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Odontometria e Esvaziamento Odontometria é a etapa onde realizamos a mensuração do comprimento de trabalho do dente. A porção radicular dos dentes é formada por tecido dentinário e externamente pelo tecido cementário e ambos se unem apicalmente na junção conhecida como CDC (Junção Cemento- Dentina-Canal). Ao analisar o trajeto do canal radicular, verificamos que o mesmo em seu maior comprimento é envolvido por tecido dentinário, formando o canal dentinário; já na sua porção mais apical, o mesmo é formado apenas por tecido cementário, formando um canal mais curto e que diverge na direção do forame apical, chamado de canal cementário. Ambos se encontram na junção CDC, tida como a área de maior constrição e de menor diâmetro do canal radicular. A área de atuação do Endodontista deve ser restrita apenas ao canal dentinário. O tratamento endodôntico sempre é iniciado com a realização de uma radiografia inicial de diagnóstico, para conhecer o dente a ser tratado, bem como traçar um correto diagnóstico. Nesta radiografia inicial mensuramos a primeira medida odontométrica, o comprimento aparente do dente (CAD), o qual denominamos aparente por não sabermos se é real, já que foi calculado utilizando uma imagem radiográfica. Esta tomada radiográfica deve ser realizada com o auxílio de um posicionador radiográfico, pela técnica do paralelismo, já que esta técnica apresenta menor distorção. Para estabelecer o CAD, adotamos duas referências confiáveis: uma apical (vértice radiográfico) e outra oclusal/incisal; mensuramos a distância entre essas duas referências com auxílio de uma régua plástica flexível transparente, negatoscópio e lupa de aumento. Nos dentes anteriores o ponto de referência será na borda incisal, enquanto nos posteriores, será na ponta de cúspide respectiva ao canal. No caso de dentes que não possuem a coroa hígida ou ainda, apresentam extensa destruição coronária, esse ponto deverá ser selecionado de maneira que esteja em uma área de fácil visualização, com suporte dentinário e próximo à região do canal que será trabalhado. Em algumas situações há a necessidade de se criar esse ponto com uma reconstrução coronária ou com o desgaste de áreas frágeis da coroa (sem suporte dentinário), para que esse ponto esteja presente em todas as fases do tratamento endodôntico. No que diz respeito às limas, seu cabo ou limitadores de silicone (stops) deverão estar calibrados na medida desejada e os mesmos devem sempre respeitar o ponto de referência escolhido. Pela técnica de Ingle modificada, após a determinação do CAD e antes da introdução do primeiro instrumento endodôntico, subtrai 5mm, como margem de segurança, desta medida (CAD) obtendo agora o Comprimento Inicial (CI). Com o cálculo do CI, iremos previamente realizar o esvaziamento até esta medida e posteriormente selecionar uma lima do tipo K, compatível com a anatomia do dente, que fique bem adaptada (justa) nesse comprimento (CI). Mensurar CAD CI= CAD - 5mm Mensurar X em mm CD= CI + X CT= CD - 1,0mm Para transferir essa medida para as limas, se utiliza limitadores de silicone, se necessário, e sempre se confirma a medida do instrumento na régua endodôntica milimetrada. Calibrado o instrumento no CI e posicionado no canal, uma nova radiografia deve ser realizada, agora pela técnica da Bissetriz Excêntrica, incidindo o feixe de Rx na região apical. A técnica do paralelismo também poderá ser usada nas radiografias transoperatórias (com o isolamento absoluto em posição) se houver a disponibilidade de um posicionador radiográfico endodôntico. Obtida a imagem radiográfica com o instrumento no CI, deve-se mensurar uma nova medida, o X, que corresponde à medida da ponta do instrumento até o vértice radiográfico, ou seja, o quanto faltou para que o instrumento alcançasse a referência mais apical, novamente com o auxílio de uma régua plástica flexível transparente, negatoscópio e lupa de aumento. O valor do X deverá ser somado ao CI, medida que denominamos como Comprimento do Dente (CD). O tratamento endodôntico deve respeitar o limite do canal dentinário, portanto se subtrai 1 mm do CD e assim obtemos o Comprimento de Trabalho (CT). O CT calculado deve ser confirmado, posicionando-se uma lima do tipo K compatível com a anatomia do dente, que fique bem adaptada (justa) nesta medida. Realiza-se então uma nova radiografia pela técnica da Bissetriz Excêntrica ou pela técnica do Paralelismo (com uso do posicionador radiográfico endodôntico),confirmando se esse instrumento está 1 mm aquém do vértice radiográfico. Resumo: TÉCNICA ODONTOMÉTRICA (Ingle modificada, 1957) 1. 