasmática 
- o peptideoglicano é essencial para a estrutura, a replicação e a sobrevida das bactérias 
- na ausência de peptideoglicano, as bactérias não suportam as grandes diferenças de pressão osmótica existentes através da membrana citoplasmática, 
ocorrendo LISE 
• BACTÉRIAS GRAM – 
- parece celular mais complexa que a da Gram + 
- apresenta camada delgada de peptideoglicano (corresponde a 10% da parede celular de Gram –) 
- na superfície externa da camada de peptideoglicano, encontra-se a MEMBRANA EXTERNA e, entre a superfície externa da membrana citoplasmática e a 
face interna da membrana externa, existe o ESPAÇO PERIPLASMÁTICO 
- a membrana externa mantém a estrutura bacteriana e proporciona uma barreira de permeabilidade contra grandes moléculas e o folheto externo dessa 
membrana possui uma molécula denominada lipopolissacarídio (LPS) 
 
 
 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
1. Formação da Parede Celular 
- é de suma importância entender como a parede celular é construída de modo a compreender como alguns fármacos agem inibindo a formação dessa 
parede – se não há a formação da parede, irá ocorrer a morte da bactéria por, principalmente, desequilíbrio osmótico 
- o peptideoglicano é um exoesqueleto poroso, que permite a difusão de metabólitos para a membrana plasmática, sendo um polissacarídeo formado pela 
combinação de aminoaçúcares de NAG e NAM – lembrar que os aminoaçúcares apresentam caráter HIDROFÍLICO 
- assim, o primeiro passo para a construção da parede celular é a formação dos aminoaçúcares pela célula bacteriana, os quais serão transportados para 
fora da célula através da membrana plasmática – lembrar que a membrana plasmática apresenta caráter HIDROFÓBICO 
- para que o transporte ocorra, há a necessidade de um transportador de caráter lipídico que consiga se combinar ao açúcar e, assim, enviá-lo para fora da 
célula 
- após isso, os aminoaçúcares formam ligações químicas cruzadas entre eles, as quais dependem de duas enzimas, em especial da enzima transpeptidase 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
2. Betalactâmicos 
- na imagem abaixo, observa-se a ação da enzima transpeptidase (também chamada de proteína ligadora de penicilina) fazendo a ligação entre NAG e 
NAM 
- os fármacos agem sobre a proteína ligadora de penicilina, impedindo a ligação do NAM e do NAG, não formando, então, o peptideoglicano 
 
- a imagem abaixo corresponde à estrutura química da amoxicilina, evidenciando o anel betalactâmico (grupo farmacofórico) – todo composto que 
possuir esse anel em sua estrutura é chamado de betalactâmico 
- entretanto, um dos mecanismos de resistência da célula bacteriana é a produção da enzima betalactamase, a qual é capaz de romper o anel 
betalactâmico, fazendo o fármaco perder sua ação 
- assim, surgiram formas de contornar esse mecanismo de resistência bacteriana como a produção de substâncias INIBIDORES DE BETALACTAMASES 
como ácido clavulânico, sulbactam e tazobactam 
 
- as penicilinas necessitam de associação com os inibidores de betalactamase para impedir o rompimento do anel betalactâmico por esse enzima 
- as cefalosporinas apresentam um anel de dihidrotiazina ligado ao anel betalactâmico para protege-lo 
- já os carbapenêmicos e os monobactâmicos apresentaram substituições químicas em seus anéis betalactâmicos que não permitem a ação da 
betalactamase, logo não necessitam de associação com inibidores de betalactamase 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
→ Penicilinas 
- as benzilpenicilinas são as primeiras penicilinas lançadas e apresentam um maior caráter HIDROFÍLICO, limitando sua penetração nas bactérias Gram – 
- a penicilina cristalina é a única que atravessa a barreira hematoencefálica 
- a penicilina cristalina e a penicilina benzatina são utilizadas para sífilis 
- a procaína presente na penicilina procaína é um anestésico local que auxilia a prolongar o efeito do fármaco 
- por ser derivada do fungo Penicillium, pode causar reações de hipersensibilidade (tipo I e tipo III) 
 
- as aminopenicilinas apresentam modificações em suas estruturas químicas para garantir uma maior penetração nas bactérias Gram – através do LPS, 
além de garantir uma administração por via oral desses medicamentos 
- devido à modificação realizada para agir sobre Gram –, houve uma diminuição do espectro de ação das aminopenicilinas sobre as Gram + 
 
