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Aula 1: Coeficiente de atenuação (UNIDADE HOUNSEFIELD): Godfrey Hounsfield é que desenvolveu esta técnica de obtenção de imagens em 1972. A escala de cinza é formada por um grande espectro de representações de tonalidades entre branco, cinza e o preto. A escala de cinzas é que é responsável pelo brilho de imagem. Uma escala de cinzas foi criada especialmente para a tomografia computadorizada e sua unidade foi chamada de unidade Hounsfield (HU), em homenagem ao cientista que desenvolveu a tomografia computadorizada. Nesta escala temos o seguinte: • zero unidades Housfield (0 HU) é a água, • ar -1000 (HU), • osso de 300 a 350 HU; • gordura de –120 a - 80 HU; • músculo de 50 a 55 HU. Como na radiografia convencional o que está sendo analisado são diferenças de densidade, que podem ser medidas em unidades Hounsfield. JANELAS são recursos computacionais que permitem que após a obtenção das imagens a escala de cinzas possa ser estreitada facilitando a diferenciação entre certas estruturas conforme a necessidade. Isto porque o olho humano tem a capacidade de diferenciar uma escala de cinzas de 10 a 60 tons (a maioria das pessoas distingue 20 diferentes tons), enquanto na tomografia no mínimo, como visto acima há 2000 tons. QUANTO MAIS DENSIDADE MAIS ATENUAÇÃO DA ESTRUTURA BRANCO: HIPERDENSO (OSSO COMPACTO 1000 UH) QUNATO MENOS DENSIDADE MENOS ATENUAÇÃO DA ESTRUTURA PRETO: HIPODENSO (AR = - 1000uh) ÁGUA = 0 UH CORTES: As imagens tomográficas podem ser obtidas em 2 planos básicos: o plano axial (perpendicular ao maior eixo do corpo) e o plano coronal (paralelo a sutura coronal do crânio ou seja é uma visão frontal) Após obtidas as imagens, recursos computacionais podem permitir reconstruções no plano sagital (paralelo a sutura sagital do crânio) ou reconstruções tridimensionais. SAGITAL: AXIAL: CORONAL: Para descrever diferenças de densidades entre dois tecidos é utilizada uma nomeclatura semelhante à utilizada na ultrassonografia: isoatenuante, hipoatenuante ou hiperatenuante ISOATENUANTE é utilizada para atenuações tomográficas semelhantes. Hipoatenuantes para atenuações menores do que o tecido considerado padrão. Hiperatenuante para atenuações maiores que o tecido padrão (geralmente o órgão que contém a lesão é considerado o tecido padrão, ou quando isto não se aplica, o centro da janela é considerado isoatenuante). MEIOS DE CONTRASTE NA TOMOGRAFIA • São três substâncias mais utilizadas em exames contrastados: sulfato de bário, iodo e gadolínio. Conheça adiante as características de cada um. • Sulfato de bário • O sulfato de bário é o elemento mais usado nos exames contrastados. Ele pode ser na forma de pó ou suspensão já pronta e, normalmente, é aplicado no paciente via oral ou retal. • A substância é utilizada para visualizar melhor as estruturas do sistema digestivo, como estômago, esôfago, duodeno e trânsito intestinal. • Ele também pode ser administrado junto a outro contraste em exame denominado duplo contraste. É o que ocorre no exame de enema opaco, por exemplo, em que são aplicados o sulfato de bário e o ar no intestino. • Iodo • O iodo também tem amplo uso como contraste. De modo geral, é usado em exames do sistema digestivo (via oral) e para órgãos internos, como rins, artérias e útero (via venosa). AULA 2: O Sistema TNM para descrever a extensão anatômica da doença tem por base a avaliação de três componentes: T - a extensão do tumor primário N - a ausência ou presença e a extensão de metástase em linfonodos regionais M - a ausência ou presença de metástase à distância A adição de números a estes três componentes indica a extensão da doença maligna. Assim temos: • T0, T1, T2, T3, T4 N0, N1, N2, N3 M0, M1 Na verdade, o sistema é uma 'anotação taquigráfica' para descrever a extensão clínica de um determinado tumor maligno. As regras gerais aplicáveis a todas as localizações anatômicas são: 1. Todos os casos devem ser confirmados microscopicamente. Os casos que assim não forem comprovados devem ser relatados separadamente. 