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ATENDIMENTO AO PACIENTE TRAUMATIZADO: TRM, TCE, TÓRAX, ABDOME E PELVE Profª Virginia Polli TRAUMA RAQUIMEDULAR Lesão Traumática da raqui (coluna) e medula espinhal resultando algum grau de comprometimento temporário ou permanente das funções neurológicas TRAUMA RAQUIMEDULAR ▪ Cerca de 5% dos doentes com trauma crânio encefálico, apresentam, também, uma lesão na coluna, e reciprocamente, 25% do doentes com trauma de coluna têm, pelo menos, TCE leve. TRAUMA RAQUIMEDULAR ➢Epidemiologia ✓55% região cervical; ✓15% região torácica; ✓15% transição tóraco-lombar; ✓15% região lombo-sacra TRAUMA RAQUIMEDULAR ➢Etiologia ✓Acidente de trânsito – colisão ✓Acidente de trânsito – atropelamento ✓Queda de altura ✓Acidente de recreação (jogos de contato físico, mergulho) ✓Ferimento por projétil de arma de fogo ✓Ferimento por arma branca ✓Lesão por corrente elétrica LESÃO CERVICAL C4 Paralisia diafragma Óbito C5 C6 C7 Paralisia Tetraplegia flácida T1 Paresia MMSS Paresia de MMSS Paralisia de mãos Abdução e flexãoMMS Pronação MMSS Pequenos músculos da mão C1 C2 Processo odontoide Fratura do enforcado Óbito Óbito TRAUMA RAQUIMEDULAR ➢Epidemiologia ✓Maior causa é o acidente de trânsito – 50% ✓Homem jovem 25 a 35 anos ✓Brasil - 70 a 90 casos/100.000 habitantes ✓Mortalidade – 30% no local 10% 1° ano 50% tetraplégicos CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES MEDULARES As lesões medulares podem ser classificadas de acordo com (1) o nível, (2) a gravidade do déficit neurológico, (3) o tipo de síndrome medular e (4) a morfologia. O nível neurológico de lesão é definido pelo segmento mais caudal da medula, que se traduz através de funções motoras e sensoriais normais em ambos os lados do corpo. CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES MEDULARES As lesões traumáticas dos primeiros 8 segmentos cervicais da medula resultam em quadriplegia, enquanto as abaixo de Tl acarretam paraplegia. CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES MEDULARES GRAVIDADE DO DÉFICIT NEUROLÓGICO Lesões medulares podem ser categorizadas quanto a: • Paraplegia incompleta (lesão torácica incompleta) • Paraplegia completa (lesão torácica completa) • Quadriplegia incompleta (lesão cervical incompleta) • Quadriplegia completa (lesão cervical completa) CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES MEDULARES SÍNDROMES MEDULARES Nos doentes portadores de lesão medular, são encontrados, com frequência, alguns padrões característicos de lesão neurológica, tais como síndrome central da medula, síndrome anterior da medula e síndrome de Brown-Séquard. CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES MEDULARES MORFOLOGIA As lesões traumáticas de coluna podem ser descritas como fraturas, fraturas-luxações, lesões medulares sem anormalidades radiológicas e lesões penetrantes. Cada lesão poderá ainda ser classificada como estável ou instável. DIAGNÓSTICO TRAUMA RAQUIMEDULAR Radiografia de coluna cervical Tomografia computadorizada Ressonância Nuclear Magnética TRATAMENTO DAS LESÕES MEDULARES O tratamento básico das lesões de coluna e medula espinhal inclui imobilização, infusão endovenosa de fluidos, medicações e transferência, Nas lesões de coluna cervical, é necessário manter a imobilização contínua do doente como um todo, usando um colar cervical semirrígido, imobilizadores de cabeça, uma prancha, antes e durante o transporte para uma unidade que possua os recursos necessários para o tratamento definitivo Mobilização com rolamento em bloco – quatro pessoas TRATAMENTO DAS LESÕES MEDULARES FLUIDOS ENDOVENOSOS Em doentes com suspeita de lesão de coluna, administram-se líquidos endovenosos da mesma forma que se faz durante a reanimação do doente traumatizado. A hipotensão persistente após a reposição de líquido deve ser interpretada - choque neurogênico. Choque hipovolêmico - taquicardia e choque neurogênico - bradicardia. TRATAMENTO DAS LESÕES MEDULARES MEDICAMENTOS Atualmente, as evidências são insuficientes para sustentar o uso rotineiro de esteroides em lesões medulares. TRANSFERÊNCIA Os doentes que apresentam fraturas de coluna ou déficits neurológicos comprovados devem ser transferidos para serviços que possuam recursos para proporcionar-lhes tratamento definitivo. TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE) TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE) ➢ É uma das principais causas de morte no adulto jovem (menos de 50 anos) ➢ EUA 500 mil pessoas/ano ➢ 10% desses doentes morrem antes de chegar ao hospital; ➢ 75% podem ser classificados como leves; ➢ 15% como moderados; ➢ 10% como graves; ➢ 80-90 mil doentes/ano sofrem algum grau de invalidez; TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE) Classificação do TCE ➢Gravidade da Lesão ✓Avaliação segundo Escala de Coma de Glasgow: ✓ Leve – Escore 14-15; ✓Moderado – Escore 9-13; ✓Grave – Escore 3-8 TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE) MORFOLOGIA O trauma craniencefálico pode incluir fraturas de crânio e lesões intracranianas tais como contusões, hematomas, lesões difusas e inchaço resultante de edema/hiperemia. TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE) TRAUMATISMO TORÁCICO TRAUMA DE TÓRAX Causa significante de mortalidade; Responsável por uma a cada quatro mortes por trauma (EUA); Muitas dessas mortes são evitadas através de diagnóstico e tratamento imediatos; A maioria dos pacientes são tratados com procedimentos simples, sendo que uma pequena porcentagem exige intervenções agressivas. TRAUMA DE TÓRAX O tórax abriga órgãos vitais da respiração e circulação, representa 18% da superfície corporal, em posição proeminente, portanto alvo fácil nos acidentes e agressões TRAUMA DE TÓRAX CLASSIFICAÇÃO ❖ Lesões identificadas na avaliação primária (comprometem a respiração e circulação) Obstrução da via aérea Pneumotórax Hipertensivo Pneumotórax Aberto Hemotórax Maciço Lesões traqueobrônquicas Tamponamento Cardíaco TRAUMA DE TÓRAX EXAME PRIMÁRIO VIAS AÉREAS Permeabilidade Fluxo de ar ❖ SINAIS Estridor Mudança na qualidade da voz Trauma visível no pescoço, clavículas e esterno Inspeção da orofaringe Expansibilidade torácica TRAUMA DE TÓRAX EXAME PRIMÁRIO RESPIRAÇÃO Exposição do pescoço e de todo o tórax Inspeção Palpação Ausculta Percussão PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO ✓Acúmulo progressivo de ar no espaço pleural (válvula unidirecional); ✓Aumento da pressão na cavidade torácica ocasionando colapso pulmonar; ✓Deslocamento do mediastino para o lado oposto com compressão do pulmão contra-lateral; ✓Diminuição do retorno venoso promovendo instabilidade hemodinâmica. PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO RECONHECIMENTO Dor torácica Desconforto respiratório Assimetria torácica Desvio de traquéia Ausência de MV Timpanismo à percussão Taquicardia Hipotensão Estase julgular Enfisema subcutâneo Cianose PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO Tratamento Descompressão imediata – Descompressão torácica (punção torácica): 5º espaço intercostal na linha axilar média Drenagem torácica deve ser feita utilizando drenos de menor calibre, entre 28 e 32 fr; PNEUMOTÓRAX ABERTO (“FERIDA TORÁCICA ASPIRATIVA”) ✓Comunicação da cavidade pleural com o meio externo, permitindo a entrada e saída de ar durante os movimentos respiratórios; ✓Resulta de grandes ferimentos da parede torácica que permanecem abertos; ✓O ar passa pelo local que oferece menor resistência ocorrendo equilíbrio entre pressões intratorácica e atmosférica; PNEUMOTÓRAX ABERTO (“FERIDA TORÁCICA ASPIRATIVA”) PNEUMOTÓRAX ABERTO (“FERIDA TORÁCICA ASPIRATIVA”) RECONHECIMENTO Dispnéia Taquicardia Timpanismo à percussão Murmúrio vesicular diminuído ou abolido Assimetria torácica Hipoventilação Cianose PNEUMOTÓRAX ABERTO (“FERIDA TORÁCICA ASPIRATIVA”) RECONHECIMENTO Traumatopnéia: defeito > 2/3 diâmetro traquéia (±2cm) Nos esforços respiratórios, o ar passa preferencialmente pela lesão da parede – menor resistência Ventilação prejudicada - hipóxia PNEUMOTÓRAX ABERTO (“FERIDA TORÁCICA ASPIRATIVA”) ABORDAGEM TERAPÊUTICA CURATIVO VALVULADO (TRÊS PONTAS) PNEUMOTÓRAX ABERTO (“FERIDA TORÁCICA ASPIRATIVA”) ABORDAGEM TERAPÊUTICA CURATIVO VALVULADO Curativo quadrangular estéril – encobrir todo o ferimento Fixação de três lados com fita adesiva Válvula unidirecional: Inspiração – oclusão do ferimento pelo curativo Expiração – escape de ar pelo lado não fixado HEMOTÓRAX MACIÇO ✓Acúmulo rápido de mais de 1500 ml de sangue na cavidade torácica; ✓ Em geral produzido por ferimentos penetrantes; ✓ Fontes de sangramento: grandes vasos; ✓Prejuízos na dinâmica respiratória e na hemodinâmica. HEMOTÓRAX MACIÇO RECONHECIMENTO Ausência de murmúrio vesicular Macicez à percussão Sinais de