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Ascaridíase: Causas, Sintomas e Ciclo

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Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula Parasito 08/03/2022 
Ascaridíase 
Classificação Taxonômica 
 Filo: Nematoda 
 Classe: Secermentea 
 Ordem: Ascaridida 
 Família: Ascarididae 
 Espécie: Ascaris lumbricoides 
 
Ascaris lumbricoides 
 Causam a doença denominada ascaridíase 
 Nome popular: Lombriga 
 Responsável por cerca de 60.000 mortes por ano no mundo todo 
 Provoca quadros clínicos mais graves em crianças 
 Um quadro muito associado a casos graves de ascaridíase é o de ação mecânica obstrutiva pela presença 
física de macho e fêmea e pelo enovelamento deles na hora da cópula no intestino, obstruindo o fluxo 
intestinal 
 A associação dessa ação obstrutiva com a localização ectópica do verme e ruptura das alças 
intestinais, acabam levando a morte de cerca de 80 mil pessoas por ano no mundo, sobretudo crianças 
entre 1 a 13 anos de idade 
 Intussuscepção – obstrução intestinal que paralisa a peristalse pela presença dos vermes 
 Pode promover rompimento e invaginação das alças intestinais, levando a sepse e necrose 
 Ocorre muito em crianças menores que 2 anos 
 
Morfologia 
 Vermes longos, robustos, cilíndricos e com as duas extremidades afiladas (não tão afiladas 
quanto oxiurus) 
 Presença de boca dotada de 3 lábios musculosos na parte anterior responsável pela 
fixação do verme na parede do intestino, o que causa um traumatismo pequeno e 
inflamação 
 Apesar de não apresentarem dentes, causam lesão no epitélio e lâmina própria, o que 
pode causar um sangramento, porém, sangue nas fezes não é característico de Ascaris 
 Possui papilas que o permite localizar o melhor ponto para ele conseguir alimento, 
então compete por alimentos semi-digeridosm, sais mineirais e vitaminas, causando uma desnutrição 
 
 Na região posterior encontra-se a abertura do aparelho digestivo e reprodutor 
 Fases evolutivas: Macho pode ter até 20 cm e possui a região posterior do corpo 
mais enrolada, fêmea pode ter até 40 cm, ovo e larvas 
 A cor dos adultos varia de castanho claro para castanho mais escuro, se o 
hospedeiro ingerir muitos alimentos com carotenóides eles são mais escuros 
 Ovos 
 Mamilado/mamilonado, bem redondo e com casca dotada de protuberâncias 
parecendo uma flor 
 Essa casca mamilonada serve para manter o ovo úmido 
 
 Não é embrionado, tendo que ir para o solo para desenvolver a larva (leva de 2 a 3 semanas) 
 Nem todos os ovos eliminados no solo são férteis (mais ou menos a metade), sendo esses mais 
alongados que os férteis 
 
Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula Parasito 08/03/2022 
 Os ovos férteis possuem desenvolvimento de larvas no seu interior, quando as condições do solo 
são favoráveis 
 Os ovos inférteis não terão desenvolvimento de larvas no seu interior. 
o A fêmea do Ascaris consegue liberar cerca de 300.000 ovos/dia, e metade deles será férteis. 
o Esse já é um mecanismo de controle da verminose, para evitar cargas parasitárias muito 
grande. 
o O achado de ovos férteis ou inférteis no exame parasitológico das fezes indica que a 
verminose está ativa no hospedeiro 
 
 
 
 
 
Importância Médica 
 Ocorre em quase todos os países 
 É um geohelminto, por isso não pode ocorrer autoinfecção direta e nem interna, 
ocorrendo tipicamente por heteroinfecção 
 Frequência depende das condições climáticas, mais precisamente em regiões 
tropicais e subtropiciais, ambientais e desenvolvimento da população 
 Segundo a OMS, mais de 1 bilhão de pessoas estão infectadas 
 Habitat: Intestino delgado humano (principalmente jejuno e íleo) 
 Promove grande irritação da mucosa estomacal 
 