2. Duas classificações são descritas para cada localização anatômica, a saber: a) A CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA (classificação clínica pré tratamento), designada TNM (ou cTNM), tem por base as evidências obtidas antes do tratamento. Tais evidências surgem do exame físico, diagnóstico por imagem, endoscopia, biópsia, exploração cirúrgica e outros exames relevantes. b) A CLASSIFICAÇÃO PATOLÓGICA (classificação histopatológica pós-cirúrgica), designada pTNM, tem por base as evidências conseguidas antes do tratamento, complementadas ou modificada pela evidência adicional conseguida através da cirurgia e do exame histopatológico. A avaliação histopatológica do tumor primário (pT) exige a ressecção do tumor primário ou biópsia adequada para avaliar a maior categoria pT. A avaliação histopatológica dos linfonodos regionais (pN) exige a remoção representativa de nódulos para comprovar a ausência de metástase em linfonodos regionais (pN0) e suficiente para avaliar a maior categoria pN. A investigação histopatológica de metástase à distância (pM) exige o exame microscópico. 3. Após definir as categorias T, N e M ou pT, pN e pM, elas podem ser agrupadas em estádios. A classificação TNM e o grupamento por estádios, uma vez estabelecidos, devem permanecer inalterados no prontuário médico. O estádio clínico é essencial para selecionar e avaliar o tratamento, enquanto que o estádio histopatológico fornece dados mais precisos para avaliar o prognóstico e calcular os resultados finais. 4. Se houver dúvida no que concerne à correta categoria T, N ou M em que um determinado caso deva ser classificado, dever-se-á escolher a categoria inferior (menos avançada). Isso também será válido para o grupamento por estádios. 5. No caso de tumores múltiplos simultâneos em um órgão, o tumor com a maior categoria T deve ser classificado e a multiplicidade ou o número de tumores deve ser indicado entre parênteses, p. ex., T2(m) ou T2(5). Em cânceres bilaterais simultâneos de órgãos pares, cada tumor deve ser classificado independentemente. Em tumores de fígado, ovário e trompa de Falópio, a multiplicidade é um critério da classificação T. 6. As definições das categorias TNM e do grupamento por estádios podem ser adaptadas ou expandidas para fins clínicos ou de pesquisa, desde que as definições básicas recomendadas não sejam alteradas. Por exemplo, qualquer T, N ou M pode ser dividido em subgrupos. definições gerais utilizadas na classificação TNM • A American Joint Committee on Cancer (AJCC) e a União Internacional de Controle do Câncer (UICC) utilizam o sistema de classificação TNM como uma ferramenta para os médicos estadiarem diferentes tipos de câncer com base em determinadas normas. Ele é atualizado a cada 6 a 8 anos para incluir os avanços na compreensão de uma doença como o câncer. No sistema TNM, a cada tipo de câncer é atribuída uma letra ou número para descrever o tumor, linfonodos e metástases. T para o tumor primário. • N para linfonodos. O câncer que se espalhou para os linfonodos próximos. • M para metástase. O câncer que se espalhou para partes distantes do organismo. • TNM - Classificação Clínica CATEGORIA T: • A categoria T fornece informações sobre aspectos do tumor primário, como seu tamanho, quão profundamente se desenvolveu no órgão em que se originou e quanto invadiu os tecidos adjacentes: T - Tumor Primário TX O tumor primário não pode ser avaliado T0 Não há evidência de tumor primário Tis Carcinoma in situ T1, T2, T3, T4 Tamanho crescente e/ou extensão local do tumor primário • Os números que aparecem após o T (tais como T1, T2, T3 e T4) podem descrevero tamanho do tumor e/ou a disseminação da doença nas proximidades. Quanto maior o número de T, maior o tumor e/ou mais se disseminou pelos tecidos próximos. CATEGORIA N: • A categoria N descreve se o câncer se espalhou para os linfonodos vizinhos: N - Linfonodos Regionais • NX Os linfonodos regionais não podem ser avaliados • N0 