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DA PERDA E DA SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR

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65
FACULDADE CATHEDRAL DE ENSINO SUPERIOR
DIREITO
DA PERDA E DA SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR
IZABELLE AIRES PERSAUD
Boa Vista - RR
2017
FACULDADE CATHEDRAL DE ENSINO SUPERIOR
IZABELLE AIRES PERSAUD
DA PERDA E DA SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR
Monografia apresentada à faculdade Cathedral, como requisito para obtenção do titulo de graduação em Direito.
Orientador: Prof. Serguei Ally Franco de Camargo
Boa Vista - RR
2017
IZABELLE AIRES PERSAUD
DA PERDA E DA SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR
Monografia, requisito parcial para obtenção do titulo de graduação em Direito da Faculdade Cathedral, tendo por banca examinadora, os seguintes membros:
______________________________________________
Prof. Dr. Serguei Ally Franco de Camargo
ORIENTADOR
______________________________________________
Dra. Luiama de Matos Azevedo
MEMBRO
______________________________________________
NÃO DEFINIDO
MEMBRO
Boa Vista/RR, 07 de junho de 2017.
Dedico aos meus pais, que são exemplos de força, coragem e perseverança em minha vida; e a toda a minha família, formadores do meu caráter e princípios. 
À minha avó materna, pela força a mim destinada.
	
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, aos Deuses, pelo suporte, dentre esses 5 anos de caminhada.
	
À meus pais, por toda a preocupação, pois sem eles nada disso seria possível.
Aos meus amigos Andreza, Breno, Heloísa, Glenda e Rafael, pelas injeções de animo, nas minhas horas difíceis. Foram indispensáveis nessa caminhada árdua. 
Aos meus futuros colegas de profissão, pelos anos de companheirismo e aprendizado.
Ao meu orientador, Dr. Serguei Ally Franco de Camargo, pelo empenho, paciência e dedicação, ao meu trabalho destinados.
	
“De todos os presentes da natureza para a raça humana, o que é mais doce para o homem do que as crianças?” 
(Ernest Hemingway)
RESUMO
Esse trabalho tem como abordagem principal, ilustrar a evolução ocorrida, no antigo instituto, que denomina "Pátrio Poder", tendo por base, uma breve explanação da Civilização Romana, passando brevemente pelo Código Civil de 1916, sua aplicação no Direito, naquele tempo, e depois pelas transformações trazidas na Constituição Federal de 1988, até chegar nos tempos atuais. 
RESUMEN
Este trabajo tiene como principal enfoque, la exposición de la evolución del instituto, que denominó "Pátrio Poder", basado en una breve explicación de la civilización romana, pasando brevemente en el Código Civil de 1916, para su aplicación en la ley, en el tiempo antigo, y luego los cambios introducidos en la Constitución Federal de 1988, hasta la actualidad.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................... 10
1. CONTEXTO HISTÓRICO DO PÁTRIO PODER ........ 12
1.1 Civilização Romana ........................................................... 12
1.2 O Antigo Direito Brasileiro ............................................... 13 
1.3 O Pátrio Poder no Código Civil de 1916 ........................... 15 
1.4 Estatuto da Mulher Casada ................................................ 16 
1.5 Constituição Federal .......................................................... 18 
1.6 Estatuto da Criança e do Adolescente ................................ 20 
1.7 Código Civil de 2.002 ........................................................ 20
2. PODER FAMILIAR .......................................................... 23 
2.1 Transformação do Pátrio Poder ao Poder Familiar ............ 23 
2.2 Conceito de Poder Familiar ............................................... 24 
2.3 Críticas a expressão Poder Familiar ................................... 24
2.4 Titularidade do Poder Familiar .......................................... 27
2.4.1 Sujeito Ativo ................................................................... 27 
2.4.2 Sujeito Passivo ................................................................ 28
2.5 Características do Poder Familiar ...................................... 29
2.6 Do Exercício do Poder Familiar ........................................ 30
3. DAS LIMITAÇÕES DO PODER FAMILIAR................ 33
3.1 Suspensão ........................................................................... 33 
3.2 Extinção ............................................................................. 34
3.3 Perda .................................................................................. 35
CONCLUSÃO ........................................................................ 37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................. 39
INTRODUÇÃO
	O Direito de Família foi uma das áreas, que mais obteve alterações durante a transformação das relação políticas, sociais e econômicas. Por mais que, a família tenha sua acepção reesruturada, com base, nas alterações costumeiras e fortemente idealizadas pela sociedade; sua definição atual é totalmente diferente da definição de família, elencada no Direito Brasileiro.
	No decorrer do século passado, de acordo com a transformação das relações do pai com os filhos; ocorreu uma mudança fundamental no que se faz referência, ao pátrio poder, que está elencado no Código Civil de 1916, o qual tinha por finalidade o exercício do poder do pai sobre os filhos, que era embasado no temor da mãe, no quesito, autoridade paterna.
	O referido instituto transformou-se em uma relação jurídica complexa, passando a estabelecer divisões de responsabilidades de forma igualitária entre os pais, tais como poderes e deveres de guarda, vigilância, assistência e educação sobre os filhos; sem quaisquer obtenções de regalias entre um e outro.
	
Toda criança têm o direito de viver com sua família e ter os seus direitos, além de ser protegida de toda e qualquer discriminação e abuso.
Ocorre que nem sempre isso acontece e, até mesmo aqueles a quem mais compete o dever de proteção, não respeitam tais mandamentos.
Os direitos da criança foram protegidos de forma especial pela Constituição Federal de 1988, que estabelece em seu artigo 227 ser “dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade. O direito à`vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda a forma de negligência, discriminação, exploração, violência crueldade e opressão”, sendo tais deveres previstos também no artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente.
1. CONTEXTO HISTÓRICO DO PÁTRIO PODER
1.1 Civilização Romana
Em Roma, a família se estabeleceu como uma unidade, a qual possuía autonomia política, econômica e principalmente religiosa, uma vez que independia de consangüinidade, pois para formá-la bastava cultuar os mesmos antepassados. Acreditava-se que toda a religião residia na figura paterna, o qual, por sua vez, era chamado de paterfamilias, sendo revestido de um poder ilimitado e absoluto, que incumbia de ser pai de família, chefe religioso, proprietário ou juiz.
	Leite (1991, pág. 38), observa que, a família romana era formada por conjunto de pessoas, submetidas à um chefe, o qual poderia ser tanto o pai, quando o avô, quanto o bisavô, porém deveria sempre ser o antepassado vivo, pelo lado masculino. Seus descendentes lhe eram sempre subordinados, qualquer que fosse sua idade e o seu estado civil, sendo que tal poder perdurava toda a vida, extinguindo-se somente com a morte.
	Para Castelo Branco (1960, pág. 17), define a autoridade como a principal característica da família romana, não sendo de relevante importância para sua formação os laços de consangüinidade, isto é, bastava a sujeição ao mesmo culto, a adoração aos mesmos deuses e a submissão ao mesmo paterfamilias. 
Para Venosa (2007, pág. 287), este excesso de rigor foi conseqüência da religião doméstica cultuada na época, na qual o paterfamilias não apenas conduzia a religião, como tambémtodo o grupo familiar, impondo regras de convivência a seus membros, as quais eram sancionadas com penalidades rigorosas.
	Revestido da característica do soberano do grupo, o chefe de família, tutelava o sagrado e o privado, julgando os filhos e os demais membros do grupo familiar, exigindo o respeito de todos, inclusive, podendo puní-los até a morte. Desta forma, a família romana era tida como entidade de caráter estritamente privado, onde o direito do pater não tinha outro limite senão os costumes da época, afastando, assim qualquer possibilidade do Estado intervir na esfera familiar. 
	Segundo Coulanges (1998), a antiga língua grega definia a família como sendo épistion, ou seja, aquilo que está dentro de um lar, era considerado um grupo de pessoas cuja religião permitia invocar o mesmo lar e oferecer as refeições fúnebres aos mesmos antepassados.
"Nos tempos antigos, o pai não é somente o homem que tem a força, aquele que pode impor a submissão, é também o sacerdote, o herdeiro do lar doméstico, o continuador dos antepassados, o tronco da descendência, o guarda dos ritos misteriosos, dos cultos e das fórmulas sagradas. A religião inteira reside nele." (Coulanges, 1998.)
1.2 O Antigo Direito Brasileiro 
	O patriarcalismo chegou até o Brasil, segundo Venosa (2007, pág. 287), por intermédio do Direito Português, sendo apregado pelos senhores de engenho e barões do café, os quais deixaram profundas marcas na história brasileira.
	Segundo Rocha (1960, págs. 38 - 41), no direito brasileiro, o pátrio poder seguia as seguintes características:
a) Somente o pai poderia exercê-lo em relação aos filhos, os quais deveriam ser legítimos ou legitimados, sendo que seus efeitos não alcançavam os filhos naturais e os espúrios;
b) A maioridade terminava aos vinte e cinco anos, mas se o filho continuasse a depender do pai, não se cessava o pátrio poder;
c) O pai poderia nomear tutor aos filhos naturais, os quais eram chamados a sucessão, se o pai fosse peão;
As atribuições paternas em relação aos filhos consistiam em:
a) Educá-los e dar-lhes profissão, de acordo com as condições e posses;
b) Castigá-los, moderadamente, porém se incorrigíveis, deveriam entregá-los aos magistrados de polícia, os quais possuíam a função de recolhê-los a cadeia, porém o genitor obrigava-se a sustentá-los;
c) Repetí-los de quem lhes subtraísse e proceder contra os que os pervertessem ou concorressem para isso;
d) Exigir e aproveitar-se dos serviços de seus filhos sem pagamento de salário, exceto se o prometeu;
e) Nomear-lhes tutor testamentário e designar as pessoas que hão de compor o conselho da família;
f) Defendê-los em juízo ou fora dele;
g) Contratar em nome do filho impúbere, quando o contrato lhe pudesse vir em proveito, e intervir com sua autoridade nos contratos do filho púbere; 
Já nas relações patrimoniais, cabia ao pai:
a) A propriedade e o usufruto do pecúlio profetício dado ao filho em administração; 
b) A propriedade, a administração e o usufruto do pecúlio castrense ou quase castrense devidos ao filho;
c) Quanto ao pecúlio adventício o filho possuía a propriedade e o pai os usos e frutos, enquanto o filho estivesse em seu poder;
1.3 O Pátrio Poder no Código Civil de 1916 
Elaborado em 1899, o primeiro Código Civil Brasileiro, segundo Dias (2007, pág. 95), surgiu em 1916, com o advento da Lei nº 3.071 de 01 de janeiro de 1916, e retratava a sociedade conservadora e patriarcal, onde a força física masculina foi transformada em superioridade, autoridade e poder.
Assim, dispunha o artigo 223 antes das reformas que advertiam que "o marido é o chefe da sociedade conjugal" e possuía investidura para comandar e representar a família.
	Por outro lado, a visão relativa a mulher já não era mais a mesma, segundo Monteiro (1968):
"O marido não é entretanto o padrão da mulher; não exerce sobre ela poder algum, como o existente em relação aos filhos menores, através do pátrio poder; não dispõe dos jus corrigendi outrora outorgado pelas ordenações Filipinas e não deve esquecer que de acordo com a lei ela é sua companheira, consorte e colabora nos encargos da família (Código Civil, art. 240), não escrava sob sua manus, como antigamente acontecia entre os romanos."
	Logo de início, o Código Civil incluía a mulher casada no rol das pessoas relativamente incapazes, a qual não podia exercer profissão e residir fora do lar, ao menos que obtivesse a prévia autorização do consorte, ademais, a família identificava-se pelo nome do varão, deste modo a mulher era obrigada a adotá-lo, além disso, o pátrio poder era exclusividade do marido e na falta ou impedimento deste passava a mulher, a qual o perdia se convolasse segundas núpcias.
	Ressalte-se que, no Código Civil de 1916, somente o casamento consistia a família legítima, segundo Dias (2007, pág. 96), assim a condição matrimonial dos pais levava a distinção entre os filhos. Os filhos concebidos fora do casamento não possuíam qualquer direito, recebiam a denominação de espúrios, adulterinos, incestuosos, ou seja, eram todos ilegítimos, não podiam ser reconhecidos enquanto o pai fosse casado, assim a onerada era a mãe, pois cabia a ela sustentar, sozinha, o filho considerado "bastardo", conforme elucida o artigo 383 do Código Civil de 1916, "O filho ilegítimo não reconhecido pelo pai fica sob o poder materno. Se, porém a mãe não for conhecida, ou capaz de exercer o pátrio poder, dar-se-á tutor ao menor."
	Para Monteiro (1968), o homem recebeu tal investidura pela natural necessidade de haver quem assumisse a direção da sociedade conjugal e também por ser ele considerado, pelo sexo e pela profissão, mais apto para receber tal posto, assim, por questão da unidade de direção dos assuntos domésticos, entregava-lhe a autoridade dirigente, a qual tinha por única função evitar discórdias, e impedir a dualidade de decisões.
O novo Código, no artigos 1.630 à 1.638, manteve a disciplina normativa do Código anterior, adaptando-a aos principios determinantes na Constituição, notadamente quanto ao exercício conjunto do poder familiar pelo pai e pela mãe, conforme já tinha sido antecipado o Estatuto da Criança e do Adolescente. O enunciado deficiente da Lei do Divórcio, que se referia ao exercício do patrio poder pelo marido “com a colaboração da mulher”, apenas atenuando a desigualdade entre os gêneros, foi expurgado de vez, na linha do estabelecido pelo ECA.
	
