Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
@hasenvet GASTROENTEROLOGIA EM CÃES E GATOS Problemas mais comuns: • Vômito (êmese); • Diarreias; • Disfagia, sialorreia e halitose; • Regurgitação: sinal mais caraterístico de problema em esôfago, sendo um processo mais passivo. É importante diferenciar do vômito; • Disquezia, tenesmo: IG, reto, região pré-anal; • Constipação: fezes ressecadas, endurecidas (fecaloma), e que pode evoluir para casos em que o animal não consegue evacuar (obstipação) e pode ser necessário fazer enema ou toque retal, ou até mesmo intervenção cirúrgica; • Icterícia: pancreatite, doenças hepáticas com perdas das funções secretoras. VÔMITO: Ter certeza se realmente é vômito, o que o tutor viu (cor, presença de muco, bile); Saber da alimentação, se não comeu coisas erradas, se mexe no lixo, se ninguém deu comida humana; Diferenciar de regurgitação, tosse e expectoração; O sinal mais confiável é a mímica características (contrações abdominais que precede a expulsão de conteúdo, é sempre um processo ativo, tem esforço. Causas: o Primárias: no TGI – gastropatias e/ou enteropatias; -- gastrites, enterites o Secundárias: fora do TGI – doenças sistêmicas; --- nefropatias, hepatopatias (fígado e vesícula), focos sépticos (piometra, peritonite, abscessos, endocardite), doenças infecciosas (erliquiose, leishmaniose), endocrinopatias (hipoadrenocorticismo, diabetes, hiperadreno, hipotiroidismo), síndrome paraneoplásica (hipercalcemia, mastocitoma, gastinoma). 1° passo: descartar as causas secundárias – o centro do vômito está localizado no SNC, alterações na corrente sanguínea, excesso de compostos tóxicos como na endotoxemia, uremia podem desencadear vômito sem que o paciente tenha alteração gastrointestinal primária. É preciso investigar na anamnese e exame físico se tem achado clínico dessas outras doenças. 2° passo: após descartar as secundárias, pesquisar as primárias. - Causas primárias: Inflamatórias/infecciosas: gastrite aguda ou crônica (dieta, Helicobacter, imunomediadas), gastroenterites, enteropatias crônicas; Obstrutivas mecânicas: corpo estranho, gastropatias hipertróficas (estenose pilórica, neoplasia, granulomas, intussuscepção); Obstrutivas funcionais: hipomotilidade/dismotilidade secundárias ou primárias. Observações: Pode encontrar Helicobacter sem manifestação clínica Nas gastroenterites há o acometimento do intestino, então geralmente ocorre diarreia associada ao vomito. Enterite duodenal (ou gastroduodenite) pode ocorrer de o paciente ter mais vomito do que diarreia, pela inflamação intestinal estar mais restrita ao duodeno. Pode ter como causa também a obstrução no lúmen intestinal. Hipomotilidade -> estase do conteúdo gastrointestinal -> dilação -> aumento da produção de gases -> distensão -> vômito Tratamento sintomático: antieméticos, protetores de mucosa gástrica (antiácidos - omeprazol). Porém não deve permanecer apenas no tratamento sintomático, deve buscar a causa. Em alguns casos será necessária @hasenvet uma terapia pontual para obter melhora; por outro lado muitas vezes o vômito melhora com a terapia sintomática, não persiste (tem curso limitado). No entanto as vezes o quadro persiste ou são casos crônicos, tendo que investigar mais a fundo. Tipos de abordagem diagnóstica: o Abordagem de exclusão – investigação rápida e ampla com vários exames complementares (hemograma, urinálise, bioquímico completo, RX, US abdominal, endoscopia (mais em casos crônicos); o Abordagem conservadora – realizar menos ou nem fazer exames complementares; é arriscado, pois o paciente pode ter algo mais grave. Síndromes clínicas das causas primárias – 1) Gastropatias: a. Gastrite aguda: evolução de horas até 2 