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2 Fisioterapia – Fundamentos da Fisioterapia Respiratória FISIOTERAPIA PNEUMOFUNCIONAL E UTI FUNDAMENTOS DA FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA - PARTE I A respiração é o mecanismo que permite a captura de oxigênio e liberação de carbono pelo organismo, sendo ela fundamental para a produção de energia para realização de atividades do cotidiano. A respiração ocorre no âmbito celular e no orgânico. A respiração celular ocorre a partir de quebras de carbono, sendo ela necessária para manter as células bem nutridas. A respiração orgânica é caracterizada pela troca gasosa na expiração e inspiração, ou seja, a entrada de oxigênio e saída de gás carbono. A respiração ocorre em duas fases, a inspiração e expiração. A inspiração promove a entrada de ar nos pulmões, ocorre a partir da contração da musculatura diafragmática e dos músculos intercostais. Durante a inspiração o diafragma deprime de forma que se tenha um maior espaço para os pulmões expandirem e as costelas de elevam, de forma que se tenha um aumento da caixa torácica, resultando em diminuição da pressão interna em relação a externa, forçando a entrada de ar nos pulmões. A expiração se dá a partir do relaxamento da musculatura intercostal e do diafragma, sendo que nesse momento o diafragma se eleva e as costelas deprimem, o que leva ao aumento da pressão interna por conta da diminuição da caixa torácica e, consequentemente, o ar é forçado a sair dos pulmões. ANATOMIA DAS VIAS RESPIRATÓRIAS E DO PULMÃO • Tórax 3 Fisioterapia – Fundamentos da Fisioterapia Respiratória Formação Caixa torácica É formada pelas costelas a partir de suas curvaturas e co- nexões ligamentares com as vertebras e com o esterno. As costelas são 12 no total, sendo elas divididas entre verdadeiras (1-7), falsas (8-10) e flutuantes (11-12). Vertebras As vertebras são 33 no total, sendo elas divididas em 5 se- guimentos, sendo eles, cervical (7), torácico (12), lombar (5), sacro (5) e cóccix (4). Esterno Forma a parte anterior da cai- xa torácica. É formado pelo manúbrio, corpo e processo xi- foide. Conteúdo Esôfago É um conduto musculomembranoso que liga faringe ao estômago, sendo que sua função é fazer o transporte adequado do alimento até o estômago. Em um adulto pode chegar a medir 25 cm de comprimento. Traquéia É um órgão e faz parte do sistema respiratório, sendo formado por anéis cartilaginosos que formam um tubo. Fica localizado entre a faringe e os brônquios. Sua função é a passagem de ar. Pulmões É o órgão do sistema respiratório responsável por realizar a troca gasosa, de forma que o oxigênio nutra os tecidos do corpo e o gás carbono seja expelido. Coração É um órgão nobre do corpo, responsável por bombear sangue de forma que ele chegue a todas as partes do corpo e, assim, possa oxigenar os tecidos corpóreos. Grandes vasos São responsáveis por transportar o san- gue que o coração bombeia. Recebem esse nome por serem os principais vasos sanguíneos, sendo elas, aorta, veias ca- vas, artérias pulmonares e veias pulmo- nares. 4 Fisioterapia – Fundamentos da Fisioterapia Respiratória • Pleuras São membranas finas que envolvem os pulmões, sendo elas a pleura visceral, responsável por revestir o pulmão e pleura parietal, responsável por revestir internamente as paredes da cavidade torácica. São importantes por estar envolvidas na formação da pressão negativa por parte da cavidade torácica, sendo esse um mecanismo importante para ocorrer a respiração. Fonte: https://www.infoescola.com/sistema-respiratorio/pleura/, acessado em 26/12/18. • Músculos Os músculos respiratórios trabalham tanto da expiração quanto na inspiração, de forma que sua contração realize a abertura torácica e assim permita a expansão pulmonar na inspiração. Na expiração a musculatura relaxa de forma que a caixa torácica faça um pequeno fechamento e force a saída do ar. Os músculos envolvidos na respiração são: os músculos intercostais, músculo escaleno, músculo esternocleidomastoideo, músculo acessório, diafragma e músculos abdominais. 5 Fisioterapia – Fundamentos da Fisioterapia Respiratória Expiração Intercostais internos, reto ab- dominal, oblíquo abdominal e transverso do abdômen. São responsáveis pela retração do pulmão e eventual diminuição da caixa torácica. Inspiração Diafragma, intercostais exter- nos, músculo escaleno e mús- culo esternocleidomastoideo. Favorecem a queda da pres- são negativa dentro dos pul- mões, de forma que o ar entre pelas vias aéreas. • Vias aéreas As vias aéreas são responsáveis por realizar o transporte do ar tanto na expiração quanto da inspiração. Ela é dividida em trato respiratório superior, formada por nariz, cavidade oral (boca), orofaringe, laringe, e trato respiratório inferior, formada por traqueia, brônquio principal esquerdo e brônquio principal direito. É importante ressaltar duas estruturas de extrema importância, que são a epiglote e a carina. A epiglote é uma estrutura muito importante na passagem de ar, ela é constituída de cartilagem e durante a respiração se eleva permitindo a passagem de ar até os pulmões e durante a alimentação ela se deprime, servindo de tampa, de forma que o alimento não seja broncoaspirada e possa seguir o trajeto até o estômago. A carina é uma estrutura que une os dois pulmões, ela fica na parte inferior da traqueia e faz a bifurcação para brônquio esquerdo e direito, sendo assim, possível a passagem de ar para os dois pulmões. Fonte: http://pt-br.rpghogwarts.wikia.com/wiki/Curandeirismo_7%C2%BA_ano, acessado em 27/12/18. 6 Fisioterapia – Fundamentos da Fisioterapia Respiratória Os brônquios eles formam uma “árvore” dentro do pulmão, sendo ele composta por vários seguimentos e subdivisões em brônquios menores, isso e importante pelo motivo de os capilares serem pequenos e dessa forma as estruturas que fazem a troca com eles devem ser menores também, sendo essas estruturas os alvéolos. Segue subdivisão abaixo: • Os brônquios principais: • Brônquios lobares (de segunda ordem) - brônquios segmentares (de terceira ordem) - bronquíolos - penetram nos lóbulos pulmonares bronquíolos - bronquíolos terminais - bronquíolos respiratórios - ductos ou sacos alveolares - Alvéolos pulmonares. É notável a existência de dois possíveis nomes para as subdivisões realizadas pelos brônquios, um utiliza do diminutivo do nome acompanhado da sua localização anatômica e outra utiliza das ordens em que eles se dividem, sendo os de segunda mais proximais e os de terceira mais distais. Fonte: https://www.infoescola.com/sistema-respiratorio/arvore-bronquica/, acessado em 27/12/18. Os pulmões também possuem divisões, mas eles se dividem em lobos, sendo que existe diferenças entre o pulmão esquerdo e o pulmão direito. O pulmão direito é mais espesso e largo em comparação ao esquerdo, mas é mais curto por conta de o diafragma ser mais alto na porção direita, pois é necessária essa diferença anatômica para que seja possível comportar o fígado. O pulmão esquerdo possui mais uma diferença em sua estrutura, ele possui uma concavidade denominada de incisura cardíaca. 7 Fisioterapia – Fundamentos da Fisioterapia Respiratória Fonte: http://focoenf.blogspot.com/2016/04/pneumonia.html, acessado em 27/12/2018. • Ductos/ Sacos Alveolares/ Alvéolos Essas estruturas possuem importantes funções e setores responsáveis por manter a troca gasosa em sua perfeita funcionalidade. Pneumócitos tipo I São células pavimentosas que tem função de formar uma camada de re- vestimento quase continua a parede alveolar. Pneumócitos tipo II São células cuboides que ficam entre os Pneumócitos tipo I. Essas células são responsáveis por produzir o sur- factante, substância que reduz a ten- são na água que está no interior do al- véolo e dessa forma permite a abertura do alvéolo e permite a troca gasosa. Poros de Kohn São canais alternativos para passa- gem de ar quando as vias aéreas es- tão obstruídas.Os poros de Kohn po- dem trabalhar conectando os alvéolos entre sim e permitindo a passagem de surfactante e macrófagos de um para outro. Canais de Lambert São canais que ligam os ductos alveo- lares entre alvéolos. É responsável pela ventilação contralateral entre po- sições adjacentes de tecido pulmonar. Macrófagos alveolares São células de defesa responsável por proteger os alvéolos de microrganis- mos e agentes estranhos 8 Fisioterapia – Fundamentos da Fisioterapia Respiratória • Termos Alguns termos são utilizados para identificar alterações no sistema respiratório, sendo eles impedância, complacência e resistência. • Impedância: refere-se à existência de alterações no sistema respiratórios, sendo que essas alterações pode ser de por conta de problemas resistivos ou na complacência. • Complacência: é a capacidade que o pulmão tem de expandir e permitir a entrada de oxigênio, de forma que seja possível a troca gasosa. Alterações de complacência pode ser resultado de problemas de parede ou de parênquima. • Resistência: é uma alteração que impede a passagem de ar pelas vias aéreas. Problema resistivos pode ser resultado de obstrução por conta de corpo estranho em vias aéreas, constricção ou existência de muco. REFERÊNCIAS 1. Amersfoort E.S.V., Berkel T.J.C.V. & Kuiper J. 2003. Receptors, mediators, and mechanisms involved in bacterial sepsis and septic shock. Clin. Microbiol. Rev. 16:379-414. 