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CONTESTAÇÃO - UNIÃO ESTÁVEL POST MORTEM

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA DA FAMÍLIA E SUCESSÕES DO FORO REGIONAL DE SÃO MIGUEL PAULISTA DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
Processo nº 1003619-71.2021.8.26.0005
Reconhecimento/Dissolução Post Mortem
ROBERTO CARLOS DE SOUZA, brasileiro, casado, bombeiro civil, nascido em 17.04.1966, portador da cédula de identidade RG nº 16.466.263-7, inscrito no Cadastro de Pessoa Física sob nº. 087.727.988-82, residente na Rua Abatia, nº 514, Jardim Camargo Novo, São Paulo - SP, CEP 08141-540 e; ANDERSON CESAR DE SOUZA, brasileiro, casado, eletricista de manutenção especializado, portador da cédula de identidade 32.199.054-7, inscrito no cadastro de pessoa física nº 302.191.988-02, residente na Rua Eugênio Grieco, nº 425, apto 34, bloco 10, Jardim Camargo Novo, São Paulo - SP, CEP 08121-770, por seus advogados que esta subscrevem (mandato incluso), com escritório na Rua Barena nº 511, Vila Silva Teles, São Paulo/SP, CEP: 08110-320, onde recebe intimações (jmelo.advogada@gmail.com), nos autos do processo que lhe move JOSÉ LINO MARIANO SANTOS, já qualificado, vem à presença de Vossa Excelência oferecer CONTESTAÇÃO, nos termos a seguir articulados:
JUSTIÇA GRATUITA
Primeiramente requer a Vossa Excelência, a concessão dos benefícios da justiça gratuita em favor dos autores, uma vez que são pessoas pobre no sentido jurídico do termo, não havendo condições para suportar as despesas processuais, conforme faz prova das declarações de pobreza e declaração de imposto de renda, em anexo.
DOS FATOS
O autor ajuizou o presente feito asseverando, em apertada síntese, que manteve com a Sr.ª ALICE APARECIDA DE SOUSA união estável por mais de 30 (trinta) anos. Aduz que não se recorda a data exata em que se deu o início dessa união, todavia, conviveram até a data do óbito em 28/05/2020. Ato contínuo, que dessa união adveio a aquisição dos direitos possessórios sobre um terreno, que indicou. 
Por fim, requereu o reconhecimento e a dissolução da união estável post mortem, com o escopo de se habilitar legalmente na ação de arrolamento processo nº 1013281-93.2020.8.26.0005. 
Em resumo, os fatos.
Parte inferior do formulárioDO MÉRITO
I. PRELIMINARMENTE
MM. juiz, primeiramente, urge mencionar que os patronos representam os requeridos nos autos do arrolamento de bens nº 1013281-93.2020.8.26.0005, justificando, portanto, a juntada do presente mandato.
II. DO ESTADO DE PUTREFAÇÃO DA FALECIDA
O autor e a Sr.ª Alice se envolveram, de fato, amorosamente, ocorre que, na data do falecimento eles não estavam mais se relacionando há aproximadamente 5 (cinco) anos.
Fato este que pode ser provado atraves de provas documentais e testemunhais, o óbito ocorreu em 28/05/2020, todavia a falecida somente foi encontrada morta 4 (quatro) dias após o ocorrido.
Vejamos, como se pode depreender, se o Autor e a falecida viviam em união estável até a data de seu falecimento, como ela somente foi encontrada já em estado de putrefação por seu filho Roberto e não pelo companheiro?
O Autor informou na exordial que conviviam juntos, mas, Excelência, alguém que diz residir sob o mesmo teto que sua companheira não a encontrará em óbito logo após o seu falecimento?
Conforme documento de “Evidência de morte óbvia na cena”, compareceu uma agente da saúde no local, constatando que a falecida já estava em estado de putrefação(Doc 1)
Em medicina legal, este estado é considerado um estágio avançado, ocorre quando o cadáver já passou do estado de decomposição e começou a ficar com a cor preta, com um ordo horrível, e isso se dá após 2 dias do óbito.
A fim de auxiliar na análise da condição da falecida, temos que o estado de putrefação é constatada quando o óbito já ocorreu há mais de 2 dias, vejamos:
Figura 1Fonte: http://bornalcerebrau.blogspot.com/2019/02/as-diferentes-fases-do-corpohumano.html
Há de se destacar ainda que o velório não foi realizado com o caixão aberto, pois não havia, naquela ocasião, nenhuma possibilidade de manter o corpo à mostra ante ao estado do cadáver.