semanas; b. Ulceras gastroduodenais: presença de hematêmese (sangue com vômito – seja vermelho vivo ou mais amarronzado como borra de café); associada com hemorragia gastroduodenal; está relacionada a tratamento medicamentoso prévio (antes da consulta), principalmente AINEs, glicocorticoides; pode ser causada também por uremia, insuficiência hepática, erliquiose, gastrites, granulomas, DVG. O tratamento clínico: remoção da causa, antiácidos (IBPS), citoprotetor (sucralfato), ATB (amoxilina), analgésico; terapia cirúrgica (úlceras perfuradas – peritonite séptica); c. Gastrite crônica: após passar esse período de 2/3 semanas; muitos casos podem ser responsivos a dieta (intolerância ou alergia alimentar?), responsiva a ATB (Helicobacter spp.) e responsiva a imunossupressores (corticoides - hoje tem usado muito ciclosporida associada); descartar causas parasitária (Physaloptera spp., Ollunalus spp.); pode ser causada por granulomas. Os sinais clínicos: vomito associado contínuo ou intermitente, vômito bilioso ou com alimento, vômitos após ingestão (alimento ou água), anorexia, dor abdominal, perda de peso variável, raramente hematêmese. O tratamento terapêutico: dietas hipoalergênicas, ATB, glicocorticoides e outros imunossupressores. d. Corpos estranhos; e. Síndrome do esvaziamento gástrico tardio: procurar por obstrução. Ppt no piloro ou distúrbio de motilidade; f. Dilatação vólvulo gástrica: raças grandes e agitadas após comer. É um quadro agudo, conteúdo reduzido do vômito, tem bastante mimica (náusea) mas pouco conteúdo, estomago dilatado, timpanismo e distensão abdominal. Urgência, intervenção cirúrgica o mais rápido possível. GASTRITE AGUDA: • Síndrome clínica: quadro agudo de vômito, apatia, anorexia, desidratação. • Etiologia: o Associada a dieta: indiscrição alimentar (alimentos não convencionais); o Corpo estranho gástrico ou intestinal: mais frequente em animais mais jovens; caroços de frutas, peças de roupas. Ter atenção aos corpos estranhos lineares – pode dobrar na base da língua e se for longo, pode deglutir e com o peristaltismo perfurar as alças intestinais; resolução cirúrgica; o Resposta a diversas drogas: AIs e antibióticos; mais comum quando o tutor medica por conta própria, uso de fármacos como o diclofenaco, doses erradas principalmente quando usa medicamentos de linha humana; o Doenças infecciosas: virais, parasitárias e bacterianas- quadro inicial; o Doenças sistêmicas metabólicas: manifestação de vômito, IR, doenças pancreáticas e hepáticas – mais em animais mais velhos; o Causas psicogênicas: estresse; o Ingestão de plantas ornamentais: comigo-ninguém-pode, copo-de-leite, antúrio. • Abordagem pela: gravidade do paciente, perfil do proprietário e suspeita clínica. @hasenvet • Tratamento: o Terapia sintomática: as vezes prescrita antes mesmo de um diagnóstico mais definitivo. Náusea gera anorexia e o vômito gera desidratação, o que se não tratado pode gerar um agravo do estado do paciente. Precisa tratar as causas também para não agravar a doença de base. Fluidoterapia endovenosa para reidratação: Déficit + requerimento basal + perdas; Antieméticos: vômitos frequentes – Ondansetrona (Vonau); Citrato de Maropitant - o mais usado (Cerenia), Metoclopramida (Plasil) em casos mais brandos; Gastroprotetores: antiácidos e protetores de mucosa - Omeprazol, Sucralfato. Omeprazol: antiácido inibidor da bomba de prótons – inibe produção de ácido clorídrico. Nem sempre é indicado; elevar o pH gástrico em caso de gastrite severa e ulceração (casos de hematêmese, melena). Indicado em casos de lesão gástrica, ulceração gastroduodenal, esofagite de refluxo (traduzido por sangue no vomito ou melena) para aumentar a taxa de cicatrização da mucosa