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Avaliação de Pensamento Político Brasileiro


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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Centro de Ciências Sociais 
Departamento de Ciência Política
Aluna: Elen Procópio de Souza Batista (202010180511)
Professor: Pedro Rolo Benetti 
 Disciplina: Pensamento Político Brasileiro
AVALIAÇÃO I
Questão 2: Discuta, a partir de pelo menos dois autores do curso, como se articulam as tensões entre público/privado e centralização/descentralização no pensamento político brasileiro.
Para a discussão sobre as tensões entre o aspecto público e privado brasileiro, dois textos são primordiais; “Formação do Brasil Contemporâneo”, de Caio Prado Junior, e “Coronelismo, Enxada e Voto”, de Victor Nunes Leal. 
Apesar dos dois textos representarem momentos diferentes do país, aonde o texto de Caio representa, em sua maior parte, o processo de colonização e o texto de Victor, mesmo tendo sido publicado somente alguns anos depois, trata de um Brasil mais contemporâneo, focalizando especialmente na vida no interior, ambos são primordiais para executar tal análise entre estes diferentes aspectos do pensamento político brasileiro. Para discutir tais aspectos, usaremos trechos específicos de cada livro, sendo eles o capítulo “O sentido da Colonização”, de Caio Prado Junior e o primeiro capítulo do livro de Victor Nunes Leal, “Indicações sobre a estrutura e o processo do coronelismo”. 
Em “Formação do Brasil Contemporâneo” o autor investiga de forma aprofundada a realidade do país desde o tempo em que nos tornamos uma colônia portuguesa, seguindo sua pesquisa até a formação do Brasil como uma nação independente. Neste texto somos apresentados a realidade que nosso país teria sido colonizado somente para facilitar e servir a interesses dos grandes mercantilistas, que vieram a nossa nação somente para transforma-la em uma espécie de fornecedora de grandes riquezas a baixo custo, principalmente a partir do uso da mão de obra escravizada. 
O autor também esmiúça ideias de como isso teria afetado a construção de nossa sociedade, além dos problemas que nos acompanham na contemporaneidade que foram gerados neste período. Uma das questões citadas pelo autor é de que a ocupação do interior do Brasil, por exemplo, só se tornou uma necessidade por questão da busca pela monocultura, seja ela agrícola ou pecuária, diferentemente da situação europeia aonde a ocupação do interior foi necessária por questão de falta de espaço para aquela população que crescia de forma acelerada.
A ocupação de nosso território também foi um processo do episódio que nos referimos como expansão marítima. Quando falamos especificamente da questão público e privada, o autor nos apresenta os impulsos que levaram ao processo de nossa colonização, que foram dados pelo desejo de expansão da empresa europeia para se adequar a lógica mercantilista. Sendo assim, a criação da colônia brasileira não se tratava de um processo de desbravamento, mas sim um processo de ampliação do comércio mercantilista. A partir desta análise o autor conclui de que a colonização brasileira levou mais benefícios ao povo da metrópole, que não vivia aqui, mas se beneficiava de nosso comércio, do que ao povo de nosso território, sejam os que vivem aqui tempos contemporâneos ou para os que viveram esse passado do Brasil colônia. 
No trecho “Indicações sobre a estrutura e processo do coronelismo” do texto de Victor Nunes Leal, somos apresentados ao dito conceito do coronelismo, uma aliança entre público e privado, normalmente entre políticos locais e fazendeiros, muito presente no interior do país, seja na época de publicação do material (1948) ou nos tempos atuais. Tal sistema político se apresentaria até mesmo diante da decadência do poder privado, pois não se baseia em meios econômicos, mas sim em “contatos” e conhecimento sobre a área aonde o sistema está em vigência. O autor, assim como Caio Prado Junior, também nota outra incongruência no sistema político brasileiro que foi causado pela colonização: a cópia descarada do modelo político que funcionava na terra destes colonizadores, levando assim o Brasil a não ter um sistema próprio e personalizado de governo, sabotando assim todo a liderança de um país.
Tal poder privado é atraente para os representantes do poder público, pois estes líderes de empresas ou de grandes pedaços de terra possuem grande domínio para com o seu povo, principalmente na questão eleitoral. Num Brasil do século XX, aonde o voto ainda era altamente restrito e grande parte da população destas áreas rurais nem mesmo tinha noção do poder do voto estes grandes senhores vestiam, transportavam e ensinavam a população mais ignorante a votar, mesmo que para ter acesso a isso fosse necessário que o pequeno trabalhador votasse em um candidato escolhido a dedo pelo senhor, normalmente um que fosse garantir benefícios para o mesmo e manter seu poder, seja através da manipulação de contratos de concessão das prefeituras ou do controle da força policial para que alguma ilegalidade em suas terras jamais fossem descoberta e incriminada.
A partir disso podemos concluir que ambos autores, embora com propostas diferentes, tocaram os mesmos pontos quanto a dependência do público com o poder privado no Brasil, seja no interior do país nos meados do século XX ou durante os primeiros momentos da colonização de nosso território. Os resultados desta dependência são marcantes até nos dias de hoje, sendo o Brasil um país que depende totalmente do mercado internacional até mesmo para suprir demandas internas básicas como o petróleo bruto, uma commodities que é abundante em solo nacional. Estes aspectos geraram também conflitos e incongruências na política interna nacional, que até o dia de hoje não parece se adequar ao “espírito brasileiro”, baseando todos os seus princípios em fatos e acontecimentos vindos do exterior do país, de nações que apresentam um background muito diferente do que temos que tivemos que lidar em nosso passado, que lidamos hoje e que lidaremos em nosso futuro.
BIBLIOGRAFIA:
LEAL, N. Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime representativo no Brasil. Editora Companhia das Letras, 2012.
PRADO Jr, C. Formação do Brasil Contemporâneo. Editora Companhia das Letras, 2011.

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