 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
→ Cefalosporinas 
- são betalactâmicos de amplo espectro e são classificadas em gerações de acordo com o ESPECTRO DE AÇÃO e propriedades farmacocinéticas e 
farmacodinâmicas 
- seu princípio ativo é derivado do fungo Cephalosporium – pode gerar reações de hipersensibilidade 
- as cefalosporinas também são capazes de inibir as proteínas ligadoras de penicilinas (p.ex. transpeptidase), logo inibem a síntese de parede celular 
- o anel betalactâmico das cefalosporinas apresenta uma diferença em relação às penicilinas, o qual está ligado/fundido a um anel de dihidrotiazina – esse 
anel confere uma proteção ao anel betalactâmico e todas as gerações apresentam esse anel de dihidrotiazina 
- alguns exemplares de cefalosporinas são resistentes às betalactamases típicas, logo seria necessário diferentes tipos de betalactamases para romper o 
anel betalactâmico pois o anel de dihidrotiazina está o protegendo da ação enzimática das betalactamases 
- pacientes com insuficiência renal em uso de cefalosporina necessitam de ajuste de dose 
• CEFALOSPORINAS DE 1ª GERAÇÃO 
- o macete para decorar os exemplares é que os nomes começam com prefixo CEFA – com exceção do CEFAclor, que é de 2ª geração 
- apresentam um espectro mais restrito, sendo úteis para bactérias Gram + (não pega enterococos e estafilococos coagulase negativos) e para algumas 
Gram – (E. coli, Proteus e Klebsiella) 
- apesar de apresentar um espectro mais restrito, ela ainda consegue atuar em Staphylococcus aureus sensível à meticilina (MSSA) 
- são úteis para a profilaxiae o tratamento de infecção de trato urinário (ITU) em GESTANTES, uma vez que os antimicrobianos da classe das QUINOLONAS 
não podem ser utilizados em gestantes 
 
• CEFALOSPORINAS DE 2ª GERAÇÃO 
- o macete para decorar os exemplares é que os nomes começam com prefixo CEFU ou CEFO – com exceção do CEFAclor, que também é de 2ª geração 
- os principais exemplares dessa classe são CEFUroxima e CEFOxitina 
- o espectro dessas cefalosporinas é um pouco mais amplo 
- a Cefuroxima atua sobre Moraxella catarrhalis e Haemophilus influenzae 
- a Cefoxitina atua menos sobre bactérias Gram + (em comparação com as cefalosporinas de 1ª geração), porém, em contrapartida, o seu espectro atua 
também sobre microrganismos anaeróbios – dessa forma, é uma alternativa importante tanto para profilaxia cirúrgica quanto para infecções ativas de 
regiões abdominal e pélvica 
OBS: IMPORTANTE!!!!!!!!! 
- geralmente observa-se que, mesmo em um antibiograma apontando que o microrganismo encontrado é produtor de betalactamase e SENSÍVEL às 
cefalosporinas (principalmente as de 2ª geração), pode haver, com o uso dessa cefalosporina, uma INDUÇÃO da produção de betalactamase pelo 
microrganismo, porém são produzidas OUTROS TIPOS DE BETALACTAMASES, denominadas betalactamase de espectro estendido (BLEE), a qual é capaz de 
romper o anel betalactâmico desses fármacos 
- os estudos apontam que principalmente o uso de Cefoxitina é capaz de induzir a produção de BLEE 
- existe outro tipo de betalactamase denominada AmpC, a qual é capaz de romper anéis de outros fármacos betalactâmicos como Imipenem 
 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
• CEFALOSPORINAS DE 3ª GERAÇÃO 
- o macete para decorar os exemplares é que os nomes apresentam a letra T (de terceira geração) 
- os principais exemplares são Ceftazidima, Ceftriaxona e Cefotaxima 
- são cefalosporinas bastante utilizadas na prática médica, apresentando um espectro ampliado para Gram – 
- atravessa a barreira hematoencefálica, sendo um ótimo tratamento empírico para meningite – para atravessar a barreira hematoencefálica, as 
cefalosporinas de 3ª geração apresentam uma alta lipossolubilidade e, do ponto de vista microbiológico, essa característica favorece um maior espectro 
de Gram – pois se ligam facilmente ao lipopolissacarídeo (LPS), além de atravessar mais rapidamente a parede celular bacteriana, não dando tempo para a 
bactéria desenvolver mecanismos de resistência 
- também são utilizadas para casos de ITU complicada e abdome agudo inflamatório 
- a Ceftazidima consegue atuar sobre Pseudomonas 
• CEFALOSPORINAS DE 4ª GERAÇÃO 
- apresenta um espectro ainda mais amplo, atuando sobre Gram + (não atuando sobre enterococos) e Gram – (incluindo Pseudomonas) – notar que 
NENHUMA geração atua sobre enterococos (desconsiderando a 5ª geração) 
- o exemplar dessa classe é o Cefepime 
- atua sobre ITU, meningite e neutropenia febril 
 