Quando do término da sociedade conjugal, surgiu uma verdadeira disputa em relação a guarda dos filhos menores, assim para solucionar eventuais conflitos. regulamentou-se que, quando se tratava de desquite por mútuo consentimento, segundo Código Civil de 1916, artigo 325, a guarda dos filhos se dava da forma como os cônjuges convencionavam, assim determinava o artigo 325 do Código Civil.
 
	Se litigioso o desquite, cabia ao juiz se pronunciar a cerca do fato, havendo, assim, duas regras especificadas no corpo do artigo 326 do Código Civil, segundo Código Civil, artigo 326:
"Sendo o desquite judicial, ficarão os filhos menores com o cônjuge inocente. Parágrafo 1º: Se ambos forem culpados a mãe terá o direito de conserva em sua companhia as filhas, enquanto menores, e os filhos até a idade dos seis anos.
Parágrafo 2º: Os filhos maiores de seis anos serão entregues a guarda do pai." 
Do confronto entre os dois textos (o antigo e novo Códigos), chega-se à surpreendente conclusão de que a estrutura legal do antigo pátrio poder foi mantida intacta, com modificações tópicas de redação. A ordem, a sequência e o conteúdo dos artigos permaneceram, como se a mudança da denominação e dos titulares (do pai para o pai e a mãe) e a exclusão das referências a filhos legítimos fossem suficientes.
	A alteração de monta foi a exclusão de toda a Seção III do Código de 1916, relativa a pátrio poder quanto aos bens dos filhos, transferida para o Título destinado aos Direito Patrimonial, na forma de Subtítulo deste, com a denominação de “DO Usufruto e da Adminnisttração dos Bens dos Filhos Menores” (arts. 1.689 a 1.693). A matéria, todavia, dizrespeito aos poder familiar. O novo Código mantém o usufruto legal dos bens dos filhos em favor dos pais. A inclusão de artigo prevendo a representação dos filhos menores de 16 anos e a assistência aos filhos entre 16 e 18 anos é de natureza pessoal, não se atendo apenas às questões de cunho patrimonial. Modificando o texto legal anterior, há inovação no sentido de instituição de verdadeiros “bens reservados” em benefício do filho maior de 16 anos que os adquirir em virtude de qualquer atividade profissional que desenvolva (1.693).	
Houve, apenas, duas inclusões ao texto de 1916:
a) Outro tipo de extinção do poder familiar (por decisão judicial);
b) Outro tipo de perda do poder familiar, por ato judicial (incidir, reiteradamente, em falta aos deveres inerentes aos pais);
	
Manteve-se o que já estava previsto com relação aos titulares do poder familiar, ao exercício e à suspensão e extinção.
1.4 Estatuto da Mulher Casada 
	
	O primeiro grande marco histórico, segundo Dias (2007, pág. 96), para romper a supremacia masculina foi a elaboração da Lei nº. 4.121 de 27 de Agosto de 1962, chamada de Estatuto da Mulher Casada, o qual surgiu como um corolário da igualdade jurídica da mulher, modificando em alguns pontos o Código Civil de 1916, em relação ao pátrio poder.
	