2. Andrade Jr D.R., Souza R.B., Santos S.A. & Andrade D.R. 2005. Os radicais livres de oxigênio e as doenças pulmonares. J. Bras. Pneumol. 31:60-68. 3. Keubler W.M., Borges J., Sckell A., Kuhnle G.E., Bergh K., Messmer K. & Goetz A.E. 2000. Role of L-selectin in leukocyte sequestration in lung capillaries in a rabbit model of endotoxemia. Am. J. Respir. Crit. Care Med. 161:36-43. 4. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (Câmara Brasileira do Livro, Brasil) Coluna vertebral / [organizador] Jamil Natour. — ed. — São Paulo : ETetera Editora, 2004. 5. Costa, Dirceu. Fisioterapia respiratória básica/ Dirceu Costa. – São Paulo: Editora Atheneu, 2004. 2 Fisioterapia – Fisioterapia Na Unidade De Terapia Intensiva FISIOTERAPIA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 1. INTRODUÇÃO Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a Fisioterapia faz parte da equipe multidisciplinar no atendimento aos pacientes graves. Sua atuação é ampla e se faz presente em diversos momentos do tratamento intensivo: atendendo a pacientes graves que não necessitam de suporte ventilatório; prestando assistência durante o período pós-operatório, visando reduzir o risco de complicações respiratórias e motoras; e oferecendo assistência a pacientes críticos que necessitam de suporte ventilatório. Durante sua internação, o paciente é observado por toda a equipe multidisciplinar, que deverão considerar as todos os fatores que possam interferir na sua recuperação e que podem gerar complicações no quadro clínico. Sendo assim, a Fisioterapia possui um papel fundamental no tratamento e recuperação do paciente grave em UTI, pois sua principal atribuição é realizar uma avaliação global do paciente e identificar os potenciais problemas do sistema respiratório, cardiovascular e neuromioarticular, aplicando o tratamento fisioterapêutico adequado para trata-los. 2. AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA A avaliação do paciente critico é considerada pelo fisioterapeuta como um dos critérios mais importantes para elaboração de seu plano de tratamento, haja vista que a avaliação evita que o emprego de técnicas desnecessárias e inadequadas sejam administradas pelo profissional, diminuindo possíveis agravos ao paciente. O processo de avaliação é geral, observando-se os aspectos respiratórios e motores. A existência de uma ficha formal para padronizar a abordagem dos profissionais em relação aos itens avaliados organiza e direciona o tratamento, garantindo o mesmo fluxo de informações. É importante que o fisioterapeuta consulte os prontuários e exames antes de abordar o paciente. O conhecimento teórico é necessário para desenvolver um plano de tratamento adequado para aquelas enfermidades que podem ser melhoradas com a fisioterapia. Faz-se necessário também que o profissional avalie o funcionamento dos principais 3 Fisioterapia – Fisioterapia Na Unidade De Terapia Intensiva sistemas do organismo como: neurológico, hemodinâmico, cardiovascular, renal, musculoesquelético e respiratório, além de realizar exame físico detalhado. Após coletar e anotar todos os dados, o fisioterapeuta terá condições de traçar seu plano de tratamento e iniciar as condutas terapêuticas indicadas ao paciente. 2.1 ITENS AVALIADOS O que é a avaliação do nível de consciência e como esta pode ser avaliada? A avaliação do nível de consciência é um parâmetro importante não só para os pacientes com patologias de base neurológica, mas para todos os pacientes críticos, pois a alteração da consciência pode significar uma piora do quadro. A consciência pode ser avaliada por meio de estímulos (auditivos, visuais, táteis, dolorosos) e comandos verbais. Para avaliar o nível de consciência pode-se utilizar várias escalas como a de Glasgow, de Ramsay e a escala de sedação e agitação de RASS (Richmond Agitation-Sedation Scale). Quais sinais vitais devem ser avaliados? Na avaliação dos sinais vitais o fisioterapeuta deve coletar a frequência cardíaca, frequência respiratória, pressão arterial, pressão arterial média, saturação de oxigênio e temperatura corpórea. Qual a importância das drogas vasoativas? As drogas vasoativas são ferramentas essenciais no manejo dos distúrbios circulatórios e hemodinâmicos em pacientes graves. O conhecimento de suas ações, indicações, benefícios e efeitos colaterais são fundamentais para o fisioterapeuta intensivista. As principais drogas vasoativas utilizadas na UTI do HC-UFTM são: Noradrenalina, Dobutamina, Dopamina, Vasopressina, Nitroprussiato de sódio e Nitroglicerina. 4 Fisioterapia – Fisioterapia Na Unidade De Terapia Intensiva 1.2 ITENS AVALIADOS � O que deve ser avaliado no sistema respiratório? O fisioterapeuta devera avaliar os seguintes itens do sistema respiratório: Frequência respiratória, ausculta pulmonar, identificar a presença ou ausência de aumento de trabalho muscular respiratório (WOB), como também o padrão muscular respiratório, e se o paciente esta em ventilação espontânea ou ventilação mecânica. � E no sistema Cardiovascular? Neste, o avaliador deverá observar os possíveis sinais: edema, áreas com aumento de temperatura ou alteração na coloração, que podem indicar uma possível doença vascular periférica (trombose). � Quais os principais componentes a serem avaliados no Sistema Neuromioarticular? Tônus, trofismo, força muscular, capacidade de movimentação, amplitude de movimento articular, capacidade de realizar as condutas propostas e posicionamento no leito. Todas as informações geradas com a avaliação motora devem ser inseridas na ficha de avaliação. Para avaliar a força muscular o fisioterapeuta deverá utilizar a escala MRC (Medical Research Council). Fonte: Google Imagens Fonte: Google Imagens 5 Fisioterapia – Fisioterapia Na Unidade De Terapia Intensiva 3. IMOBILIZAÇÃO PROLONGADA A imobilidade presente no paciente crítico devido ao prolongado tempo de internação torna-o predisposto a modificações morfológicas dos músculos e tecidos conjuntivos, em alguns casos alterações no alinhamento biomecânico, comprometimento de resistência cardiovascular, hipotrofia e hipotonia muscular. Em vista disso, a cinesioterapia tem grande importância no tratamento do paciente grave, pois favorece a recuperação do paciente e previne contra futuras lesões. 4. BENEFÍCIOS DA ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA A fisioterapia motora na UTI traz grandes benefícios ao paciente crítico, tais como: evita a atrofia muscular e mantém e/ou restaura a amplitude articular; previne trombose venosa profunda, embolia pulmonar,hipotensão postural; alivia a dor; diminui ou previne edemas; melhora o condicionamento cardiovascular; reduz o tempo de internação; restaura a funcionalidade para atividades de vida diária; prepara para a deambulação, quando o paciente tiver tais condições. O tratamento pode ser realizado através de exercícios passivos, ativo-assistido, ativo-livre, ativo-resistido, isométricos; promoção da reeducação postural, conscientização corporal, relaxamento muscular, mobilização precoce no leito e independência nas atividades. A fisioterapia respiratória na UTI visa prevenção e/ou tratamento de complicações respiratórias em pacientes críticos, necessitando realizar a fisioterapia respiratória e motora associadamente, de forma a garantir um bom prognóstico no quadro clínico do paciente através de técnicas que contemplem os sistemas respiratório e cardiovascular. Assim, o fisioterapeuta tem um papel importante neste setor, auxiliando na condução da ventilação mecânica, desde o preparo e ajuste do ventilador artificial, bem como no acompanhamento da evolução do paciente, interrupção e desmame do suporte ventilatório e extubação. 5. FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA A Fisioterapia Respiratória é constituída por alguns procedimentos, tais como: aspiração traqueal para a retirada passiva das secreções; percussão e vibração sobre o tórax visando a mobilização de secreções; drenagem postural para 6 Fisioterapia – Fisioterapia Na Unidade De Terapia Intensiva drenar secreções através da ação da gravidade; compressão brusca do tórax, para aumentar o fluxo expiratório; posicionamento corporal, visando otimizar a relação ventilação/perfusão, aumentar o volume pulmonar, reduzir o trabalho respiratório e cardíaco e aumentar o clearance mucociliar; expansão/reexpansão pulmonar, para aumentar a pressão e/ou volume alveolar em áreas colabadas; hiperinsuflação manual, realizando insuflação pulmonar com um ressuscitador manual para aumentar o fluxo expiratório; terapia com PEEP, utilizando a técnica de pressão positiva ao final da expiração ou pressão positiva contínua nas vias aéreas para promover a expansão de unidades alveolares colabadas. Quanto ao suporte ventilatório utilizado em UTI, temos a Ventilação Mecânica (VM) que consiste em um método de suporte oferecido ao paciente por meio de um aparelho (respirador artificial) para o tratamento de pacientes com insuficiência respiratória aguda ou crônica agudizada, auxiliando-o na sua ventilação e em suas trocas gasosas. Pode ser classificada como Ventilação Mecânica Invasiva e Não Invasiva, sendo que em ambas modalidades a ventilação artificial ocorre com a aplicação de pressão positiva nas vias aéreas. Este suporte tem como objetivos manter a troca gasosa do paciente, aliviar o trabalho da musculatura respiratória, reverter ou evitar a fadiga da musculatura respiratória, diminuir o consumo de oxigênio, permitindo aplicação de terapêuticas específicas. 6. FISIOTERAPIA MOTORA A evolução tecnológica e científica do suporte avançado de vida e assistência à saúde, com consequente melhora no tratamento, tem desempenhado um papel importante na conversão da mortalidade em maior sobrevida dos pacientes, com cada vez mais sobreviventes de doenças críticas, porém a internação prolongada no leito da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pode acarretar inúmeras complicações, como: desordens neuromusculares, piora nas habilidades funcionais, aumento dos custos assistenciais e redução da qualidade de vida após alta hospitalar. A disfunção muscular pode ser agravada por consequências de doença, sedação e imobilidade no leito, bem como intensidade e duração inadequadas da reabilitação física. A frequência e gravidade da fraqueza neuromuscular e suas manifestações clínicas podem ser amenizadas, utilizando-se alternativas como a mobilização precoce (MP) para a prevenção e o tratamento de tais complicações. A terapia física precoce, inclusive durante o período de intubação e suporte ventilatório, pode ser realizada com segurança, melhorando os resultados funcionais dos pacientes. 7 Fisioterapia – Fisioterapia Na Unidade De Terapia Intensiva 6.1 MOBILIZAÇÃO PRECOCE Estudos revisados indicam ganho de força muscular periférica mensurada por meio do dinamômetro ou teste muscular manual (Medical Research Council – MRC) em pacientes cronicamente ventilados após um programa de reabilitação com mobilizações precoces. Em relação ao volume e à intensidade da mobilização na UTI, pesquisas relatam frequência de uma a duas vezes por dia, cinco a sete dias na semana, por até seis semanas, e progressão individualizada da intensidade por meio da escala de Borg para percepção do esforço, com variação de 10 a 13 pontos. Além disso, os ensaios clínicos demonstraram aumento na independência funcional, por meio do índice de Barthel e da medida de independência funcional (MIF) após reabilitação em pacientes sob VM. Um estudo relatou que a MIF parece ser mais sensível para detectar mudanças do que o Barthel, entretanto poucos relatam o que se constitui uma alteração clinicamente significativa nessas escalas. Fonte: Google Imagens A mobilização precoce na UTI parece minimizar a perda das habilidades funcionais, com resultados favoráveis para a prevenção e o tratamento de desordens neuromusculares decorrentes da maior sobrevida dos pacientes e permanência prolongada no leito. Sua utilização na prática clínica parece ser viável e segura, sendo capaz de promover melhora na capacidade funcional, na qualidade de vida, na FM periférica e respiratória, além de redução do tempo de internação e na ventilação mecânica. 8 Fisioterapia – Fisioterapia Na Unidade De Terapia Intensiva REFERÊNCIAS: Silva V, Pinto J, Martinez B, Camelier F. Mobilização na Unidade de Terapia Intensiva: revisão sistemática. Fisioter Pesq. 2014. Disponível em: < http://www2.ebserh.gov.br/documents/147715/0/ Pop+15+paciente+cr%2B¡tico+vers%2Búo+2.0..pdf/f7b04367-5032-458e- b950-c1cde8c62003v>.Acessado em 11 de out de 2019. 2 Fisioterapia – Reabilitação Pulmonar FISIOTERAPIA PNEUMOFUNCIONAL E UTI REABILITAÇÃO PULMONAR A respiração é o mecanismo que permite a captura de oxigênio e liberação de carbono pelo organismo, sendo ela fundamental para a produção de energia para realização de atividades do cotidiano. A respiração ocorre no âmbito celular e no orgânico. A respiração celular ocorre a partir de quebras de carbono, sendo ela necessária para manter as células bem nutridas. A respiração orgânica é caracterizada pela troca gasosa na expiração e inspiração, ou seja, a entrada de oxigênio e saída de gás carbono. A respiração ocorre em duas fases, a inspiração e expiração. A inspiração promove a entrada de ar nos pulmões, ocorre a partir da contração da musculatura diafragmática e dos músculos intercostais. Durante a inspiração o diafragma deprime de forma que se tenha um maior espaço para os pulmões expandirem e as costelas de elevam, de forma que se tenha um aumento da caixa torácica, resultando em diminuição da pressão interna em relação a externa, forçando a entrada de ar nos pulmões. A expiração se dá a partir do relaxamento da musculatura intercostal e do diafragma, sendo que nesse momento o diafragma se eleva e as costelas deprimem, o que leva ao aumento da pressão interna por conta da diminuição da caixa torácica e, consequentemente, o ar é forçado a sair dos pulmões. Fonte: https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/montando-um- modelo-sistema-respiratorio.htm, acessado em 24/12/18. 3 Fisioterapia – Reabilitação Pulmonar Para realizar uma reabilitação pulmonar é necessário entender o que é a respiração e o que é necessário para manter seu perfeito funcionamento. Alguns termos são utilizados para identificar alterações no sistema respiratório, sendo eles impedância, complacência e resistência. • Impedância: refere-se à existência de alterações no sistema respiratórios, sendo que essas alteraçõespode ser de por conta de problemas resistivos ou na complacência. • Complacência: é a capacidade que o pulmão tem de expandir e permitir a entrada de oxigênio, de forma que seja possível a troca gasosa. Alterações de complacência pode ser resultado de problemas de parede ou de parênquima. • Resistência: é uma alteração que impede a passagem de ar pelas vias aéreas. Problema resistivos pode ser resultado de obstrução por conta de corpo estranho em vias aéreas, constricção ou existência de muco. REABILITAÇÃO PULMONAR Para reabilitação pulmonar adequada é necessário ter um diagnóstico confiável, isso é importante que se possa realizar as técnicas adequadas. No diagnostico deve ser identificado se o problema é derivado de uma alteração na complacência ou de problemas resistivos. Exercícios respiratórios • Exercício diafragmático: inspiração nasal e expiração oral, mantendo a atenção no diafragma, sendo perceptivo com a expansão do tórax. É indicado para reeducação respiratória e alívio de dispneia. • Exercício freno-labial: expiração com dentes cerrados, de forma que gere uma pressão positiva expiratória. É indicado em casos para reabertura alveolar e eliminação de secreção. • Exercício fracionado: inspiração nasal com 3 intervalos e uma única expiração oral. Indicado para melhorar a ventilação e expansão pulmonar. • Exercício intercostal: inspiração e expiração nasal rápida e curta. Indicado para melhorar a ventilação e reeducação respiratória. 