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1 JENNIFER DELGADO FONTES. CROBA 21.280 SELEÇÃO DE COR E AJUSTE FUNCIONAL E ESTÉTICO Conceitua-se matiz, de uma maneira simples, como o nome da cor (amarelo, azul, vermelho); croma ou saturação é a quantidade de pigmentos que determinado matiz apresenta (amarelo claro; amarelo-escuro); e valor é a quantidade de cinza de um matiz, também chamado de brilho, uma propriedade acromática e uma das mais difíceis de serem determinadas. O brilho independe do matiz e está diretamente relacionado com a quantidade de luz refletida. → LUZ: A luz nada mais é que uma forma de energia ou radiação. Todas as formas e cores são percebidas através da reflexão ou emissão de luzes, que se projetam na retina do olho, funcionando como canal de comunicação com o cérebro, onde se inicia realmente o processo de percepção visual. Ou seja, só é possível observar cores pela existência de luz refletida nos objetos. O que diferencia a luz de outros tipos de radiação é o comprimento de onda entre 380-760 nm- e o fato do olho humano contar com estruturas sensíveis e estes comprimentos de onda. De acordo com o comprimento da onda captada, diferentes cores são interpretadas pelo cérebro: a) Ondas curtas: 400- 500 nm – cor azul; b) Ondas médias: 500-600 nm – cor verde; c) Ondas longas: 600-700 nm- cor vermelha. Todas as demais cores são a combinação dessas. OBS: As ondas propriamente ditas não têm cor, a cor é uma resposta cerebral. → COR: Se refere ao comportamento de um corpo frente a incidência da luz; Sem a luz não existe cores, sendo ela fonte de todas as cores. A cor só existe na presenta de 3 elementos: 1. Luz; 2. Objeto ou corpo submetido à ação da luz; 3. Observador, capaz de captar (na retina) e interpretar (no cérebro) os estímulos luminosos recebidos após a interação da luz com o objeto observado. Outro aspecto crucial é a quantidade da fonte de luz. A luz deve englobar todo o espectro luminoso visível, ser constante, ter temperatura de cor de aprox. 5500K, ser equilibrada, ser reproduzível; → Ao incidir sobre o corpo, a luz pode interagir e ser modificada por 3 processos distintos: a) Reflexão; b) Absorção; c) Transmissão. Eles podem ocorrer de maneiras diferentes, para determinados comprimentos de onda. Preto: todos os comprimentos de onda absorvidos; Vidro: transmite a luz em sua totalidade; Translucidez: parte da luz é transmitida e parte é absorvida e/ou refletida; Opacos: toda a luz é refletida e/ou absorvida. → DIMENSÕES DA COR: 2 JENNIFER DELGADO FONTES. CROBA 21.280 Segundo Clark, para se conseguir selecionar e reproduzir a cor dos dentes, é necessária uma concepção clara da natureza tridimensional da cor. Diversos sistemas para classificar as corem foram desenvolvidos. Em 1915, o físico Albert Henry Munsell, desenvolveu o sistema de organização de cores aceito mundialmente. Este sistema é composto por 3 dimensões: representadas por matiz, croma e valor. • MATIZ: A primeira dimensão da cor, o matiz, é a descrição ou o nome de uma cor. Trata-se da qualidade pela qual distingue-se uma família de cor da outra, por exemplo, verde, vermelho e azul. Ou seja, matiz é um atributo denominado erroneamente de “cor”. Pela escala VITAPAN CLASSICAL: Matiz A: corresponde ao amarelo-amarronzado/alaranjado; representa a maioria dos casos; Matiz B: Corresponde ao amarelo com um pouco de marrom. Matiz C: Corresponde ao amarelo/cinza; Matiz D: Corresponde ao laranja/cinza. • CROMA: Saturação ou intensidade de um determinado matiz (cor). Seria quão forte ou fraca é uma determinada cor. Pode ser observado variações entre o dente de um indivíduo. Nos elementos dentários, os cromas mais elevados estão na porção cervical, enquanto que os mais baixos estão nas regiões incisais. • VALOR: É a dimensão provavelmente mais importante da cor para o CD. Definiram o valor (intensidade/brilho) como a segunda dimensão da cor, é uma propriedade acromática, com ausência de qualquer matiz. Pode ser definido como a sua leveza ou escuridão, como uma escala de preto (valor baixo) para branco (valor alto), é a única dimensão da cor que pode existir por si só. Em termos práticos, o valor refere-se, em restaurações indiretas, a quantidade de opacidade (mais branco) e translucidez (mais cinza) nas cerâmicas. Quanto mais branco um objeto, maior será o valor, pois uma maior quantidade de luz será refletida. Quando o dente é mais claro, quer dizer que possui um alto valor, já quando o dente é mais escuro, este tem um baixo valor. Falhas em relação ao valor resultam em restaurações esbranquiçadas ou acinzentadas. A aplicabilidade desta dimensão de forma assertiva com relação à reflexão da luz (opacidade/translucidez) tornará a restauração mais natural, portanto o valor é a dimensão mais importante