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CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR CAMPUS BARRA GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO Karina Rakell Thalia de Souza santos RELATÓRIO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO III RIO DE JANEIRO 2021 CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR Karina Rakell Thalia de Souza santos RELATÓRIO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO III Relatório apresentado como requisito para obtenção de aprovação na disciplina “Estágio Supervisionado III”, no Centro Universitário IBMR. Coordenação: Patrícia Santos Profº supervisor: Patrícia Simões Preceptor: Ana Paula Rio de Janeiro 2021 Sumário 1. LOCAL DE ESTÁGIO E SUAS CARACTERÍSTICAS...............................................4 2. DESCRIÇÃO DA EQUIPE DE NUTRIÇÃO DO HOSPITAL...........................4 3. ATIVIDADES REALIZADAS PELO ESTAGIÁRIO.........................................4 4. IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE...................................................................5 4.1 DADOS DO PACIENTE................................................................................5 4.2 HISTÓRIA SOCIAL........................................................................................5 4.3 HISTÓRICO DE DOENÇA FAMILIAR (HF) E PREGRESSA (HPP).............5 5. EVOLUÇÃO CLÍNICA NUTRICIONAL DO PACIENTE..................................5 5.1 QUEIXA PRINCIPAL.....................................................................................5 5.2 DIAGNÓSTICO..............................................................................................5 5.3 HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL E SUA FISIOPATOLOGIA........................5 5.4 ACOMPANHAMENTO CLÍNICO DO MOMENTO DA INTERNAÇÃO ATÉ A ALTA MÉDICA.....................................................................................................6 6. SEMIOLOGIA..................................................................................................7 7. DADOS LABORATORIAIS.............................................................................7 8. AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E NUTRICIONAL...................................8 9. INTERAÇÃO DROGA NUTRIENTE................................................................9 10. DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL..................................................................10 10.1 CÁLCULO DAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS..................................10 11 ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL....................................................................11 11.1 CONDUTA NUTRICIONAL HOSPITALAR................................................11 11.2 ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL AO PACIENTE.........................................11 12 PROGNÓSTICO...........................................................................................13 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS............................................................13 Local de estágio O Estágio Supervisionado III foi realizado no Hospital Municipal Lourenço Jorge (HMLJ), localizado na Avenida Ayrton Senna, nº 2.000, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. A estrutura do HMLJ conta com a maternidade Leila Diniz, que é referência em procedimentos classificados como alto risco. O HMLJ atende indivíduos assistidos pela Área Programática do Município do Rio de Janeiro 4.0, que inclui a região da Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e adjacências. E essa unidade de saúde é referência para atendimentos de trauma ortopedia. Atualmente