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Antiplaquetários Esses fármacos que são úteis no tratamento dos distúrbios da hemostasia. Trombose, a formação de um coágulo indesejado dentro dos vasos sanguíneos, é a anormalidade mais comum da hemostasia. Os distúrbios trombóticos incluem infarto agudo do miocárdio (IAM), trombose venosa profunda (TVP), embolia pulmonar (EP) e acidente vascular encefálico isquêmico agudo. Essas condições são tratadas com anticoagulantes e fibrinolíticos. Um coágulo que adere a uma parede vascular é denominado trombo, e um coágulo intravascular que flutua no sangue é denominado êmbolo. Assim, um trombo destacado se torna um êmbolo. Podem ocluir o vaso e privar os tecidos de oxigênio e nutrientes. - A trombose arterial ocorre com maior frequência em vasos de tamanho médio tornados trombogênicos por aterosclerose , consiste em um coágulo rico em plaquetas. - Em contraste, a trombose venosa é iniciada pela estase sanguínea ou pela ativação imprópria da cascata da coagulação. Em geral, a trombose venosa envolve um coágulo que é rico em fibrina, com menos plaquetas. O traumatismo físico ao sistema vascular, como uma punção ou um corte, inicia uma série complexa de interações entre plaquetas, células endoteliais e a cascata da coagulação. Essas interações levam à hemostasia ou à interrupção na perda de sangue por vasos sanguíneos danificados. As plaquetas são centrais nesse processo. - Inicialmente, ocorre um vasoespasmo no vaso danificado para prevenir perda de sangue adicional. - A etapa seguinte envolve a formação de tampão de fibrina e plaquetas no local da punção As plaquetas atuam como sentinelas vasculares, monitorando a integridade do endotélio. Na ausência de lesão, as plaquetas em repouso circulam livremente, pois a sinalização química indica que o sistema vascular não está lesado. 1. Mediadores químicos sintetizados pelas células endoteliais: prostaciclinas e óxido nítrico, são sintetizados pelas células endoteliais intactas e atuam como inibidores da aglutinação das plaquetas. - As prostaciclinas (prostaglandina I2) atuam ligando-se a receptores de membrana plaquetários que estão acoplados à síntese de monofosfato cíclico de adenosina (AMPc), um mensageiro intracelular. - As células endoteliais lesadas sintetizam menos prostaciclina Como há menos prostaciclina para ligar receptores de plaquetas, menos AMPc intracelular é sintetizado, o que leva à aglutinação das plaquetas. 2. Papéis da trombina, do tromboxano e do colágeno: A membrana da plaqueta contém também receptores que podem fixar trombina, tromboxanos e colágeno exposto. - No vaso intacto, normal, os níveis de trombina e tromboxano circulantes são baixos, e o endotélio intacto cobre o colágeno. - Quando ativados, cada um desses tipos de receptores inicia uma série de reações que leva à liberação de grânulos intracelulares pelas plaquetas na circulação. Por fim, isso estimula a aglutinação das plaquetas. Adesão plaquetária - > Quando o endotélio está lesado, as plaquetas aderem e praticamente cobrem o colágeno exposto do subendotélio . Isso inicia uma série complexa de reações químicas, resultando na ativação plaquetária. Ativação plaquetária-> Os receptores na superfície das plaquetas aderentes são ativados pelo colágeno do tecido conectivo subjacente. Isso causa alterações morfológicas nas plaquetas e a liberação de grânulos de plaquetas contendo mediadores químicos, como difosfato de adenosina (ADP), tromboxano A2, serotonina, fator de ativação plaquetária e trombina. - Essas moléculas sinalizadoras se ligam aos receptores na membrana externa das plaquetas em repouso circulantes vizinhas. - Esses receptores funcionam como sensores, que são ativados pelos sinais enviados das plaquetas aderentes. As plaquetas previamente dormentes se tornam ativadas e iniciam a aglutinação. - Essas ações são mediadas