 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
→ Carbapenêmicos 
- os carbapenêmicos apresentam amplo espectro de ação e também são capazes de inibir as proteínas ligadoras de penicilinas (p.ex. transpeptidase), logo 
inibem a síntese de parede celular 
- são estáveis à maioria das betalactamases 
- ao entrar em contato com os carbapenêmicos, as bactérias podem desenvolver mecanismos de RESISTÊNCIA como a produção de carbapenemases e 
metalocarbapenemases, que são enzimas que agem quebrando diretamente a estrutura química dos carbapenêmicos 
- os principais exemplares são Imipenem, Meropenem e Ertapenem – uma alternativa para esses exemplares é a associação de Sulbactam, a qual irá atuar 
contra a ação das bactérias produtoras de metalocarbapenemases 
- outros fármacos menos vistos na prática médica são o Avibactam e o Relebactam – esses fármacos são resistentes à ação das carbapenemases, porém 
NÃO são resistentes à ação das metalocarbapenemases 
- são utilizados em casos de infecções urinárias, meningite, sepse, infecções ósseas, abdominais e pélvicas, além de atuar sobre microrganismos 
multirresistentes 
- apresentam uma penetração tecidual muito maior em comparação com as penicilinas e as cefalosporinas (inclusive às de 3ª geração), acessando focos 
importantes de infecções 
- os exemplares dessa classe são nefrotóxicos, logo pacientes com alguma doença renal necessitam de ajuste de dose, podendo, mesmo assim, sofrer 
algum dano maior (pode também causar dano renal novo em quem não tem doença renal prévia) 
- o Imipenem tem apresentação associada com Cilastatina, a qual reduz a excreção renal do Imipenem por inibir a enzima DHI-1 (enzima presente nos 
túbulos renais responsável por quebrar as moléculas dos carbapenêmicos, auxiliando na excreção do fármaco), gerando menos dano à molécula em si e, 
consequentemente, aos rins 
- os outros exemplares também são nefrotóxicos, porém são menos inativados pela Cilastatina, logo não é comum a apresentação deles com esse inibidor 
enzimático 
 
3. Glicopeptídeos e Lipoglicopeptídeos 
- é uma classe de antimicrobianos que atua APENAS sobre bactérias Gram + (são fármacos que apresentam um alto peso molecular, o que impede a 
penetração através do LPS das bactérias Gram –) 
- apresentam múltiplos mecanismos de ação, inibindo a junção de um peptideoglicano ao outro, o que impede a formação da parede celular (NESSE 
CASO, NÃO HÁ INIBIÇÃO DA ENZIMA RESPONSÁVEL PELA LIGAÇÃO, COMO É VISTO NOS BETALACTÂMICOS), além de alterar a permeabilidade da 
membrana citoplasmática e interferir na síntese proteica 
- os exemplares são Vancomicina e Teicoplanina (glicopeptídeos), bem como seus análogos lipoglicopeptídeos (Oritavancina e Dalbavancina, 
respectivamente) 
- os lipoglicopeptídeos foram criados para apresentar um caráter lipofílico a fim de atravessarem o LPS das bactérias Gram –, porém isso não funcionou e 
eles também só possuem ação contra bactérias Gram + (o que a lipossolubilidade desses fármacos trouxe de vantagem foi apresentar um tempo de ação 
maior, o que permite espaçar o tempo das doses) 
- o uso de glicopeptídeos para MSSA (S. aureus sensível à Meticilina) gerou um processo de resistência a esse fármaco, formando, então, a MRSA (S. aureus 
resistente à Meticilina), bem como a formação de cepas resistentes, inclusive, à ação do próprio glicopeptídeo 
- são úteis para infecções de pele e de tecidos moles, colite pseudomembranosa (Vancomicina + Metronidazol), meningite e determinadas infecções 
adquiridas em ambiente hospitalar 
- a Vancomicina consegue agir sobre Clostridium difficile (a Teicoplanina não desempenha essa ação) 
- a Vancomicina é nefrotóxica, logo pacientes com qualquer tipo de alteração renal podem apresentar complicações mediante uso de Vancomicina 
- os glicopeptídeos são uma alternativa aos hipersensíveis aos betalactâmicos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
- a imagem abaixo apresenta alguns fármacos e seus respectivos pontos de ação na parede celular da bactéria 
- a Ciclosserina é um fármaco de segunda linha no tratamento da tuberculose e atua “atrapalhando” a composição do ácido murâmico (NAM), 
prejudicando a inserção de duas D-alaninas no final de sua estrutura, as quais são responsáveis pela ligação do ácido murâmico com o N-acetilglicosamina 
(NAG) no exterior da célula 
- após a fabricação do ácido murâmico e do N-acetilglicosamina no interior da célula bacteriana, esses aminoaçúcares precisam atravessar a membrana 
celular e isso será feito pelo lipídio C55, o qual será o carreador dessas moléculas para fora da célula 
- ao chegar no exterior celular, o carreador é reaproveitado para continuar o processo de transporte dos açúcares, e a Vancomicina age impedindo o 
reaproveitamento desse carreador, interrompendo o processo de transporte dos aminoaçúcares 
- a Bacitracina (classe dos aminoglicosídeos) também prejudica o carreamento dos aminoaçúcares via transportador 
- uma vez que os aminoaçúcares chegaram fora da célula, eles devem se ligar para formar a parede celular, o que ocorre por ação, por exemplo, da enzima 
transpeptidase 
-existe uma série de antimicrobianos betalactâmicos (p.ex. penicilinas, cefalosporinas, monobactâmicos e carbapenêmicos) que prejudicam o processo de 
“costura” dos aminoaçúcares 
 