conta com 1526 colaboradores e 241 leitos. Descrição da Equipe de Nutrição Hospitalar O Hospital Municipal Lourenço Jorge conta com 17 profissionais de nutrição, sendo duas chefes de serviço, Andreia Ricardo e Ana Paula Abreu, responsáveis pelo serviço geral de nutrição da unidade e do Banco de leite, respectivamente. E os demais colaboradores de nutrição estão espalhados pelo serviço. Essa unidade de saúde conta com escalas de plantão 12x60 para os profissionais de nutrição clínica. Atividades realizados pelo estagiário · Ambientalização · Aula de consistências e evolução de dietas · Visita às enfermarias, com objetivo de acompanhar evolução do paciente · Aula sobre suplementos e Terapia Nutricional Enteral (TNE) e Terapia Nutricional Parenteral (TNP) · Aula sobre avaliação antropométrica e semiologia · Aula sobre aleitamento materno, com ênfase na composição do leite humano · Aula sobre interpretação dos exames laboratoriais · Aula sobre gasometria arterial · Aula sobre a Doença Hipertensiva Específica da Gestação (DHEG) e avaliação nutricional de gestantes. · Aula sobre o manejo do aleitamento materno. Identificação do paciente Dados do paciente R, T, 23 anos, sexo masculino, residente do bairro de Jacarepaguá. História social Não foi possível colher declaração da paciente acerca de sua história social. Histórico de doença familiar (HF) e pregressa (HPP) Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) prévia. Sofreu um aborto espontâneo em 2018. EVOLUÇÃO CLÍNICA NUTRICIONAL DO PACIENTE Queixa principal Cefaleia, epigastralgia e visão turva. Diagnóstico Doença Hipertensiva Específica da Gestação (DHEG). História da doença atual e sua fisiopatologia A Doença Hipertensiva Específica da Gestação (DHEG) é uma doença multifatorial que acomete as gestantes durante o segundo trimestre, caracterizado pela presença de hipertensão e proteinúria, e é classificada em pré-eclâmpsia, eclampsia e síndrome de HELLP. No Brasil, é a principal causa para mortalidade materna e perinatal, sendo 70% das situações hipertensivas na gestação por conta da DHEG, enquanto a hipertensão crônica é responsável por 30% das decorrências gestacionais dessa natureza (MONTENEGRO, BURLÁ e FILHO, 2013). E a síndrome de HELLP acomete aproximadamente 2 a cada 1.000 gestações (COELHO et al, 2009). Entre a 28 e 36ª semana gestacional ocorre um contato entre o tecido fetal e o sistema imunológico materno, por conta de uma invasão trofoblástica. As plaquetas circulantes aderem ao endotélio danificado, acarretando um aumento da destruição das plaquetas, e assim gerando uma plaquetopenia (COELHO et al, 2009). A ruptura da placenta e liberação de ácido araquidônico e mediadores vasoativos provocam a vasoconstrição, vasoespasmos e aceleram a agregação plaquetária (COELHO et al, 2009). Devido uma deposição de fibrina, em decorrência de uma cascata de reações que inicia no fígado, no interior dos sinusoides, acarretando uma obstrução relacionada à diminuição do fluxo hepático. E como consequência, essa isquemia provoca hemorragias intraparenquimatosas e infarto hepático (COELHO et al, 2009). Acompanhamento clínico do momento da internação até a alta médica A paciente internou no dia 21/10 em emergência, com sinais clássicos de eclampsia evoluindo para síndrome de HELLP. Foi realizado uma cesárea, com feto nascido vivo, com 33 semanas e 5 dias, procedimento realizado na Maternidade Leila Diniz. No dia 22/10 a paciente deu entrada no CTI do Hospital Lourenço Jorge, a qual foi sedada por conta da sua instabilidade hemodinâmica. E apresentava hipertensão arterial sistólica em torno de 150/70. No dia 05/11 foi identificada uma sepse fúngica, por CandidaAlbican. E foi iniciado o protocolo médico com a medicação para infecção. No dia 