por vários sistemas mensageiros que, no final, resultam na elevação dos níveis de cálcio e na diminuição da concentração de AMPc dentro da plaqueta. Aglutinação das plaquetas-> O aumento do cálcio citosólico que acompanha a ativação decorre da liberação de estoques armazenados no interior da plaqueta, isso leva 1) à liberação de grânulos de plaquetas contendo mediadores, como ADP e serotonina, que ativam outras plaquetas 2) à ativação da síntese de tromboxano A2; 3) à ativação dos receptores de glicoproteínas (GPs) IIb/IIIa (potente agregadora plaquetária) que ligam fibrinogênio e, finalmente, regulam as interações plaquetas-plaquetas e a formação do trombo. - O fibrinogênio, uma GP plasmática solúvel, liga-se simultaneamente aos receptores de GP IIb/IIIa de duas plaquetas vizinhas, resultando na ligação cruzada entre plaquetas e na sua aglutinação. Formação do coágulo-> A estimulação local da cascata de coagulação pelos fatores teciduais liberados dos tecidos lesados e pelos mediadores da superfície das plaquetas resulta na formação de trombina (fator IIA). - A trombina, por sua vez, catalisa a hidrólise do fibrinogênio em fibrina, que é incorporada no coágulo. Ligações cruzadas subsequentes das tiras de fibrina estabilizam o coágulo e formam um tampão fibrina- plaquetas hemostático Fibrinólise-> Durante a formação do tampão, a via fibrinolítica é ativada localmente. O plasminogênio é processado à plasmina (fibrinolisina) enzimaticamente pelos ativadores de plasminogênio nos tecidos. A plasmina limita o crescimento do coágulo e dissolve a rede de fibrina à medida que ocorre a cicatrização. INIBIDORES PLAQUETÁRIOS Os inibidores da aglutinação plaquetária diminuem a formação de um coágulo rico em plaquetas ou diminuem a ação dos sinais químicos promotores da aglutinação. Os inibidores da aglutinação de plaquetas inibem a cicloxigenase-1 (COX-1) ou bloqueiam os receptores de GP IIb/IIIa ou ADP, interferindo, assim, no sinal que promove a aglutinação plaquetária. * Como essas substâncias têm diferentes mecanismos de ação, efeitos sinérgicos ou aditivos podem ser obtidos quando fármacos de classes diferentes são associados. - Esses fármacos são benéficos na prevenção e no tratamento de doenças cardiovasculares oclusivas, na manutenção de transplantes vasculares e na patência arterial e como auxiliares dos inibidores da trombina ou tratamento trombolítico no IAM Ácido acetilsalicílico Mecanismo de ação: 1. A estimulação das plaquetas por trombina, colágeno e ADP resulta na ativação das fosfolipases de membrana das plaquetas que liberam ácido araquidônico dos fosfolipídeos da membrana. 2. O ácido araquidônico é convertido inicialmente em prostaglandina H2 pela COX-1 . 3. A prostaglandina H2 é metabolizada a tromboxano A2, que é liberado no plasma. 4. O tromboxano A2 promove o processo de aglutinação, que é essencial para a rápida formação do tampão hemostático. O ácido acetilsalicílico (AAS) inibe a síntese do tromboxano A2 por acetilação do resíduo serina no centro ativo da COX-1, inativando irreversivelmente a enzima . Isso desloca o equilíbrio dos mediadores químicos em favor dos efeitos antiaglutinantes prevenindo a aglutinação plaquetária. O efeito inibitório é rápido, e a supressão da tromboxano A2 e a consequente supressão da aglutinação das plaquetas induzida pelo AAS persistem por toda a vida da plaqueta, que é 7 a 10 dias aproximadamente. A administração repetida do AAS tem efeito acumulativo na função das plaquetas. O AAS é o único fármaco antiplaquetário que inibe irreversivelmente a função das plaquetas. Usos terapêuticos: é usado no tratamento profilático da isquemia cerebral transitória, para reduzir a incidência de IAM recorrente e para diminuir a mortalidade nas situações de prevenção do IAM primário e secundário. - Ocorre inativação completa das plaquetas com 75 mg diários de AAS. A dose