4 Fisioterapia – Reabilitação Pulmonar Técnicas de higiene brônquica • Postura de drenagem: utiliza da anatomia da arvore brônquica e da gravidade pra deslocar as secreções e elimina-la. É contra-indicado em casos de insuficiência cardíaca, hipertensão grave, edema cerebral, aneurisma aórtico e cerebral. • Tosse assistida: consiste em auxiliar o ato de tossir. Durante a tosse o terapeuta apoia a mão sobre o tórax e durante a tosse faz leve compressão. • Tapotagem torácica: utilizada para deslocar as secreções a partir da vibração que a manobra gera. É realizada com as mãos em forma de cunha com ação rítmica de flexo-extensão de punho. • Aumento do Fluxo Expiratório (AFE): é uma técnica que utiliza do aumento do fluxo aéreo expiratório, tem como objetivo mobilizar e eliminar as secreções traqueobrônquicas. Pode ser utilizada de forma rápida para deslocar secreções em brônquios de médio para os de grande porte, ou de forma lenta que é utilizado para deslocar secreções de pequeno porte para vias aéreas proximais. • Expiração Lenta e Prolongada (ELPr): é uma técnica passiva utilizada em lactente, ela utiliza da pressão manual toraco-abdominal lenta durante a expiração espontânea até o volume residual. • Pressão Positiva Expiratória – Resistor de orifício (PEP): é um aparelho que utiliza da pressão positiva expiratória, essa técnica faz com que ocorra um retardo durante a expiração, de forma que a pressão intratorácica se mantenha aumentada durante a expiração prolongada e previna o colapso da via aérea. Fonte: https://interfisio.com.br/treinamento-muscular-com-threshold-imt-em- pacientes-traqueostomizados/, acessado em 24/12/18. 5 Fisioterapia – Reabilitação Pulmonar • Pressão Positiva Expiratória – Resistor de limiar pressórico (EPAP): utiliza da pressão opositiva gerada pela válvula de PEEP que está no aparelho de forma que favorece a depuração das vias aéreas e proporciona a manutenção das vias aéreas abertas. Fonte: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-790391781-circuito-epap-com- fixador-cefalico-e-valvula-peep-_JM, acessado em 24/12/18. Técnicas de expansão pulmonar • Posicionamento terapêutico: consiste em utilizar do posicionamento para melhorar o trabalho diafragmático e da musculatura intercostal. É indicado para pacientes que tem problemas com a sincronia diafragmática e fraqueza na musculatura intercostal. • Incentivadores respiratórios: é um aparelho que necessita da cooperação do paciente, sendo caracterizado por ser um sistema individual e portátil. Essa ferramenta dá um feedback visual ao paciente e terapeuta sobre o volume pulmonar. consiste em utilizar os padrões ventilatórios para trabalhar a expansão pulmonar. 6 Fisioterapia – Reabilitação Pulmonar Fonte: https://lilianfisio.wordpress.com/2011/06/27/incentivadores-respiratorios/, acessado em 26/12/18. • Pressão Positiva Expiratória – Resistor de orifício (PEP): é um aparelho que utiliza da pressão positiva expiratória, essa técnica faz com que ocorra um retardo durante a expiração, de forma que a pressão intratorácica se mantenha aumentada durante a expiração prolongada e previna o colapso da via aérea. A expiração prolongada promove um treino de fortalecimento para a musculatura respiratória de forma que melhore a expansão pulmonar. • Pressão Positiva Expiratória – Resistor de limiar pressórico (EPAP): utiliza da pressão opositiva gerada pela válvula de PEEP que está no aparelho de forma que favorece a depuração das vias aéreas e proporciona a manutenção das vias aéreas abertas, promovendo uma melhora na complacência, ou seja, a capacidade do pulmão de se expandir e permitir a entrada de ar. REFERÊNCIAS 1. II Diretrizes Brasileiras no manejo da tosse crônica. J Bras Pneumol. 2006;32(Supl 6):S 403-S 446; 2. Johnston, Cíntia et al. I Recomendação brasileira de fisioterapia respiratória em unidade de terapia intensiva pediátrica e neonatal. Rev Bras Ter Intensiva. 2012; 24(2):119-129. 3. DUARTE, Antonio. Instrumento de Aperfeiçoamento em Fisioterapia Método Abordagem Funcional: Guia de Ação. 2007. 7 Fisioterapia – Reabilitação Pulmonar 4. Lima, Mariângela Pinheiro. Bases do Método Reequilíbrio Tóraco-abdominal. O ABC da Fisioterapia Respiratória. 5. SARMENTO, George Jerre Vieira. Fisioterapia respiratória em pediatria e neonatologia. Barueri-SP: Manole, 2007. 531p.: il. 6. Stopiglia, Mônica Sanches. Coppo, Maria Regina. Principais Técnicas de Fisioterapia Respiratória em Pediatria. 2º Congresso Internacional Sabará de Especialidades Pediátricas. Blucher Medical Proceedings. Novembro de 2014, Número 4, Volume 1. 2 Fisioterapia – Terapia de expansão pulmonar (tep) TERAPIA DE EXPANSÃO PULMONAR (TEP) O processo respiratório se dá através da integração dos pulmões ao Sistema Nervoso Central (SNC) e Periférico (SNP), juntamente com a caixa torácica e músculos respiratórios. Este mecanismo pode ser alterado por doenças que acometam qualquer componente desse sistema. Os recursos terapêuticos para expansão ou reexpansão pulmonar no manejo dos pacientes criticamente enfermos surgiram pela necessidade de prevenir ou tratar a redução de volume pulmonar. O colapso alveolar causa perda volumétrica com consequente redução na capacidade residual funcional (CRF), podendo levar à hipoxemia e aumento no risco de infecções e lesão pulmonar caso não seja revertido. A TEP possui como objetivos: PADRÕES VENTILATÓRIOS REEXPANSIVOS SOLUÇOS INSPIRATÓRIOS Inspirações curtas e sucessivas efetuadas pelo nariz de forma acumulativa até atingir a CPT, seguida de uma expiração oral completa e suave. 3 Fisioterapia – Terapia de expansão pulmonar (tep) Tem como objetivo reexpander bases, incrementa CRF e VRE com consequente melhora da complacência. EXPIRAÇÃO ABREVIADA São inspirações nasais profundas seguidas por expirações orais abreviadas. Assim há melhorada CRF, CPT e do VRE. ESPIROMETRIA DE INCENTIVO Consiste na utilização de aparelhos portáteis que promovem um feedback (visual ou sonoro) de que foi alcançado o fluxo ou o volume desejado. A sua utilização depende do nível de consciência, da compreensão e colaboração do paciente, e capacidade vital maior que 20 ml/kg. Esses incentivadores são exercitadores respiratórios que tem como objetivo reexpansão pulmonar, aumento da permeabilidade das vias aéreas e fortalecimento dos músculos respiratórios. Os dois incentivadores mais utilizados são: • Voldyne (a volume) É um tipo de incentivador de carga pressóricaalinear a volume. Possui uma câmara (que contém um disco) com marcações que permitem visualizar o volume que deve ser atingido, quando o indivíduo gera um fluxo médio ou lento. Sua utilização possibilita a realização de exercícios respiratórios com menor trabalho e menor estimulação dolorosa. 4 Fisioterapia – Terapia de expansão pulmonar (tep) Indicações Pós-operatório (PO) de cirurgia abdomi- nal, torácica e cardíaca. Contraindicações Pacientes inconscientes ou incapazes de cooperar, pacientes que não podem utili- zar adequadamente o dispositivo de es- pirometria incentivadora após instrução e pessoas incapazes de gerar inspiração adequada. • Respiron (a fluxo) Foi desenvolvido especificamente para prevenir infecções pulmonares em geral, incentivando o paciente a realizar inspirações forçadas e profundas e elevando esferas no seu interior. Tem como objetivo facilitar a ventilação pulmonar, prevenindo a formação de atelectasias. Existem vários modelos, permitindo que os usuários que possuem diferentes condições físicas iniciem com o modelo mais apropriado à sua necessidade. 