coincidir em uma restauração cerâmica. → LUZ E COR NOS DENTES NATURAIS: A dentina é caracterizada pela baixa translucidez e alta saturação, sendo o principal responsável pelo matiz e croma básicos do dente; O esmalte é um tecido altamente translúcido e pouco saturado, atuando como filtro que permite a visualização da cor dentinária (ele é o principal responsável pelo valor dos dentes naturais); Os dentes mais jovens apresentam-se mais brancos e luminosos porque a maior espessura do esmalte atenua a percepção da saturação dentinária e a textura aumenta a dispersão e reflexão da luz; Os adultos e idosos apresentam os dentes mais amarelados devido ao esmalte ter sido desgastado com o tempo, pois o esmalte liso é mais translucido e sua menor espessura acentua a influência cromática da dentina. 3 JENNIFER DELGADO FONTES. CROBA 21.280 Características de cada terço: Terço cervical: grande espessura de dentina; esmalte desligado = croma alto e valor intermediário. Ótimo local para avaliar a cor da dentina; Terço médio: grande volume de dentina e uma camada de esmalte espessa. Baixa translucidez – grande espessura de dentina e alto valor- a camada de esmalte consegue atenuar a saturação dentinária – aumenta a luminosidade final; Terço incisal: dentina delgada. Esmalte apresenta grande espessura- translucidez alta. É no terço incisal que os belos efeitos ópticos oriundos da opalescência são mais pronunciados; OPALESCÊNCIA: Mais belos efeitos ópticos dos dentes naturais. Propriedade relacionada à capacidade do esmalte de refletir as ondas curtas e, simultaneamente, transmitir as ondas longas do espectro visível. É no terço incisal que é mais percebido. Graças a opalescência, quando o dente é observado sob luz refletida, as áreas mais translúcidas apresentam coloração azulada, e nas outras áreas, mais alaranjadas. O halo opaco é um fenômeno óptico decorrente da angulação do esmalte na borda, que modifica como a luz é refletida e refratada. Bastante complexo e alterável pela presença ou ausência de saliva. FLUORESCÊNCIA: Capacidade de absorver luz de um determinado comprimento de onda, e, em resposta emitir luz com comprimento de onda diferente. Ou seja, é a capacidade de transformar a luz ultravioleta em luz visível. Na presença de luz ultravioleta, contida na luz solar e em lâmpadas especiais (luz negra, as que tem em boates), os dentes passam a exibir luminosidade adicional, o que pode levar a uma alteração da expressão cromática final. É na dentina que o fenômeno acontece em maior intensidade, devido ao seu maior conteúdo orgânico. A dentina é aproximadamente 3x mais fluorescente que o esmalte, conferindo um efeito de luminosidade interna. A ausência de fluorescência em uma restauração pode resultar em um aspecto bastante desagradável- por isso é importante que os materiais restauradores apresentem fluorescência compatível com o dente natural. METAMERISMO: O metamerismo refere-se à situação em que duas amostras de cores são correspondentes sob um conjunto de condições, mas que emoutras não, relaciona-se com um par de amostras visualizadas simultaneamente. A cor percebida de um objeto é determinada pela distribuição espectral da fonte de luz e o espectro de reflectância específica do objeto. Se alguma parte dos comprimentos de onda que são cruciais para o aparecimento de um objeto quando vista sob uma fonte de luz (diferente) segunda fonte, em seguida, estes comprimentos de onda não estarão presentes na luz refletida a partir da amostra. → A seleção da cor pode ser influenciada por diferentes fatores: ambiente, observador, objeto, fonte de luz, escalas de cores e comunicação entre o CD e o técnico de laboratório. → AMBIENTE: O ambiente de trabalho deve ser constituído de cores neutras e sem brilho (gelo, bege, cinza, azul e verde-claro), para reduzir o cansaço visual, o estresse e a interferência desses fatores na seleção de cores; Para evitar a interferência das cores das roupas do paciente, ele deve ser recoberto com um pano de campo de cor neutra; 4 JENNIFER DELGADO FONTES. CROBA 21.280 Deve-se solicitar que o paciente remova maquiagem em excesso, principalmente batom, mesmo que tenha tonalidade clara. Isso possibilita a determinação das cores dos dentes com a coloração natural dos lábios, simulando um sorriso, e da cor do tecido gengival. → OBSERVADOR: O CD e o técnico de laboratório devem se aperfeiçoar em cursos, artigos, palestras, buscando a compreensão e o domínio das diferentes dimensões de cor; O paciente deve ser posicionado no mesmo nível dos olhos do observador, de tal forma que a luz incida de maneira similar no dente da escola e no objeto; É importante fazer uma determinação rápida da cor por aprox. 