Ausência de metástase em linfonodos regionais • N1, N2, N3 Comprometimento crescente dos linfonodos regionais • Os números que aparecem após o N (por exemplo, N1, N2 e N3) podem descrever o tamanho, localização e/ou o número dos linfonodos com doença. Quanto maior o número, mais o câncer se espalhou para os linfonodos. CATEGORIA M: • A categoria M descreve se o câncer se espalhou (metástases) para locais distantes do corpo: M - Metástase à Distância • MX A presença de metástase à distância não pode ser avaliada. • M0 Ausência de metástase à distância • M1 Metástase à distância A categoria M1 pode ser ainda especificada de acordo com as seguintes notações*: • Pulmonar PUL (C34) • Medula óssea MO[MAR](C42.1) • Óssea OSS (C40, 41) Pleural PLE (C38.4) • Hepática HEP (C22) Peritoneal PER (C48.1,2) • Cerebral CER [BRA] (C71) • Supra-renal (Adrenal) ADR (C74) • Linfonodal LIN [LYM](C77) Pele CUT [SKI](C44) • Outras OUT [OTH] pTNM - Classificação Patológica As seguintes definições gerais são utilizadas: • pT - Tumor Primário • pTX O tumor primário não pode ser avaliado histologicamente • pT0 Não há evidência histológica de tumor primário • pTis Carcinoma in situ • pT1, pT2, pT3, pT4 Aumento crescente do tamanho e/ou extensão local do tumor primário, comprovado histologicamente • pN - Linfonodos Regionais • pNX Os linfonodos regionais não podem ser avaliados histologicamente • pN0 Não há, histologicamente, metástase em linfonodos regionais • pN1, pN2, pN3 Comprometimento crescente dos linfonodos regionais, comprovado histologicamente LINFONODO SENTINELA O linfonodo sentinela é o primeiro linfonodo a receber a drenagem linfática do tumor primário. Se ele contém tumor metastático indica que outros linfonodos também podem conter tumor. Se ele contém metástase tumoral indica que outros linfonodos podem conter tumor. Se ele não contém tumor metastático, é improvável que os outros linfonodos contenham tumor. Ocasionalmente existe mais de um linfonodo sentinela. As designações que se seguem são aplicáveis quando se faz a avaliação do linfonodo sentinela: • pNX (sn) O linfonodo sentinela não pode ser avaliado • pN0 (sn) Ausência de metástase em linfonodo sentinela pN1 (sn) Metástase em linfonodo sentinela AULA 3: A enterografia por tomografia computadorizada (TC) ou por ressonância magnética (RM) são métodos que permitem a visualização da parede do intestino delgado, com detalhes luminais. Isto é possível após administração de contraste venoso e grandes quantidades de contraste oral que distendem o intestino delgado. As alterações incluem impregnação da parede, aumento da densidade da gordura perientérica e o sinal de pente (dilatação segmentar do vasa recta envolvendo uma alça intestinal). A enteroscopia por RM tem a vantagem de não irradiar o paciente e permite a visualização da extensão da doença no intestino delgado e a diferenciação das estenoses fibróticas e inflamatórias. Além disso, vários autores descrevem uma boa correlação deste método com a atividade inflamatória do cólon. O trânsito de intestino delgado, através de radiografias contrastadas, de realização mais simples, também pode fornecer algumas destas informações, porém com menor acurácia. A utilização da ressonância magnética é importante também na DC com acometimento perianal mostrando fístulas complexas e abscessos locais. O exame proctológico sob anestesia é fundamental nesses pacientes para diagnóstico e tratamento. Métodos de imagem, como a tomografia computadorizada, a ressonância magnética convencionais e a ultrassonografia de abdome podem ser solicitados na suspeita de DII e surpreender abscessos e complicações perianais. Principais alterações nos exames de imagem na vigência de doença inflamatória intestinal Principais alterações nos exames de imagem na vigência de doença inflamatória intestinal Doença de Crohn Achados radiológicos: Alterações precoces: Hiperplasia linfóide (elevações mucosas de 1-3 mm) Nodularidades Úlceras e fissuras Espessamento mural Infiltração transmural