gástrica. Se não tem lesão gástrica importante não é recomendado. Geralmente é prescrito por profilaxia, o que é uma prática não aconselhável. Jejum total de 12-24 horas ou iniciar dieta líquida – pequenos volumes. Evitar sobrecarga alimentar, grandes quantidades de ração; Pró-cinéticos: hipomotilidade (íleo). Ex.: Domperidona, Metoclopramida. • Evolução: a maioria é autolimitante (melhora em 24 a 48h), mas depende da causa de base; e responde favoravelmenteà terapia suporte/sintomática; Se não melhorar nesse período é fundamental a investigação diagnóstica e realização de exames complementares. o Monitorar evolução com paciente hospitalizado ou não (essencial): Se vomitar muito e desidratar é recomendado internação para estabilização, receber fluido e receber medicamento IV. ÚLCERAS GASTRODUODENAIS: É quando há lesão profunda da mucosa gástrica ou duodenal. Secreção vermelha (sangue) em contato com meio ácido fica mais escuro e amarronzado. Temos perda da solução de continuidade da mucosa gástrica. As úlceras no exame de endoscopia são vistas com bordas elevadas, centro deprimido. Etiologia: tudo que reduz a perfusão sanguínea na mucosa gástrica pode causar ulceração. AINEs* Glicocorticoides* Uremia Insuficiência hepática Erliquiose Gastrites/granulomas/DVG Choque Neoplasias Corpo estranho Mastocitoma/gastrinoma: aumentam a produção de HCl Estresse Tratamento: • Terapia Clínica: o Remoção da causa (quando é conhecida) – tratar a doença de base. Ex.: interromper o uso de AI. o Antiácidos: com a secreção ácido demora mais para cicatrizar essa lesão. Inibidor da Bomba de Prótons = reduz produção de HCl elevando o pH. (Ex.: Omeprazol). @hasenvet o Citoprotetor (sucralfato): age localmente reforçando a barreira de proteção. *Sucrafilme: linha humana – em comprimidos ou flaconetes. Na vet utiliza-se mais os flaconetes. o Antibioticoterapia – amoxicilina. o Analgesia. • Terapia Cirúrgica: úlceras perfuradas (peritonite séptica). Úlcera pode ser tão profunda a ponto de perfurar a parede do estomago ou da alça intestinal, ocorrendo extravasamento de conteúdo para cavidade. REGURGITAÇÃO: Na anamnese as vezes reconhecemos que o animal não está vomitando e sim regurgitando, então isso muda o foco de diagnóstico do estômago para esôfago. Sinais clínicos: • Sialorreia, disfagia, halitose; • Polifagia ou anorexia/hiporexia: mais comum preservar o apetite ou aumenta-lo. Perdem peso pois tem apetite, porém não conseguem consumir; • Emaciação; • Sinais clínicos de pneumonia aspirativa; • Distensão esofágica cervical: megaesôfago Obs.: Doenças funcionais – são aquelas que alteram a motilidade do esôfago. Mais comum é o megaesôfago. MEGAESÔFAGO: É uma dilatação esofágica, caracterizada pela ausência ou diminuição do peristaltismo. “O megaesôfago é definido como uma dilatação generalizada e difusa do esôfago com peristalse diminuída a ausente. Esôfago dilatado, flácido e sem motilidade que perde sua função de conduzir o bolo alimentar até o estomago”. Classificação: • Megaesôfago congênito (idiopático): manifesta regurgitação desde os primeiros meses de vida. • Megaesôfago adquirido: idiopático ou secundário. o Secundário: quando identifica doença neuromuscular; o Idiopático: de causa desconhecida, é o mais comum. @hasenvet Diagnóstico: • Sinais clínicos; • Radiografia simples torácica; • Radiografia contrastada: Esofagograma com sulfato de bário; Tratamento: • Tratar a causa base (doença neuromuscular secundária). • Garantir suporte nutricional e diminuir a regurgitação, pois a principal consequência e complicação do megaesôfago é a desnutrição. • Tratamento suporte/sintomático: manejo nutricional. o Alimentação em posição verticalizada; o Volumes pequenos várias