5 Fisioterapia – Terapia de expansão pulmonar (tep) Tipo Descrição Easy Esforço baixo. Para prevenção e combate de atelectasias. Condiciona-mento respiratório de crianças, idosos, pac. acamados. Classic Esforço médio. Para sedentários, obesos, pré e pós operatórios (abdo-minais e torácicas), tratamento de atelectasias e doenças pulmonares. Athletic 1 Esforço médio/alto. Promete > amplitude resp. e capacidade de retoma-da aérea. Também indicado para cantores e atores. Athletic 2 Esforço alto. Para atletas amadores e praticantes regulares de esporte, melhorando o desempenho geral através do aumento da resistência dos músculos inspiratórios. Athletic 3 Esforço altíssimo. Para atletas e praticantes de atividade física intensa, retardando a fadigada musculatura respiratória e melhorando a per- formance. PEEP - PRESSÃO POSITIVA EXPIRATÓRIA FINAL A pressão positiva expiratória final, também conhecida como PEEP é uma forma de aplicação de resistência a fase expiratória objetivando a abertura de unidades pulmonares mal ventiladas ou mesmo a manutenção desta abertura por mais tempo visando melhorar a oxigenação por implementar a troca gasosa. 6 Fisioterapia – Terapia de expansão pulmonar (tep) *Devido à redução do retorno venoso, causado pelo aumento da pressão intratorácica; compressão das veias cavas; aumento da área alvéolo-capilar, onde os alvéolos hiperdistendidos levam a compressão do capilar pulmonar aumentando, dessa forma, a pós-carga do VD. EPAP Possui como objetivos: • Aplicação não invasiva da PEEP através de um resistor linear (válvula de springload) • Promover o aumento da pressão transpulmonar através do aumento da PEEP • Expansão pulmonar e aumento do calibre brônquico com melhora da oxigenação e deslocamento de secreção das vias aéreas inferiores para as superiores Circuito EPAP Recomendações: pacientes com risco ou sinais de colapso de unidades alveolares e acúmulo de secreção, com capacidade vital menor que 20 ml/kg em pacientes colaborativos ou não. Contraindicação: pacientes com pneumotórax não drenado, com sinais de atividade de musculatura acessória e aqueles com instabilidade hemodinâmica. 7 Fisioterapia – Terapia de expansão pulmonar (tep) RPPI - RESPIRAÇÃO COM PRESSÃO POSITIVA INTERMITENTE Consiste na aplicação de pressão positiva nas vias aéreas na fase inspiratória, na fase expiratória ou em ambas as fases da respiração a depender do objetivo. É utilizada de forma intermitente em pacientes em respiração espontânea por via aérea fisiológica e realizada com ventilador mecânico ou equipamentos de Ventilação Não-Invasiva (VNI), com objetivo de aumentar a pressão transpulmonar através do aumento da pressão alveolar. Indicações Contraindicações Pacientes com necessidade incre- mento no volume pulmonar tanto por alteração de oxigenação/atelectasias ou por prejuízo da mecânica venti- latória (após cirurgias abdominais e torácicas, por exemplo). Pacientes com instabilidade hemo- dinâmica, hipertensão intracraniana, presença de pneumotórax não dre- nado, pacientes com bolhas enfise- matosas ou pneumatocele, cirurgias e fraturas faciais (quando aplicada por meio de máscara facial), cirurgia esofágica recente ou fístulas tra- queoesofágicas, náuseas, vômitos e hemoptise ativa. Recomendações: deve ser utilizada quando a capacidade vital for menor que 20 ml/kg ou quando os valores encontrados forem inferiores ao predito, naqueles que não colaborem com outras técnicas, com alteração de oxigenação e/ou padrão muscular ventilatório, ou naqueles que outras técnicas se mantenham insuficientes. 8 Fisioterapia – Terapia de expansão pulmonar (tep) HIPERINSUFLAÇÃO MANUAL (HM) Também conhecida como “bag squeezing”, é um recurso que visa melhorar a oxigenação pré e pós-aspiração traqueal, mobilizar o excesso de secreção brônquica e reexpandir áreas pulmonares colapsadas. Essa manobra consiste na utilização de uma bolsa de insuflação pulmonar (Ambu), que administra um volume gasoso maior que o volume corrente gerado pelo próprio paciente (se possível, próximo ao limite da capacidade pulmonar total). Pode ser associado às técnicas de vibração e compressão torácica (por dois fisioterapeutas). Indicações Contraindicações Pacientes entubados, sob ventilação mecânica ou traqueostomizados, para prevenir áreas de colapso pul- monar e retenção de secreções. Casos de instabilidade hemodinâmi- ca; hipertensão intra craniana; he- morragia peri-intraventricular grave; osteopenia de prematuridade; distúr- bios hemorrágicos; graus acentuados de refluxogastroesofágico. Precauções: a ausência de uma ventilação colateral totalmente desenvolvida pode levar o ar a não difundir do alvéolo inflado ao colapsado, pois o ar sob pressão positiva assume o caminho de menor resistência. A HM pode, portanto, distender áreas já infladas, mas deixar outras áreas colapsadas, o que pode deixar o alvéolo inflado propenso a rupturas. 9 Fisioterapia – Terapia de expansão pulmonar (tep) HIPERINSUFLAÇÃO COM VENTILADOR Consiste na administração de altos volumes correntes, aumentando-se progressivamente a pressão de suporte, até atingir uma pressão pico nas vias aéreas de 40cm H2O ou por meio do aumento da pressão positiva expiratória final (PEEP). Tem com objetivo promover a expansão das unidades alveolares colapsadas, aumentando o fluxo aéreo para as regiões com atelectasias, por meio dos canais colaterais e da renovação de surfactante nos alvéolos. Visa ainda aumentar o potencial elástico de recolhimento pulmonar e o pico de fluxo expiratório, resultando na mobilização de secreções da periferia pulmonar para regiões mais centrais. Vantagens Desvantagens Controle das pressões utilizadas e a prevenção dos efeitos negativos da desconexão do ventilador quando comparada à hiperinsuflação utili- zando a bolsa de reanimação ma- nual. Estiramento do parênquima pulmo- nar; inflamação pulmonar; aumento da pressão intratorácica e, por con- sequência, diminuição do retorno venoso, alteração da pré-carga car- díaca e débito cardíaco; e diminuição da complacência estática e da oxige- nação arterial. REFERÊNCIAS ADORNA, Elisa da Luz et al. Hiperinsuflação pulmonar com ventilador mecânico como manobra de higiene brônquica. Clin Biomed Res;36(4). 2016 ASSMANN, Crisela Brum et al. Hiperinsuflação pulmonar com ventilador mecânico versus aspiração traqueal isolada na higiene brônquica de pacientes submetidos à ventilação mecânica. Rev Bras Ter Intensiva.28(1):27-32, 2016. LIEBANO, Richard Eldin et al. Principais manobras cinesioterapêuticas manuais utilizadas na fisioterapia respiratória: descrição das técnicas. Rev. Ciênc. Méd, Campinas, 18 (1): 35-45, 2009. NUNES, Guilherme S; BOTELHO, Guilherme Varela; SCHIVINSKI, Camila Isabel Santos. Hiperinsuflação manual: revisão de evidências técnicas e clínicas.Fisioter. Mov., Curitiba, v.26, n.2, p.423-435, 2013. TREVISAN, Maria Elaine; SOARES, Juliana Corrêa; RONDINEL, Tatiana Zecarias. Efeitos de duas técnicas de incentivo respiratório na mobilidade toracoabdominal após cirurgia abdominal alta. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.17, n.4, p. 322-6 , 2010. 10 Fisioterapia – Terapia de expansão pulmonar (tep) Procedimento Operacional Padrão POP/UNIDADE DE REABILITAÇÃO/025/ 2015 Técnicas de Fisioterapia Respiratória em pacientes Adultos Versão 1.0. EBSERH Hospitais Universitários Federais, 2015. Disponível em: www2.ebserh.gov.br/documents/147715/0/ POP+25+Técnicas+de+Fisioterapia+Respiratória+em+pacientes+Adultos+final.pdf/edd4dfe5- f484-42dc-b043-ab396f1031c2. Acesso em: 01 de maio de 2019 Ebook Fisioterapia Hospitalar Completo. 2016. Acesso em: 01 de maio de 2019. O uso da pressão positiva nas vias aéreas. Interfisio. Disponível em: https://interfisio.com.br/o- uso-da-pressao-positiva-nas-vias-aereas/. Acesso em: 01 de maio de 2019. *Além do material disponibilizado pela SANAR, via Power Point (PDF). 