09/11 foi realizada a intervenção cirúrgica traqueostomia, a qual passou a ficar no ar ambiente. Já no dia 23/11 a paciente se apresentava lúcida, sem sedação, e com estabilidade hemodinâmica. No dia 24/11 foi iniciada a dieta por via oral, em consistência líquida sem resíduo, associada a terapia nutricional enteral. A paciente apresentou uma boa aceitação. Além disso, apresentou um fechamento da cânula metálica de forma adequada. Já no dia 27/11 foi prescrita uma dieta constipante, pois a paciente estava apresentando diarreia. Aceitando bem a VO, sem queixas de náuseas e vômitos. Dia 30/11 a paciente se apresentava acordada, lúcida, orientada, em bom estado geral, cooperativa, hipocorada (+/4+), eupneica em ar ambiente. Estava estável hemodinamicamente e apresentou melhora na diarreia. Semiologia Sem sinais de desnutrição. Apresenta abdômen flácido. Coloração adequada. Apresenta edema +/+4. Dados laboratoriais HEMOGRAMA 05/11/202009/11/2020 17/11/2020 25/11/2020 VALOR DE REFERÊNCIA Hemácias 2,90* 3,00* 2,80* 2,90* 4 a 5,4 milhões/mm3 Hemoglobina 8,40* 8,70* 8,20* 8,40* 11,1 a 16,1 g/dL Hematócrito 26,40* 27,10* 24,90* 25,60* 35 a 47% VGM 91,03 90,33 88,92 88,27 80 a 98 fl HGM 28,96 29,00 29,28 28,96 26 a 34 pg CHGM 31,81* 32,10 32,93 32,81 32 a 36 g/dL * os valores alterados sugerem a presença de uma anemia LEUCOMETRIA 05/11/2020 11/11/2020 17/11/2020 25/11/2020 VALOR DE REFERÊNCIA Leucometria global 8.600,00 4.000,00 7.400,00 9.500,00 3.600 a 11.000 mil/mm3 Basófilos 0,00 0,00 0,00 0,00 0 a 1% Eosinófilos 1,00 4,00 4,00 3,00 1 a 6% Mielócitos 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00% Metamielócitos 0,00 0,00 0,00 0,00 0 a 1% Bastões 3,00 1,00 2,00 2,00 0 a 5% Segmentados 78,00* 74,00* 72,00* 73,00* 54 a 64% Linfócitos 13,00* 15,00* 16,00* 17,00* 21 a 35% Monócitos 5,00 6,00 6,00 5,00 2 a 10% Plaquetas 296.000,00 227.000,00 324.000,00 261.000,00 150.000 a 350.000/mm3 *os valores alterados sugerem a presença de uma infecção. BIOQUÍMICA 05/11/2020 09/11/2020 17/11/2020 25/11/2020 VALOR DE REFERÊNCIA Ureia 35,00 47,00 23,00 17,00 15 a 38 mg/dL Creatinina 0,40 0,50 0,55 0,59 0,3 a 1,3 mg/dL Glicose 94,00 108,00* 101,00* 99,00 70 a 99 mg/dL Potássio 3,40 2,90* 2,80* 5,20 3,5 a 5,1 mmol/L Cálcio total 7,60* 8,20* 8,20* 7,10* 8,5 a 10,1 mg/dL Sódio 147,00 141,00 137,00 137,00 136 a 145 mmol/L *a paciente apresentou carência de cálcio durante toda internação, e carência de potássio. Avaliação antropométrica e nutricional · Circunferência de braço: 35 cm = Não apresenta risco de desnutrição ou inadequação de massa muscular · Circunferência de panturrilha: 41 cm · Adequação CB(%) = 41 X 100 / 28,5 = 143,8% = Obesidade · Altura do Joelho: 51 cm · Estimativa de altura 70,25 + (1,85 x 50,5) – (0,06 x 41) 70,25 + 93,425 – 2,46 70,25 + 90,965= 1,61m · Estimativa de peso (1,01 x 50,5) + (2,81 x 35) – 66,04 51,005 + 98,35 – 66,0 = 83kg Interação droga-nutriente DROGA FUNÇÃO INTERAÇÂO DROGA-NUTRIENTE BROMOPRIDA Não interage com os alimentos PROPORFOL Sedação consciente para procedimentos cirúrgicos e de diagnóstico Não interage com os alimentos CLORIDRATO DE DEXMEDETOMIDINA Sedação de pacientes em tratamento intensivo Não interage com os alimentos CLORIDRATO DE ONDANSETRONA Indicado na prevenção e tratamento de náuseas e vômitos em geral Não interage com os alimentos OMEPRAZOL Protetor gástrico, contra a alta produção de ácido clorídrico ↓ absorção de Fe e Vit B12 Interação benéfica: suco de laranja ou maçã MIDAZOLAM Sedação em Unidades Terapia Intensiva O alimento não afeta sua farmacocinética CITRATO DE FENTANILA Analgesia Não interage com os alimentos METRONIDAZOL Tratamento de vaginites Nutrientes retarda sua absorção, mas não interfere na concentração plasmática. O fármaco ↓ a