choque hipovolêmico Veias jugulares colapsadas HEMOTÓRAX MACIÇO ABORDAGEM TERAPÊUTICA REPOSIÇÃO VOLÊMICA Infusão de cristalóide / sangue DRENAGEM PLEURAL Se drenagem imediata 1500 ml ou 200 ml/h por duas a quatro horas continuamente TORACOTOMIA DE URGÊNCIA TAMPONAMENTO CARDÍACO ✓Acúmulo rápido de sangue no saco pericárdico; ✓ Ferimentos penetrantes; ✓ Trauma contuso; ✓Restrição da atividade cardíaca; ✓Diminuição do enchimento e débito cardíacos. TAMPONAMENTO CARDÍACO ✓ Pericárdio –estrutura fibrosa que suporta pequena quantidade de líquidos ✓ 15 a 20 ml – pericardiocentese com melhora hemodinâmica imediata – pode ser diagnóstica ou terapêutica Sinais de hipovolemia TRÍADE DE BECK Hipotensão Abafamento das bulhas Elevação da pressão venosa (estase jugular) Realização de FAST ou ecocardiograma TAMPONAMENTO CARDÍACO RECONHECIMENTO FAST – Focused Assessment Sonography in Trauma Avaliação ultrassonográfica direcionada para o trauma 90% de acurácia – líquido pericárdico TAMPONAMENTO CARDÍACO ABORDAGEM TERAPÊUTICA PERICARDIOCENTESE Realizado punção diagnóstica/ terapêutica por via sub-xifóidea Agulha recoberta por cateter plástico Aspiração de sangue da cavidade pericárdica Positivo com lesão traumática – toracotomia TRAUMA ABDOMINAL E PÉLVICO TRAUMATISMOS ABDOMINAIS ✓Um dos componentes mais desafiadores da avaliação inicial do traumatizado: ➢Reconhecimento imediato de hemorragias ocultas – abdome e pelve ➢Causas potenciais de lesão intra-abdominal – feridas penetrantes de tronco – entre mamilo e períneo TRAUMATISMOS ABDOMINAIS 60 % dos traumas abdominais são causados por acidentes de trânsito, geralmente associados a traumas de crânio, tórax e membros > dificuldade consiste no estabelecimento correto e precoce do diagnóstico Abertos/Penetrantes – causa + comum: arma de fogo, arma branca – alvo: órgãos >s dimensões Fechados/Contusões – causa + comum: acidentes trânsito, quedas – alvo: órgãos + frágeis, encapsulados Classificação • Conforme história/mecanismo do trauma: Atendimento Inicial • ABCDE: avaliação e estabilização A B C D E • atenção: pulso, sangramento, palidez • 2 veias calibrosas – amostra sangue • reposição imediata D – poderá comprometer Av. Secundária E – cuidado com hipotermia Atendimento Inicial • avaliação e estabilização: • jejum absoluto • amostra sangue • evitar analgésicos • cateter vesical • SNG aberta • perfusão venosa • sinais vitais • balanço hídrico deixar o paciente em condições para o ato cirúrgico TRATAMENTO DEFINITIVO: clínico CIRURGIA TRAUMA PÉLVICO É essencial reconhecer e tratar rapidamente as lesões do aparelho locomotor – fraturas pélvicas, lesões arteriais, síndrome compartimental, fraturas expostas, síndrome do esmagamento e fraturas-luxações. A presença de fraturas de ossos longos indica maior probabilidade de lesões internas do tronco TRAUMA PÉLVICO Na avaliação primária busca-se o reconhecimento de hemorragia – Letra C. No exame físico deve-se buscar sinais como hematoma de períneo ou escroto, sangramento uretral, alterações no toque retal ou vaginal que evidenciem espículas ósseas ou sangramento. FRATURA PÉLVICA GRAVE COM HEMORRAGIA Lesões das estruturas pélvicas posteriores PELVE aberta: vasos, nervos, reto, pele Mecanismo de lesão Acidentes motociclísticos Atropelamentos Esmagamentos Quedas acima de 3,6 metros FRATURA PÉLVICA GRAVE COM HEMORRAGIA ❖ Avaliação e tratamento Hemorragia ocorre rapidamente, identificar precocemente Hipotensão inexplicável Ferimento aberto, sangue no meato uretral, próstata deslocada, hematoma em expansão; Movimento palpável no anel pélvico; Controle da hemorragia, reposição volêmica. TRAUMA PÉLVICO Períneo Reto Pênis Vagina TRAUMA PÉLVICO TRAUMA PÉLVICO ❖ Medidas: Imobilização da fratura - Enfaixamento da pelve – rotação interna Controle da hemorragia – compressão direta. Alívio da dor Prevenção de lesões futuras Mobilização em bloco Evitar demora na reanimação Cateterismo vesical – aliviar retenção urinária, descomprimir bexiga antes da realização do LPD e permitir monitorização do débito urinário; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ➢ American College of Surgeons Committee on Trauma. Advanced trauma life support, student course manual. 10a ed. Chicago. ACS; 2018. ➢ Pré-Hospitalar GRAU, Grupo de Resgate e Atenção às urgências e emergências. 1ª ed. Barueri, SP. Manole, 2013.
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