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SP 2.3 A dengue veio pra ficar? - Baço 1 🦟 SP 2.3 A dengue veio pra ficar? - Baço Fábio e Alessandra são estudantes de Medicina e vão fazer uma visita domiciliar a Evandro e Roberta, pais da pequena Manuela. Os três receberam diagnóstico de dengue pelo médico da USF, Dr. Eurico. Dr. Eurico orientou a visita aos alunos, mostrou previamente o prontuário da família e explicou que a intenção era dar seguimento ao cuidado. Ao chegar ao domicílio foram bem acolhidos, e tentaram orientar o que a família precisava fazer: hidratação, medicamentos e vigiar os sinais de piora. Mas, Evandro e Roberta estavam cheios de dúvidas: Evandro: “Doutores, o que são essas manchas vermelhas no lado da minha barriga, é o vírus que está aí...?” Roberta: “Posso passar essa doença para outras pessoas? E essa minha dor na barriga que começou hoje no 5o dia logo que passou a febre, o que eu tomo? A Manoela está muito enjoada e não aceita alimentação...” Roberta: “A doença é mais grave em crianças ou adultos?” Fábio e Alessandra respiraram fundo e se sentaram para conversar com o casal. Portfólio: A aula hoje foi muito interessante já que estamos direcionando cada vez mais os assuntos e isso torna mais fácil sabermos até onde devemos ir. Claro que não é fácil mas ajuda muito já que é bem específico. Na aula ficamos um pouco perdidos nas questões e como organizar-las, mas acho que conseguimos contemplar todos os objetivos relacionado a Dengue. Problemas: Varias dúvidas e o desconhecimento da família; SP 2.3 A dengue veio pra ficar? - Baço 2 Criança não estar se alimentando Manchas Vermelhas Dor na barriga; Os 3 terem recebido diagnóstico de dengue; Febre e enjoo; Sintomas prolongados Dr não instruiu muito bem a família; Hipóteses: Varias dúvidas e desconhecimento da família levou a ficarem preocupados; Pode ser transmissível? Os três apresentam diagnóstico de dengue e apresentam sintomas distintos Adultos e crianças tem sintomas diferentes A falta de instrução do médico pode ter levar o desconhecimento da familia As condições de moradia dos pacientes podem colaborar para o aparecimento da doença Sistema imunológico frágil Criança não está se alimentando por conta da febre e do enjoo Questões de Aprendizagem: ARBOVIROSES-200217-005405-1583175024.pdf https://drive.google.com/viewerng/viewer?url=https://sanar- courses-platform-files.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ARBOVIR OSES-200217-005405-1583175024.pdf?pid%3Dexplorer&efh= false&a=v&chrome=false Como ocorre a infecção viral? Classificação, diagnóstico e Virus https://drive.google.com/viewerng/viewer?url=https://sanar-courses-platform-files.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ARBOVIROSES-200217-005405-1583175024.pdf?pid%3Dexplorer&efh=false&a=v&chrome=false SP 2.3 A dengue veio pra ficar? - Baço 3 BIOLOGIA - Google Drive https://drive.google.com/drive/u/1/folders/117xRoD 1JJfTfprZ90jH69Tf4yFJrYQDT BIOLOGIA - Google Drive https://drive.google.com/drive/u/1/folders/117xRoD 1JJfTfprZ90jH69Tf4yFJrYQDT Qual a fisiopatologia da Dengue? Fisiopatologia Assim que o paciente é contaminado pelo mosquito, o vírus penetra na corrente sanguínea e nesse primeiro momento ele vai se deslocar preferencialmente para 3 locais: Monócitos; Linfonodos; Musculatura Esquelética. O objetivo nessa etapa é se multiplicar, então o RNA viral vai ser interpretado nos lisossomos para que sejam produzidas proteínas virais e, daí, a maturação dos vírions irá ocorrer dentro de organelas como o Complexo de Golgi ou o Retículo Endoplasmático, o que permitirá a liberação dos mesmos novamente na corrente sanguínea após um determinado período. É nesse momento que o vírus irá