	Venosa (2007), dispõe que: 
"A Lei nº. 4.121, de 27.8.1962, Estatuto da Mulher Casada, que eliminou a incapacidade relativa da mulher casada, inaugura entre nós, a era da igualdade entre os cônjuges, sem que, naquele momento, a organização familiar deixasse de ser preponderantemente patriarcal, pois algumas prerrogativas ainda forma mantidas com o varão."
	Uma das mais importantes modificações foi a devolução da plena capacidade civil da mulher casada, a qual passou a ser colaboradora do marido na sociedade conjugal.
	Neste sentido, dispõe o artigo 233 do Código Civil de 1916, que: 
"O marido é o chefe da sociedade conjugal, função que exerce em colaboração da mulher, no interesse comum do casal e dos filhos."
Consagra o artigo 380 do Código Civil e seu parágrafo único, que durante o casamento, o pátrio poder compete aos pais, devendo marido exercê-lo em colaboração com a mulher, sendo que na falta, ou impedindo de um dos progenitores, o outro passará exercê-lo com exclusividade. Outrora, caso haja divergência quanto ao exercício do pátrio poder, prevalece a decisão do pai, ressalvando a mãe o direito de recorrer ao juiz para a solução de divergência.
	Demonstra-se, assim, que embora tímida, começava a ser reconhecida a importância da figura na sociedade conjugal, a qual se encontrava, conforme artigo 240 do Código Civil de 1916, na condição de companheira, consorte e colaboradora do marido nos afazeres familiares.
	Tentando subliminar a dureza da lei, Bevilaqua (1960, pág. 361) leciona que:
"Ambos os cônjuges tem sobre o filho autoridade, a ambos deve o filho respeito. Mas, sendo o pai chefe de família, compete-lhe durante o casamento, o exercício dos direitos que constituem o pátrio poder, sem contudo deixar de ouvir a mulher, em tudo que disser respeito ao interesse do filho."
	Outra grande alteração foi em relação ao artigo 248 do Código Civil de 1916, onde a mulher casada poderia dispor, independe da autorização marital, sobre as pessoas e bens dos filhos do leito anterior, o que era totalmente verdade na lei antecedente, que vinculava os bens a autoridade paterna.
	Cumpre salientar, ainda, outra disposição marcante do Estatuto da Mulher Casada, a modificação o artigo 393, o qual dispunha que: 
"a mulher que contrai novas núpcias não perde, quanto aos filhos do leito anterior, os direitos ao pátrio poder, exercendo-os sem qualquer interferência do marido."
	A esse respeito, discorre Monteiro (1968, pág. 138), que a mãe que contrai novas núpcias não perde o direito de ter consigo os filhos do primeiro casamento, conservando, assim, todos os direitos, podendo tê-los em sua companhia e guarda, bem como velar pela sua criação e orientar-lhes a formação. No entanto, o segundo marido é um estranho o qual não exerce nenhuma autoridade sobre os enteados.
1.5 Constituição Federal 
Promulgada em 5 de Outubro de 1988, a Constituição da República Federativa do Brasil, desencadeou uma revolução, segundo Comel (2003, pág. 39), no Direito de Família, no que tange a igualdade dos cônjuges, modificando o artigo 5º, inciso I, o artigo 226 nos parágrafos 3º, 4º e 6º, bem como no artigo 227, em seus dois últimos parágrafos.
	Neste mesmo embasamento, o artigo 226, parágrafo 5º, estabeleceu que "os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher", traduzindo a intensidade revolucionária em se tratando de direitos e deveres dos cônjuges, significando o fim definitivo da autoridade marital.
Para Lôbo (2008, pág. 39):
"Atualmente a família converteu-se em lócus de realização existencial de cada um de seus membros e de espaço preferencial de afirmação de suas dignidades. Dessa forma, os valores coletivos da família e os pessoais de cada membro devem buscar possibilidades para que as pessoas no âmbito das relações familiares, realizem e respeitem reciprocamente suas dignidades como pais, filhos, cônjuges, companheiros, parentes, crianças, (...)." 
	Segundo Lôbo (2008, pág. 05), o modelo igualitário da família constitucionalizada se contrapõe ao modelo autoritário do Código Civil anterior, onde o consenso, a solidariedade, o respeito à dignidade das pessoas que integram a família, são fundamentos que inspiraram tal revolução legislativa.
	Assim, expedida a proteção do Estado à Família, com o advento da Constituição Federal de 1988, ocorreu uma mudança substancial no sentido de emancipação revelação dos valores pessoais.
	Por sua vez, o parágrafo 6º do artigo 227, equiparou os filhos havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, reconhecendo-lhes os mesmos direitos e qualificações, proibindo quaisquer discriminações e desigualdade de direitos.
	Diante do exposto, segundo Fachin (1996, pág. 119), que o Código Civil de 1916, "transformou-se em verdadeira legislação residual", pois, por ter sido a Constituição Federal quem impôs a igualdade, segundo Dias (2007, pág. 421), entre o homem e a mulher, bem como direitos e deveres do casamento, todas as normas da legislação infraconstitucional, que afrontavam os princípios constitucionais eram tidas como letra morta, portanto o Código Civil passou a não ser mais considerado a lei máxima do Direito de Família.
A Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), sancionada em 1990, trouxe grandes avanços favoráveis às Crianças e aos Adolescentes brasileiros.
Com a sua promulgação houve uma nova interpretação que privilegiou o melhor interesse da Criança e do Adolescente, reconhecendo em lei o seu direito à liberdade, de buscar refúgio e proteção, à dignidade, dentre outros direitos, visto que vigorava à época o Código de Menores, no qual a Criança merecedora de tutela Estatal era somente aquela em “situação irregular”, ou seja, aquela que estivesse abandonada, delinquindo ou em outra situação de vulnerabilidade.
A partir deste momento toda Criança e todo Adolescente passou a ser realmente reconhecido como sujeito de direitos, e não somente aqueles que se encontravam em situação de vulnerabilidade.
	As regras procedimentais do ECA permanecerão, pois o novo Código delas não trata nem é com elas incompatível. No ECA são legitimados para a ação de perda ou suspensão do poder familiar o Ministério Público ou “quem tenha legítimo interesse”. Prevê-se a possibilidade de decretação liminar ou incidental da suspensão de poder familiar, ficando o menor confiado a pessoa idônea (art. 157). A sentença que decretar a perda ou suspensão será registrada à margem do registro de nascimento do menor (art. 163). 
O ECA trata do poder familiar em duas passagens, a saber:
a) No capítulo dedicado ao direito à convivência familiar e comunitária, arts. 21 a 24;
b) No capítulo dedicado aos procedimentos, relativamente à perda e à suspensão do pátriopoder, arts. 155 a 163, que estabelecem regras próprias, uma vez que a legislação processual é apenas supletiva.
Quanto ao direito material, há convergência entre o novo Código e o ECA sobre o exercício conjunto pelo pai e pela mãe, com recurso à autoridade judiciária para resolver as divergências. O Estatuto ressalta os deveres dos pais, enquanto o novo Código, repetindo o anterior, opta pelas dimensões do exercício dos poderes. 
No ECA há previsão de hipótese de perda do poder familiar não prevista no novo Código, justamente voltada ao descumprimento dos deveres da guarda, sustento e educação dos filhos (arts. 22 e 24). Em suma, não se vislumbra antinomia (cronológica ou se especialidade) entre os dois textos legais, não se podendo alvitrar a derrogação da lei anterior (ECA), salvo quanto à denominação pátroi poder, substituída por poder familiar. Como a menoridade, no novo Código, foi reduzida para até os 18 anos – deixou de haver divergência com o que o ECA denomina de criança (até 12 anos) e adolescente (até 18 anos) – para fins do poder familiar, passa a ser a denominação comum aos campos de aplicação de ambas as leis. 
1.7 Código Civil de 2002 
	O Código Civil de 2002 seguiu os moldes do Código Civil de 1916 e trouxe apenas aspectos específicos a respeito desse instituto, regulando quem são os titulares, a quem compete, como se extingue, dentre outros.
	
	A luz dos princípios e normas constitucionais, segundo Oliveira (2003), procurando adptar-se à evolução social e consuetudinária e também incorporando as mudanças legislativas sobrevindas nos últimos anos, culminou-se na Lei 10.406 de 01 de Janeiro de 2002, a qual introduziu algumas alterações que se faziam necessárias, incluindo disposições normativas constantes de leis especiais.
	Cabe ressaltar que a expressão pátrio poder, segundo Comel (2003, pág. 51), foi suprida pela expressão poder familiar, no Direito de Família atual, estando disciplinado no Livro IV - Do Direito de Família, no título I - Do Direito Pessoal, no subtítulo II - Das Relações de Parentesco, no capítulo V - Do Poder Familiar, em três seções: I- Disposições Gerais (artigos 1.630 a 1.633), II - Do Exercício do Poder Familiar (artigo 1.634) e III - Da Suspensão e Extinção do Poder Familiar (artigos 1.635 a 1.638), em um total de nove artigos. Também o título II - Do Direito Patrimonial, no subtítulo II - Do Usufruto e da Administração dos bens dos filhos menores, em cindo artigos (artigo 1.689 a 1.693), perfazendo, portanto, 14 artigos sobre o tema, enquanto que no Código Civil de 1916 a matéria ocupava somente 12 artigos.
	Nos termos do vigente Código Civil, Poder Familiar será exercido pelo pai e pela mãe, não sendo mais o caso de se utilizar, em hipótese alguma, a expressão pátrio poder, totalmente superada pela despatriarcalização do Direito de Família, ou seja, pela perda do domínio exercido pela figura paterna no passado.
	O Poder Familiar, devido às suas características, é importante instituto jurídico, tanto que há diversos direitos e deveres dos pais explícitos e implícitos na Constituição Federal. Ainda, tem-se que verificar que os filhos possuem, em todos os artigos explanados, proteção especial, já que, enquanto menores, necessitam de um maior apoio dos pais.
	A doutrina é concebida sob dois aspectos distintos: Como proteção aos interesses do filho ou como sanção aos pais por infração ao dever de exercer o poder familiar, de acordo com a lei. 
	Para Gonçalves (2011), os "filhos adquirem direitos e bens, sem ser por via de sucessão com os pais. Há, pois, que defender e administrar esses direitos e bens; e, para este fim, representá-los em juízo ou fora dele. Por isso, aos pais foi concebida ou atribuída uma função semipública, designada poder parental ou pátrio poder, que principia desde o nascimento do primeiro filho, e se traduz por uma série de direitos-deveres, isto é, direitos em face de terceiros e que são, em face dos filhos, deveres legais e morais".
Assim, quanto à pessoa dos filhos, preceitua o artigo 1.634 do Código Civil que:
"Art. 1.634: Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:
I - Dirigir-lhes a criação e educação; 
II - Tê-los em sua companhia e guarda;
III - Conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
IV - Nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar;
V - Representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que foram partes, suprindo-lhes o consentimento;
VI - Reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
VII - Exigir que lhe prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição;"
	Temos como conteúdo do poder familiar os direitos e deveres que incumbem aos pais, no tocante à pessoa dos filhos menores, e, ainda, no que tange aos bens dos filhos.
		O exercício do poder familiar está tratado no art. 1.634 da codificação privada, que traz as atribuições desse exercício que compete aos pais, verdadeiros deveres legais à saber:
a) Dirigir a criação e a educação dos filhos;
b) Ter os filhos em sua companhia;
c) Conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
d) Nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar;
e) Representá-los, até os 16 anos, nos atos da vida civil e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;
f) Reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
g) Exigir que lhe obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição;
	Tais atribuições devem ser tidas como verdadeiros deveres legais dos pais em relação aos filhos. Assim, a sua violação pode gerar a responsabilidade civil da autoridade parental por ato ilícito, nos termos dos requisitos constantes do art. 186 do Código Civil de 2002.
	Quanto à última atribuição, o preceito deve ser lido à luz da dignidade humana e da proteção integral da criança e do adolescente.
2. PODER FAMILIAR 
2.1 Transformação do Pátrio Poder ao Poder Familiar 
Na Antiguidade o pater tinha poderes ilimitados sobre os filhos, enquanto a mãe, totalmente submissa, nada podia decidir quanto à educação dos filhos. A evolução do presente instituto foi no sentido do termo “poder familiar”, antes intitulado pátrio poder, deixou de ser o poder que o pai detinha sobre a vida e morte dos filhos, passando a ser um munus público, um poder/dever dos pais no interesse dos filhos. Foi em virtude do reconhecimento dos filhos como seres humanos dotados de dignidade, que se passou a reconhecer seus direitos, destacando o direito/dever de convívio com ambos os pais, independente de coabitação.
Ao longo do século XX, mudou substancialmente o instituto, acompanhando a evolução das relações familiares, distanciando-se de sua função originária – voltada ao exercício de poder dos pais sobre os filhos – para constituir um múnus, em que ressaltam os deveres.	
	