 
OBS: Nebacetim (Bacitracina + Neomicina) 
- o Nebacetim é um dos grandes responsáveis pela evolução e disseminação do MSSA devido ao seu uso indiscriminado 
- é recomendando tanto para profilaxia quanto para tratamento de infecções e feridas de pele de diferentes graus 
- a Bacitracina é ativa contra bactérias Gram + 
- a Neomicina, assim como a Bacitracina, é um aminoglicosídeo e possui um espectro de ação maior 
- os aminoglicosídeos são nefro, neuro e ototóxicos, além de não serem recomendados na gestação 
- o Nebacetim é de uso tópico, uma vez que a Bacitracina apresenta baixa biodisponibilidade 
 
 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
➢ Ruptura da Membrana Celular 
- a membrana celular também é uma estrutura importante para a morfologia e o equilíbrio osmótico da célula bacteriana, logo qualquer alteração da 
membrana celular pode causar um desequilíbrio osmótico, levando à morte celular 
- os exemplares de antimicrobianos capazes de causar ruptura celular são daptomicina e polimixinas 
- a diferença entre elas se dá pelo mecanismo de ação, bem como pelo fato de que a daptomicina é ativa apenas contra bactérias Gram + (inclusive 
anaeróbicas) e as polimixinas são ativas apenas contra bactérias Gram – 
 
1. Daptomicina 
- a daptomicina é capaz de se complexar ao cálcio presente na célula bacteriana, sendo, então, capaz de formar uma estrutura que age como uma bomba 
de potássio, promovendo o efluxo de potássio da célula – quando há perda de carga positiva, a célula tende a ficar mais negativa, logo fica mais 
depolarizada, gerando um desequilíbrio celular que acarreta a morte da bactéria 
- pelo fato de agir em bactérias Gram +, a daptomicina tem uma aplicação importante nos casos de bacteremia por Staphylococcus aureus 
- para os pacientes com insuficiência renal e que necessitam de uso de daptomicina, é importante que haja ajuste de dose, uma vez que esses pacientes 
apresentarão dificuldade de excreção desse fármaco 
- é um fármaco incompatível com a diluição em SORO GLICOSADO pois pode causar precipitação de cristais do fármaco 
- pode causar miopatias devido indução do aumento de CPK, TGO e TGP – deve-se ter cuidado, então, com o uso de Daptomicina em pacientes em uso 
regular de estatinas (principalmente Sinvastatina) 
2. Polimixinas 
- as polimixinas agem sobre o lipopolissacarídeo (LPS) presente APENAS nas bactérias Gram – 
- agindo na membrana externa, as polimixinas modificam a sua permeabilidade, o que altera a capacidade de ganho e perda de água e íons, causando um 
desequilíbrio osmótico 
- já na membrana interna, há uma total desarticulação dos lipídeos de membrana, perdendo sua conformação e organização, o que também favorece o 
rompimento da célula 
- são úteis na ação contra bactérias superresistentes, desde que seja de cepas susceptíveis, principalmente de Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter 
baumannii e Klebsiella pneumoniae 
- dentro da classe de Polimixinas, existem a Polimixina B e a Polimixina E (Colistina) 
- a Polimixina B é um fármaco ativo enquanto que a Polimixina E é um pró-fármaco, e tem aplicações na sepse e nas infecções do trato urinário inferior, 
respectivamente 
- não existe Polimixina de administração via oral, logo seu uso é restrito ao ambiente hospitalar 
- apresenta baixa difusão pelos tecidos, logo fica mais disponível no tecido sanguíneo em si – p.ex. para o tratamento de meningite, deve-se fazer infusão 
intratecal de Polimixina 
- é fortemente contraindicado o uso de polimixinas associadas a outros fármacos neuro e nefrotóxicos 
- pode haver potencialização do mecanismo do relaxamento muscular quando a polimixina é associada a um fármaco relaxante muscular, especialmente 
bloqueadores da acetilcolina, podendo haver falência da musculatura respiratória 
 