Tal prova põe em dúvida realmente se o autor estava convivendo com a falecida, uma vez que NÃO se mostra nenhum pouco razoável uma pessoa que se diz companheiro da falecida não verificar o momento da sua morte. Há portanto fortes indícios de que a falecida estava sozinha na ocasião do evento morte.
III. DO NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DA UNIÃO ESTÁVEL
Os requisitos legais para restar configurada a União Estável não ocorreram no presente caso, vejamos:
O artigo 1º da Lei nº. 9.278/96 define o que seja a união estável e define os requisitos para a sua formação: É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com o OBJETIVO DE CONSTITUIÇÃO DE FAMÍLIA.
O Código Civil, em seu artigo 1723, estabelece que: “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.”
Tal dispositivo amolda-se ao que estabelece o artigo 226, §3o. da Constituição Federal.
No caso em tela, é nítido que a relação porventura havida entre a Sr.ª Alice Aparecida de Sousa e o autor NÃO é suficiente para caracterizar a União Estável.
Isso porque os dois nunca moraram juntos. A Srª Alice sempre morou na Rua Abatia, nº 512, Jardim Camargo Novo, São Paulo/SP, CEP: 08141-540 e o autor José Lino Mariano Santos sempre residiu na parte dos fundos da casa da falecida.
Ainda que tenha havido um relacionamento temporário entre o autor e a Srª Alice, ele nunca teria status de entidade familiar, pois que a chamada União Estável deverá se representar pela existência de uma efetiva relação concubinária more uxório, como se casados fossem.
Importante pontuar também que todo o acervo probatório leva a crer que o autor e a falecida chegaram a adquirir um terreno, contudo, a aquisição de bens por si só não tem o condão de caracterizar a União Estável, vez que há outros requisitos necessários que não estão presentes nos autos.
Outro ponto que merece destaque é a ausência de prole em comum entre a falecida e o autor. Como poderia o casal passar 30 anos juntos sem ao mínimo constituírem família?
O objetivo de constituição de uma família é o mais importante dos requisitos, assim, qualquer suposta relação que possa ter existido entre eles não passou de um mero relacionamento amoroso, sem caracterizar, no entanto, união estável, pois a ausência do propósito de constituir família impede o reconhecimento da entidade familiar e configura o relacionamento como MERO NAMORO, que se distingue da união estável pelo grau de comprometimento dos envolvidos. Assim, os requisitos subjetivos não foram contemplados, quais sejam, a convivência more uxória e o affectio maritalis.
Nesse sentido:
FAMÍLIA E PROCESSUAL CIVIL. RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL POST MORTEM. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO POR TODO O PERÍODO INDICADO. PROCEDÊNCIA PARCIAL. RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL EM PARTE DO PERÍODO. CONTESTAÇÃO. ART. 373, II, DO CPC. INEXISTÊNCIA DE OFENSA. SENTENÇA MANTIDA. 1 - Não restando comprovado nos autos que entre as partes, por todo o período indicado na exordial, haja se estabelecido entidade familiar caracterizada pela convivência pública, contínua e duradoura, com o objetivo de constituição de família, na forma prevista no artigo 1.723 do Código Civil Brasileiro, mas apenas em parte do lapso temporal indicado, acertado o reconhecimento da procedência parcial do pedido de reconhecimento de união estável. 2 - Verificando-se que a Requerida/Apelada rebateu regularmente as afirmações expostas na exordial em sede de contestação, a ausência de apresentação de provas e a procedência parcial do pedido formulado não implicam ofensa ao art. 373, II, do CPC, haja vista a obrigação do Autor/Apelante de demonstrar os fatos constitutivos de seu direito, como lhe impõe o inciso I do mesmo normativo. Nesse sentido, deve o Magistrado buscar a veracidade dos fatos alegados peloAutor nas provas por ele produzidas, proferindo sentença de acordo com seu convencimento motivado. Apelação Cível desprovida. (TJ-DF 20160310033579 - Segredo de Justiça 0003285-64.2016.8.07.0003, Relator: ANGELO PASSARELI, Data de Julgamento: 16/08/2017, 5ª TURMA CÍVEL, Data de Publicação: Publicado no DJE: 24/08/2017. Pág.: 264/267)
Com o escopo de evidenciar os requisitos da união estável, caso este que não se enquadra, pelos motivos já elencados acima, segue o julgado abaixo:
Sem ementa. (Recurso Especial, Nº 70077503829, Terceira Vice-Presidência, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Túlio de Oliveira Martins, Julgado em: 29-05-2018) (TJ-RS - "Recurso Especial": 70077503829 RS, Relator: Túlio de Oliveira Martins, Data de Julgamento: 29/05/2018, Terceira Vice-Presidência, Data de Publicação: 01/06/2018).