absorção de Vit B12 DIPIRONA Analgésico e antitérmico Não interage com alimentos ENOXAPARINA Anticoagulante usado para tratamento de isquemias e infarto do miocárdio Não interage com os alimentos CEFEPIME Tratamento de infecções por bactérias sensíveis Não interage com os alimentos NITROPRUSSIATO DE SÓDIO Vasodilatador de ação rápida e curta duração Não interage com os alimentos ANLODIPINA Anti-hipertensivo Depleta: K, Ca e Vit D CLONIDINA Anti-hipertensivo Não interage com alimentos RISPERIDONA Tratamento de transtornos mentais Não interage com alimentos CLORIDRATO DE HIDRALAZINA Anti-hipertensivo O alimento não afeta significativamente absorção Diagnóstico nutricional IMC: 83,3 ÷ (1,61)2 = 32,1 kg/m2 Classificação: Obesidade grau 1 Estimativa de peso ideal: 20,8= P / (1,61)2 P = 53,900 kg Adequação de peso: 83,3 x 100 ÷ 53,9 = 154% Obesidade Peso ajustado (83,3 – 53,9) x 0,25 + 53,9 Peso ajustado= 61,500 kg Cálculo das necessidades energéticas GEB: 655,1 + (9,56 x 61,5) + (1,85 x 158cm) – (4.68 x 72) = 1.349 kcal/dia VET = GEB x FA x FI VET = 1.349 x 1.3 x 1.0 = 1.753 kcal/dia Orientação nutricional Conduta nutricional hospitalar - Terapia Nutricional Enteral (inicialmente) - Normocalórica, hiperproteíca, normoglicídica e normolipídica - Suplementação de cálcio - Suplementação de antioxidantes - Após o fechamento da traqueostomia: Dieta por via oral. Consistência líquida. - Dieta branda hipossódica sem resíduo (conduta para a alta hospitalar) Orientação nutricional ao paciente · Evitar consumo de álcool e tabaco · Consumir alimentos fontes de cálcio · Evitar o consumo de produtos processados e ultraprocessados como embutidos, conservas, molhos prontos, temperos prontos, biscoitos e bolachas. · Evite consumo de refrigerantes. · Retire sal de mesa e reduza quantidades de sal nas preparações. · Consumir fontes de cálcio: laticínios e folhosos verdes escuros. · Prefira carnes magras, como: filé de peixe, frango sem pele, patinho, coxão mole. Proposta de educação alimentar e nutricional para alta do paciente A proposta de educação alimentar e nutricional para alta da paciente foi baseada na necessidade de diminuição do sódio em sua alimentação do dia a dia já que esta é hipertensa. Dessa forma, foi ensinado a receita de um sal de ervas em que temperos naturais são misturados a uma pequena quantidade de sal, além de ser entregue à paciente um folder mostrando a quantidade de sódio em diversos produtos industrializados com o objetivo de promover a conscientização pela substituição destes por comida de verdade. Prognóstico A paciente apresentou bom prognóstico, com desfecho em alta hospitalar no dia 30/11. A conduta nutricional para a alta hospitalar foi dieta branda hipossódica sem resíduo Referências bibliográficas MONTENEGRO, Carlos Antônio Barbosa; BURLÁ, Marcelo; FILHO, Jorge de Rezende. Toxemia gravídica – Pré-eclâmpsia/Eclâmpsia. In: MONTENEGRO, Carlos Antônio Barbosa; FILHO, Jorge de Rezende. Obstetrícia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. p. 485-513. COELHO, Bernardo Cardoso Pinto et al. Síndrome HELLP: uma breve revisão. RevMed Minas Gerais, v, 19, n. 2. p. 107-111. 2009 INSTITUTO DE SAÚDE E GESTÃO HOSPITALAR. Manual prescrição e administração segura de medicamentos[digital]. Disponível em: <https://www.isgh.org.br/intranet/images/Servicos/Manuais/2017/ISGH_PLANO_MEDICAMENTOSO_250417_.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2020. SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE CAMPINAS – SP. Orientação Nutricional para hipertensão. Disponível em: http://www.saude.campinas.sp.gov.br/saude/especialidades/nutricao/Orientacao_nutricional_para_Hipertensao_FO1229.pdf . Acesso em 11 dez. 2020. 2
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