 
 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
➢ Ruptura do DNA 
- a célula bacteriana é uma célula procarionte, o que explica o fato dos antimicrobianos terem uma maior SELETIVIDADE para a célula bacteriana, haja 
vista que as células dos seres humanos são eucariontes 
- o material genético da bactéria – dupla fita de DNA – fica disperso no citoplasma (diferentemente da célula eucarionte, em que o material genético é 
organizado dentro do núcleo) e, no processo de replicação, o DNA da célula mãe é aberto e uma fita “velha” vai para filha e uma fita “nova” é produzida 
para formar a dupla fita de DNA 
- para que aconteça a síntese proteica aconteça, é necessário que o processo de transcrição ocorra, em que o DNA seja transformado em RNA 
- após a fabricação da fita de RNA, ocorre o processo de tradução para a fase final da fabricação de proteínas 
 
1. Nitroimidazólicos (Metronidazol) 
- o Metronidazol é um pró-fármaco o qual só é ativado após penetrar a célula procarionte – atua se difundindo pela membrana das bactérias anaeróbicas 
e, ao atingir o citoplasma, sofrerá ação de uma enzima oxidorredutase típica das bactérias, a qual irá transformar o grupo nitro em um ânion 
- por apresentar agora uma carga negativa, há uma reatividade maior (radical livre), interagindo com os ácidos nucleicos presentes no DNA, causando 
danos ao material genético 
- é uma alternativa importante no tratamento da colite pseudomembranosa 
 
• EFEITOS COLATERAIS 
- cefaleia 
- manifestações gastrointestinais – principalmente náuseas e vômitos 
- interação com o etanol – a ingestão de bebida alcóolica deve ser desencorajada quando se utiliza Metronidazol, uma vez que este fármaco interfere no 
metabolismo do etanol (efeito antabuse), além de causar taquicardia e dispneia 
Rafael Venâncio de Souza 
 
➢ Inibidores da Topoisomerase 
- o DNA bacteriano (cromossoma bacteriano) encontra-se dobrado sobre si mesmo e superenrolado em espirais bem apertadas e as enzimas 
topoisomerase II (DNA-girase) e topoisomerase IV são responsáveis pelo espiralamento 
- com a inibição das enzimas, o DNA tem relaxadas suas espirais e passa a ocupar em espaço maior na célula bacteriana, conduzindo à morte celular (ação 
bactericida 
1. Quinolonas 
- a quinolona de 1ª geração mais utilizada é o Ácido Nalidíxico 
- as quinolonas de 2ª geração são Norfloxacino e Ciprofloxacino 
- o Ciprofloxacino, em comparação com Norfloxacino, frente ao P. aeruginosa, apresenta uma atividade melhor, ou seja, ele mata a P. aeruginosa em 
CONCENTRAÇÕES MENORES, quando comparado com o Norfloxacino 
- o Ciprofloxacino consegue agir sobre estafilococos, logo apresenta um espectro mais estendido do que o Norfloxacino 
 