Radiografia Convencional Alterações tardias: áreas normais intercaladas com segmentos acometidos, (pedra de calçamento), psudopólipos inflamatórios, perda de haustrações, abcesso intramural, estreitamento luminal segmentar (sinal da corda), estenoses, fissuras, fístulas, separação das alças intestinais por processo inflamatório do mesentério. Ultrassonografia Avalia: espessamento da parede do tudo digestivo, extensão, localização, linfadenopatia, estreitamentos e alterações da mucosa. Complicaçãoes: abcessos, fístulas, obstrução e perfuração. Sinal de doença inflamatória atividade: aumento do fluxo ao estudo Doppler. Tomografia Computadorizada: Preparo: ingestão de 1.500 mL de meio de contraste diluído > avaliar a parede e identificar trajetos fistulosos. Contraste endovenoso: realce da parede > sinal de doença inflamatória em atividade. Alterações inespecíficas: espessamento circunferencial, realce da parede, linfonodomegalia, alterações inflamatórias do mesentério. Alterações especificas: espessamento proeminente (1 a 2 cm), estratificação de camadas da parede intestinal (sinal do alvo), úlceras, fístulas, abcessos e acometimento de órgãos adjacentes. Evolução subaguda: proliferação fibrogordurosa do mesentério com ingurgitamento de vasa recta (sinal de pente). Evolução crônica: estenoses segmentares, deformidade de alças com pseudodiverticulos e quadros de obstrução. Figura 1. A: Observa-se alça de delgado espessada com realce da mucosa (seta) e o "sinal do pente" (cabeça de seta), correspondendo a ingurgitamento da arcada mesentérica. B: A seta indica área de estenose ileal, com dilatação das alças a montante (asterisco). C: Observa-se fístula (seta) caracterizada por imagem estrelada correspondendo a trajeto fistuloso comunicando alças intestinais na fossa ilíaca direita. D: Nota-se, na região marcada pelas setas, a estratificação mural da alça ileal, e realce mucoso, permitindo distinguir as várias camadas parietais. Ressonância magnética: Preparo: meios de contraste por via oral, endovenoso e agentes antiperistálticos. Achados: semelhantes aos da TC, apresenta ainda boa sensibilidade para a detecção de fístulas e abcessos. Retocolite Ulcerativa: Achados de imagem: Enema Opaco Agudo: • Estreitamento por espasmo e irritabilidade. • Espessamento haustral • Padrão mucoso finamente granular por edema e hiperemia • Padrão mucoso pontilhado devido a erosão de abscessos das criptas • Úlceras em “botão de camisa” • Pólipos • Pseudopólipos inflamatórios Enema Opaco Crônico • Encurtamento do cólon • Perda das haustrações: aspecto de “cano de chumpo” • Estenoses de padrão liso e gradual): válvula ileocecal fixa e aberta, associada a íleo distal dilatado e com padrão granular mucoso. • Anormalidade valvar retal • Alargamento do espaço pré-sacral: maior que 15 mm. Cano de chumbo Tomografia computadorizada e Ressonância magnética • Alargamento de espaço pré-sacral • Espessamento parietal e estratificação das camadas – sinal do halo • Realce da mucosa, muscular própria e pólipos pasudoinflamatórios • Proliferação mesentérica fibrogordurosa. • Ingurgitamento de vasos mesentéricos – sinal do pente • Linfonodomegalia mesentérica. Sinal do halo DOENÇADE CROHN – TC / RM OU ENTEROGRAFIA ? A Enterografia também pode ser realizada pela ressonância magnética (RM), com a principal vantagem do não uso de radiação ionizante, algo que torna o método atrativo diante do caráter crônico e recidivante da DC, que habitualmente exige vários exames ao longo do tempo. Por outro lado, novos algoritmos de reconstrução de imagens tomográficas já permitem a redução de mais de 50% da dose de radiação utilizada na Enterografia por TC. Outra grande vantagem da Entero-RM é a sua maior resolução de contraste, com diversas sequências de pulso que, muitas vezes permitem a distinção de alterações parietais intestinais, como estenoses decorrentes de edema (inflamação aguda) ou associadas a fibrose, contribuindo, assim, para a escolha da melhor terapêutica em cada caso. Ademais, a RM