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Síndrome de Guillain Barré Sherman Santiago Uiliam Hein Vinicius Caletti Virginia Berger Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências da Saúde Curso de Medicina Departamento de Clínica Médica Disciplina de Clínica Médico-cirúrgica I SGB - Definição básica • Os indivíduos do sexo masculino correm risco ligeiramente maior e, nos países ocidentais, os adultos são mais frequentemente acometidos que as crianças.(Harrison); • Polirradiculoneuropatia aguda, frequentemente grave e fulminante, de natureza autoimune. SGB - Definição básica • Síndrome que envolve comprometimento inflamatório agudo dos nervos periféricos e craniais, levando à debilidade simétrica progressiva e ascendente dos membros, podendo também apresentar formas atípicas de evolução. (Beneti; G. M. et al). SGB - Epidemiologia • Segundo Tavares et al. (2000): Patologia que ocorre em todo mundo, em qualquer época do ano, afetando adultos e crianças, homens e mulheres, independente da classe social e hábitos de vida, parecendo ser mais frequente com o avançar da idade e mais comum nos homens, com incidência anual na América do Norte de 02 a 04 casos por 100.000 habitantes, apresentando padrões epidemiológicos semelhantes no mundo todo; SGB - Epidemiologia • Ministério da Saúde: A Síndrome de Guillain-Barré é a maior causa de paralisia flácida generalizada no mundo, com incidencia anual de 1 a 4 por 100.000 habitantes, e pico entre os 20 e 40 anos de idade. Nao existem dados epidemiológicos específicos para o Brasil. SGB - Fisiopatologia • Doença autoimune, acomete primordialmente a mielina da porção proximal dos nervos periféricos. Aproximadamente 60% a 70% dos pacientes apresenta alguma doença aguda precedente (1 a 3 semanas antes). A infecção por Campilobacter jejuni é a mais frequente (32%), citomegalovírus (13%), vírus Epstein Barr (10%) e outras infecções virais, como Hepatite por vírus tipo A, B e C, influenza e HIV. Outros fatores precipitantes são cirurgia, imunização e gravidez. (MS) SGB - Fisiopatologia • Cerca de 70% dos casos de SGB ocorrem 1 a 3 semanas após processo infeccioso agudo, em geral respiratório ou GI. As técnicas de cultura soroepidemiológicas mostram que 20 a 30% de todos os casos que ocorrem são precedidos de infecção ou reinfecção por Campylobacter jejuni. SGB - Fisiopatologia • Nas formas desmielinizantes da SGB, a origem da paralisia flácida e do distúrbio sensorial é o bloqueio de condução. Esse achado, demonstrável eletrofisiologicamente, indica que as conexões axonais permanecem intactas. A recuperação pode ocorrer rapidamente conforme a remielinizacao ocorre. Uma degeneração axonal secundária maior correlaciona-se com taxa de recuperação mais lenta e maior grau de incapacidade residual. SGB - Fisiopatologia SGB - Fisiopatologia SGB - Diagnóstico FATORES NECESSÁRIOS: • Déficit simétrico em todos os membros, com fraqueza muscular progressiva ascendente (desde paresia leve até paralisia completa). • Parestesias nos pés e nas mãos • Arreflexia ou hiporreflexia generalizada por 1 semana. SGB - Diagnóstico SINTOMAS: • Fraqueza muscular, fraqueza facial, fraqueza muscular extraocular, ptose • Dificuldade respiratória • Problemas de fala, disartria, disfagia • Parestesia, hiporreflexia ou arreflexia • Dor nas costas e pernas • Fraqueza orofaríngea por disfunção bulbar • Nível alterado de consciência • Ataxia, anisocoria, pupilas não reativas, oftalmoplegia (menos comuns) SGB - Diagnóstico FATORES QUE APOIAM: • Manifestações clínicas • Características do líquido cerebrospinal: • A nível elevado ou elevação seriada da proteína do LCS (o pico geralmente se dá na 3ª ou 4ª semana, na 1ª semana o nível pode estar normal). • Contagens de células do LCS <10 células mononucleares/mm³ (se a contagem for maior que 10 células mononucleares/mm³, deve-se considerar a associação de outras doenças: HIV, CMV, lúpus, lyme, hodgkin, entre outras. SGB - Diagnóstico Achados de medicina eletrodiagnóstica (ENMG) que sustentam o diagnóstico: • 80% dos pacientes apresentam evidências de diminuição da velocidade de condução/bloqueio de condução em alguma fase durante o processo patológico. • O aumento da latência* (dispersão temporal) motora distal pode alcançar 3 vezes os valores normais. • As ondas F (ondas que avaliam condução ao longo de todo o comprimento do nervo) indicam redução proximal da velocidade de condução*. • Pode-se observar a ausência de anormalidades nos estudos de condução nervosa durante várias semanas. Obs. O padrão de lesão axonal é menos frequente e designa algumas formas variantes. SGB - Diagnóstico ENMG • Função: distinguir distúrbios neurogênicos de miogênicos. • Doenças que podem ser diagnosticadas ou confirmadas com ENMG: Neuropatia por compressão, Neuropatia desmielinizante, Síndrome de Lambert-Eaton, Síndrome do homem rígido (Moersch-Waltman), Síndrome de Isaacs, Miastenia gravis, Síndrome de Guillain-Barré e Polimiosite. SGB - Diagnóstico SGB - Diagnóstico SGB - Diagnóstico SGB - Diagnóstico SGB - Diagnóstico SGB – Diagnóstico diferencial Mielopatias agudas (especialmente com dor no dorso prolongada e perturbações