vezes ao dia; o Alimentos hipercalóricos; o Consistência do alimento (controverso); o Sondas de gastrotomia. Obs.: comedouros mais elevados para que a parte cranial do esôfago fique mais elevada em relação ao esôfago, para chegada de mais alimento e nutrientes no estômago para ser aproveitado. Prognóstico: reservado, a maioria não tem causa conhecida. Consequências: interfere na qualidade de vida; pneumonia por aspiração. PERSISTÊNCIA DO ARCO AÓRTICO DIREITO: Dilatação localizada do esôfago, sendo cranial ao coração/silhueta cardíaca. É um defeito congênito: arco aórtico do lado direito, esôfago fica preso entre a base do coração, o arco aórtico mal posicionado, ligamento arterioso. * Depois da base do coração o esôfago fica normal até o estômago. Sinais clínicos: animais jovens, regurgitação, perda de peso, pneumonia por aspiração, morte. Tratamento: • Definitivo: cirúrgico – toracotomia: secção do ligamento arterioso e solta o esôfago de possíveis aderências na base do coração; • Manejo = megaesôfago. @hasenvet ESOFAGITE: Consiste na inflamação do esôfago, geralmente sem grandes repercussões, dor, desconforto, sialorreia, deglutições repetitivas. Geralmente associada ao refluxo de conteúdo gástrico ao esôfago. Pode evoluir para a estenose. A mucosa encontra-se avermelhada, hiperêmica, hemorrágica. Etiologia: • Refluxo gastroesofágico: na anestesia; vômitos persistentes (exposição prolongada da mucosa esofágica a secreções gástricas – principalmente em anestesias e vômitos persistentes), hérnia de hiato; braquicefálicos. • Medicação oral: antibióticos (ex.: doxiciclina – tto de erliquiose, clindamicina) e AINES (AAS) Por isso recomenda administrar água após dar medicamentos em drágeas. • Úlcera por corpo estranho. • Ingestão de substâncias corrosivas Tratamento: • Controle/eliminação do refluxo: o Antieméticos o Pró-cinéticos o Antiácidos – IPBs (omeprazol): reduzir irritação da mucosa esofágica o Protetor de mucosa - Sucralfato Obs.: Antiácidos porque a secreção do vômito é irritante para a mucosa esofágica. ESTENOSE ESOFÁGICA: É um estágio mais avançado, em que já ocorreu fibrose, formando um anel, reduzindo o lúmen esofágico. Caso mais grave. Estreitamento circunferencial anormal do lúmen esofágico. Lesão na mucosa → cicatrização → fibrose = estenose Histórico e sinais clínicos: • Regurgitação logo após ingestão: regurgitação mais frequente e grave. • Regurgitação mais pronunciada com alimentos sólidos. • Início do quadro após lesão esofágica. • Após quadros de êmese, após anestesia geral, pós tratamento com tetraciclinas, pós retirada do corpo estranho esofágico. • Apetite voraz, disfagia esofágica, sialorreia, perda de peso. • Regurgita, ingere o próprio material regurgitado, regurgita de novo... Estenose + esofagite (mucosa com aspecto avermelhado e friável, fibrina) @hasenvet Endoscopia: Procedimento que tem dois objetivos - diagnóstico e terapêutico (dilata o local estenosado – usando balão de dilatação de estenose para endoscopia. Balão é dilatado com água, rompendo a fibrose e aumentando o diâmetro esofágico). Pressão do balão: 2 a 4 atm. Pode ser necessário repetir o procedimento várias vezes. DIARREIA: Outra queixa bem comum na anamnese – de modo geral, é confiável. Classificação inicial é baseada no tempo de evolução: aguda (poucos dias a 2 semanas) ou crônica (acima de 2 semanas). Existe também as intermitentes – avaliar como crônico recidivante. É importante determinar a origem – pode envolver ambos: Intestino delgado – gastroenterite: segmento mais longo, tem maior capacidade de absorção. Fezes mais volumosas, poça grande, diarreia aguda, desidratação rápida, anorexia, vômito agudo, prostração; Intestino grosso – colite: paciente