propicia uma avaliação funcional pelo uso de sequências que estudam o peristaltismo das alças em tempo real. Já a principal desvantagem da Entero-RM está no fato de ser um exame mais demorado, com maior incidência de artefatos, principalmente em pacientes pouco colaborativos. AULA 4: principais alterações nos exames de imagem na vigência de patologias hepáticas - US – Ultrassonografia: indicada para a avaliação estrutural do fígado e da árvore biliar. É sensível para triagem de alterações intra e extra-hepáticas de icterícia, além de detecção de massas hepáticas. A resolução do exame é capaz de identificar cálculos biliares de 2 mm de diâmetro. Cálculos menores, de até 0,5 mm, na vesícula biliar ou nos ductos biliares são perceptíveis pela ultrassonografia endoscópica. A visualização geral do exame permite ainda o reconhecimento de líquido pericolecístico e o espessamento da parede vesicular, sinais clínicos para diagnóstico de COLECISTITE AGUDA. É imprescindível para a triagem de carcinomas com risco aumentado de hepatites ou cirrose. A ultrassonografia pode também medir o nível de endurecimento do fígado e o estágio de fibrose. - Tomografia computadorizada: é indicada para identificar metástases e formações de massa hepática. Quando utilizada com injeção de contraste, a tomografia é capaz de localizar hemangiomas cavernosos e ainda diferenciá-los da TUMORES. Também pode revelar esteatose hepática e o aumento da densidade hepática – em geral, causada pela infiltração por ferro. - Ressonância magnética: o avanço técnico dos softwares utilizados no sistema de ressonância magnética revolucionou o diagnóstico e acompanhamento de hepatologias. O exame é o mais eficaz para a detecção da esteatose hepática, doença que atinge cerca de 80% das pessoas com sobrepeso, de acordo com a Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH) . Desse modo, é possível fazer um mapa anatômico e distinguir de forma precisa a estrutura do fígado, de tumores, gorduras e demais alterações. Por ser um método não- invasivo e que dispensa o contraste, tem sido utilizado em substituição à biópsia em muitos casos. No entanto, a ressonância ainda é um exame oneroso pela necessidade de equipamentos específicos. Sendo assim, o ultrassom e a tomografia continuam sendo os exames mais demandados para hepatologias LESÕES HEPÁTICAS MAIS COMUNS HEMANGIOMA O hemangioma é o tumor hepático benigno mais comum, com incidência, - 0,4% a 20%, representando achado incidental muito freqüente em exames de imagem, particularmente na US. Na maioria dos casos são pequenos (até 3,0 cm) e podem ser múltiplos em até 50% dos pacientes. Microscopicamente, consistem de espaços vasculares de tamanhos variados, revestidos por uma única camada de células endoteliais e separados por septos de tecido conjuntivo. O aspecto de nódulo hiperecogênico, homogêneo e bem delimitado na US é altamente indicativo de hemangioma(Figura 1). Os achados na TC incluem a presença de lesão hipoatenuante na fase não–contrastada. Após a administração intravenosa de meio de contraste iodado, o padrão característico de realce inclui impregnação globular periférica nas fases arterial e portal, preenchimento centrípeto progressivo e persistência do realce na fase de equilíbrio (Figura 2).. Hemangiomas pequenos (de até 1,5 cm) frequentemente apresentam A persistência de impregnação na fase de equilíbrio ajuda a diferenciar o hemangioma de outras lesões hipervasculares, como a hiperplasia nodular focal e alguns tipos de metástases que apresentam clareamento mais rápido. Na RM os hemangiomas são caracterizados por lesões bem delimitadas com acentuado hipersinal em T2, persistente, com tempos de eco altos (ao redor de 180 ms). O padrão de impregnação pelo gadolínio é semelhante à impregnação pelo meio de contraste iodado da TC (Figura 3). HIPERPLASIA NODULAR FOCAL A Hiperplasia nodular focal (HNF) é definida como nódulo composto por hepatócitos de aparência normal e que ocorre em fígado com aspecto histológico normal. É o segundo