2 Fisioterapia – Oxigenoterapia OXIGENOTERAPIA Constitui-se na administração de oxigênio, como forma terapêutica, em concentração superior à encontrada no ar ambiente (21%). Objetiva reduzir a carga de trabalho cardiopulmonar por intermédio da elevação dos níveis de oxigênio alveolar e sanguíneo, mantendo a oxigenação adequada dos tecidos, corrigindo a hipoxemia causada por alterações na relação V/Q, aumento do shunt, hipoventilação e alterações da difusão alveolar. De acordo com a “American Association for Respiratory Care” (AARC), são indicações da oxigenoterapia: • PaO2 < 60 mmHg e/ou SaO2 < 88-90 % em ar ambiente • SaO2 <88% durante a deambulação, exercício ou sono em portadores de doenças cardiorrespiratórias • PaO2 ≤50 mmHg em pacientes sob VM • IAM • Intoxicação por monóxido de carbono • Envenenamento por cianeto A concentração utilizada deve ser mínima ou o menor fluxo possível para alcançar um nível de oxigênio adequado, tais níveis podem ser avaliados por meio da oximetria de pulso (Sat02), ou na obtenção da gasometria arterial (Sa02, Pao2, PaCO2 e PH). A administração em doses elevadas por períodos prolongados podem acarretar em lesão pulmonar, devido à toxidade do oxigênio. Os sistemas de oxigenoterapia classificam-se em: Baixo ou alto fluxo. SISTEMAS DE BAIXO FLUXO Os dispositivos que utilizam sistema de baixo fluxo são administrados por cânula nasal, cateter nasal ou máscara facial. Suprem oxigênio com fluxos inferiores ao volume inspiratório do individuo, geralmente de 1 até 8l/min. O volume restante é 3 Fisioterapia – Oxigenoterapia carreado do ar ambiente, o que dificulta especificar fielmente a fração de oxigênio inspirado (FiO2) que está sendo administrado. Cânula nasal (tipo óculos): Método empregado quando o paciente requer uma concentração baixa de O2. Cateter nasal: Paciente requer concentração baixa de O2. Inserção até uma profundidade igual à distância entre o nariz e o lóbulo da orelha. Para cada l/min de O2, a concentração é acrescida em 4%. Máscara facial simples: Administra concentração moderada de O2. Instalação rápida e fácil em emergências. Fluxo mínimo de 5l/min, evitando reinalação de CO2. Dispositivos Vantagens Desvantagens Cânula nasal Bem tolerada; Permite ali- mentação e mobilização; Baixo custo Podem causar desconforto e ressecamento nasal; Escape de O2 Cateter nasal Baixo custo; descartável; Per- mite alimentação Produção de secreção (revezamento a cada 8h na narina oposta); nem sempre bem tolerado; deglutição de ar; aspiração Máscaras Baixo custo, Fio2 até 60% Restrição à alimentação e comunicação; Sensação de claustrofobia; Dificilmente aplicável em traumas de face ou sonda nasogastrica Alto fluxo Supre oxigênio o suficiente para oferecer duas a três vezes o volume inspiratório do individuo e asseguram FiO2 conhecida. Adequado para aqueles que necessitem de quantidades elevadas de oxigênio, visto que administram oxigênio a 100% e mantêm 100% de umidificação, impedindo o ressecamento das mucosas. Máscara com sistema de reservatório: Empregado quando requer concentração alta de O2. Pode manter a FiO2 elevada até 60%. • Bidirecional com reinalação parcial • Unidirecional sem reinalação 4 Fisioterapia – Oxigenoterapia Oxigenoterapia nasal de alto fluxo (ONAF): Pode fornecer oxigênio até 100% aquecido e umidificado com uma FiO2 controlada e fluxo médio máximo de 60l/ minuto por intermédio de uma cânula nasal. Reduz e lava o espaço morto das vias aéreas, gera pressão positiva expiratória final (PEEP) e proporciona maior conforto. Máscara sistema de Venturi: Empregada quando se requer uma concentração moderada ou alta de O2. O ar é arrastado pela força de cisalhamento nos limites do fluxo de jato de oxigênio que passa através de um orifício. Quanto maior for o diâmetro, maior a FiO2 e a quantidade de ar arrastado. A FiO2 é regulada pela escolha e troca do adaptador do jato. A cor reflete a concentração empregada: 24%: azul; 28%: branco; 31%: alaranjado; 35%: amarelo; 40%: vermelho; 60%: verde. Oxigenoterapia Baixo fluxo Canula e cateter nasal Máscara simples Alto fluxo Máscara Venturi ONAF Máscara com reservatório https://www.slideserve.com/dara/oxigenoterapia-e-ventila- o. Acessado em 14/04/2019 5 Fisioterapia – Oxigenoterapia REFERÊNCIAS: Scanlan, C.L.; WilkinS,R.L.;Stoller, J. K. Fundamentos da Terapia Respiratória de Egan. São Paulo: Mosby, 2009. Ultra, R. B. Fisioterapia Intensiva. Rio de Janeiro: Guanabra Koogan, 2009. Dres M; Demoule A. O que todo intensivista deve saber sobre oxigenoterapia nasal de alto fluxo em pacientes críticos. Rev Bras Ter Intensiva. 2017;29(4):399-403 SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA. Oxigenoterapia domiciliar prolongada (ODP). J. Pneumologia [online]. 2000, vol.26, n.6 [citado em 2019-04-15] 2 Fisioterapia – Terapia de Higiene Brônquica (THB) TERAPIA DE HIGIENE BRÔNQUICA (THB) CONCEITO A THB é um conjunto de técnicas que tem como finalidade auxiliar na mobilização e eliminação de secreções presentes nas vias aéreas e, como consequência, melhorar a relação entre a ventilação e a troca gasosa e diminuir o trabalho respiratório. OBJETIVOS: • Auxiliar na remoção de secreção; • Reduzir Resistência em VA; • Reduzir o trabalho respiratório; • Melhorar trocas gasosas. OBSTRUÇÃO DAS VA: Caracterizada pela diminuição da luz das vias aéreas que afeta diretamente o fluxo de ar circulante, podendo ser reversível ou irreversível, parcial ou total. TIPOS DE FLUXOS E RESISTÊNCIA Existem 3 tipo de fluxos aéreos pulmonar e para saber qual o tipo de fluxo é necessário saber a velocidade média do fluxo do tubo, densidade do fluxo e viscosidade do tubo : • Fluxo laminar: fluxo ideal, com linhas da velocidade do fluxo paralelas ao eixo do tubo ocorre em velocidades relativamente baixas (VA periféricas); • Fluxo transicional: algumas linhas não paralelas ao eixo do tubo, ocorre em velocidades intermediárias (predominante). • Fluxo turbulento: sem organização, ocorre em elevadas velocidades de fluxo 3 Fisioterapia – Terapia de Higiene Brônquica (THB) (VA de maior calibre – traqueia); O principal determinante da resistência respiratória é o raio da via aérea, sendo nos brônquios de médio calibre o local de maior resistência das VA. A resistência da VA depende de 3 principais fatores valor da viscosidade do fluido (n), comprimento do tubo (l) e do raio do tubo (r). 𝑹 = 8𝒏𝒍 𝝅𝒓4 MUCO A depuração mucociliar é uma etapa importante para a limpeza física dos pulmões, sendo dependente da quantidade e qualidade de muco produzido e da dinâmica ciliar. Produção diária: 100 ml. O muco respiratório é um fluido bifásico composto de uma fase aquosa sol e uma fase gel, a camada superior é um gel viscoelástico (muco com ligações cruzadas de glicoproteínas) que sobrepõe uma camada sol (serosa). TIXOTOPIA: é a fluidificaçãoprogressiva do muco ao ser submetido a agitações constantes, retornando a condição inicial ao repouso. 4 Fisioterapia – Terapia de Higiene Brônquica (THB) TOSSE A tosse é um mecanismo protetor reflexo a irritação dos quimiorreceptores e mecanorreceptores, controlado pela estimulação do nervo valgo, que origina uma séria complexa das ações musculares, possuindo grande eficácia para mobilizar secreções a partir das vias aéreas segmentares. A tosse pode ser favorecida quando o muco é mias viscoso, menos consistente, mais úmido e possui menor aderência. Dentre as condições que compromete a tosse, tem-se: Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/3165293/ • Via aérea artificial; • Depressão do SNC; • Lesão do nervo faríngeo; • Disfunção neuromuscular; • Obstrução da VA; • Anestesia / analgésicos narcóticos; • Fraqueza músc. Abdominais; • Cirurgia abdominal; • Dor FISIOTERAPIA NA THB O fisioterapeuta dispõe de diversas técnicas para promover a mobilização da secreção e auxiliar na sua eliminação, por meio da drenagem postural, recursos manuais e recursos mecânicos. Alguns exemplos de técnicas utilizadas: 1. Drenagem postural: utiliza a gravidade para o auxílio do deslocamento do muco, dificilmente é utilizada de forma isolada; 2. Compressão torácica: manobra de compressão dos arcos cortais para expulsão da secreção brônquica durante a fase expiratória; 3. Técnica de expiração forçada: a realização de uma respiração forçada sem o fechamento da glote seguida de um período de respiração diafragmática e relaxamento 5 Fisioterapia – Terapia de Higiene Brônquica (THB) 4. Máscara de PEP: permite a entrada do fluxo aéreo posteriormente as áreas obstruídas pelo muco; 5. Aspiração das VA: consiste no processo mecânico de aspirar a secreção presente na VA. REFERÊNCIAS Fluxo e Resistência nas Vias Aéreas – Resumo – Fisiologia. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=AdPRxkIATCU> Acesso em: 06 de set de 2019. RAMOS Antônio. Técnicas de higiene brônquica. Dispinível em: <https://www. passeidireto.com/arquivo/51070951/tecnicas-de-higiene-bronquica>. Acesso em 06 de set de 2019. MARTINS, Ana Lúcia Pio. Estudo das propriedades reológicas do muco brônquico de pacientes sob fisioterapia respiratória. 