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ESTÁGIO SUPERVISIONADO - AVALIAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO AULA 2 Profª Sandra Aparecida Silva dos Santos CONVERSA INICIAL Bem-vindo! Nesta aula, iremos conversar a respeito da avaliação sob os parâmetros da eficiência, eficácia e efetividade. TEMA 1 – PROJETO E INDICADORES DA INTERVENÇÃO Ao construirmos e aplicarmos o projeto de intervenção, devemos monitorar e avaliar as ações utilizando indicadores de monitoramento e avaliação. A utilização de indicadores constitui-se em realidade da prática do assistente social. Trata-se de importante instrumento no monitoramento e avaliação de políticas e projetos sociais. Durante a construção, implantação, monitoramento e avaliação de projetos sociais, dependendo da área de intervenção proposta, utiliza-se uma gama de indicadores, dentre eles os indicadores demográficos e de saúde, a fim de subsidiar a proposta interventiva, pelo aprofundamento no conhecimento da realidade social e de saúde. Dentre os indicadores demográficos e de saúde, os mais utilizados são, segundo Jannuzzi (2006), taxa de natalidade, taxa de crescimento demográfico, taxa de urbanização, taxa de mortalidade infantil, esperança de vida ao nascer, proporção de óbitos por causa e morbidade e atendimento à saúde. Esses indicadores podem subsidiar a construção do diagnóstico da realidade no projeto de intervenção, justificando as ações propostas no projeto para a modificação de uma situação encontrada. Não podemos nos esquecer de que a utilização dos indicadores se relaciona à competência do profissional e à realidade encontrada, lembrando que muitos são os indicadores que podem ser utilizados. Exemplificamos com indicadores demográficos e de saúde, mas também podemos utilizar indicadores educacionais, indicadores de renda, de acesso a bens de consumo etc. Os indicadores nos permitem avaliar onde estamos, para que caminho estamos indo e de que forma podemos seguir, pontuando valores e o alcance dos objetivos. Lembramos que os indicadores estão imbuídos de contextualização e não se configuram em mera estatística. E no projeto de intervenção em campo de estágio, de que forma isso ocorre? Deverá ser feita a escolha de indicadores que permitam o monitoramento e a avaliação das ações propostas, que estão consonantes com os objetivos elencados em seu projeto. Por exemplo, se o seu projeto tem por objetivo diminuir a ocorrência de violência contra crianças nas famílias atendidas, um dos indicadores elencados para avaliar o resultado após a execução do projeto pode ser o número de registro de violência realizados após a execução, em comparação ao índice anterior de registro de violência. Se o indicador se referir a uma ação do projeto, por exemplo encontros com as famílias, podemos elencar como um dos indicadores o número de famílias participantes. TEMA 2 – EFICIÊNCIA DO PROJETO DE INTERVENÇÃO Para abordar a eficiência de programas e projetos sociais, é preciso compreender que ser eficiente requer, segundo Marinho e Façanha (2001), a produção de resultados com economia de recursos e também de dispêndio de energia. Relaciona-se a questões que envolvem custo e benefícios, que são questões complexas, quando falamos de políticas, programas e projetos sociais, pois envolvem muito mais que simplesmente economia e lucro. Isso quer dizer que, em projetos sociais, nem sempre o foco se restringe ao custo/benefício de uma ação, pois a área social requer um olhar mais apurado no que tange à quantidade/ qualidade/ importância, necessidade e urgência das ações. A avaliação de eficiência, segundo Cohen e Franco (2012), pode ser considerada pelas perspectivas de minimização de custos, buscando maximizar produtos e serviços com economia. E de que forma isso ocorre no projeto de intervenção? Por exemplo, se o projeto de intervenção prevê a produção de material educativo gráfico, como folder (500 exemplares, a um custo de R$ 300,00), e buscando realizar a ação com maior eficiência consegue-se produzir 700 folders pelo mesmo custo, isso indica que a ação de produção de folder foi eficiente Ser eficiente no uso de investimentos públicos, considerando a redução de recursos em áreas sociais, traduz, segundo Marinho e Façanha (2001), preocupação no melhor aproveitamento e uso de indicadores que possam realizar a avaliação da eficiência. A eficiência avalia a relação entre o programado