se disseminar por todo o corpo do paciente estimulando a produção de citocinas pró-inflamatórias - como a TNF-a e IL-6, especialmente - e iniciando a fase sintomática da doença, sendo que uma das estruturas mais afetadas pela inflamação é a parede vascular, o que acaba aumentando a permeabilidade dela e, com isso, pode desencadear hemorragias ou a perda de plasma para terceiro espaço. https://drive.google.com/drive/u/1/folders/117xRoD1JJfTfprZ90jH69Tf4yFJrYQDT https://drive.google.com/drive/u/1/folders/117xRoD1JJfTfprZ90jH69Tf4yFJrYQDT SP 2.3 A dengue veio pra ficar? - Baço 4 VÍRUS DENGUE O DENV é um representante do grupo B dos arbovírus do gênero Flavivirus, pertencente à família Flaviviridae. O termo “Vírus da dengue" refere-se a um grupo de quatro vírus relacionados geneticamente e antigenicamente conhecidos como sorotipos DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Possuem genoma de RNA fita simples com senso positivo. O material genético é envolto pela proteína do capsídeo e mais externamente pela membrana bilipídica da célula hospedeira com a inclusão de 180 cópias de duas glicoproteínas virais. Quanto à fisiopatologia, ela é bem mais conhecida em nosso sistema de saúde público. Normalmente, não fatal, autolimitada, que pode ocorrer tanto em infecções primárias quanto secundárias, afetando adultos e crianças. Depois de inoculado, o vírus entram nas células humanas e estimulam monócitos e linfócitos a produzirem citocinas, como TNF-alfa e IL- 6. Essas citocinas terão efeito pró-inflamatório e serão responsáveis pelo aparecimento da febre. Outras estimulam a produção de anticorpos, que se ligam aos antígenos virais formando imunocomplexos. SP 2.3 A dengue veio pra ficar? - Baço 5 Os anticorpos IgM antidengue começam a ser produzidos a partir do quinto e sexto dia. Eles são capazes de neutralizar o vírus de forma que seu aparecimento marca o declínio da viremia. Os anticorpos IgM antidengue podem permanecer detectáveis no soro por até dois meses. Qual o quadro clínico, tratamento e prevenção (vacinas), infecção, reinfecção, prevalência e incidência da Dengue? O vírus da dengue é transmitido pela picada de mosquitos Aedes. A dengue geralmente provoca febre repentina, cefaleia retro-orbital grave, mialgia, adenopatia, exantema característico e dor extrema nas pernas e articulações durante as primeiras horas. A dengue pode provocar febre hemorrágica potencialmente fatal, com tendência a um sangramento e choque (febre hemorrágica por dengue e síndrome do choque da dengue). Suspeitar de dengue se os pacientes vivem ou viajaram para áreas endêmicas se têm sintomas típicos; diagnosticar utilizando sorologia, testes antigênicos ou PCR no sangue. quadro clínico, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A Dengue (doença) é uma das mais importantes arboviroses com caráter endêmico presente no território brasileiro. Possuindo 3 fases distintas: → Fase Febril; → Fase Crítica; → Fase de Recuperação. Os pacientes costumam desenvolver: febre alta de maneira súbita. Esta fase febril aguda dura cerca de 2-7 dias e é muitas vezes acompanhada de rubor facial, eritema cutâneo, SP 2.3 A dengue veio pra ficar? - Baço 6 dor generalizada pelo corpo, mialgia, artralgia dor de cabeça (principalmente, retro-orbitária). Alguns pacientes podem, ainda, apresentar: hiperemia conjuntival. Anorexia, náuseas vômitos FASE FEBRIL A fase febril é a mais conhecida por nós já que corresponde ao período sintomático clássico da doença, então ela se apresenta com uma febre alta (39-40aC) de início súbito e duração de 2 a 7 dias, frequentemente associada àqueles sintomas pouco específicos como: a cefaleia, adinamia, mialgia, artralgia e dor retro-orbitária. Além