2004. 85 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Fisioterapia, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos - Sp, 2004 2 Fisioterapia – Treinamento muscular ventilatório TREINAMENTO MUSCULAR VENTILATÓRIO Consiste em um método cuja função é melhorar a capacidade da musculatura respiratória funcionalmente comprometida, por intermédio de exercícios específicos, objetivando a manutenção ou aumento da força e da endurance (resistência), dos músculos responsáveis pela ventilação pulmonar, beneficiando pacientes críticos, clinicamente estáveis, submetidos à ventilação mecânica (VM) controlada prolongada e com desmame difícil. Além da fraqueza proveniente da hipotrofia por inatividade muscular, alterações metabólicas e nutricionais severas também podem contribuir com a resposta ventilatória hipoxêmica, perda de massa, com ênfase nas fibras do tipo II de resposta rápida, perda de força muscular e ineficiência da contração das fibras, principalmente as do tipo I, de resposta lenta, oxidativa e altamente resistentes a fadiga, que compõem 55% das fibras do diafragma, músculo responsável por cerca de 70% do ciclo inspiratório. Tais prejuízos dificultam ainda mais a retirada definitiva do suporte ventilatório, acarretando em maior período de hospitalização. AVALIAÇÃO GERAL • Sinais e Sintomas de disfunção respiratória Sintomas inespecíficos, destacando: a sensação de dispnéia e intolerância ao exercício. Sinais: Taquipnéia, tiragem dos músculos acessórios da inspiração e intercostais, cianose, que indica hipoxemia, padrão muscular ventilatório paradoxal (alteração entre o padrão de movimento caixa torácica e abdome) rebaixamento de consciência e o coma em casos críticos. 3 Fisioterapia – Treinamento muscular ventilatório AVALIAÇÃO ESPECIFICA DA FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA A medida de força é estimada quantitativamente por meio da obtenção das pressões máximas. A estimativa de retração muscular, utilizando-se as medidas das alterações de volume da caixa torácica obtidas pela mensuração da capacidade vital. A qual observa-se queda em pacientes com fraqueza muscular. No entanto, esta última é considerada uma avaliação inespecífica, com menor sensibilidade a fraqueza leve, sendo útil em pacientes sem doenças respiratórias. • Manovacuômetro Aparelho ao qual, acopla-se uma peça bucal na extremidade, podendo ser substituída por válvula unidirecional de três vias, no caso de pacientes intubados, traqueostomizados ou pouco colaborativos. http://fisioterapiainovadora.blogspot.com/2018/ 06/manovacuometria-manovacuometro.html, acessado em 10/04/2019 Estima as pressões inspiratórias máximas (PiMax), obtidas por esforço inspiratório máximo a partir do volume residual. E as pressões expiratórias máximas (PeMax), medida de pressão gerada pela contração dos músculos expiratórios, a partir de uma inspiração máxima seguida de expiração forçada. Realiza-se apenas uma medida para pacientes pouco colaborativos, e três medidas para pacientes colaborativos, considerando a de melhor desempenho. Valores de normalidade podem variar de acordo com a idade e o sexo da população. TREINAMENTO DE ENDURANCE Nebulização intermitente Preconiza a retirada gradual da VM para que o paciente possa assumir o trabalho ventilatório sem o suporte. Indicado para pacientes com baixo nível cognitivo 4 Fisioterapia – Treinamento muscular ventilatório e com PiMax >-20cmH20. Requer uma monitoração rigorosa a fim de evitar a fadiga. Iniciar com 30 minutos ou menos a depender dos sinais, repetições de 2 a 3 vezes ao dia, até que o paciente consiga permanecer por no mínimo 4 horas, sem sinais de esforço. TREINAMENTO DE FORÇA Threshold IMT https://interfisio.com.br/treinamento- muscular- emtraqueostomizados/, acessado em 10/04/2019 Treinamento de carga pressórica linear, fluxo- independente. Dentre os equipamentos com resistências de linha, o Threshold IMT, é o mais utilizado. Constituído por uma câmara apresentando uma válvula e uma mola interna, com graduação de pressão variável de -7 a -41cmH2O. A válvula mantida por pressão positiva se abre quando uma pressão negativa é gerada com o esforço inspiratório do paciente. Geralmente é aplicado de 3 a 5 séries, 10 a 15 repetições, 3 vezes ao dia. Pflex e similares https://www.researchgate.net/figure/respiratory- resistance-device-PFleX-respironics-Inc-, acessado em 10/04/2019 Permite treino no qual à resistência a entrada do fluxo de ar, com carga pressórica alinear, o dispositivo Pflex, é composto por uma válvula bidirecional que permite o ajuste de peça, com orifícios de tamanhos variados, que geram a carga imposta no treinamento. alterando a carga, sistema fluxo-dependente. Quanto maior a carga utilizada maior a hipertrofia. Duração de 15 a 30 minutos por treino, duas vezes ao dia. 5 Fisioterapia – Treinamento muscular ventilatório Inspirômetro de incentivo https://www.ispsaude.com.br/produto/05465A/ respiron-classic-ncs-exercitador-respiratorio/, acessado em 10/04/2019 Exercitador respiratório que incentiva inspirações profundas e sustentadas, possibilitando insuflação pulmonar e auxiliando no fortalecimento muscular. Composto por três câmaras interligadas de modo a proporcionar um fluxo dinâmico projetado para aumentar a dificuldade da inspiração exigindo mais força da musculatura respiratória. Cada câmara possui uma esfera que se movem durante o treino e fornece incentivo visual. Esforço exigido é médio de 10 a 40 cmH2 Estimulação elétrica neuromuscular Aplicação de pulsos elétricos que despolarizam a membrana, gerando potencial que se propaga desde o nervo até o músculo, mantendo a intensidade, para que ele se contraia durante o treinamento dos músculosexpiratórios. Aplicados entre os pontos motores dos músculos escalenos e ECOM, por sessões de 20 minutos até 3 vezes ao dia. REFERÊNCIAS: Pascotini FS, Denardi C, Nunes GO, Trevisan ME, Antunes VP: Respiratory muscle training in patients weaning from mechanical ventilation, ABCS health Sci. 2014;39(1):12-16 Sarmento, GJR. Recursos em fisioterapia cardiotorácica. 1ª edição. São Paulo: Manolo,2012. Wens I, Eijnde BO, Hansen D. Muscular, cardiac, ventilatory and metabolic dysfunction in patients with multiple sclerosis: Implications for screening, clinical care and endurance and resistance exercise therapy, a scoping review. J Neurol Sci. 2016 Aug 15;367:107-21. 2 Fisioterapia – Cinesioterapia e mobilização precoce CINESIOTERAPIA E MOBILIZAÇÃO PRECOCE FRAQUEZA MUSCULAR Em pacientes críticos internados em unidades de terapia intensiva (UTI) a fraqueza muscular adquirida tem sido detectada e se caracteriza como uma fraqueza difusa e simétrica que envolve a musculatura respiratória e dos membros. Esta condição tem origem multifatorial, pois pode ter como causa a atrofia muscular devido à imobilidade em leito, até mesmo a toxidade medicamentosa prolongada. São considerados pacientes graves aqueles que apresentam comprometimento de um ou mais sistemas fisiológicos, associado à perda de suas funções de autorregulação. A fase crítica de uma doença grave é caracterizada pelo consumo do músculo esquelético devido à incapacidade de se manter o equilíbrio entre a síntese e a degradação proteica. As doenças críticas estão relacionadas a um quadro de estresse catabólico, em que os pacientes geralmente apresentam uma resposta inflamatória sistêmica que altera a morfologia e a fisiologia da musculatura esquelética e seu sistema de condução. A despolarização axonal ocorre em virtude das alterações microvasculares, levando à hipoperfusão dos pequenos capilares dos nervos e à redução da oferta de oxigênio (DO2 ) resultando no acúmulo de metabólitos ácidos. MOBILIZAÇÃO PRECOCE Atualmente, a mobilização precoce tem se destacado como atuação benéfica para evitar justamente a incidência dos fatores adversos decorrentes do imobilismo. Nesse contexto, recomenda-se o início precoce da mobilização em pacientes críticos com intuito de prevenir as complicações provenientes do repouso no leito. ATIVIDADES DE MOBILIZAÇÃO NA UTI A atuação fisioterapêutica tem papel muito importante na recuperação e manutenção