A jurisprudência negou seguimento ao recurso de apelação, com finalidade de reverter a improcedência da decisão que não configurou o reconhecimento de união estável post mortem, por não terem sido preenchidos os requisitos elencados no artigo 1.723 do Código Civil, vejamos:
CIVIL. RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL POST MORTEM. REQUISITOS. NÃO CONFIGURADOS. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. SENTENÇA MANTIDA. 1 - Não configurados os requisitos elencados no artigo 1.723 do Código Civil, impõe-se a improcedência do pedido para reconhecimento de união estável post mortem e a consequente partilha de bens. 2 - Negou-se provimento ao recurso. (TJ-DF - APC: 20130111921635, Relator: LEILA ARLANCH, Data de Julgamento: 24/02/2016, 2ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE: 03/03/2016. Pág.: 160).
Em recente decisão, a Relatora Heloísa Pinto de Freitas Vieira Graddi da Quarta Câmara Civil, manteve a sentença de improcedência sem segunda instância, entendendo que no caso em tela não há provas suficientes como vídeos, fotos, filmagens e etc, vejamos:
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. UNIÃO ESTÁVEL. RECONHECIMENTO POST MORTEM. CABIMENTO. CONVIVÊNCIA. AFFECTIOS MARITALIS. PROVAS. AUSÊNCIA. SENTENÇA. IMPROCEDÊNCIA. MANUTENÇÃO. I Nos termos da legislação civil vigente, para o reconhecimento de união estável, incumbirá a prova, àquele que propuser o seu reconhecimento, de que a relação havida entre o casal foi pública, contínua, duradoura e destinada à constituição de um núcleo familiar, o que não ocorreu no caso concreto. II A ausência de evidências contundentes, como registros de imagens, vídeos ou escritos que expressassem a existência da união e o seu intuito familiae, como afirmado na peça vestibular, impede o reconhecimento post mortem de união estável, sendo imperiosa a confirmação da sentença de improcedência do pedido. RECURSO NÃO PROVIDO. (Classe: Apelação, Número do Processo: 0024255-92.2009.8.05.0001, Relator (a): Heloísa Pinto de Freitas Vieira Graddi, Quarta Câmara Cível, Publicado em: 20/03/2019) (TJ-BA - APL: 00242559220098050001, Relator: Heloísa Pinto de Freitas Vieira Graddi, Quarta Câmara Cível, Data de Publicação: 20/03/2019).
Diante do exposto, requer a improcedência dos pedidos da exordial.
DOS PEDIDOS
Ante o exposto requer-se:
i. A concessão dos benefícios da justiça gratuita, vez que se declaram pobres no sentido jurídico do termo, conforme declaração e IR anexas;
ii. Sejam julgados improcedentes os pedidos do autor;
iii. Condenação do Autor ao pagamento dos honorários advocatícios de sucumbência.
iv. Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos) e oitiva de testemunhas que serão arroladas oportunamente.
DOS REQUERIMENTOS
Requer-se, por fim, que as publicações e/ou intimações sejam endereçadas à JENNIFER DE OLIVEIRA MELO, inscrita na OAB/SP nº 394.948 e WESLEY M. STEIN DE AMORIM, inscrito na OAB/SP Nº 442.244, ambos com escritório profissional na Rua Barena nº 511, Vila Silva Teles, São Paulo/SP, CEP: 08110-320, sob pena de nulidade.
Termos em que,
Pede deferimento.
São Paulo, 8 de julho de 2021
JENNIFER DE OLIVEIRA MELO	WESLEY M. STEIN DE AMORIM
OAB/SP nº 394.948				OAB/SP nº 442.244
Rua Barena, 511, Vila Silva Teles, São Paulo, CEP: 08110-320. 
E-mail: jcwadvocaciaespecializada@hotmail.com Telefone: (11)95874-8007 (11)98799-8828 (11)95391-4655

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