tumor hepático benigno mais freqüente, com incidência - 0,9%. Ocorre predominantemente no sexo feminino (8:1) e em pacientes jovens. Cerca de 20% dos pacientes têm lesões múltiplas e existe associação da ocorrência destes tumores com hemangiomas hepáticos. A HNF pode ser dividida em clássica (80%) e não–clássica (20%), segundo seus aspectos histológicos. A clássica apresenta três componentes: arquitetura nodular anormal, vasos malformados e proliferação de ductos biliares. A não–clássica contém dois dos três componentes, incluindo a proliferação ductal. A patogênese da HNF não é totalmente conhecida. Malformação vascular e/ou injúria vascular são sugeridas como possíveis mecanismos para seu desenvolvimento. A associação com esteróides é controversa. O tumor é geralmente assintomático e, nestes casos, não requer tratamento. É comumente um achado incidental em exames de imagem, especialmente após a incorporação e aprimoramento dos estudos dinâmicos com meios de contrastes intravenosos na TC e RM.. No US tem padrão inespecífico e é mal visualizada. Geralmente se apresenta como nódulo ligeiramente hipoecogênico ou hiperecogênico e sua caracterização definitiva com este método não é possível. Os aspectos típicos da HNF na TC incluem lesão lobulada e bem delimitada, iso ou levemente hipoatenuante na fase pré–contraste, e com importante realce homogêneo na fase arterial do contraste, com clareamento (wash–out) rápido nas fases portal e de equilíbrio. Comumente é vista pequena área central estrelada que tende a se impregnar nas fases tardias (cicatriz central), composta por vasos mal formados Na RM, a HNF clássica apresenta–se como lesão ligeiramente hipointensa em T1 e com discreta hiperintensidade em T2. Em 85% das lesões é possível a identificação da cicatriz central, que se apresenta com maior sinal do que o restante da lesão nas imagens ponderadas em T2. O padrão de realce pelo meio de contraste intravenoso da HNF é semelhante ao descrito na TC(14). Quando estas características são presentes, a especificidade diagnóstica atinge 98% ADENOMA O adenoma hepatocelular é neoplasia benigna rara, usualmente encontrada em mulheres com antecedente de uso de contraceptivos orais. Embora o mecanismo patogênico não seja totalmente compreendido, a utilização de medicações estrogênicas ou androgênicas, especialmente por longos períodos, aumenta significantemente a incidência do tumor. Pacientes com doenças de depósito de glicogênio também apresentam risco aumentado para desenvolver adenomas. Os adenomas têm sido detectados com maior freqüência como achados incidentais em pacientes que realizam TC ou RM contrastadas multifásicas. Ocorrem de maneira solitária em cerca de 70% dos casos. Os pacientes costumam ser assintomáticos e os testes laboratoriais de função hepática,bem como os níveis de alfafetoproteína, são normais. Adenomas muito volumosos podem apresentar sangramento intratumoral e ruptura, causando dor abdominal e hipotensão. Histologicamente, os adenomas consistem de grandes cordões celulares que lembram hepatócitos normais, separados por sinusóides dilatados que possuem perfusão arterial. Não apresentam suprimento venoso portal, bem como ductos biliares As células do adenoma possuem grande quantidade de glicogênio e lipídios, estes últimos raramente presentes sob a forma macroscópica. Muito raramente, esses tumores podem apresentar degeneração maligna para carcinoma hepatocelular, mesmo tendo permanecido estáveis por longos períodos. O aumento significativo das dimensões tumorais e dos níveis séricos de alfafetoproteína favorecem o diagnóstico de transformação maligna. O adenoma pode ser detectado na US, mas normalmente não apresenta padrão ecográfico característico, e complementações com TC ou RM são usualmente necessárias para melhor avaliação da lesão. A característica que favorece o diagnóstico de adenoma na TC contrastada multifásica inclui a presença de lesão única (ou eventualmente múltiplas), bem delimitada e às vezes encapsulada. A