e o alcançado, sendo entendido por Cohen e Franco (2012) que o programado pressupõe padrões e que o alcançado advém de resultados supervisionados. Isso requer cuidado constante no projeto de intervenção, quanto ao melhor aproveitamento dos recursos a serem utilizados na execução do projeto. Lembre-se que a abrangência da ação proposta e o melhor aproveitamento dos recursos, com máxima economia, é responsabilidade de um bom gestor de projetos. TEMA 3 – INDICADORES DE EFICÁCIA A eficácia relaciona-se ao nível gerencial e diz respeito a fazer o que deve ser feito de forma correta. Na eficácia, segundo Valarelli (2004), o foco é perceber se as ações do projeto permitiram alcançar os objetivos propostos, remetendo, segundo Marinho e Façanha (2001), a condições controladas. Os programas sociais são regidos por objetivos de eficácia, pois devem produzir efeitos desejados explicitados nos objetivos com os investimentos que lhes sejam destinados. Operacionalmente, segundo Cohen e Franco (2012, p. 102) na avaliação da eficácia busca-se ”conhecer o grau de alcance dos objetivos e metas do projeto em um determinado período de tempo, independentemente dos recursos implicados”. Temos então que considerar as metas traçadas para o alcance de seus objetivos, o tempo real utilizado e o tempo planejado para o alcance da meta. Por exemplo, se em seu projeto de intervenção há proposta de realização de cinco encontros com as famílias durante a realização do projeto, em um prazo de um mês, com participação de no mínimo 30 usuários dos serviços, caracteriza-se eficiência o alcance dessas metas. Também podemos conhecer a eficácia do projeto com relação, por exemplo, à diminuição do índice de violência contra crianças na região, após a realização das ações propostas. Houve diminuição da violência na região? Com base nos resultados obtidos, constata-se se o projeto superou as expectativas quanto à eficácia, se o projeto é eficaz ou se é ineficaz. A eficácia, segundo Digam (2018), traça indicadores que dizem respeito a objetivos e metas, avaliando quais custos foram necessários para o alcance dos objetivos. A análise de abrangência, alcance e pertinência dos resultados é realizada na avaliação da eficácia de um projeto, o que no caso de projetos sociais não se traduz em tarefa fácil. Segundo Marinho e Façanha (2001), a construção de indicadores de eficácia remete a condições controladas e a resultados desejados. TEMA 4 – INDICADORES DA EFETIVIDADE Dissemos anteriormente que os indicadores de eficácia buscam avaliar o projeto com base nas metas e nos meios utilizados para sua execução. Utilizando indicadores da eficiência, busca-se avaliar custo e resultado. Os indicadores de efetividade, por sua vez, irão analisar as mudanças e impactos do projeto. Devemos pontuar aqui que, ao realizar a proposta interventiva, buscou-se resolver ou amenizar uma situação encontrada que, após ser diagnosticada e entendida em seu caráter histórico, político e social, recebeu proposições de ações para seu enfrentamento. A proposição de ações para o enfrentamento de situação que se pretende modificar encontra-se em seu projeto de intervenção. A respeito da efetividade de uma proposta interventiva, Cury (2001, p. 38) alerta para o entendimento de que o processo de realização do projeto interventivo não se encerra nos processos de otimização de recursos, controle de etapas e avaliação de resultados. O envolvimento com a proposta atrela-se a avanços na efetividade dos resultados, e não se encerra no alcance dos objetivos do projeto: “avançar na efetividadede nossos resultados não tem um fim em si, mas é fruto das exigências trazidas pelo compromisso ético, subjacente a toda e qualquer ação que se queira transformadora no campo social”. Isso requer atenção constante no que se refere à proposta realizada e ao entendimento crítico quanto aos resultados alcançados. Requer também compromisso no que se refere ao acompanhamento de todas as etapas do projeto, buscando o controle de eficiência e eficácia e o conhecimento da efetividade da ação. A avaliação de impacto/efetividade baseia-se, segundo Cohen e Franco (2012), na informação proveniente da implantação do projeto. Essa informação advém tanto da fase de implementação do projeto, quando as ações ainda estão em curso, quanto das informações coligidas após a conclusão da implementação das ações. Por exemplo, se em sua proposta interventiva o