clinicamente estável, alerta, ativo, de pé, diarreias de volume pequeno, várias vezes no dia, muco amarelado, sangue mais rosado a vermelho vivo. Fonte: NELSON; COUTO, 2010. Fonte: DUARTE, R. Diarreias crônicas. Vets Today. Royal Canin, 2011. @hasenvet Gastroenterite: • Sinais clínicos: diarreia aguda volumosa com desidratação rápida, vômito agudo, anorexia e prostração. • Pode ser hemorrágica ou não – bem visível macroscopicamente. Associada a lesão mais grave da mucosa intestinal que favorece a migração de toxinas e bactérias do lúmen intestinal para a corrente sanguínea. • Possíveis complicações: o Desidratação - se for severa, pode ter hipotensão e hipovolemia com risco de morte por choque hipovolêmico - costuma responderbem a fluidoterapia; o SIRS. Pode resultar em hipotensão, endotoxemia, bacteremia, sepse e morte por choque séptico – precisa de fluidoterapia, medicamentos para elevar pressão, antibioticoterapia; é mais complicado. Mais comum em quadros hemorrágicos; o Distúrbios eletrolíticos e ácido-base; o Desnutrição: torna o paciente mais susceptível à sepse. O jejum contribui para o agravamento do estado geral do paciente, mesmo com diarreia. Necessário alimento de boa digestibilidade, líquidos, alimentos enterais (Nutralife intensive; Saluty), alimentação caseira; o Translocação bacteriana: pode evoluir para bacteremia e sepse. TTO: antibioticoterapia; o Intussuscepção: invaginação de um segmento intestinal em outro; local mais frequente é a junção ileocólica; resolução cirúrgica. Incomum; o Disbiose intestinal: alteração quantitativa e qualitativa de microrganismos intestinais – microbiota; alteração na composição dos microrganismos no lúmen intestinal. Muitas vezes é tratado com probióticos (MOs que recompõem a microbiota) e em casos severos, pode ser necessário o uso de antibiótico e prebiótico – componentes do alimento. O próprio ATB pode causar disbiose. • Principal causa em cães jovens é a Parvovirose – geralmente morre por choque séptico. • Causas: o Dietéticas - intolerâncias: Indiscrição dietética: reação adversa a componentes da alimentação - relacionada a práticas indevidas ou mudanças; Intoxicação. o Virais: Parvovirose; Coronavirose. o Doenças infecciosas e metabólicas sistêmicas: Erliquiose, cinomose, leptospirose, hepatopatias, pancreatite, outras. o Parasitárias: Exames coproparasitológicos, Elisa (giárdia), PCR (protozoários principalmente), diagnóstico terapêutico – utilização de fármacos antiparasitários e antiprotozoários Ancilostomose; Toxocaríase; Giardíase; Isosporíase; Criptosporidiose. o Bacterianas: Clostridium; E. coli. Obs.: Identificar não só as bactérias como também as suas toxinas (é mais confiável – embora exista também falsos positivos). Já tem normalmente essas bactérias no intestino. o Reação adversa a fármacos: AINES, antibióticos, outros. @hasenvet • Abordagem: o Anamnese e exame físico o Estado geral do paciente: Estável: sem ou poucos exames complementares e terapia conservadora. Crítico: terapia intensiva e vários exames complementares. Terapia suporte/sintomática + Específica (causa) • Tratamento sintomático: o Fluidoterapia: reposição do déficit e manutenção; o Suporte nutricional enteral precoce: jejum não é mais indicado; o Antieméticos, gastroprotetores; o Probióticos e prebióticos (simbióticos; posbióticos - ex.: liberação de substâncias como ácidos graxos voláteis; parabióticos); o Antidiarreicos e/ou protetores de mucosa intestinal: são raramente empregados – antidiarreicos: reduzem peristaltismo aumentando o tempo de toxinas e bactérias no intestino, aumentando a chance de translocação; antiespasmódico: escopolamina – presente no Buscopan; protetores de mucosa intestinal – carvão