presença de gordura ou focos hemorrágicos intralesionais é bastante típica. A lesão tende a se mostrar isoatenuante ao parênquima hepático na fase pré–contraste, com realce homogêneo na fase arterial, tendendo a tornar–se novamente isoatenuante ao parênquima hepático nas fases portal e de equilíbrio. Adenomas muito heterogêneos e com aspectos atípicos podem necessitar de estudos adicionais (RM com meio de contraste hepatoespecífico) ou mesmo de biópsia para excluir a possibilidade de malignidade. Os diagnósticos diferenciais dos adenomas incluem outras lesões hipervasculares que podem ocorrer em adultos jovens sem hepatopatia associada, como HNF, hepatocarcinoma fibrolamelar e metástases. O prognóstico dos adenomas não é bem estabelecido. Muitos podem permanecer estáveis por longos intervalos de tempo ou mesmo reduzir de tamanho com a descontinuidade da medicação estrogênica. Episódios de hemorragia e transformação maligna, embora raros, permanecem os principais problemas clínicos; Na RM as características de imagem que sugerem adenoma incluem hipersinal nas imagens ponderadas em T1 e em T2, sendo mais discreto nas últimas. A queda do sinal da lesão em seqüências gradiente–eco "fora de fase" indica a presença de gordura intralesional e é um dado que favorece o diagnóstico de adenoma. O padrão de realce pelo meio de contraste paramagnético é similar ao visto na TC CARCINOMA HEPATOCELULAR O carcinoma hepatocelular (CHC) geralmente ocorre como complicação da cirrose hepática, especialmente naquela causado por vírus B e C, e sua prevalência em fígados cirróticos retirados em transplantes atinge 14%. Pacientes com cirrose hepática podem ser avaliados por US, TC e RM. Embora cada método tenha sua particularidade, a capacidade de detecção de uma lesão focal depende do contraste existente entre ela e o restante do parênquima, que pode ser influenciada pela presença de gordura, necrose e fibrose. As alterações hepáticas relacionadas a fibrose e regeneração nodular, associadas a alterações perfusionais decorrentes da hipertensão portal, comumente presentes neste pacientes, representam um desafio para a detecção e caracterização do CHC nos diversos métodos de imagem. Especialmente, o US apresenta importantes limitações para a avaliação de nódulos no fígado cirrótico. Devido ao maior risco de pacientes com cirrose desenvolverem CHC, ao se detectar qualquer nódulo sólido na US, preconiza–se prosseguir investigação com TC ou RM. É fundamental que tanto a TC como a RM sejam realizadas utilizando meios de contraste intravenosos e que seja possível realizar estudos multifásicos incluindo a fase arterial pós– contraste, imprescindível para a detecção e caracterização do CHC Lesões nodulares no fígado cirrótico podem ser separadas em duas grandes categorias: Nódulos regenerativos e displásicos ...Ou : Neoplásicos NÓDULOS REGENERATIVOS representam áreas de parênquima aumentadas como resposta a necrose e alterações circulatórias. Se maiores que 3–5 mm são chamados de macrorregenerativos, mas raramente são maiores que 20 mm. Nódulos com dimensões maiores que 20 mm são geralmente displásicos. Os nódulos regenerativos podem conter ferro, e nestes casos são chamados de nódulos sideróticos. Apesar de histologicamente presentes em todos os fígados cirróticos, os nódulos regenerativos são vistos em uma minoria de pacientes na TC e em cerca de 50% dos casos na RM, sendo os nódulos sideróticos mais evidentes.Tais nódulos podem mostrar–se espontaneamente hiperatenuantes na TC não–contrastada, e normalmente, na RM, apresentam–se com hipossinal nas seqüências ponderadas em T2, devido à presença de ferro no seu interior. Nas seqüências ponderadas em T1 estes nódulos costumam apresentar discreto hipossinal ou isossinal ao parênquima hepático circunjacente e, menos freqüentemente, hipersinal. Após a injeção intravenosa de meios de contrastes, na TC e RM estes nódulos tipicamente não se realçam na fase arterial e se impregnam de maneira semelhante ao parênquima hepático na fase