objetivo a ser alcançado diz respeito à diminuição dos índices de violência contra a criança em determinada região, promovendo uma melhor relação familiar, acompanhar a efetividade e os desdobramentos das ações realizadas para o alcance desse objetivo por certo vai extrapolar o tempo da implantação do projeto, e por vezes até de seu estágio. Ações como informação e mudança de cultura continuam a apresentar resultados e desdobramentos, fixando mudanças de comportamento que serão detectadas através de indicadores de efetividade, que demonstram se houve modificação da situação encontrada e se a mudança foi efetivada e mantida no cotidiano daquela comunidade. TEMA 5 – A EFETIVIDADE OBJETIVA SUBJETIVA E SUBSTANTIVA Quando propomos uma ação e a desenvolvemos, ficamos ansiosos por conhecer os impactos e a resolutividade de tais ações, tendo em vista as necessidades que geraram a proposta interventiva. Vimos que a efetividade diz respeito ao impacto da ação proposta, e que esse impacto produzido acontece de forma mais profunda ou mais superficial. Um dos grandes desafios que se apresentam na avaliação de políticas, programas e projetos, diz respeito à aferição de dados que indiquem a medida da mudança/ transformação alcançada com a ação. Buscando nortear os graus de impacto que podem ser aferidos, Barreira (2000) aponta critérios de avaliação de efetividade objetiva, subjetiva e substantiva. Esses critérios permitem avaliar e adotar indicadores que informem quanto ao real impacto produzido com as ações implementadas no projeto interventivo, no programa ou na política. A avaliação de efetividade objetiva diz respeito à quantidade, ou seja, trata-se de medição por número e índices dos resultados de uma ação. Segundo Barreira (2000), na efetividade objetiva mede-se a mudança quantitativa entre o antes e o depois. Com isso, podemos conhecer como, em uma linha do tempo, as transformações ocorreram. Por exemplo, se um dos objetivos do projeto é diminuir os índices de ocorrência de violência contra crianças, podemos avaliar se houve uma diminuição nos índices. A avaliação de efetividade subjetiva avança para além do conhecimento quantitativo, referindo- se ao comportamento e às mudanças de valores e de cultura da população alvo da ação, tanto direta quanto indiretamente. O critério utilizado, segundo Barreira (2000, p. 32) “é o de mudanças qualitativas significativas e duradouras”. Isso requer critérios de acompanhamento de longo prazo, já que o que se pretende avaliar são modificações mais permanentes nas condições sociais dos beneficiários da intervenção. NA PRÁTICA Verifique quais indicadores podem ser utilizados para a verificação de eficiência, eficácia e efetividade de seu projeto interventivo. Converse com seu supervisor acadêmico e discuta com seu supervisor de campo quais as melhores estratégias para garantir o monitoramento e a avaliação de sua proposta. FINALIZANDO Os indicadores de avaliação demonstram e acompanham os resultados da intervenção. É muito importante, durante a formação do assistente social, oportunizar a construção e implantação do projeto de intervenção, realizando a avaliação de eficiência, eficácia e efetividade da proposta interventiva, que deve estar condizente com os princípios éticos e políticos do Serviço Social. REFERÊNCIAS BARREIRA, M. C. R. N. Avaliação participativa de programas sociais. São Paulo; Lisboa: Veras Editora, 2000. COHEN, E.; FRANCO, R. Avaliação de projetos sociais. Petrópolis: Vozes, 2012. CURY, T. C. H. Elaboração de Projetos Sociais In: AVILA, C. M. (Coord.) Gestão de projetos sociais. 3. ed. São Paulo: Revista Capacitação Solidária, 2001. DIGAM, A. Avaliação de projetos sociais. Disponível em: <https://www.pucsp.br/neats/ dowload/avaliacao-de-projetos-sociais.pdf?v=9p-4iEvzUS4>. Acesso em: 3 dez. 2018. JANNUZZI, G. A educação do deficiente no Brasil: dos primórdios ao início do século XXI. 2. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2006. MARINHO, A.; FAÇANHA, L. O. Programas sociais: efetividade, eficiência e eficácia como dimensões operacionais da Avaliação. Rio de Janeiro: IPEA, 2001. VALARELLI, L. L. Indicadores de resultados de projetos sociais. In: WORKSHOP AVALIAÇÃO E INDICADORES DE PROJETOS SOCIAIS, 1., 2004, Campinas. Anais... Disponível em: <https://www.fcm.unicamp.br/ fcm/sites/default/files/valarelli_indicadores_de_resultados_de_projetos_sociais.pdf>. Acesso em: 3 dez. 2018.