 
Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula Parasito 08/03/2022 
Ciclo 
 Monoxênico 
 Até 300.000 ovos não embrionados por fêmea são 
liberados por dia 
 Maturação dos ovos no solo: temperatura, umidade e 
oxigenação adequados 
 Fase Pulmonar: Ciclo de Looss 
 Apenas quando a larva chega no seu 3° estágio de 
desenvolvimento (L3), ela se torna infectante; 
 Ovos com L1 e L2 não causam ascaridíase 
 
 São necessárias, no geral, 3 semanas para que o ovo se 
desenvolva plenamente 
 Após a L3 eclodir no intestino, é na região do ceco que ela invade a mucosa intestinal 
 Ao penetrar na mucosa, ela atinge os vasos sanguíneos e cai na circulação sistêmica 
 Existem larvas L3 que podem não conseguir adentrar os vasos sanguíneos, e com isso serem 
eliminadas com ajuda dos movimentos peristálticos, porém, dificilmente será visível a olho nu, pois 
como ela eclode do ovo (normalmente só é visível com o microscópio) 
 
 Uma vez na circulação, elas inicialmente vão para o fígado, onde provocam lesões que desencadeiam 
sintomas hepáticos devido à presença das larvas, e eventualmente de vermes adultos jovens. 
 Pode desenvolver áreas de fibrose, granulomas e abscessos hepático 
 
 Algumas dessas larvas vão abrir caminho e acabar chegando ao coração direito, e de lá se direcionando 
aos pulmões 
 Chegando nos alvéolos pulmonares, ela se desenvolve novamente, passando de L3 → L4 → L5. 
 A L5 provoca ruptura dos alvéolos pulmonares, entrando em contato com o parênquima pulmonar 
até chegar as vias aéreas superiores 
 Dependendo da quantidade de larvas, o quadro clínico pode ser muito exacerbado. 
 O quadro pulmonar de pneumonite (inflamação do parênquima pela ação irritativa e traumática das 
larvas) pode simular asma brônquica 
 Pela migração sanguínea, desencadeará febre, aumento da taxa de eosinófilos e tosse, o que configura 
a síndrome de loeffler (fase aguda) – toda vez que isso ocorrer significa que está havendo uma 
reinfecção 
 
 Chegando até a faringe ela provoca irritação das vias aéreas, o que gera a tosse, e junto dela pode haver a 
eliminação da L5 pela boca ou nariz, situação que dependendo da carga parasitária do indivíduo, pode 
promover asfixia. 
 No caso de eliminação, fazemos o diagnóstico pela morfologia da larva, que a essa altura do 
desenvolvimento já possui entre 1-2 cm, sendo bastante visível 
 O esperado por parte da L5, é que haja sua deglutição, para que ela volte para o trato digestório e 
chegue ao duodeno 
 A partir disso, ela se instala novamente na mucosa e cresce como verme adulto 
 
 Esse ciclo completo dura em torno de 60 dia 
 
Transmissão 
 Ingestão de água e alimentos contaminados com ovos contendo larva infectante (L3) 
 Poeira e insetos: Veiculação mecânica dos ovos 
 Depósito subungueal – abaixo das unhas 
 
 
Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula Parasito 08/03/2022 
 
Patogenia 
 Larvas 
 Infecções maciças: Lesões hepáticas e pulmonares 
 Têm grande necessidade de realizar metabolismo aeróbio, logo, quando as larvas 
chegam por meio dos ovos, realizam o ciclo pulmonar, que vai desencadear uma série 
de sintomas característicos da fase aguda da ascaridíase. 
 Significa que logo o indivíduo apresentará sintomas da contaminação pelos vermes 
adultos 
 As larvas possuem grande capacidade de se deslocar pelo corpo, podendo chegar às 
vias lacrimais, meninges, etc. 
 Em crianças – Síndrome de Loeffler febre, tosse e eosinofilia sangüínea acentuada. 
 Ocorre no Ciclo de Looss 
 Clinicamente, há discretos sinais de bronquite 
 Fase aguda da ascaridíase – as larvas têm grande necessidade de realizar metabolismo aeróbio, 
logo, quando elas chegam por meio dos ovos e realizam o ciclo pulmonar, desencadeiam uma 
série de sintomas característicos dessa fase 
 Pode haver eliminação de sangue no escarro, e até mesmo presença de larvas nele. 
 Não havendo reinfecção, esses sintomas passam, dando lugar à sintomatologia intestinal. 
 