	Acompanhando a evolução das relações familiares, segundo Lôbo (2008, pág. 269), tornou-se necessário, revisar o conceito referente ao pátrio poder, elencado no Código Civil de 1916, pois o mesmo há muito se distanciou de sua função originária. 
"Quanto maiores forem as desigualdades, a hierarquização e a supressão dos direitos, entre os membros da família, tanto maior foi poder e o poder marital. A medida em que se deu a emancipação da mulher casada, deixando de ser alieni iuris, à medida que os filhos foram emergindo em dignidade e obtendo legal isonômico, independentemente de sua origem, houve redução do quantum despótico, restringindo-se esses poderes." (Lôbo, 2008.)
Assim, o novo Código Civil o denominou poder familiar, o qual é o exercício da autoridade temporária, exercida até á maioridade, como também até a emancipação dos filhos.
	Assim, tal evolução deu-se, gradativamente, no sentido da transformação de um poder sobre o outro, em autoridade natural, com relação aos filhos, como pessoasdotadas de dignidade, no melhor interesse deles e da convivência familiar.	
"O poder familiar assume mais uma função educativa, que propriamente de gestão patrimonial, e é ofício finalizado à promoção das potencialidades criativas dos filhos, onde não é possível conceber um sujeito subjugado a outro." (Perlingieri, 1997.)
2.2 Conceito do Poder Familiar 
O Código de 2002, aperfeiçoando a matéria, rompeu com a tradição machista arraigada na dicção anterior, para a expressão “poder familiar”.
As vicissitudes pelas quais passou a família, no mundo ocidental, repercutiram no conteúdo do poder familiar. Quanto maiores foram a desigualdades, a hierarquização e a supressão de direitos, entre os membros da família, tanto maior foi o pátrio poder e poder marital. À medida que se deu a emancipação da mulher casada, deixando de ser alieni juris, à medida que os filhos foram emergindo em dignidade e obtendo tratamento legal isônimico, independentemente da sua origem, houve redução do quantum despótico, restringindo esses poderes domésticos. 
A redução do quantum despótico do antigo pátrio poder foi uma constante, na história do Direito. O patria potestas dos romanos antigos era muito extenso, ao início, pois abrangia o poder da vida ou morte, mas gradativamente restringiu-se, como se vê em antigo aforismo, enunciando que o pátrio poder deve ser exercido com afeição e não com atrocidade.
A evolução gradativa deu-se no sentido da transformação de um poder sobre os outros em autoridade natural com relação aos filhos, como pessoas dotadas de dignidade, no melhor interesse deles e da convivência familiar. Essa é a sua atual natureza.
No Brasil, foram necessários 462 anos, desde o início da colonização portuguesa, para a mulher casada deixar de ser considerada relativamente incapaz (Estatuto da Mulher Casada, Lei nº 4.121, de 27 de agosto de 1962); foram necessários mais 26 anos para consumar a igualdade de direitos e deveres na família (Constituição de 1988), pondo fim, em definitivo, ao antigo pátrio poder e ao poder marital.
	O Poder Familiar, concebido como múnus, é um complexo de direitos e deveres. Não é mais o âmbito de competência delegada ou reconhecida pelo Estado para exercício de poder. Assim, a cada dever do pai ou da mãe corresponde um direito do filho. Portanto, o artigo 1.630, estabelece que “os filhos estão sujeitos a poder familiar, enquanto menores.".
	