- a quinolona de 3ª geração mais utilizada é o Levofloxacino 
 
→ Farmacocinética e Farmacodinâmica 
• ABSORÇÃO 
- os alimentos não interferem na absorção dos fármacos por VO, porém alguns autores afirmam que o cálcio presente nos alimentos, a depender de sua 
concentração, pode tornar a molécula do fármaco insolúvel e, assim, perder sua atividade 
- a alimentação pode atrasar o pico de ação das quinolonas por até 1 hora 
• BIODISPONIBILIDADE 
- Norfloxacino: 30% 
- Ciprofloxacino: 70% 
- Pefloxacino, Levofloxacino, Gatifloxacino e Ofloxacino: > 90% 
• TAXA DE LIGAÇÃO ÀS PROTEÍNAS PLASMÁTICAS 
- baixa ligação proteica (30%) – há mais fármaco disponível sob sua forma LIVRE e é a forma livre que irá passar pelo metabolismo e a excreção, chegando 
na urina, logo, pensando em casos de ITU, é interessante esses fármacos apresentarem baixa taxa de ligação proteica 
• MEIA VIDA 
- a meia vida é prolongada, atravessam a barreira placentária e aparecem em alta concentração no leite materno – não são recomendadas durante a 
GESTAÇÃO E A LACTAÇÃO, especialmente pelo fato das quinolonas gerarem dano às cartilagens e aos tecidos moles nas fases iniciais da vida 
• AJUSTE DE DOSE 
- pacientes com insuficiência renal e hepática necessitam de ajuste de dose 
Rafael Venâncio de Souza→ Indicações 
- infecção do trato urinário (ITU) 
- ITU recidivante 
- uretrite/cervicite por N. gonorrhoeae 
- prostatite por E. coli 
→ Ciprofloxacino x Norfloxacino 
- para o tratamento de cistite não complicada, o Ciprofloxacino é utilizado na dose de 250-500mg/dia, enquanto que o Norfloxacino é utilizado na dose de 
400-800mg/dia, ambas durante 7-10 dias 
- o Ciprofloxacino, por apresenta um espectro de ação maior, é utilizado no tratamento de infecções do TGI, otite, sinusite, peritonite, infecções de pele e 
pulmonares 
- ambos não são fármacos de 1ª escolha nas infecções do trato genito-urinário, porém podem ser usados no tratamento da gonorreia 
- nos pacientes com imunodeficiência e neutropenia deve-se preferir o Ciprofloxacino 
- apesar dos alimentos não alterarem a absorção desses fármacos, os antiácidos e o omeprazol podem diminuir a absorção desses fármacos 
- deve-se ter cuidado com a interação entre quinolonas e antidepressivos pois pode levar à crise convulsiva, principalmente com a Bupropiona 
- a tabela abaixo é dos corantes utilizados na composição dos fármacos e o Norfloxacino apresente corante da família Azo, a qual apresenta estrutura 
química semelhante ao do ácido acetilsalicílico (AAS), logo quem apresenta alergia ao AAS pode ter alergia ao Norfloxacino devido à presença do corante 
(p.ex. amarelo de tartrazina) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
➢ Fosfomicina Trometamol 
Rafael Venâncio de Souza 
 
- apresenta mecanismo de ação em interferir na SÍNTESE do peptideoglicano no interior da célula bacteriana, logo não permitirá a formação da parede 
celular da bactéria 
- não sofre biotransformação, logo rapidamente alcança a urina 
- é indicada para os casos de ITU, principalmente de cistite 
- apresenta um amplo espectro de ação, abrangendo bactérias Gram – e Gram +, bem como P. aeruginosa, enterococos (incluindo resistentes à 
Vancomicina e produtoras de BLEE) e E. coli resistente às quinolonas 
 
➢ Nitrofurantoína (Ruptura do DNA) 
- a Nitrofurantoína não se encaixa em uma classe de antimicrobianos 
- enzimas presentes no interior da bactéria são inibidas pela Nitrofurantoína, o que gera inibição da Acetil-CoA 
- interage muito pouco com a microbiota intestinal, logo é mais difícil de causar diarreia 
- pacientes com quadro de insuficiência renal aguda e de anúria não podem utilizar Nitrofurantoína, bem como gestantes no 3º trimestre pois pode gerar 
anemia hemolítica no feto (antes do 3º trimestre pode utilizar Nitrofurantoína) 
 
➢ Sulfametoxazol 
- fármaco da classe das sulfonamidas e o mecanismo de ação é baseado na inibição da síntese de folato pelas bactérias – o folato (ácido fólico) é produzido 
pelas bactérias a partir do ácido paraminobenzoico (PABA) e é essencial para a formação do código genético bacteriano 
- o Sulfametoxazol é comercializado em associação com Trimetoprima, a qual inibe enzimas responsáveis pelas etapas finais da conversão do PABA em 
ácido fólico 
- são indicados para infecções urinárias (altas e baixas), uretrites e prostatites (agudas ou crônicas); são menos recomendados no tratamento empírico das 
infecções mais graves, devido à frequência cada vez maior de germes resistentes 
- também pode ser utilizado na otite média, sinusite, exacerbação aguda de bronquite crônica e como alternativa para pacientes alérgicos aos 
betalactâmicos 
- para a pneumonia por P. carinii, o Sulfametoxazol é a primeira escolha para o tratamento e profilaxia nos pacientes portadores de alguma 
imunossupressão 
- pode ser administrado por VO ou IV 
- atinge altos níveis séricos e tem alta ligação proteica 
- atravessa a barreira placentária, não sendo recomendado o seu uso durante a gestação 
 
→ Caso 1 
Rafael Venâncio de Souza 
 
M.R.F., sexo feminino, 23 anos, paciente da ginecologia procura atendimento no ambulatório do HU referindo urina turva e fétida, disúria, polaciúria, 
urgência miccional e ardência ao urinar. Nega febre. 
Relata ter tido infecção urinária há 2 meses que havia sido tratada com Norfloxacino. 
Relata ter usado Norfloxacino por ter tido sucesso anteriormente. Utilizou dose única há 5 dias, porém refere que ainda apresenta os mesmos sintomas 
urinários. Ao ser questionada comenta que desconforto gástrico após ingerir o medicamento e que por isto utilizou um antiácido. 
 