disso, o paciente também pode ter: náuseas e vômitos, anorexia, diarreia e exantema, sendo que com relação a esses dois últimos sintomas vale destacar que: a) a diarreia costuma ser pouco volumosa, com fezes pastosas e numa frequência de 3-4x ao dia, o que facilita na hora de dife- renciar dos quadros de gastroenterites; SP 2.3 A dengue veio pra ficar? - Baço 7 b) já o exantema, por sua vez, está presente em cerca de 50% dos casos e na maioria das vezes se apresenta no padrão máculopapular, afetando todo o corpo do paciente (face, tronco, MMSS, MMII, mãos e pés) como vemosabaixo: FASE CRÍTICA Após a fase febril, boa parte dos pacientes evoluem direto para a recuperação, havendo melhora dos sintomas e do estado geral. Contudo, uma parte das pessoas podem entrar no que chamamos de fase crítica, a qual se caracteriza por uma melhora da febre entre o 3o e o 7o dia de doença, associada ao desenvolvimento de sinais de alarme, os quais são: Dor abdominal intensa Vômitos persistentes Acúmulo de líquidos Letargia/irritabilidade Hipotensão postural Hepatomegalia (>2cm) SP 2.3 A dengue veio pra ficar? - Baço 8 Sangramento de mucosa Aumento de Ht Esta fase pode estar presente em alguns pacientes, podendo evoluir para as formas graves. Tem início com a defervescência da febre, entre o terceiro e o sétimo dia do início da doença, acompanhada do surgimento dos sinais de alarme. Dengue com sinais de alarme: a maioria dos sinais de alarme é resultante do aumento da permeabilidade vascular, a qual marca o inicio do deterioramento clínico do paciente e sua possível evolução para o choque por extravasamento de plasma. Dengue Grave: nessa fase da doença há extravasamento de plasma podendo ocorrer choque ou acúmulo de líquido com desconforto respiratório, hemorragias ou disfunção orgânica. Choque: ocorre quando um grande volume de plasma é perdido através do extravasamento, o que geralmente ocorre entre os dias quatro ou cinco de doença, geralmente precedido por sinais de alarme. Hemorragia: outra complicação da dengue grave que ocorre devido ao aumento da permeabilidade vascular e plaquetopenia. É mais frequente em pacientes com histórico de úlcera péptica ou gastrites e devido a ingestão de AAS, AINE e anticoagulantes. SP 2.3 A dengue veio pra ficar? - Baço 9 Disfunção orgânica: também pode ocorrer grave comprometimento orgânico, como hepatites, encefalites ou miorcardites. Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. O choque na dengue é de rápida instalação e tem curta duração. Podendo levar o paciente ao óbito em um intervalo de 12 a 24 horas ou a sua recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada Pode ser difícil distinguir, clinicamente, a Dengue de outras doenças febris nesta fase inicial. Além disso, estas características clínicas do início da infecção são indistinguíveis entre os casos graves e não-graves de dengue. Portanto, o monitoramento dos sinais de alerta e outros parâmetros clínicos é crucial para reconhecer a progressão para a fase crítica. tratamento Cuidados de suporte O tratamento da dengue é sintomático. Pode ser usado paracetamol, mas os AINEs, inclusive o ácido acetilsalicílico, devem ser evitados em razão do risco de sangramento. O ácido acetilsalicílico aumenta o risco da síndrome de Reye nas crianças e por isto deve ser evitado. prevenção (vacinas), Pessoas em áreas endêmicas devem tentar se proteger contra picadas de mosquito. Para prevenir transmissão posterior por meio de mosquitos, o paciente com dengue deve ser mantido sob um mosquiteiro até o desaparecimento do 2º período de febre. Estão sendo avaliadas várias candidatas a vacinas tetravalentes. Uma vacina tetravalente, Dengvaxia®, foi licenciada no México em