Assim, o poder familiar, sendo menos poder e mais dever, converteu-se em múnus, concebidos como encargo legalmente atribuído à alguém, em virtude de certas circunstâncias, a que não se pode fugir. O poder familiar dos pais é ônus que a sociedade organizada a eles atribui, em virtude da circunstância da parentalidade, no interesse dos filhos. O exercício do múnus não é livre, mas necessáriono interese de outrem. É como diz Pietro Perlingieri: “Um verdadeiro ofício, uma situação de direito-dever; como fundamento da atribuição dos poderes existe o dever de exercê-los.”
	Para Rodrigues (2002, pág. 398), "poder de família é a junção dos direitos e deveres atribuídos aos pais, não só com relação à pessoa, mas também para com os bens dos filhos não emancipados, tendo em vista a proteção deles.” Nem a Constituição Federal, nem mesmo as leis infraconstitucionais conceituaram poder familiar.
	Já, para Diniz (2002), "o poder familiar pode ser definido como um conjunto de direitos e obrigações, quanto à pessoa e bens do filho menor não emancipado, exercido, em igualdade de condições, por ambos os pais, para que possam desempenhar os encargos que a norma jurídica lhes impõe, tendo em vista o interesse e a proteção do filho. Ambos tem, em igualdade de condições, poder decisório sobre a pessoa e bens do filho menor não emancipado. Se, porventura, houver divergência entre eles, qualquer deles poderá recorrer ao juiz e a solução necessária, resguardando o interesse da prole". 
Extrai-se do artigo 227 da Constituição, o conjunto mínimo de deveres cometidos à família, a fortiori ao poder familiar, em benefício do filho, enquanto criança e adolescente, a saber: o direito à vida, à saúde, à alimentação (sustento), à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar.
Evidentemente, tal conjunto de deveres deixa pouco espaço ao poder. São deveres jurídicos correpondentes a direitos cujo titular é o filho.
	Para Lôbo (2009), também retrata o poder familiar, dizendo que: 
"O poder familiar (potestàgenitoria) é a autoridade pessoal e patrimonial que o ordenamento atribui aos pais sobre os filhos menores no seu exclusivo interesse. Compreende precisamente os poderes decisórios funcionalizados aos cuidados e educação do menor e, ainda, os poderes de representação do filho e de gestão de seus interesses."
2.3 Críticas a Expressão Poder Familiar 
	Segundo Lôbo (2008, pág. 268), não faz sentido que seja reconstruído o instituto apenas deslocando o poder do pai (pátrio) para o poder compartilhado dos filhos (familiar), pois a mudança foi mais intensa, pelo simples fato de que o interesse dos pais esta ligado ao interesse dos filhos na sua realização como pessoa em desenvolvimento.
	Neste mesmo sentido, critica Rodrigues (2002, pág. 397), ao elucidar que o Código Civil de 2002 ao designar o instituto do poder familiar, pecou seriamente ao se preocupar mais em remover da expressão a palavra "pátrio", por relacioná-la com a figura paterna, do que cuidar para incluir em sua identificação seu real teor, o qual antes de poder, representa um dever dos pais, e não da família, conforme o nome sugere.
	Assim, o pátrio poder converteu se em um múnus público, imposto pelo Estado, aos pais, para que zelem pelo futuro de seus filhos. 
	Segundo Dias (2007, pág. 377), esta é a razão pela qual alguns escritores sugeriram outras nomenclaturas a tal instituto, tais como poder de proteção ou mesmo pátrio dever. 
	Frise-se que nas legislações estrangeiras mais recentes, tais como a legislação francesa e a americana, utiliza-se a expressão "autoridade parental", pois considerem que a palavra "poder" induz a uma espécie de poder físico sobre a pessoa do outro. 
	Assim, a utilização da palavra "autoridade" melhora o conceito e a função do instituto, delimitando uma simples superioridade hierárquica fundada no interesse do menor. Além do mais a palavra "parental" diz respeito à pai e a mãe, de modo que ficasse assentado no próprio termo que tal autoridade compete tanto ao pai quanto à mãe, e não somente a figura paterna, como levava a crer a nomenclatura anterior.
	Tal nomenclatura é utilizada no atual Código Civil, em seu artigo 1.637, o qual elenca que:
“se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando o convenha." 
	Para Comel (2003, pág. 59), ao utilizar a expressão poder familiar, a intenção do legislador era adequar o instituto à concepção de igualdade entre os pais, defendida na Magna Carta, ocorre que o termo poder não condiz com o que a lei espera seja estabelecida entre eles e os filhos menores. Ainda conforme elucida a autora, a expressão familiar dá a idéia de poder não somente aos pais, mas a toda a família, onde poderia se enquadrar os avós e até mesmo os irmãos, ampliando-se a quem vive na mesma casa, não sendo assim, compatível com a finalidade do instituto de modo algum.
2.4 Titularidade do Poder Familiar 
Dizia-se até muito recentemente, segundo Comel (2003, pág. 59), que ambos os pais tinham o poder familiar sobre os filhos, e que o exercício de um não excluía o exercício do outro, porém o que se afastava era o exercício de ambos conjuntamente. 
Deferia-se ao pai, durante o casamento, tal exercício, porém se o genitor viesse a falecer ou em caso de qualquer impedimento, transferia-se o mesmo à mãe, tal disposição encontrava-se elencada noartigo 380 do Código Civil já revogado. 
Tal solução foi alterada, segundo Rodrigues (2002), de maneira que ocorreram duas modificações fundamentais, após a Lei 4.121/1962, ou seja, primeiramente conferiu-se o exercício simultâneo do poder familiar para ambos os cônjuges e secundariamente, possibilitou-se, em caso de divergência entre os mesmos, o recurso judicial. 
	Em relação a titularidade do poder familiar, algumas situações merecem destaque, como é o caso do artigo 1632 do Código Civil, o qual dispõe que:
"A separação judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não alteram as relações entre pais e filhos senão quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua companhia os segundos."
	Assim, Rizzardo (2005, pág. 603), elucida que a titularidade do poder familiar, mesmo após a separação, compete a ambos os cônjuges, entretanto os direitos e deveres se distribuem entre os genitores, haja vista a ausência de um dos cônjuges em lar comum.
	Com o advento da Constituição Federal, a qual trouxe estabelecido em seu artigo 226, parágrafo 5º, que os deveres e direitos referentes a sociedade conjugal serão exercidos em igualdade de condições por ambos os cônjuges, é que tal sucessivamente passou a ser não mais aceita.
	Comel (2003, pág. 69), destaca que:
"No pólo ativo, o poder familiar corresponde aos pais, que em igualdade de condições, tem a responsabilidade pelo cumprimento de todas as atribuições que lhes são inerentes. Em posição de igualdade jurídica, reconhecendo-se a ambos os mesmos direitos e obrigações, já não se fala em competências ou encargos diferenciados tão somente por serem de sexos diferentes."
	Denota-se que, se reconhecido o filho pelo pai, ambos os genitores (pai e mãe) exercem o poder familiar, não interessando com quem se encontre o filho, porém, caso não haja reconhecimento, todo o encargo relativo a tal poder recai na figura materna, a manos que a mãe seja reconhecida ou não possua condições de ter o filho em sua companhia, é a regra do artigo 1.633 do Código Civil: "O filho não reconhecido pelo pai, fica sob poder familiar, segundo a Lei nº 8.560/92, exclusivo da mãe, se a mãe não for conhecida ou capaz de exercê-lo, dar-se-á tutor ao menor." 
2.4.2 Sujeito Passivo 
	Os filhos, qualquer que seja a natureza da filiação, estão sujeitos ao pátrio poder, enquanto menores, de acordo o artigo 1630 Código Civil de 2002.
	Assim, o pólo passivo do poder familiar se estende a todos os filhos menores, que possuam pais reconhecidos, isto é, aqueles que tem vínculo atribuído tão somente pela determinação de paternidade e maternidade, na forma da lei, estendendo-se também aos filhos adotivos, os quais guardam a mesma posição dos filhos biológicos em relação aos pais.
2.5 Características do Poder Familiar
	Para Diniz (2007), "é uma espécie de função correspondente à um encargo privado, sendo o poder familiar um direito - função e um poder - dever, que estaria numa posição intermediária entre o poder e o direito subjetivo". 
Observa Castelo Branco (1960, pág. 50), neste sentido, que:
“o pátrio poder é organizado para um fim especial, corresponde ao exercício de uma função, ao desempenho de um encargo personalíssimo, à observância de deveres que, pelo fato de serem deveres, não podem ser renunciados.”
Já, para Venosa (2002, pág 345), “decorrente da paterndade natural ou legal, o poder familiar não pode ser transferido por iniciativa de seus titulares para terceiros”, sendo portanto indisponível. 
Não se pode confundir a hipótese em que o poder familiar passa a pertencer a outrem, como no caso da adoção, pois não se fala em transferência do poder familiar, e, sim na renúncia deste.
Cabe ressaltar que a referida renúncia é indireta, visto que os pais não podem renunciá-lo pelo simples acordo de vontades, pois o fato da lei impor deveres a eles, com a finalidade de proteger os filhos menores, realça o caráter de múnus público do poder familiar, tornando, assim, o instituto irrenúncivel.
Ainda, tem-se o poder familiar, como um instituto imprescritível, haja vista não se extinguir pelo não uso, ou seja, extingue-se nos casos previstos no artigo 1.635 do novo Código Civil, isto é, pela morte dos pais ou do filho, pela emancipação, maioridade, adoção e por decisão judicial nos casos elencados no artigo 1.638 do Código Civil.
	O poder familiar constitui uma responsabilidade comum dos genitores, de prestar aos filhos, enquanto civilmente incapazes, o necessário aos seu sustento, proporcionando-lhes alimentação, vestuário, educação, moradia, lazer, assistência à saúde, em conformidade com os artigos 227 da Constituição Federal e o 22 do ECA, aduz que “aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir as determinações judiciais".
	