Amicacina: reservada para infecções graves e quando outros antibióticos testados não foram eficazes; assim como a Gentamicina, a Amicacina é um 
aminoglicosídeo e eles apresentam neuro e ototoxicidade 
Gentamicina: muito utilizada para infecções do globo ocular e anexos; apresenta neuro e ototoxicidade 
Ceftazidima: pode ser utilizada, mas E. coli pode desenvolver resistência muito rápido a ela 
Cefepime: é administrada apenas por via parenteral 
Aztreonam, Ertapenem e Imipenem: são fármaco de administração hospitalar 
- para esse caso, pode-se utilizar o Sulfametoxazol e a Nitrofurantoína; pode-se começar com o Sulfametoxazol e a Nitrofurantoína é reservada para casos 
de ITU de repetição 
Após 6 meses a paciente retorna ao ambulatório para realização de pré-natal. Relata estar bem e o médico solicita exames de rotina, entre eles Urina Tipo 
I e Urocultura (a bacteriúria assintomática ocorre na gestação em 2 a 7% e, se não tratada, 25% dessas gestantes vão desenvolver infecções sintomáticas) 
 
De posse do exame parcial de urina o médico constatou que a paciente apresentava bacteriúria assintomática e decidiu tratar pelo risco da de desenvolver 
pielonefrite enquanto grávida e infecção urinária de repetição. Agora grávida, essa paciente pode ser tratada com Nitrofurantoína 50 a 100 mg VO 6/6 h 
por 10 d, Ampicilina 500 mg VO 6/6 h por 7-10 d e Cefalexina 500 mg VO 6/6 h por 10 d 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
➢ Inibição da Síntese Proteica 
- a inibição da síntese proteica é feita baseada na ação na subunidade 30S ribossomal ou subunidade 50S ribossomal 
- o processo de tradução é dependente da ação do ribossomo, o qual é formado por duas subunidades: 30S e 50S 
- o ribossomo percorre a fita de RNA e faz o processamento dos nucleosídeos alí dispostos, fabricando, então, as proteínas 
- INIBIDORES DA SUBUNIDADE 30S: aminoglicosídeos e tetraciclinas 
- INIBIDORES DA SUBUNIDADE 50S: macrolídeos, anfenicois e lincosamidas 
 
- a imagem abaixo mostra com mais detalhes o processo de síntese proteica, evidenciando a fita de RNA e o ribossomo “lendo” as informações contidas 
nos nucleosídeos 
- a subunidade 30S tem interação direta com a fita de RNA e seus nucleosídeos, e a subunidade 50S apresenta o local de encaixe do RNA transportador 
(tRNA) 
- a subunidade 50S apresenta o sítio A e o sítio P e o tRNA primeiramente no sítio A e, após a leitura dos nucleosídeos, resultando na formação de 
aminoácidos, o tRNA passa a se ligar ao sítio P, no qual haverá o agrupamento de vários aminoácidos, gerando, então, a proteína 
- assim, os antimicrobianos irão agir em dois pontos: ① subunidade 30S: no ponto de interação direta com os nucleosídeos da fita de RNA 
② subunidade 50S: nos sítios A e P de ligação do tRNA 
 