ativado; o Antibióticos: somente em caso de risco de translocação bacteriano, como por exemplo, gastroenterite hemorrágico. Só em últimos casos. Bases mais usadas: associações de cefalosporina (1a geração) ou amoxilicina + metronidazol. Enrofloxacina também pode ser usada, porém tem efeito adverso em animais mais jovens de raça de pequeno e médio porte e em gatos (cegueira). Sulfa também é bom para não alterar a mucosa intestinal. o É comum introduzir sonda uretral no reto para obter fezes, as vezes ao toque, termômetro. Diarreias crônicas: • Evolução de várias semanas ou até meses. • Definir: predominantemente de intestino delgado ou intestino grosso enteropatias crônicas. o Intestino delgado: emagrecimento significativo em função da diarreia de evolução crônica; leva a má absorção de nutrientes. Se for intermitente a perda de peso pode não ser tão significante. Síndrome da má absorção; o Mista: ambos os segmentos. Há casos com envolvimento simultâneo. Ex.: íleo ou colón ou duodeno e colón; o Intestino grosso: pequenos volumes; várias vezes; escore corporal geralmente preservado. Pode ser considerada colite crônica. • Doença intestinal crônica, porém, nem sempre, há causas extra intestinais, doenças secundárias que podem estar causando diarreia. Causas: • Primárias: o Responsiva a dieta: não tem teste diagnósticos conclusivos, precisa fazer testes terapêuticos com dieta de exclusão (linhas hipoalergênicas ou dietas caseiras). Baseada na regressão dos sinais clínicos quando é submetido a essa dieta em forma de teste - feita em pacientes com condições estáveis. O fato do animal comer o mesmo alimento ao mesmo tempo não descarta o fato dele desenvolver uma resposta a essa dieta usual. Causas: intolerância ou alergia alimentar (hipersensibilidade) - difícil diferenciar na prática, mudanças na alimentação- fazer a transição gradativa; o Responsiva a antibióticos. Quando há disbiose intestinal ou infecção bacteriana primária. @hasenvet o Responsiva a imunossupressores: Doenças inflamatórias intestinais idiopáticas: causa desconhecida Sistema imunológico responde de forma exacerbada a componentes da microbiota, ou mesmo antígenos alimentares, causando inflamação que gera sintomas; Tratamento com imunossupressoras de longo prazo, no início usado glicocorticoides (primeiros 40 a 90 dias) depois passa para outros. o Não responsiva: menor grupo. o Neoplásicas: principalmente linfoma; o Linfangiectasia intestinal: dilatação dos ductos linfáticos; gera prejuízo no transporte de proteínas e gorduras que foram absorvidos no intestino. Os ductos se rompem → linfa rica em gordura e ptn → extravasa para as fezes; enteropatias perdedoras de proteínas → também pode ocorrer em inflamações graves. Importante restringir gordura na dieta (linha low fat) + imunossupressores. o Colite ulcerativa histiocítica: mais comum em braquicefálicos. Diagnóstico: colonoscopia → biópsia → histopatológico e para cultura bacteriana → antibiograma → geralmente é E.coli enteroenvasiva. Tratamento longo – 6 a 8 semanas de antibioticoterapia; o Mecânicas: intussuscepção; • Secundárias: excluindo as possibilidades secundarias investigar à primária. o Parasitárias: Giardia spp., coccídeos, helmintos; o Insuficiência pancreática exócrina: deficiência de enzimas que participam do processo produtivo. Diarreias osmóticas com perda de peso acentuada; o Infecciosas: Leishmaniose: doença sistêmica; Fúngicas/algas. o Endocrinopatias: hipoadrenocorticismo – linfocitose, alterações de eletrólitos, cortisol baixo, teste de estimulação com ACTH; o Doença hepática, renal, cardíaca (congestão). Fonte: STEINER, J. Uma abordagem passo a passo para cães e gatos com diarreia crônica. Royal Canin, 2015. @hasenvet