5 seg, para evitar o cansaço da retina e visualizar as cores secundárias decorrentes desse cansaço. Caso esse tempo seja insuficiente, deve-se descansar os olhos em um fundo azul-claro (campo ou parede) por alguns segundos, antes de reiniciar o processo; → OBJETO: Alguns detalhes com relação ao objeto são extremamente importantes quando se realiza um trabalho de prótese, tais como: A seleção de cor deve preceder (ser antes) o próprio preparo dentário e fazer parte do planejamento, que é um dos primeiros procedimentos odontológicos realizados. É importante que o dente utilizado como referência tenha estrutura dentária suficiente, com sua cor original. A seleção de cor após uma sessão clínica deve ser evitada, devido ao cansaço visual e físico, o que facilita a indução a erros; Deve ser feito uma profilaxia prévia à determinação da cor; Tanto a superfície do dente a ser comparado quanto a do dente da escala devem ser umedecidas. O dente deve ter uma película de saliva sobre o dente; Devem-se utilizar preferencialmente dentes vizinhos como primeira referência. Caso sejam portadores de coroas insatisfatórias ou de restaurações extensas, pode-se utilizar o dente homônimo do lado oposto como segunda referência. Como terceira referência, utilizam-se os dentes antagonistas. Relembre-se que uma boca pode apresentar variações acentuadas de matiz e croma; Os caninos constituem uma excelente referência para a seleção de cor, pois são os dentes que apresentam maior quantidade de saturação ou croma. Porém, de maneira geral, os dentes apresentam uma saturação mais acentuada no terço cervical do que no corpo. Para evitar erros durante a tomada de cor, o CD deve determinar inicialmente a cor da parte central (corpo) do dente. Em seguida, ele deve observar as nuanças de cor das regiões cervical (mais escura, mais saturada ou com mais croma) e incisal (mais clara, mais translúcida ou com menos croma). → FONTE DE LUZ: Segundo estudos, a escolha da cor deveria ser feita nos horários não antes das 10h, para evitar o excesso de azul, nem após as 15h, para reduzir a influência dos tons avermelhados. E ainda, originária do lado sul dos pontos cardeais. Porém, isso é quase impossível. Além disso, levando-se em consideração fatores ambientais e temporais de impossível controle, como templo nublado, fumaça, poeira, ambiente de trabalho sem luz natural ou com luz deficiente, e entre outros, torna-se praticamente impossível aplicar esses parâmetros, tido como ideais. Porém, alguns princípios podem ser adotados para minimizar os erros: 5 JENNIFER DELGADO FONTES. CROBA 21.280 A seleção deve ser feita durante o dia, aproveitando o máximo de luz natural, simultaneamente com lâmpadas corrigidas do tipo: “luz do dia”. Então, deve-se deslizar o refletor odontológico minutos antes da seleção de cor, evitando o efeito da luz halógena e também incandescente, de acentuar o amarelo- laranja dos dentes; Assim como no consultório, deve ocorrer a luz artificial do tipo “do dia” nos laboratórios dos protéticos, caso contrário, corre-se o risco de se ver cores diferentes em cada ambiente; Se o horário possível para a consulta for noturno ou se o ambiente de trabalho não possui luz natural adequada, deve-se melhorar a iluminação com “luz do dia” e utilizar a luz do refletor colocada à maior distância possível dos dentes naturais; Várias tomadas de cor devem ser feitas durante o tratamento, em diferentes horas do dia e sob diferentes condições de luminosidade e de ângulos de incidência da luz; → COMUNICAÇÃO ENTRE O CD E O TÉCNICO DE PRÓTESE DENTÁRIA: A comunicação de cor entre dentista e ceramista tem sido fraca. Falta de clareza, omissão e variabilidade na quantidade de informação transmitida são apenas algumas das razões para este défice de comunicação. Como consequência a frustação pode ser antecipada quando o profissional determinar a cor e comunica a informação de forma inconsistente. Logo a cor da restauração cerâmica fica drasticamente diferente daquela selecionada inicialmente. → ESCALA DE CORES: Uma prática comum nos consultórios odontológicos, justificada pelo custo, mas na verdade relacionada com a ignorância e a negligência do profissional, consiste em utilizar escalas de dentes de resina para fazer a seleção da cor para a cerâmica. Esta pratica, fadada ao insucesso, delega-se ao técnico de laboratório, que nem sequer viu o paciente, a função de fazer a versão da cor 66 para o A3, da cor 69 para o C3, e assim por diante. As características físicas dos materiais, a reflexão da luz e o metamerismo, entre outros fatores, tornam impossível a utilização das escalas de resina para a seleção de cores em cerâmica. Contudo, é pratica aconselhável utilizar escalas compatíveis, ou seja, correspondentes à cerâmica que o técnico aplica rotineiramente nos seus trabalhos.
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