2. 3. 4. 5. DENTES BIRRADICULARES E MULTIRRADICULARES Durante a odontometria de dentes birradiculares como os primeiros pré-molares superiores, pode ter a sobreposição das imagens radiográficas dos canais vestibular e palatino. Nesse caso e sempre que estivermos diante de sobreposições vestíbulo- linguais/palatinas, se realiza tomadas radiográficas pela técnica de Clark, modificando a angulação horizontal do feixe de RX em torno de 20 graus, para dissociar as raízes. A alteração desta angulação para mesial (bissetriz excêntrica mesiorradial) foi padronizada, desta forma o canal ou raiz que acompanhará essa movimentação na imagem radiográfica será o canal ou raiz lingual/palatina. Situações na qual existe a necessidade de remoção de um tecido pulpar vivo: Pulpectomia Situações na qual essa polpa se apresenta mortificada: Penetração desinfetante Situações de insucessos endodônticos - retratamentos: Desobturação exposição pulpar: durante a remoção de tecido cariado, execução de preparos cavitários ou exposições por traumas; b) situações onde o tecido pulpar está inflamado de forma irreversível, por exemplo, dentes com cáries profundas ou dentes portadores de patologia pulpar que não permitem que o tecido pulpar retorne à sua função normal; c) dentes com comprometimento periodontal com envolvimento posterior do endodonto; d) dentes hígidos com indicação protética de retentor intra-radicular, necessitam de tratamento endodôntico. Dentes multirradiculares como os primeiros molares superiores, durante a odontometria, a técnica empregada será sempre a ortorradial, que permite visualizar as três raízes separadamente (Mésio-Vestibular, Disto-Vestibular e Palatina); modifica-se a angulação horizontal apenas para calcular a odontometria do quarto canal (mésio-palatino ou mésio- vestibular 2), sendo a variação da angulação horizontal uma exceção à regra, pois será para a distal (bissetriz excêntrica distorradial), evitando desta forma que a raiz mésio-vestibular se sobreponha à raiz palatina. Desta forma, nesses dentes, a técnica bissetriz excêntrica distorradial será complementar, já que sempre utilizamos a técnica ortorradial para este dente. ESVAZIAMENTO A primeira etapa técnica do tratamento endodôntico envolve a cirurgia de acesso (CA), que permite adentrar no interior da câmara pulpar e também o acesso ao conteúdo do(s) canal(is) radicular(es). Se faz necessário agora esvaziar esse conteúdo para dar continuidade à terapia endodôntica. O ato de esvaziar envolve remover/retirar algo, deixando este local vazio. Transpondo isso para a endodontia, podemos estar diante de três situações de tratamento, com suas respectivas manobras de esvaziamento: PULPECTOMIA A pulpectomia é uma manobra cirúrgica e radical que envolve a extirpação do tecido pulpar vital hígido ou inflamado, com o objetivo de permitir a manutenção do dente na cavidade bucal e a preservação do coto pulpo-periodontal que contribuirá para o processo de reparação biológica. As indicações clínicas da pulpectomia podem envolver situações como: Mensurar o CAD Lima K de fino calibre, descolar a polpa até o CI= CAD - 5 Radiografia para mensurar o X, com Lima K (justa) no CI Lima K de fino calibre, descolar a polpa até o CT calculado Radiografia com Lima K (justa) para confirmar o CT Confirmado o CT, fazer o corte com uma lima H Mensurar o CAD Lima K de finocalibre, agitando a substancia química auxiliar (SQA) , de 2 em 2 mm, até o CI= CAD - 5 Radiografia para mensurar o X, com Lima K (justa) no CI Lima K de fino calibre, agitando a SQA, de 2 em 2 mm, até o CT calculado. Radiografia com Lima K (justa) para confirmar o CT PENETRAÇÃO DESINFETANTE (PD) A penetração desinfetante é a manobra de esvaziamento de dentes com polpa mortificada. Esta manobra deverá ser executada com cautela para não levar os microrganismos presentes no interior da cavidade pulpar e seus subprodutos para a região periapical, e para tanto, deve-se neutralizar o conteúdo séptico do canal gradativamente, com uso de hipoclorito de sódio 1% e de uma lima de fino calibre. PULPECTOMIA 1. 2. 3. 4. 5. 6. PENETRAÇÃO DESINFETANTE 1. 2. 3. 4. 5.