- os aminoglicosídeos irão se ligar em uma área adjacente onde a subunidade 30S decodifica os nucleosídeos e a síntese proteica é encerrada 
prematuramente ou as proteínas são formadas erroneamente 
- as tetraciclinas irão bloquear o tRNA em uma altura mais próxima da subunidade 30S, não permitindo que o tRNA se encaixe aos nucleosídeos 
- já os inibidores da subunidade 50S irão atuar bloqueando a entrada do sítio A da subunidade 50S, impedindo a entrada o tRNA e a sua passagem do sítio 
A para o sítio P 
1. Aminoglicosídeos 
- são fármacos inibidores da síntese proteica na unidade 30S ribossomal 
- são ativos contra bactérias Gram – (não funciona contra anaeróbios) 
- são mais utilizados em bacteremias, endocardites, infecções de pele, infecções do trato urinário, infecções abdominais e pneumonia 
- os principais exemplaressão Estreptomicina, Gentamicina e Amicacina 
- apresentam neuro e ototoxicidade 
2. Tetraciclinas 
- são fármacos inibidores da síntese proteica na unidade 30S ribossomal 
- são ativos contra Gram + e Gram – (não são comuns para tratamento de estreptococos e estafilococos) 
- são mais utilizados em infecções por Bacillus anthracis (Anthrax ou Antraz), Clostridium tetani e pneumonias atípicas 
- os principais exemplares são Tetraciclina e Doxaciclina 
- podem se depositar no esmalte dentário, especialmente de crianças, gerando placas brancas nos dentes, além de interferir no crescimento quando 
utilizado na infância 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
3. Macrolídeos 
- são fármacos inibidores da síntese proteica na unidade 50S ribossomal 
- são ativos contra bactérias Gram + e Chlamydia (Gram –) 
- são mais utilizados em sinusite, infecções de pele e respiratórias 
- os principais exemplares são Azitromicina e Eritromicina 
- podem causar desconforto no trato gastrointestinal, reação de hipersensibilidade, colestase, prolongamento do intervalo QT e inibição do CYP450 
4. Anfenicois (Cloranfenicol) 
- o cloranfenicol se liga à subunidade 50S ribossomal, inibindo a síntese proteica da bactéria, tendo, assim, ação bacteriostática, porém pode ser 
bactericida contra algumas espécies como S. pneumoniae, H. influenzae (principalmente tipo B) e N. meningitidis, através de mecanismo não bem 
elucidado 
- assim, é um fármaco utilizado para meningite, otite, osteomielite e sepse 
- o Cloranfenicol não pode ser utilizado em bebês por conta da síndrome do bebê cinzento, uma vez que o bebê não apresenta capacidade hepática para 
metabolizar o Cloranfenicol, o qual irá se acumular no organismo e gerar diversas alterações como hipóxia, distensão abdominal e a coloração acinzentada 
5. Liconsamidas 
- são fármacos inibidores da síntese proteica na unidade 50S ribossomal 
- são ativas contra bactérias Gram + 
- são utilizadas em infecções de pele, infecções ósseas e infecções pulmonares 
- podem causar colite pseudomembranosa, desconforto gastrointestinal e, quando administrada via IV, pode causar inflamação venosa 
- o principal exemplar dessa classe é a Clindamicina 
6. Rifamicinas 
- no processo de transcrição, ou seja, na formação de uma fita de RNA a partir do DNA, há a ação da enzima RNA polimerase e as Rifamicinas inibem essa 
enzima, impedindo a formação do RNA, o qual é necessário para a síntese proteica 
- os exemplares dessa classe são Rifampicina (um dos medicamentos do esquema RIPE para tuberculose) e Rifamicina (infecções de pele) 
- pode causar efeitos colaterais gastrointestinais, sintomas semelhantes à síndrome gripal e hepatotoxicidade 
- pode mudar a coloração de algumas secreções como suor, lágrima e urina, exibindo uma coloração mais alaranjada/avermelhada 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
➢ Inibição da Síntese de Folato 
- o ser humano adquire o folato por meio de fontes externas (p.ex. dieta), enquanto que a bactéria produz o seu próprio folato a partir do ácido 
paraminobenzoico (PABA) e da piridina 
- o PABA se junta à piridina e, por ação da enzima diidropteroato sintetase, irá formar o ácido diidroptreoico 
- o ácido diidroptreoico, por sua vez, sofre ação da enzima diidrofolato sintetase, a qual irá transformar o ácido diidroptreoico em ácido diidrofólico 
- já o ácido diidrofólico sofre ação da enzima diidrofolato redutase, transformando-o em ácido tetraidrofólico (é a forma metabolicamente ativa do ácido 
fólico, o qual servirá como co-enzima na fabricação do DNA, do RNA e da síntese proteica) 
- as sulfonamidas agem na diidropteroato sintetase, enquanto que a Trimetoprima age sobre a diidrofolato redutase 
- as sulfonamidas apresentam estrutura química semelhante ao PABA, logo a diidropteroato sintetase é “enganada” pelas sulfonamidas 
- o exemplar das sulfonamidas mais utilizado na prática médica é o Sulfametoxazol, sendo comumente associado à Trimetoprima, o que garante a inibição 
da síntese de folato em diferentes pontos da rota de produção 
 
1. Sulfametoxazol e Trimetoprima 
- são indicados para infecções urinárias (altas e baixas), uretrites e prostatites (agudas, crônicas); são menos recomendados no tratamento empírico das 
infecções mais graves, devido à frequência cada vez maior de germes resistentes 
- o Sulfametoxazol também pode ser utilizado na otite média, sinusite, exacerbação aguda de bronquite crônica e como alternativa para pacientes 
alérgicos aos betalactâmicos 
- para a pneumonia por P. carinii, o Sulfametoxazol é a primeira escolha para o tratamento e profilaxia nos pacientes portadores de alguma 
imunossupressão 
- o Sulfametoxazol pode ser administrado por VO ou IV, atinge altos níveis séricos e tem alta ligação proteica, e atravessa a barreira placentária, não sendo 
recomendado o seu uso durante a gestação

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