Abordagem diagnóstica: • Histórico: espécie, idade, raça, histórico alimentar; • Exame físico: escore corporal, palpação abdominal, ascite. • Exames complementares: o Coproparasitológico; o Snap Giárdia; o Hemograma e bioquímicos (albumina); o Ácido fólico, cobalamina e TLI (tripsinogênio); o Ultrassonografia e/ou radiografia abdominal; o Biopsia intestinal por endoscopia ou laparotomia. Tratamento: • Exclusão de causas secundárias: antiparasitários, outros conforme a causa. • Dieta: estável, aquele que dá pra esperar 2-3 semanas o ↑ Digestibilidade. Hipoalergênicas ou gastrointestinal o Ou ↑ Fibra ou ↓ gordura (“low fat”) • Antibióticos: controle de disbiose (Tilosina ou metronidazol). • Imunossupressores: inflamação intestinal no US, não respondeu as outras tentativas: o Prednisolona 1 a 2 mg/kg BID, 2 a 4 semanas o Redução gradativa da dose em 2 a 3 meses o Manter a menor dose efetiva ou até mesmo suspender. Se ao suspender o animal apresentar recidiva, provavelmente precisará de outros imunossupressores (alternativasao glicocorticoides, para manter para o uso prolongado). Manutenção: Azatioprina, Ciclosporina, Clorambucil. Obs.: Diarreia, prurido cutâneo crônico, vômito crônicos → provável de fundo alimentar -> bons candidatos a abordagem terapêutica com dietas. DISQUESIA, TENESMO, CONTISPAÇÃO: Alterações de intestino grosso (reto, colón), região perianal. Constipação: • Causas: o Indiscrições dietéticas: ossos, principalmente de frango (ppc frito ou assado); madeira; pedaços de brinquedos; pelos; terra; areia de caixa sanitária; o Impactação e saculite anal: ductos obstruídos, dor a palpação; o Traumatismo ou problemas ortopédicos/neurológicos em região pélvica; o Obstruções na passagem pélvica: aumento do tempo de retenção no colon, + absorção de água, e endurecimento das fezes; Calo ósseo (fraturas antigas de pelve); Massas no reto ou pélvicas; Hérnia perineal; Prostatomegalia. o Drogas que reduzem motilidade – ex.: opioides; o Confinamento do paciente (internação, hotel) exercício estimula a defecar; o Felinos – ausência de caixa sanitária; o Hipotireoidismo; @hasenvet o Megacólon idiopático: 60% dos casos em gatos - causa desconhecida; mais frequente em gatos; cólon dilatado, flácido e sem motilidade. Constipação é o sinal clínico e megacólon é a doença. • Diagnóstico: radiografia vai mostrar o fecaloma - fezes pétreas e cólon dilatado. • Tratamento: o Terapia inicial: fluidoterapia e antibioticoterapia. * ATB, pois pode ser que ao remover as fezes impactadas cause lesões na mucosa e por ser um ambiente contaminado. Ampicilina, cefalotina são opções; o Enemas + Extração manual: toque retal ou movimento de ordenhar no abdome. Água + lactulose (20 ml/kg); Coca-cola: enemas 20 ml/kg de hora em hora, tantas vezes conforme for necessário. Efeito mais irritante, evitar em gatos; Cirurgia (colotomia) – quando os enemas falharem. o Dietas e laxantes para prevenção, evitar a formação de novos fecalomas. Laxantes: • Lactulose: efeito osmótico. Laxante mais utilizado. Efeito de fezes amolecidas é o desejável. Posologia: 0,5 ml/kg gatos e 1ml/kg cão, BID, VO • Óleo mineral: efeito lubrificante, faz película entre mucosa intestinal e as fezes evitando a absorção de água das fezes. Risco de aspiração – pneumonia lipídica (falsa via do óleo) quando for acumulativo. • Bisacodil: efeito estimulante (irritante): estimula secreção de água e eletrólitos. Evitar uso a longo prazo (semanas). Lactopurga. • Alimentação: dieta rica em fibras quadro inicial o Linhas terapêuticas (Hills w/d, Royal GI Fibre) - Psylium – 1 colher a cada refeição. Obs.: Laxante pode ter efeito catártico – diarreia → depende da dose. O objetivo é obter fezes amolecidas.
Compartilhar