2.6 Do Exercício do Poder Familiar
	
O Código Civil de 1916, dividia o exercício do poder familiar em duas esferas: em relação a pessoa e em relação aos bens dos filhos, previstos no artigo 384 e seguintes. 
O atual Código Civil, por sua vez, estabeleceu com o exercício do poder familiar somente aquelas hipóteses relacionadas à pessoa dos filhos, transferindo para o direito patrimonial: o usufruto e a administração de seus bens.
	O exercício do poder familiar compreende em seu conceito, segundo Lôbo (2008, pág. 275), um conjunto de direitos e deveres o qual tem por finalidade o interesse do menor e do adolescente, assim a medida que o menor desenvolve sua capacidade de discernimento, o poder familiar reduz-se proporcionalmente até findar-se.
O ECA, quando cuida do poder familiar, incumbe aos pais (art. 22) “o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores” e, sempre no insteresses destes, o dever de cumprir as determinações judiciais. Essa regra permanece aplicável, pois aos poderes assegurados pelo novo Código somam-se os deveres fixados na legislação especial e na própria Constituição. O dever de guarda não é inerente ao poder familiar, pois pode ser atribuído a outrem.
	O Código Civil traz em seu artigo 1634, as sete hipóteses de competência e exercício do poder familiar quanto à pessoa dos filhos menores, quais sejam:
I - Dirigir-lhes a criação; II - Tê-los em sua companhia e guarda; III - Conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; IV - Nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer a função familiar; V - Representá-los até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assistí-los, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento; VI - Reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; VII - Exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição. 
Analise-se que: 
I - Dirigir-lhes a criação: Trata-se do zelo material e moral, segundo Rodrigues (2002, pág. 403), além de ser o principal dever dos pais em relação aos filhos, os quais devem oferecer-lhe educação de acordo com seus recursos, escolhendo o estabelecimento, segundo Pereira (2007, pág. 426), de ensino que o menor freqüentará, dando-lhes instrução espiritual, orientando-os a eleger uma profissão. Cumpre ressaltar, que a infração, segundo Gonçalves, ao dever de criação e educação, caracterizam crime de abandono material e abandono intelectual, respectivamente, e constituem causa de perda e suspensão do poder familiar.
II - Tê-los em sua companhia e guarda: Considerando um corolário, ainda segundo Gonçalves (2008, pág. 427), de direito e dever de criação e educação, esta associado ao dever de fixar domicilio. A decisão relativa a guarda é sempre deixada a critério dos genitores, exceto se houver diligências em relação a mesma, ocasião em que o Estado decidirá, inspirando-se sempre no melhor interesse do menor. Nestes casos, a guarda compartilhada apresenta-se como uma possível solução. 
III - Conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem: Tal prerrogativa é incumbida aos progenitores, segundo Pereira (2007, pág. 428), pelo fato deque ninguém manifestará maior interesse pelos filhos do que os próprios pais; a referida decisão é tomada em paridade de condições, considerando-se a regra constitucional, a qual concede equivalência de direitos e deveres dos pais decorrentes do poder familiar. Contudo, em caso de recusa injustificada, o juiz poderá suprir tal consentimento solucionando o desacordo. 
IV - Nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer a função familiar: Trata-se do campo da tutela testamentária, segundo Rodrigues (2002, pág. 404), e só ocorre se um dos titulares do poder familiar for morto ou se por alguma incapacidade estiver impedido de exercitá-lo.
V - Representá-los até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assistí-los, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento: A legislação confere tal proibição aos incapazes, segundo Rodrigues (2002, pág. 404), os quais não possuem condições de atuarem na vida jurídica. Tal proteção tem por finalidade, que por falta de inexistência, os menores pratiquem atos que possam ser prejudiciais a eles próprios, assim, o legislador conferiu tal orientação de uma pessoa capaz, que os represente e os assista em todos os atos da vida civil.
VI - Reclamá-los de quem ilegalmente os detenha: É um direito conferido aos pais, segundo Rodrigues (2002, pág. 404 - 405), e só possui fundamento quando um terceiro detêm ilegalmente a guarda do menor. Assim, a lei propicia aos pais, é a possibilidade, segundo Pereira (2007, pág. 430), de fazer com que retorne, ao domicilio familiar, o filho retirado dali ilegalmente, podendo, socorre-se da via judicial, por intermédio da medida cautelar de busca e apreensão. 
VII - Exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição: Dentre as prerrogativas concedidas aos pais, segundo Rodrigues (2007, pág. 405), estão principalmente o direito de exigir obediência e respeito, sendo que para alcançar tal finalidade, os pais podem castigar os filhos, contando que o faça moderadamente, ou seja, sem prejuízo a sua formação. Entretanto, se o castigo, segundo Pereira (2007, pág. 431), aplicado for excessivo e demasiadamente severo, sujeita o genitor às penalidade impostas no Estatuto da Criança e do Adolescente, que podem variar da suspensão a extinção do poder familiar. Ainda, em relação aos serviços exigidos, deve-se levar em consideração, que o objetivo do legislador foi ressaltar a participação do filho menor, assim, deve cooperar com os genitores na medida de suas forças e aptidões.
Durante o casamento e a união estável, a teor do que dispõe o caput do artigo 1631 do Código Civil (artigo 380 do Código Civil de 1916), compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade.
Vale ainda observar, na perspectiva constitucional do príncipio da isonomia, não haver superioridade ou prevalência do homem, em detrimento da mulher, não importando também, o estado civil de quem exerce a autoridade parental, segundo o artigo 1636:
“Art. 1.636: O pai ou a mãe que contrai novas núpcias, ou estabelece união estável, não exercendo-os sem qualquer interferência do novo cônjuge ou companheiro.
“Parágrafo Único: Igual preceito ao estabelecido neste artigo aplica-se ao pai ou à mãe solteiros que casarem ou estabelecerem união estável.” (No Código Civil/1916, art. 393).
E, segundo o mesmo dispositivo, divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo, à luz da regra maior da inafastabilidade da jurisdição, de acordo o art. 1632:
“A separação judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não alteram as relações entre pais e filhos senão quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em companhia os segundos.” (No Código Civil/1916, art. 381.)
Neste ponto, anotamos que o Código Civil cuidou de disciplinar o conteúdo dos poderes conferidos aos pais, no exercício dessa autoridade parental, conforme se verifica do artigo 1634 do Código Civil (art. 384 do Código Civil/1916).
Os seis primeiros incisos são de fácil inteleção e reforçam a linha de entendimento segundo a qual, posto o poder familiar traduza uma prerrogativa dos pais, a sua existência somente é justificada sob a ótica de proteção do interesse existencial do próprio menor.
No que tange, outrossim, ao inciso VII, pondera, com o equilibrio de sempre, Paulo Lôbo:
“Art. 32:
1 – Os Estados Partes reconhecem o direito da criança de estar protegida contra a exploração econômica e contra o desempenho de qualquer trabalho que possa ser perigoso ou interferir em sua educação, ou que seja nocivo para sua saúde ou para seu desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral ou social.”
2 – Os Estados-partes adotarão medidas legislativas, sociais e educacionais com vistas a assegurar a aplicação do presente artigo. Com tal propósito, e levando em consideração as disposições pertinentes de outros instrumentos internacionais, os Estados-partes deverão, em particular: 
a) Estabelecer uma idade mínima ou idades mínimas para a admissão em emprego;
b) Estabelecer regulamentação apropriada relativa a horários e condições de empregos;
c) Estabelecer penalidades ou outras sanções apropriadas a fim de assegurar o cumprimento efetivo do presente artigo.”
	À vista do exposto, a exigência de serviços além dos limites do razoável poderá caracterizar a exploração da mão de obra infantil e do adolescente, com a aplicação dos sanções criminais e civis correspondentes. 
	Vislumbra-se, com o exposto, que este extenso rol de obrigação, segundo Rodrigues (2002, pág. 402), inerentes ao poder familiar instituído no Código Civil não faz referência aos deveres impostos as pais nos artigos 227 e 229 da Constituição Federal. 
A leitura das hipóteses de exercício do poder familiar está a demonstrar que significam expressão do poder doméstico, sem referência expressa aos deveres, que passaram à frente na configuração do instituto. O novo Código é omisso quanto aos deveres que a Constituição comenteu à família.
É incompatível com a Constituição, principalmente em relação ao príncipio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, e 227), a exploração da vulnerabilidade dos filhos menores para submetê-los a “serviços próprios de sua idade e condição”, além de consistir em abuso (art. 227, parágrafo 4º). Essa regra surgiu em contexto histórico diferente, no qual a família era considerada, também, unidade produtiva e era tolerada pela sociedade a utilização dos filhos menores em trabalhos não remunerados, com fins econômicos. A interpretação em conformidade com a Constituição apenas autoriza aplicá-la em situações de colaboração nos serviços domésticos, sem fins econômicos, e desde que não prejudique a formação e educação dos filhos.
O induzimento ao menor para fugir do lugar em que se exercite o poder familiar constitui crime, sujeito a pena de detenção de um mês a um ano, previsto no artigo 248 do Código Penal. Também constitui crime subtrair o menor à autoridade de quem deetém o poder familiar, sujeito à pena de detenção de dois meses a dois anos (art. 248 do Código Penal). O crime considera-se agravado, com pena de reclusão de dois a seis anos, se a subtração do menor, de quem detém o poder familiar, se der com o intuito de colocá-lo forçosamente em lar substitituto. 
	Artigo 227 da Constituição Federal: 
"É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação. ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda a forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão."
	Artigo 229 da Constituição Federal:
"Os pais tem o direito de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores tem o dever de ajudar e amparar ospais na velhice, carência ou enfermidade."
3. DAS LIMITAÇÕES DO PODER FAMILIAR
	O poder familiar, para Comel (2003, pág. 262), é visto como uma função dos pais, a qual consiste no dever de criar e educar os filhos, tendo sido constituído com força de lei, onde prevalece o interesse e a proteção da prole, devendo prolongar-se por toda a menoridade, não sendo passível de qualquer forma de renúncia voluntária. Desta forma, os pais não podem dispor dele por sua livre conveniência, ainda que detenham justos e bons motivos, pois o poder familiar é um instituto irrenunciável, inalienável e indelegável. 
3.1 Suspensão 
3.1 Suspensão 
A forma como foi redigida a previsão do art. 1.638, rementendo ao inciso IV do art. 1.637 do Código Civil brasileiro (sem correspondente imediato no Código Civil de 1916), referindo-se à possibilidade de perda do poder familiar na reiteração de suspensão do poder familiar, caso em que o juiz, no exercício do poder geral de cautelar, sem aleijar o pai ou a mãe em definitivo da sua autoridade parental, obsta o seu exercício:
“Art. 1.637: Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e deus haveres, até suspendando o poder familiar, quando convenha.”
“Parágrafo Único: Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão.”
No Código Penal:
“Art. 92: São também efeitos da condenação.”
	Trata-se de uma medida excepcional, que visa acautelar a situação dos menores, diante do reprovável comportamento dos seus pais.
De acordo com o artigo 1.637 do Código Civil, "se o pai ou a mãe abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a ele inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha."
	Segundo, o CNJ (2015), a suspensão pode ser decretada em relação à um único filho ou todos os filhos do casal. Uma possibilidade de suspensão, por exemplo, é quando constatado o emprego do filho em ocupação proibida ou contrária à moral e aos bons costumes, ou que coloquem em risco sua saúde. Outra possibilidade para suspensão é a condenação dos pais, em virtude de crime, cuja pena exceda a dois anos de prisão. A suspensão pode ser revista e modificada pelo magistrado sempre que se alterarem o cenário e os fatos que o provocarem.
	Vale anotar que uma vez decretada a perda ou suspensão do poder familiar ainda que o genitor não exerça o poder familiar perante seu filho, ele não deixa de ser pai. Nesse sentido, o referido ato judicial não tem o condão de extirpar o nome do genitor do assento de nascimento do filho, apenas constará uma averbação no referido assento informando que o pai não exerce o poder familiar seja pela suspensão ou destituição.
A suspensão do poder familiar representa medida menos grave, segundo Dias (2007, pág. 387), tanto que pode ser revisada a qualquer tempo, isto é, se superadas as causas que a provocaram, e se atender aos interesses do menor, pode ser cancelada.
A suspensão do poder familiar é uma restrição no exeercício da função dos pais, estabelecida por decisão judicial e que perdura enquanto necessária aos interesses do filho menor. Se dá quando, um ou ambos os pais abusam da autoridade que possuem em relação aos filhos menores, falta com os deveres a eles ineretes ou arruína os bens dos filhos.
	Ressalte-se, que tal suspensão pode ser aplicada, segundo Rodrigues (2002, pág. 411), à um único filho, como também ao resto da prole, bem como atingir somente algumas das prerrogativas do pátrio poder. Além do mais, a suspensão é uma faculdade do juiz, pois o mesmo pode deixar de aplicá-la, se o pai ou a mãe se comprometerem a tratar bem os filhos.
"A suspensão é um remédio aplicável quando se caracteriza a inidoneidade do genitor a gerir aproximadamente os interesses econômicos do filho. Em vez de suspendê-lo, dependendo das circunstancias, o juiz pode limitar-se a estabelecer condições particulares, às quais os genitores devem atender." (BIANCA, 2008.) 
		