de AAS recomendada vai de 50 a 325 mg/dia. Farmacocinética: Por via oral, o AAS é absorvido por difusão passiva e rapidamente hidrolisado a ácido salicílico no fígado. O ácido salicílico é biotransformado no fígado, e parte é excretada inaltera dacom a urina. - A meia-vida do AAS varia de 15 a 20 minutos, e a do ácido salicílico é de 3 a 12 horas. - ASS infantil deve ser usado antes/ou depois do almoço pois protege a mucosa e melhora sua ação em meio ácido. Efeitos adversos: Dosagens mais altas de AAS aumentam sua toxicidade, bem como a probabilidade de inibir também a produção de prostaciclina. O tempo de sangramento é alongado com o tratamento com AAS, causando complicações que incluem aumento da incidência de acidente cerebral hemorrágico e sangramento gas trintestinal (GI), especialmente com dosagens mais elevada. Ticlopidina, clopidogrel, prasugrel e ticagrelor São inibidores do receptor P2Y12 ADP, o que também bloqueia a aglutinação das plaquetas, mas por mecanismo distinto do AAS. Mecanismo de ação: 1. Esses fármacos inibem a ligação do ADP aos seus receptores nas plaquetas e, assim, inibem a ativação dos receptores de GP IIb/IIIa necessários para que as plaquetas se liguem ao fibrinogênio e umas às outras. O ticagrelor se liga reversivelmente ao receptor P2Y12 ADP.A inibição máxima da aglutinação das plaquetas é obtida em 1 e 3 horas com ticagrelor Os demais ligam-se irreversivelmente. A inibição é de 2 e 4 horas com prasugrel, 3 e 4 dias com ticlopidina e 3 e 5 dias com clopidogrel. * Quando o tratamento é suspenso, o sistema plaquetário necessita de tempo para recuperação. Usos terapêuticos: - O clopidogrel é aprovado para a prevenção de eventos ateroscleróticos em pacientes com IAM ou acidente vascular encefálico (AVE) recentes e naqueles com doença arterial periférica estabelecida ,profilaxia de eventos trombóticos na síndrome coronária aguda (angina instável ou IAM sem elevação do segmento ST), é usado para prevenir eventos trombóticos associados com intervenção coronária percutânea (ICP) com ou sem stent coronário. - A estrutura da ticlopidina é similar à do clopidogrel, é indicada para a prevenção de ataques isquêmicos transitórios (AITs) e AVEs em pacientes com evento trombótico cerebral prévio. Contudo, devido a reações adversas hematológicas ameaçadoras à vida, a ticlopidina em geral é reservada para pacientes intolerantes a outros tratamentos. - O prasugrel é aprovado para diminuir os eventos trombóticos cardiovasculares em pacientes com síndromes coronárias agudas (angina instável, IAM elevação ST e IAM com elevação ST tratado com ICP). - O ticagrelor é aprovado para a prevenção do tromboembolismo arterial em pacientes com angina instável e IAM, incluindo aqueles submetidos a ICP. Farmacocinética: Estes fármacos requerem doses de carga para efeito antiplaquetário mais rápido. Alimentos interferem com a absorção da ticlopidina, mas não com os demais. Efeitos adversos: Estes fármacos podem prolongar o tempo de sangramento, para o que não existe antídoto. A ticlopidina é associada com graves reações hematológicas que limitam seu uso, como granulocitose, agranulocitose, púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) e anemia aplástica. - O clopidogrel causa menos efeitos adversos, e a incidência de neutropenia é menor. - O prasugrel é contraindicado em pacientes com histórico de AIT ou AVE. Abciximabe, eptifibatida e tirofibana (antagonistas de receptores de glicoproteína IIb/ IIIa) Mecanismo de ação: O receptor GP IIb/IIIa desempenha papel fundamental na estimulação da aglutinação das plaquetas. - O anticorpo monoclonal quimérico abciximabe inibe o complexo receptor GP IIb/IIIa. Ligando-se ao GP IIb/IIIa, o abciximabe bloqueia a ligação do fibrinogênio e do fator de von Willebrand e, consequentemente, não acontece a aglutinação. - Eptifibatida e tirofibana atuam de modo