esfinctéricas); difteria (perturbações orofaríngeas precoces); polirradiculite de Lyme e outras paralisias transmitidas por carrapatos; porfiria (dor abdominal, crises epilépticas, psicose); neuropatia vasculítica (medir velocidade de hemossedimentação); poliomielite (febre e meningismo comuns); vírus do Nilo Ocidental; polirradiculite por CMV (em pacientes imunocomprometidos); neuropatia ou miopatia de uma doença crítica; distúrbios da junção neuromuscular, como miastenia gravis e botulismo (perda precoce da reatividade pupilar); intoxicações por organofosforados, tálio, arsênico, moluscos paralíticos; hipofosfatemia grave (rara). Obs. Exames laboratoriais são úteis principalmente para excluir a presença de afecções que simulam a SGB. SGB - Tratamento • Início precoce melhora o prognóstico. • Após a evolução atingir o patamar, apenas terapia conservadora. • Imunoterapia IgG-IV ou Plasmaférese. A plasmaférese e a imunoglobulina intravenosa (IGIV) têm sido igualmente eficazes. A escolha entre elas normalmente depende da instituição. • A combinação de IgG-IV com Plasmaférese não mostrou resultados superiores às mesmas terapias isoladamente. • Corticóides não são úteis no tratamento de SGB. • Reincidivas: repetir o tratamento é, geralmente, eficaz. SGB – Tratamento - Diretrizes • Plasmaférese: o plasma é separado das células usando a filtragem ou centrifugação da membrana simultaneamente com reposição de plasma e albumina. removendo os auto- anticorpos IgG e a deposição do complemento. • Trabalhoso, requer equipe qualificada para circulação extracorporal, expõe o paciente a morbidades relacionadas ao procedimento. SGB – Tratamento - Diretrizes • Se houver alguma contraindicação para IGIV (a saber, deficiência de IgA ou insuficiência renal contínua), a plasmaférese será a melhor opção. • A dose da plasmaférese é administrada por meio de um cateter venoso central (Mahurkar), 50 mL/kg do peso corporal em dias alternados durante 7 a 14 dias. • Durante a administração, os pacientes devem ser monitorados rigorosamente quanto a anormalidades eletrolíticas e coagulopatias. SGB – Tratamento- Diretrizes • Em comparação com a IGIV, a plasmaférese mostrou mais casos de pneumonia, atelectasia, trombose e dificuldades hemodinâmicas. • A hipocalcemia é um efeito adverso esperado. • As complicações incluem infecção grave, instabilidade da PA, arritmias cardíacas e embolia pulmonar. SGB - Tratamento - Diretrizes • Imunoterapia IgG-IV: inibe a ativação do complemento que acontece após a ligação do autoanticorpo na periferia dos antígenos dos nervos. • A IGIV é um hemoderivado agrupado que corre o risco de transmitir infecção e pode precipitar anafilaxia em uma pessoa com deficiência de IgA. No entanto, ela é muito mais fácil de administrar por ser uma infusão intravenosa periférica. SGB - Tratamento - Diretrizes • Pacientes não deambulantes, 4 semanas desde o início dos sintomas e para pacientes deambulantes nas 2 semanas desde o início dos sintomas. • Opção primária: imunoglobulina humana normal intravenosa: 400 mg/kg/dia por via intravenosa por 5 dias SGB - Suporte - Diretrizes • Conforme gravidade/evolução: PA, FC, profilaxia de TVP: heparina ou enoxaparina subcutânea; meias; fisioterapia; • A intubação inicial deve ser considerada para pacientes com disfunção bulbar, alto risco de aspiração e nova atelectasia na radiografia torácica. • Assim que o paciente é intubado, a necessidade de traqueostomia deve ser considerada a partir da semana 2. • Dor: fase aguda – gabapentina ou carbamazepina; neuropática - Antidepressivos tricíclicos, tramadol, gabapentina, carbamazepina ou mexiletina. Síndrome de Guillain-Barré SGB - Artigo • A enzima degradadora de IgG do Streptococcus pyogenes (IdeS) consegue clivar autoanticorpos patôgênicos em F(ab’)2 e Fc. • O IdeS clivou os anticorpos IgG anti-gangliosídeo e inibiu a deposição do complemento mediada por anti-GM1 anti-GD1A e anti-GQ1B. SGB - Artigo • Gangliosídeos de alguns microrganismos podem ser similares aos ganglíosideos presentes em alguns nervos (nódulos de Ranvier e células de Schwann) e induzir a produção de IgG anti-GM1 ou anti- GD1a. • Tramentos padrão: 20% dos pacientes ficam severamente desabilitados e 5% morrem. (Hughes, RAC. et al. Immunotherapy for Guillain-Barré syndrome: a systematic review) SGB - Artigo SGB - Artigo • IdeS basicamente degrada os anticorpos IgG na fração F(ab’)2 e Fc. A porção F(ab’)2 continua se ligando a superfície alvo, no entanto, a porção Fc fica inutilizada e dessa forma, não ocorre a ativação do sistema de complemento. • O efeito da IdeS foi diretamente proporcional à quantidade de IdeS utilizada e o tempo de exposição. SGB - Artigo • O uso repetido de IdeS pode aumentar o número de anticorpos IgG anti- IdeS e isso pode causar reações adversas graves de hipersensibilidade. Não é recomendado seu uso repetido. Streptoquinase • Há também o risco aumentado de infecção com o uso de IdeS por ser um fator de virulência e uma preocupação teórica que anticorpos contra os receptores da imunoglobulina podem amplificar uma resposta complemento mediada por C3b2
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