	A suspensão encontra respaldo legal no artigo 1.637, "caput" e parágrafo único, o qual dispõe que:
"Se o pai ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou ao Ministério Público, a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha.
Parágrafo Único: Suspende-se igualmente ao exercício do poder familiar ao pai ou a mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão." 
	Deve-se acrescentar, ainda, o artigo 24 do Estatuto da Criança e do Adolescente, o qual remete a suspensão do poder familiar aos casos elencados no artigo 22 do mesmo dispositivo legal, onde é determinado que "os pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir as determinações judiciais."
3.2 Extinção
		
O direito romano caracterizava a pátria potestas como vitalícia, ou seja, o poder exercido pelo pai dentro da sociedade familiar só se extinguia com sua morte.
A extinção do poder familiar se dá pela interrupção definitiva do poder familiar dos pais em relação aos filhos. E também, pela morte de um ou ambos os pais, emancipação, por ter o menor completado 18 anos de idade, pela adoção ou ainda por decisão judicial.
Pode se dar por causa não imputável (voluntariamente) a qualquer dos pais (art. 1.635 do Código Civil/2002; art. 392 do Código Civil/1916):
“Art. 1.635: 
a) Pela morte dos pais ou do filho;
b) Pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo único;
c) Pela maioridade;
d) Pela adoção.”
	Verificada qualquer dessas hipóteses, o poder familiar sobre o filho deixa de existir.
O direito luso continuou sustentando esta característica de perpetuidade do poder patriarcal no âmbito familiar, porém admitia outras duas hipóteses de sua extinção além da morte do pai: a emancipação do filho ou o seu casamento.
Estas hipóteses de extinção do poder familiar pertencem à um rol taxativo, sendo que dificilmente encontram-se outras.
	
Percebe-se desta maneira que por se tratar de um rol taxativo e que ocorre de forma natural, a extinção do poder familiar é uma forma menos complexa do que a suspensão e a destituição deste poder.
Dentre as hipóteses albergadas no rol do dispositivo legal supramencionado esta a morte dos pais ou do filho, uma vez que o falecimento de um deles não extingue o poder familiar, porquanto o outro o exercerá sozinho. O poder familiar só cessará quando ambos os genitores vierem a óbito, sendo os filhos menores não emancipados colocados sob tutela. A morte do filho, por sua vez, tem o condão de eliminar a relação jurídica, uma vez que não prospera a razão do poder familiar ser exercido.	
Ressalta Lôbo (2011, pág. 306):
“A extinção não se confunde com a suspensão, que impede o exercício do poder familiar durante determinado tempo, e com a perda. Esta última leva à extinção, ainda que por causas distintas, de rejeição do direito, ao contrário da extinção propriamente dita.”
A extinção do poder familiar acontece na maioria das vezes de forma natural, ou seja, são causas que advém da própria natureza, visto que não dependem necessariamente de um ato para que surtam seus efeitos.
No entanto, pode ocorrer que, em virtude de comportamento (culposos ou dolosos) graves, o juiz, por decisão fundamentada, no bojo de procedimento em que se garanta o contraditório, determine a destituição do pdoer familiar (na forma do art. 1.638 do Código Civil de 2002; art. 395 de Código Civil de 1916).
Trata-se, em tais casos, de uma verdadeirasanção civil, grave e de consequências profundas.
	No tocante a morte dos pais ou do filho ocorre por óbvio, a extinção do poder familiar. Primeiro porque se os pais como detentores de tal múnus faleceram não será mais possível o seu exercício e caso o filho faleça não existirá mais o objetivo principal do poder familiar, porque referido poder só existe se houver filho menor de idade. Importante ressaltar que a morte de um dos pais não extingue o poder familiar, sendo que referido poder será exercido exclusivamente pelo sobrevivente até o filho adquirir a maioridade. Também por óbvio, ocorre a extinção do poder familiar quando o filho atinge a maioridade, aos dezoito anos, ou antes desta idade nos casos e formas previstas em lei.
	A emancipação, nas formas que a lei prevê, também é uma causa extintiva do poder familiar, visto que, com ela o filho, por ato de vontade dos pais, ou qualquer um deles na falta do outro, adquire a maioridade, não sendo mais necessário que os pais defendem os seus interesses.
	A adoção é uma causa de extinção do poder familiar, pois não podem duas pessoas diferentes, sem nenhum vínculo conjugal exercer este encargo, visto que, de acordo com Rizzardo (2009, pág. 622), “[...] a adoção é concedida se os pais renunciarem ao poder familiar, ou se houver sentença declarando a perda ou extinção”.
Assim, temos que o verdadeiro objetivo da destituição do poder familiar de um dos pais não visa castigar o infrator, mas sim proteger o melhor interesse da criança e do adolescente.
	
	A doutrina distingue a perda e a extinção do poder familiar, pois perda, segundo Dias (2007, pág. 387), é uma sanção imposta por sentença judicial, enquanto a extinção ocorre pela morte, emancipação ou extinção do sujeito passivo.
	
	A extinção do poder familiar esta expressa taxativamente no artigo 1.635 e incisos do Código Civil, o qual dispõe que se extingue o poder familiar pela morte dos pais ou do filho, pela emancipação, pela adoção e por decisão judicial.
	Extingue-se, também, o poder familiar por decisão familiar na forma do artigo 1.638 do Código Civil, e se caracteriza pelo castigo imoderado, abandono, prática de atos contrários à moral e aos bons costumes.
Uma das causas que determinam a destituição do Poder Familiar é castigar imoderadamente o filho. Importante frisar que, os pais não são proibidos de corrigir seus filhos, aliás, eles devem tomar esta atitude sempre que necessário para impor respeito e como uma forma educativa, visto que os filhos ainda não tem maturidade suficiente para se responsabilizar por seus atos. 
Assim, descreve Arnaldo Rizzardo (2009, pág. 626):
“Não que sejam proibidas atitudes corretivas dos pais, o que normalmente acontece e mesmo se faz necessário em determinadas circunstâncias. A própria educação requer certa rigidez na condução do procedimento do filho, que não possui maturidade para medir as consequências de seus atos, fato normal e próprio da idade infantil e juvenil.”
Porém, mesmo o Código Civil deixando implicitamente a ideia de que castigos moderados são admitidos, esta atitude vai de encontro com o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. Durante a vigência do antigo pátrio poder era admitido castigo físico como forma de correção a atitudes falhas dos filhos menores, porém hoje, com uma nova concepção deste encargo atribuído aos pais, nenhum tipo de castigo físico ou psicológico é admitido em nosso ordenamento jurídico.
Desta forma preceitua Paulo Lôbo (2011, pág. 309):
“Portanto, na dimensão do tradicional pátrio poder era concebível o poder de castigar fisicamente o filho; na dimensão do poder familiar fundado nos princípios constitucionais, máximo da dignidade da pessoa humana, não há como admiti-lo. O poder disciplinar, contido na autoridade parental, não inclui, portanto, a aplicação de castigos que violem a integridade do filho.”
O castigo a que o Código Civil se refere para que seja decretada a destituição do Poder Familiar é o imoderado, ou seja, aquele em excesso, que ultrapassa os limites educacionais, trazendo graves consequências psicológicas e até mesmo físicas para a Criança e o Adolescente.
Arnaldo Rizzardo (2009, pág. 626) afirma que:
“A lei tolera os castigos comedidos e sensatos, necessários em momentos críticos da conduta do filho, e condena as explosões da cólera e da violência, que nada trazem de positivo. Pelo contrário, tal repressão conduz à revolta, ao desamor e ao aniquilamento do afeto, do carinho e da estima.”
Como já mencionado anteriormente, é dever dos pais, dentre outros deveres, garantir a educação dos filhos menores de idade, e para que ocorra a efetivação deste encargo é que existe o instituto do Poder familiar, ou como melhor definido pela doutrina, a autoridade parental, com intuito de que os pais disciplinem e eduquem seus filhos, sem que haja excessos, corrigindo-os com o máximo de respeito possível a sua pessoa e peculiaridades da sua idade.
3.3 Perda 
	