dezembro de 2015 e subsequentemente nas Filipinas e em alguns outros países para uso em pessoas com 9 a 45 anos de idade que vivem em áreas endêmicas (que nos EUA incluem os territórios da Samoa Americana, Guam, Porto Rico e Ilhas Virgens Americanas). A vacina diminui o risco de hospitalização e doença grave nos receptores soropositivos. Entretanto, vacinar crianças que nunca tiveram dengue parece resultar em risco de doença mais grave se elas forem infectadas pela dengue https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/pediatria/miscel%C3%A2nea-de-dist%C3%BArbios-em-lactentes-e-crian%C3%A7as/s%C3%ADndrome-de-reye SP 2.3 A dengue veio pra ficar? - Baço 10 mais tarde; esse efeito levou as autoridades sanitárias filipinas a suspender a vacinação contra a dengue nesse país. A Organização Mundial da Saúde (1 ) e a US Food and Drug Administration recomendam fazer rastreamento pré-vacinação a procura de evidências sorológicas de infecção prévia por dengue e vacinar apenas os pacientes soropositivos. Administram-se três doses em intervalos de 6 meses 1. World Health Organization : Revised SAGE recommendation on use of dengue vaccine. 2018. Acessado em 19/12/19. infecção reinfecção, Hemorragia Grave Além do choque, uma outra complicação muito grave da Dengue é a ocorrência de hemorragias pelo corpo e isso se dá não só pelo acometimento vascular que nós já sabemos que o vírus provoca, mas também pelo fato deles afetarem as plaquetas, o que torna mais difícil o processo de tamponamento. Inclusive, é justamente por conta dessa complicação que é contraindicado para os pacientes com diagnóstico ou suspeita de Dengue, o uso de medicamentos como o ácido acetil-salicílico (AAS) e os AINEs, já que eles afetam a cascata de coagulação e por isso podem acabar estimulando ainda mais as hemorragias. prevalência A dengue é uma arbovirose transmitida por mosquitos do gênero Aedes, especialmente pelo Aedes aegypti. Existem quatro tipos distintos de vírus dengue, DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. A Organização Mundial da Saúde estima que três bilhões de pessoas encontram-se em área de risco para contrair dengue no mundo e que, anualmente, ocorram 50 milhões de infecções, com 500.000 casos de Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) e 21.000 óbitos, principalmente em crianças. No Brasil, desde 1986 vêm ocorrendo epidemias de dengue nos principais centros urbanos do país, com cerca de 3 milhões de casos. Tem-se observado um aumento na severidade dos casos. No período de 1990 a 2006, foram registrados 6.272 casos de FHD, principalmente em adultos com a ocorrência de 386 óbitos. https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/arbov%C3%ADrus-arenav%C3%ADrus-e-filov%C3%ADrus/dengue#v39249310_pt SP 2.3 A dengue veio pra ficar? - Baço 11 Quando um sorotipo viral é introduzido em uma localidade, cuja população encontra-se susceptível ao mesmo, há a possibilidade de ocorrências de epidemias. Entretanto, para que isso ocorra, é necessária a existência do mosquito vetor em altos índices de infestação predial e de condições ambientais que permitam o contacto do vetor com aquela população. incidência Analisar a questão da vacinação contra a dengue no Brasil, e qual a relação com os anticorpos (classificação das imunoglobulinas - sorologia)? Vacinação Imunoglobulinas As imunoglobulinas (anticorpos) são proteínas de importância vital que circulam no sangue e realizam uma grande variedade de tarefas. Eles influenciam significativamente o equilíbrio do nosso sistema imunológico. O tipo de anticorpo predominante no sangue humano é a imunoglobulina G (IgG). As tarefas mais importantes são neutralizar e eliminar vírus e bactérias que