da saúde de indivíduos em estado crítico internados na UTI tendo 3 Fisioterapia – Cinesioterapia e mobilização precoce como objetivo prevenir contraturas musculares, edema linfático e minimizar efeitos adversos da imobilização prolongada no leito. Algumas atividades de mobilização na UTI: • Mudança de decúbito e posicionamento funcional; • Mobilização passiva; • Mobilização ativo-assistida; • Mobilização ativa; • Uso de ciclo ergômetro no leito; • Ortostatismo; • Marcha estática; • Transferência da cama para a poltrona; • Exercícios na poltrona; • Deambulação. BENEFÍCIOS • Diminuição do tempo de VM; • Diminuição do tempo de internação na UTI e hospitalar; • Aumento da força muscular; • Manutenção/ recuperação do grau prévio de funcionalidade do indivíduo; • Diminuição do número de infecções; • Redução do Delirium; • Melhor qualidade de vida. 4 Fisioterapia – Cinesioterapia e mobilização precoce REFERÊNCIAS POP/ UNIDADE DE REABILITAÇÃO: Mobilização Precoce no Paciente Crítico. Uberaba: Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, v. 1, 2016. GODOY, Marcos David Parada et al. Fraqueza muscular adquirida na UTI (ICU- AW): efeitos sistêmicos da eletroestimulação neuromuscular. Revista Brasileira de Neurologia, Rio de Janeiro, v. 51, n. 4, p.110-113, 2015. MESQUITA, Thamara Márcia de J. C. et al. Imobilismo e Fraqueza Muscular Adquirida na Unidade de terapia Intensiva. Revista Brasileira de Saúde Funcional, Cachoeira - Bahia, v. 1, n. 3, p.47-58, 2016. 2 Fisioterapia – Farmacologia Aplicada À Terapia Intensiva FARMACOLOGIA APLICADA À TERAPIA INTENSIVA INTRODUÇÃO O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) e o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (CREFITO) não conferem a seus profissionais o poder de receitar remédios. Todavia, isso não impede esses profissionais de terem conhecimento sobre as interferências dos fármacos no organismo dos pacientes, contribuindo ou para a melhora do quadro clínico, ou mesmo gerando alguns sintomas “novos” que podem desencadear alguma alteração ou quadro clínico antes não ocorrido. Nessa perspectiva, fisioterapeutas especialistas em Terapia Intensiva e que trabalham com reabilitação cardiovascular e pulmonar necessitam ter conhecimentos sobre fármacos. Além disso, durante a anamnese, é necessário que sejam coletadas informações sobre as drogas em uso. DROGAS EM TERAPIA INTENSIVA Podemos classificar as principais drogas utilizadas em terapia intensiva nos seguintes grupos: Drogas em terapia intensiva Sedativos Analgésicos Bloqueadores neuromusculares Drogas vasoativas Antiarrítmicos 3 Fisioterapia – Farmacologia Aplicada À Terapia Intensiva SEDATIVOS E ANALGÉSICOS A administração de analgésicos e sedativos é fundamental para dar conforto ao paciente, reduzir o estresse e evitar retardo na recuperação e na liberação da ventilação mecânica. A sedação excessiva pode resultar em: • Escaras (pela redução da mobilidade); • Compressão nervosa; • Delirium; • Ventilação mecânica prolongada; • Menor mobilização do doente crítico. Por outro lado, a sedação inadequada (insuficiente) pode resultar em: • Dor; • Ansiedade; • Agitação; • Autoextubação; • Retirada de cateteres; • Isquemia miocárdica; • Hipoxemia. Há alguns anos, preconizava-se que a sedação deveria ser diariamente interrompida, visando ao desmame da ventilação mecânica de forma mais precoce, além de auxiliar na redução dos efeitos do imobilismo. Todavia, atualmente, os novos estudos em terapia intensiva preconizam que essa retirada da sedação deve ser realizada de forma gradual, por meio de titulação individualizada da sedação, bem como ajuste diário da mesma. Para tanto, utiliza-se a Escala de Agitação e Sedação de Richmond (ou RASS, do inglês Richmond Agitation-Sedation Scale). 4 Fisioterapia – Farmacologia Aplicada À Terapia Intensiva Dentre os principais sedativos, podemos mencionar os três principais: Sedativos Midazolam Lorezapam Propofol Esses sedativos podem estar em associação com analgésicos: • Fentanil: opioide que pode ser utilizado juntamente com outros medicamentos para a anestesia. Ele tem um rápido início de ação e os seus efeitos geralmente duram menos de uma ou duas horas. • Morfina: fármaco narcótico de alto poder analgésico usado para aliviar dores severas. Deve ser utilizada com cautela, pois pode provocar hipotensão arterial. • Tramadol: é o análogo sintético da codeína, com efeito analgésico por ação em receptores mu e inibição da recaptação da serotonina e noradrenalina. BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES Bloqueador neuromuscular é uma droga que interrompe ou simula a transmissão dos impulsos nervosos na junção neuromuscular esquelética, causando paralisia dos músculos esqueléticos afetados. As principais indicações para a utilização deste tipo de droga são: • Intubação do paciente; • Assincronia de difícil controle com ventilador; • Síndrome do Desconforto Respiratório do Adulto (grua moderado a grave); 5 Fisioterapia – Farmacologia Aplicada À Terapia Intensiva • Aumento da pressão intracraniana. Embora as indicações sejam muito claras, os estudos apontam evidências de disfunção neuromuscular após administração prolongada de bloqueadores neuromusculares, devendo o fisioterapeuta estar atento a essa administração. Os principais bloqueadores neuromusculares utilizados são: • Pancurônio; • Rocurônio; • Vecurônio; • Cisatracúrio. DROGAS VASOATIVAS: ADRENALINA Aadrenalina é uma droga utilizada principalmente no choque séptico, cuja finalidade é elevar a pressão arterial em pacientes hipotensos, em caso de os mesmos não responderem à ressuscitação por volume e a outros inotrópicos menos potentes. Além disso, essa potente droga vasoativa é quase sempre utilizada durante as manobras de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) com droga vasoconstrictora. Dentre as ações da adrenalina, podemos mencionar: • Aumento do volume sistólico, com consequente aumento do débito cardíaco e da pressão arterial; • Diminuição reflexa da frequência cardíaca; • Importante vasoconstricção periférica, com aumento da pressão arterial. Faz-se necessário alertarmos, ainda, que pacientes hemodinamicamente instáveis e que necessitam de altas doses de vasopressores não estão aptos a iniciar nem a progredir a mobilização. Dessa forma, é seguro estar hemodinamicamente estável, sem drogas vasoativas por pelo menos 2 horas. 6 Fisioterapia – Farmacologia Aplicada À Terapia Intensiva DROGAS VASOATIVAS: NITROPRUSSIATO O nitroprussiato pertence à categoria dos anti-hipertensivos, tendo como principais ações: • Diminuição da resistência periférica total; • Diminuição da pressão arterial; • Pouca alteração da frequência cardíaca; • Redução da resistência vascular e pulmonar; Sendo assim, essa droga é um vasodilatador misto, com efeitos sobre os territórios arterial e venoso. Salienta-se que pacientes hemodinamicamente instáveis, que necessitem de altas doses de vasopressores, não estão aptos a iniciar e nem a progredir a mobilização. Dessa forma, é necessário estar hemodinamicamente estável e sem administração de drogas vasoativas por pelo menos as duas horas pregressas. DROGAS ANTIARRÍTMICAS: AMIODARONA A amiodarona é recomendada nos seguintes casos: Distúrbios graves do ritmo cardíaco, inclusive aqueles resistentes a outras terapêuticas; Taquicardia ventricular sintomática (aumento da frequência cardíaca que se origina nos ventrículos do coração); A principal ação dessa droga é: • Prolongar o intervalo QRS no ECG; • Prolongar o potencial de ação; • Diminuir a frequência cardíaca. 7 Fisioterapia – Farmacologia Aplicada À Terapia Intensiva Recomenda-se que pacientes com arritmias e com uso de antiarrítmicos não iniciem, tampouco progridam a mobilização, sendo seguro estar sem arritmia e sem uso do antiarrítmico. REFERÊNCIAS Conceição TMA et al. Critérios de segurança para iniciar a mobilização precoce em unidades de terapia intensiva. Revisão sistemática. RevBrasTer Intensiva. 2017;29(4):509-519 Feitosa-Filho GS et al. Emergências hipertensivas. Rev. bras. ter. Intensivavol.20 (3)São Paulo July/Sept. 2008 Sakata, RK. Analgesia e sedação em unidade de terapia intensiva.Rev. Bras. Anestesiol.vol.60(6) CampinasNov./Dec.2010
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