	Já a perda, segundo o CNJ (2015), é o tipo mais grave de destituição do poder familiar, é determinada por meio de decisão judicial, e está definida pelo artigo 1638 do Código Civil, que estabelece algumas hipóteses para a sua configuração: o castigo imoderado ao filho, o abandono, a prática de atos contrários à moral e aos bons costumes e o fato de um genitor ou ambos reincidirem reiteradamente nas faltas previstas no artigo 1637. 
	Dispõe o artigo 1638 do Código Civil:
“Art. 1.638: Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
I - castigar imoderadamente o filho;
II - deixar o filho em abandono;
III - Praticar atos contrários à moral e os bons costumes;
IV - Incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente”.
	Os filhos, menores, necessitam de um ambiente saudável para se espelharem e se desenvolverem, tornando-se dignos e honrados. Assim, por serem facilmente influenciáveis e estarem em formação, é vedado a eles qualquer ambiente onde se encontrem atos contrários a moral e os bons costumes. Dessa maneira, a libertinagem, a falta de pudor, o alcoolismo, o uso de substâncias entorpecentes, a prática de prostituição, a vadiagem, a mendicância, dentre outros exemplos, poderão ensejar a perda do poder familiar.
	Incidir, de forma reiterada, nas faltas que ensejam a suspensão do poder familiar, dará causa a perda do referido poder. 
	Perder o poder familiar é reconhecer judicialmente que os pais não estão capacitados para educar, criar e ter em companhia seus filhos. E por fim, a perda não poderá ser restrita a um único filho, abrangerá toda a prole, pois, se não é capaz para um filho, também, não será para os outros.
	A perda é permanente, no entanto, não se pode dizer que seja definitiva, uma vez que os pais podem recuperar o poder familiar em processo judicial de caráter contencioso, desde que comprovada à cessação das causas que a determinaram. 
A perda do poder, segundo Rizzardo (2005, pág. 611), ocorre em casos de extrema gravidade, quando há infrigência dos deveres paternais, somente deve ser utilizada, segundo Lôbo (2008, pág. 281), quando o fato for de tal magnitude que coloque em risco permanente a vida, a segurança e a dignidade do filho. 
O novo Código Civil, em seu artigo 1.638, estabelece as causas em que ocorrerá a perda do poder familiar, pelo pai ou pela mãr, ou por ambos, se comprovados a falta, omissão ou abuso em relação aos filhos.
Castigar imoderadamente o filho: Entende-se que as atitudes corretivas dos pais, são necessárias em determinadas circunstâncias, pelo fato do filho menor não possuir maturidade para medir as consequências dos seus atos, assim, só se consegue um padrão médio de comportamento se imposta uma certa disciplina, entretanto, a lei tolera os castigos comedidos e sensatos, porém é vedado qualquer tipo de excesso, tais como violência, espancamento, entre outras atitudes que revertam a exagreos físicos, e conduzam à revolta e ao desamor. Frise-se que os excessos estão tipificados no ordenamento penal, e podem instaurar uma ação penal pública, podendoo juiz ordenar a buscar e apreensão do menor, conforme autoriza o artigo 888, inciso V, do Código de Processo Civil.
Deixar o filho em abandono: Constitui infração ao dever dos pais ao deixar o filho sem a devida assistência moral e material. Isto é, quando um dos pais ou ambos, deixam de prestar alimentos, educação e assistência médico-hospitalaraos filhos menores. Ressalte-se que, a instigação à medicância, ato que infringe a dignidade da pessoa humana, também é passível de perda do poder familiar, como também quando o menor é submentido aos convívio com a delinquência, presencia o consumo e o tráfico de drogas, bem como a prostituição e os atritos físicos entre os pais. A falta de recursos materiais dos pais, não se decretará a perda do poder familiar. Frise-se que o disposto no artigo 23, parágrafo único, do Estatuto da Criança e do Adolescente remete a uma visualização irreal da lei, onde jamais se conseguirá controlar o problema dos menores, haja vista a solução estar concentrada em outros setores, tais como no campo social, economico e cultural do povo.
Praticar atos contrários à moral e aos bons costumes: De modo geral, o inciso antecendente abrange mais esta causa de perda do poder familiar. Entretanto, deve-se salientar que tal dispositivo visa resaltar a finalidade da família, pois é dentro do lar que os menores adquirem sua formação pessoal, bem como aprendem os conceitos de dignidade pessoal, humana, respeito para com o semelhante, responsabilidade, dentre outras virtudes. 
“A verdade é que os filhos, enquanto menores, são facilmente influenciáveis, o que exigete uma postura pelo menos aparentemente digana e honrada dos pais, pois o lar é uma escola, onde se formam e se amoldam os carateres e a personalidade dos filhos”.
Incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente: tais faltas, são aquelas previstas no artigo 1.637 e parágrafo único, do Código Civil e que levam suspensão do poder familiar, quais sejam: abuso de autoridade, falta aos deveres pelos pais, por negligência, incapacidade, impossibilidade de seu exercício ou até mesmo pela omissão dao seu cumprimento, ruína ou dilapidação dos bens dos filhos, bem como a condenação criminal irreconhecível com pena de prisão superior a dois anos. Vale ressaltar que a perda do poder familiar em relação a um dos filhos se estende aos demais, pois entende-se que se o pai ou a mãe são negligentes e não possuem condições de exercer o poder familiar a um filho, evidente será que não possui capacidade quanto aos demais.
	Como resquício do antigo pátrio poder, persiste na doutrina e na legislação a tolerância ao que se denomina castigo "moderado" dos filhos. O novo Código, ao incluir a vedação ao castigo imoderado, admite implicitamente o castigo moderado. O castigo poder ser físico ou psíquico ou de privação de situações de prazer. 
	É evidente que não deve ser permitida qualquer tipo de violência dos pais contra os filhos. O artigo 227 da Constituição Federal preceitua que deverão ser colocados a salvo, a criança e o adolescente, da violência, crueldade e opressão. Ao analisar esse dispositivo, não poderia aceitar que outro dispositivo infraconstitucional, permitisse aos pais castigarem, de forma moderada, seus filhos. Contudo, o Código Civil não quis ser conivente com a agressão e maus tratos, ao permitir castigos com caráter de correção, e moderados, aos filhos, com intuito de impor limites educacionais, uma vez que, pune qualquer excesso com a perda do poder familiar.
CONCLUSÃO 
	Tendo-se por base, a análise histórica que tecemos sobre a família, pode-se observar que era família hierarquizada e com forte influência na sociedade patriarcal, que teve a estrutura formada por meio de uma sociedade matrimonial, onde o poder do marido se encontrava no centro, era privilegiado, fazendo assim, com que a mulher ficasse em estado de completa submissão, ou seja, não poderia exercer o poder do marido, e tão pouco, tomar decisões referentes à esfera conjugal e aos filhos. A preferência paterna, sob a mulher, tal como mãe, era tanta, que em casos de conflitos gerados entre ambos, também prevalecia a opinião do marido, tal como homem e pai. Cabendo à mulher, o poder de recorrer à justiça, se julgasse necessário. 
	O Pátrio Poder, forma à qual o Código Civil de 1916, era exclusividade do pai, e abrangia um conjunto de direitos deste sobre a esfera conjugal e a vida dos filhos, restando à mãe, somente a referida submissão ao poder paterno, levando-se em consideração o temor às represálias que poderiam ser causadas, em questão de casos diversos.
	Muitos conceitos, até então, amplamente defendidos pelo Código Civil de 1916, passaram a ser revistos, e assim, com o advindo do Estatuto da Mulher Casada, o qual representou um marco na evolução do instituto do Pátrio Poder, a Mulher não só restaurou, como restabeleceu sua capacidade civil, tornando-se a colaboradora do marido nos encargos relativos à sociedade conjugal, concretizando dessa forma, a importância, da figura feminina nas decisões referentes ao matrimônio e aos filhos. 
	O advento da Constituição Federal de 1988, desencadeou uma revelação no instituto da família, o qual trouxe atrelado em sua letra, o modelo igualitário de família, isto é, foi estabelecido que tanto o pai, como a mãe, são iguais, e também trouxe consigo a igualdade entre os filhos, provenientes ou não, de uma relação de casamento.
	Podemos observar que, a proposta do novo Código Civil, inspirada quase que totalmente no texto constitucional, deve ser compreendida como uma renovação conceitual, haja vista possuírem princípios e valores diversos daqueles que ajudaram a formar o Código Civil anterior.
	É de extrema importância salientar, que o poder familiar foi instituído no atual Código Civil, levando-se em conta, a proteção e o interesse do filho menor, dirigido à sua formação pessoal, deste modo, a lei estabelece tal dever de proteção aos pais, não podendo os mesmos se furtar do encargo a eles designados, haja vista, poderem sofrem sanções impostas pelo Estado, pois constitui função social.	
	Hoje em dia, o Poder Familiar, como é hoje denominado, é considerado o espelho da família sendo recepcionado pela Constituição Federal, pelo Estatuto a Criança e do Adolescente e também pelo Código Civil, tendo evoluído de um instituto autoritário para m instituto protetivo, o qual passou a ser exercido pelo pai e pela mãe, onde se encontram além de direitos, principalmente, deveres que visam não apenas, os interesses dos genitores, mas também os dos filhos pequenos.
	Ao se tornar um complexo de direitos e deveres, o poder familiar, ampliou a sua dimensão, sendo obrigação dos pais exercerem da forma mais adequada e visando o pleno desenvolvimento dos filhos, os poderes e deveres decorrentes daquele instituto, tais como a guarda, a vigilância, a assistência moral, material e educacional.
	Assim, em termos evolutivos, a história da família, contribuiu para as novas aquisições institucionais, deixando para trás os terríveis erros do passado, principalmente as atrocidades cometidas contra os filhos menores e contra as mulheres.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
COULANGES, Fustel de. A Cidade Antiga. 4. 3d. São Paulo: Martins, 1998.
LEITE, Eduardo de Oliveira. Tratado de Direito de Família: Origem e Evolução do Casamento. Curitiba: Juruá, 1991.
ROCHA, José Virgílio Castelo Branco. O Pátrio Poder. Rio de Janeiro: Tupã Editora, 1960, pág. 17
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito de Família. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007, pág. 287
SANTA MARIA, José Serpa de. Curso de Direito Civil: direito de família. 3 v. 1. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2001, págs. 11-12.
ROCHA, José Virgílio Castelo Branco. O Pátrio Poder. Rio de Janeiro: Tupã Editora, 1960, págs. 38-41.
OLIVEIRA, Euclides. HIRONAKA, Gisele Maria Fernandes Novaes. Direito de família e o novo Código Civil. Coordenação Maria Berenice Dias e Rodrigo da Cunha Pereira. 3. ed. ver. atual. e ampliada. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.
COMEL, Denise Damo. Do Poder Familiar.

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