entram no corpo, produtos de metabolismo bacteriano (toxinas) e substâncias que são formadas durante a inflamação no corpo, ou quando as células são destruídas. → As imunoglobulinas podem agir de 2 maneiras, com ataque direto e com ativação do sistema complemento. No ataque direto, os anticorpos se ligam aos antígenos diretamente e já provocam sua morte através da aglutinação, precipitação, neutralização e lise. E mesmo assim, há necessidade da ativação do sistema complemento (SC). Na ativação do SC, outros efeitos são causados para melhorar ainda mais a resposta imune, como a opsonização, neutralização, quimiotaxia, entre outros. SP 2.3 A dengue veio pra ficar? - Baço 12 →IGA - Mucosas e saliva é uma imunoglobulina presente na imunidade de mucosas (saliva, suor, lágrimas etc.). → IGD - Membranas presente na membrana do linfócito B e relaciona-se com a diferenciação do linfócito B induzida pelo antígeno. →IGE - Alergias e Helmintos imunoglobulina associada a processos alérgicos e infecções parasitárias e tem a função de desencadear a liberaçãode histamina (mediador químico que provoca resposta inflamatória). →IGM - Infecção aguda anticorpos formados na resposta primária, na fase aguda da infecção, produzidos antes do IgG e com menor especificidade, além de ter a função ativadora do sistema complemento. →IGG - Infecções crônicas/ Imunidade anticorpo principal no soro e nos tecidos produzido no caso de infecções; também marcador de fase crônica, de cura ou imunização, servindo como SP 2.3 A dengue veio pra ficar? - Baço 13 defesa adquirida; realiza processos de opsonização e ativa sistema complemento; é responsável pela imunidade neonatal pois tem a capacidade de atravessar a barreira placentária; e é a imunoglobulina usada como principal no tratamento com Imunoglobulina Humana Hiperimune. https://ibapcursos.com.br/20449606-2/ Fonte: MESQUITA JUNIOR, Danilo et al. Sistema imunitário – parte II: fundamentos da resposta imunológica mediada por linfócitos T e B. Rev. Bras. Reumatol., São Paulo , v. 50, n. 5, p. 552-580, Oct. 2010 . Access on 09 Sept. 2020. Sorologia Questão cíclica da Dengue, formas de combate da Dengue e questão de ações socioambientais: Como prevenção à Dengue, a estratégia que apresenta maior efetividade é o preparo do serviço de saúde antes de período críticos como o verão, por exemplo, e associado a isso o controle vetorial, que podemos conseguir se evitarmos acúmulos água parada. No entanto, essa última é uma ação que requer um grande investimento em divulgação por parte do governo, uma vez que é uma medida de caráter individual, e por isso mais difícil de se conseguir adesão. Além disso, uma vacina contra a doença foi liberada há pouco tempo,mas ainda não é uma coisa 100% efetiva. Na verdade ela é feita com o vírus vivo, porém atenuado - mesmo assim acaba sendo contraindicada para populações de risco como gestantes e imunocomprometidos - e vem apresentado uma prevenção em torno de apenas 60%. Contudo, vale destacar que ela tem evitado a progressão para quadros mais graves em cerca de 80- 95% e é justamente por isso que ela conseguiu se manter no serviço de saúde. https://ibapcursos.com.br/20449606-2/ SP 2.3 A dengue veio pra ficar? - Baço 14 Embora existam relatos da doença desde meados do século XIX e início do século XX no Brasil, a circulação dos vírus dengue só foi comprovada laboratorialmente em 1982, quando foram isolados os sorotipos DENV-1 e DENV-4, em Boa Vista (RR) ficando o país sem notificação de casos por quatro anos. Em 1986, foi isolado o DENV-1 no Estado do Rio de Janeiro causando epidemia e dispersão desse sorotipo para diversas regiões do Brasil. Em seguida, com a introdução do DENV-2, também no Estado do Rio