similar ao abciximabe bloqueando o receptor GP IIb/IIIa. Usos terapêuticos: Esses fármacos são administrados por via IV, junto com heparina e AAS, como um auxiliar da ICP para a prevenção de complicações cardíacas isquêmicas. Efeitos adversos: O principal efeito adverso destes fármacos é o sangramento, especialmente se forem usados com anticoagulantes. Dipiridamol É um vasodilatador coronário, aumenta os níveis intracelulares de AMPc inibindo o nucleotídeo cíclico fosfodiesterase, resultando, assim, em diminuição da síntese de tromboxano A2. Ele pode potencializar o efeito da prostaciclina no antagonismo da adesividade das plaquetas e, assim, diminuir sua aderência às superfícies trombogênicas. É usado para prevenção de AVEs e geralmente é administrado com AAS. Tem biodisponibilidade variável por administração oral e liga-se extensamente às proteínas. Sofre biotransformação hepática, por glicuronidação, e é excretado principalmente com as fezes. Pacientes com angina instável não usam dipiridamol devido à sua propriedade vasodilatadora, o que pode agravar a isquemia (fenômeno do roubo coronário). O dipiridamol comumente causa cefaleia e pode causar hipotensão ortostática (especial mente na administração IV). Cilostazol É um antiplaquetário de uso oral que tem também atividade vasodilatadora. O cilostazol e seus metabólitos ativos inibem a fosfodiesterase tipo III que previne a degradação do AMPc, aumentando, assim, os seus níveis nas plaquetas e nos tecidos vasculares.* O aumento nos níveis de AMPc nas plaquetas e nos vasos previne a aglutinação das plaquetas e promove a vasodilatação, respectivamente. Altera de modo favorável o perfil lipídico, causando diminuição nos triglicerídeos plasmáticos e aumentando a lipoproteína de alta densidade colesterol (HDL). A via primária de eliminação é renal. Os efeitos adversos mais comuns são cefaleia e sintomas GI (diarreia, fezes anormais, dispepsia e dor abdominal). Os inibidores da fos fodiesterase tipo III aumentam a mortalidade em pacientes com insuficiência cardíaca avançada. Por isso, o cilostazol é contraindicado em pacientes com insuficiência cardíaca. TROMBOLÍTICOS A doença tromboembólica aguda em determinados pacientes pode ser trata da com a administração de fármacos que ativam a conversão de plasminogênio em plasmina, uma serinoprotease que hidrolisa fibrina e, assim, dissolve coágulos . - A estreptoquinase, um dos primeiros desses fármacos aprovados, causa um estado fibrinolítico sistêmico que pode levar a problemas de sangramento. - A alteplase atua mais localizadamente na fibrina trombótica para produzir fibrinólise. - A uroquinase é produzida naturalmente nos rins humanos e converte diretamente plasminogênio em plasmina. - Os fibrinolíticos podem lizar trombos patológicos e normais. Mecanismo de ação: Os trombolíticos apresentam algumas características comuns. Todos atuam direta ou indiretamente convertendo plasminogênio em plasmina, que, então, hidrolisa a fibrina, hidrolisando, assim, os trombos. - A dissolução do coágulo e a reperfusão ocorrem com maior frequência quando o tratamento é iniciado logo após a formação do trombo, pois ele se torna mais resistente à lise à medida que envelhece. Usos terapêuticos: Usados originalmente para o tratamento de TVP e EP grave, os trombolíticos hoje são usados menos frequen temente para essas condições. Sua tendência de causar hemorra gias também comprometeu seu uso no tratamento da trombose arterial periférica aguda e do IAM Efeitos adversos: Os trombolíticos não diferenciam entre a fibrina de um trombo indesejado e a fibrina de um tampão hemostático benéfico.Esses fármacos são contraindicados em gestantes e pacientes com ferime tos em cicatrização, histórico de AVE, tumor cerebral, traumatismo na cabeça, sangramento intracranial e câncer metastático.
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