 Vermes adultos: Infecções médias ou maciças 
 Ação tóxica: edema intestinal, redução da capacidade absortiva, urticária (manchas 
vermelhas repentinas na pele) 
 Ação espoliadora – apesar de viverem no intestino delgado humano, eles possuem 
tubo digestivo completo, o que lhes permite disputar nutrientes Eles se alimentam de carboidratos e lipídios, e por isso causam emagrecimento 
no seu hospedeiro 
 Além disso, competem por vitaminas e sais minerais (Fe), e por isso eles 
também podem produzir quadros anêmicos mesmo não espoliando sangue 
 
 Ação mecânica: irritação na parede, que pode promover um aumento do 
peristaltismo e gerar crises de diarreia pastosa, e obstrução intestinal, 
podendo gerar ruptura da alça intestinal 
 Localização ectópica: apêndice cecal (levando a apendicite), vesícula biliar 
(problemas no fluxo de bile pela presença física do áscaris), pâncreas 
(levando a pancreatite), boca, narinas e ouvido 
 
Sintomatologia 
 
Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula Parasito 08/03/2022 
 Desconforto abdominal – cólicas intermitentes muito dolorosas 
 Dor epigástrica típica de infecção do intestino delgado, e má digestão; 
 Náuseas; 
 Perda de apetite e emagrecimento – competição por vitaminas como B12, A e C 
 Sensação de coceira no nariz – atrelado à toxicidade do verme 
 Irritabilidade 
 Sono intranquilo; 
 Ranger de dentes à noite (bruxismo) pela ação tóxica do verme 
 Pano (similar ao Pano branco) – manchas claras que aparecem no rosto, tórax e abdome 
 Pessoas Hipersensíveis: urticária; crises de asma brônquica; convulsões; crises epileptiformes; meningites; 
 
Epidemiologia 
 Helminto mais frequente nas áreas tropicais 
 Afeta 30% da população mundial 
 70 a 90% das crianças de 1 a 10 anos 
 Frequente em ambientes mais pobres e carentes 
 Fatores que interferem na prevalência 
 Grande produção de ovos 
 Viabilidade do ovo infectante – dura 2 a 3 anos no ambiente 
 Condições precárias de saneamento 
 Temperatura e umidade ambiental elevada 
 Dispersão dos ovos: Chuva, vento e insetos 
 Adultos: Imunidade adquirida 
 
Profilaxia 
 Educação sanitária 
 Construção de fossas 
 Lavar as mãos antes de manipular alimentos 
 Tratamento em massa da população 
 Proteção dos alimentos contra insetos 
 Higienizar bem frutas e verduras 
 Não levar objetos que caem no chão à boca 
 
Tratamento 
 Piperazina, em uso há cerca de 3 décadas, que produz paralisia muscular flácida do helminto e permite sua 
expulsão passiva. 
 Recomendada na obstrução intestinal associado a um anti-espasmódico 
 
 Pamoato de pirantel é um produto sintético, insolúvel na água e pouco absorvível, e se mostra eficaz 
também contra outros nematoides 
 Levamisol é um anti-helmíntico de largo espectro, do grupo do mebendazol 
 Mebendazol – composto pouco solúvel, de largo espectro 
 Cura próxima de 100% 
 Praticamente sem efeitos colaterais, mas contra-indicado em epilépticos 
 
 Flubendazol – do mesmo grupo que o mebendazol e também de amplo espectro 
 Nitazoxanida – baixa eficiência em caso de altas cargas parasitárias 
 Ivermectina – pouco investigada para a ascaridíase. 
 
Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula Parasito 08/03/2022 
 Essas drogas não agem sobre larvas ou adultos fora dos intestinos, nesse caso a remoção deve ser 
mecânica

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