de Janeiro, confirmou-se o primeiro caso de dengue hemorrágico por esse sorotipo, com o aparecimento de formas graves também em outras regiões. Em janeiro de 2001, foi isolado o DENV-3 no município de Nova Iguaçu (RJ). Em 2010, o DENV-4 foi isolado a partir de casos detectados no estado de Roraima e no Amazonas. Em janeiro de 2011, foi isolado no Pará e, em março do mesmo ano, os primeiros casos de DENV-4 no Rio de Janeiro foram confirmados pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Diferença entre quadro clinico de dengue entre crianças e adultos: A dengue na criança, na maioria das vezes, apresenta-se como uma síndro- me febril com sinais e sintomas inespecíficos: apatia, sonolência, recusa da ali- mentação, vômitos, diarréia ou fezes amolecidas. Nos menores de 2 anos de idade, especialmente em menores de 6 meses, os sintomas como cefaléia, mialgias e artralgias podem manifestar-se por choro persistente, adinamia e irritabilidade, geralmente com ausência de manifesta- ções respiratórias, podendo confundir com outros quadros infecciosos febris, próprios desta faixa etária. As formas graves sobrevêm geralmente em torno do terceiro dia de doen- ça, acompanhadas ou não da defervescência da febre. Na criança, o início da doença pode passar despercebido e o quadro grave ser identificado como a primeira manifestação clínica. O agravamento geral- mente é súbito, diferente do adulto, no qual os sinais de alarme de gravidade são mais facilmente detectados. O exantema, quando presente, é maculopapular, podendo apresentar-se sob todas as formas (pleomorfismo), com ou sem prurido, precoce ou tardiamente. SP 2.3 A dengue veio pra ficar? - Baço 15 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/dengue_diagnostico_manejo_adulto_crianca_3ed.pdf Febre hemorrágica A febre hemorrágica da dengue com a síndrome de choque da dengue é uma variante da apresentação que ocorre principalmente nas crianças com < 10 anos de idade que vivem onde a doença é endêmica. A febre hemorrágica da dengue frequentemente requer exposição prévia ao vírus da dengue. A febre hemorrágica da dengue é uma doença imunopatológica; complexos imunes dos anticorpos do vírus da dengue desencadeiam a liberação dos mediadores vasoativos pelos macrófagos. Os mediadores aumentam a permeabilidade vascular, provocando derrame vascular, manifestações hemorrágicas, hemoconcentração e derrames serosos, que provocam o colapso circulatório (síndrome do choque da dengue). Sinais e sintomas A febre hemorrágica da dengue frequentemente começa com febre e cefaleia de início abrupto, sendo inicialmente indiferenciável da dengue clássica. Os sinais de alerta que preveem possível progressão para dengue grave são Sensibilidade e dor abdominal intensa Vômitos persistentes Hematêmese Epistaxe ou sangramento das gengivas Fezes enegrecidas (melena) Edema Letargia, confusão ou agitação Hepatomegalia, derrame pleural ou ascite Alteração acentuada na temperatura (de febre à hipotermia) https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/dengue_diagnostico_manejo_adulto_crianca_3ed.pdf SP 2.3 A dengue veio pra ficar? - Baço 16 A doença piora e o choque pode se desenvolver rapidamente em 2 a 6 dias após o início. As tendências hemorrágicas se manifestam da seguinte forma: Normalmente, como púrpura, petéquias, equimoses ou em locais de injeção Às vezes, como hematêmese, melena ou epistaxe Ocasionalmente, como hemorragia subaracnoidea Broncopneumonia com ou sem derrames pleurais bilaterais é comum. Miocardite pode ocorrer. A taxa de mortalidade normalmente é < 1% nos centros experientes, mas, por outro lado, pode chegar a 30%. Quais as políticas públicas e as formas de rastreamento da Dengue pelo SUS?