portal, não sendo mais identificados( Os nódulos displásicos apresentam características morfológicas que ocupam posição intermediária entre as características encontradas nos nódulos de regeneração e no CHC. Uma das classificações adotadas inclui nódulos displásicos de baixo grau, nódulos displásicos de alto grau, nódulos displásicos de alto grau com focos de CHC e o CHC propriamente dito. Os estudos histológicos mostram que, à medida que se avança na classificação, decrescem os números de tratos portais e acentuam–se as artérias no interior das lesões. Estes achados são determinantes na caracterização destas lesões; Apesar do uso de técnicas contrastadas multifásicas que incluem aquisições na fase arterial hepática, a TC e a RM ainda apresentam acurácia muito limitada na detecção do CHC. Estudos de correlação com fígados retirados de pacientes transplantados demonstraram sensibilidades da TC e RM na detecção da presença de CHC de 59–68% e 50%, respectivamente. Além disso, as sensibilidades na detecção do número total de lesões foram de 37– 44% na TC e 50% na RM; O CHC tem aparência variável na TC e RM. Apesar de o hipersinal nas imagens ponderadas em T2 da RM ser suspeito para CHC, o sinal das lesões é variável, podendo se apresentar com hipo, iso ou hipersinal em relação ao fígado adjacente nas imagens ponderadas em T1 e T2; Uma minoria dos tumores é hipovascular e é mais bem identificada nas fases portal e de equilíbrio hepático. Lesões grandes (> 5,0 cm) tendem a ser heterogêneas, podendo apresentar necrose, metamorfose gordurosa e cápsula tumoral; Hepatocarcinoma A princípio, qualquer nódulo hipervascular encontrado em paciente hepatopata deve ser considerado altamente suspeito de CHC e, principalmente, quando com mais de 2,0 cm de diâmetro. Um sinal observado na TC e RM com contraste pode ajudar na diferenciação diagnóstica com outras lesões hepáticas (p. ex.: nódulos de regeneração ou displásicos). O CHC, com certa freqüência, apresenta pseudocápsula fibrótica que se realça tardiamente, ou pode apresentar–se hipocontrastado, em relação ao parênquima hepático adjacente METÁSTASES HEPÁTICAS São as lesões malignas mais freqüentes do fígado. O diagnóstico correto é fundamental para a conduta terapêutica e o prognóstico. A informação precisa do número e da extensão das lesões é pré–requisito para o sucesso da ressecção cirúrgica e monitoramento terapêutico. No paciente oncológico, além do rastreamentode metástases hepáticas, é imperativa a diferenciação entre estas e outros nódulos hepáticos benignos, comumente encontrados de modo acidental em estudos de imagem. A US tem sensibilidade limitada para a detecção de metástases hepáticas, variando entre 50% e 70%. A maioria das metástases não–detectadas pela US são as pequenas, principalmente as menores que 1,0 cm, ou as isoecóicas em relação ao parênquima hepático. O aspecto mais característico de metástase hepática na US é o de lesão hipo ou isoecogênica ao parênquima circunjacente rodeada por um halo hiperecogênico, o que confere à lesão o conhecido aspecto "em alvo" ou "olho de boi". A presença do halo tem alta sensibilidade para o diagnóstico de malignidade (cerca de 85%). Apesar do menor custo e da maior disponibilidade, o método apresenta menor reprodutibilidade em relação à TC e RM, o que pode dificultar o controle evolutivo das lesões. A TC, junto com a RM, é considerada o principal método de imagem para o rastreamento de metástases hepáticas no paciente oncológico, por oferecer melhor resolução espacial e maiores sensibilidade (ao redor de 75%) e especificidade na detecção e caracterização de lesões focais hepáticas. A TC também permite avaliar eventuais alterações hepáticas difusas associadas, além de estudar o restante do abdome. A utilização da tecnologia espiral, especialmente com tomógrafos utilizando múltiplas fileiras de detectores (multislice), oferece a possibilidade de realizar o estudo hepático sem e com contraste intravenoso em múltiplas fases (pré–contraste, arterial, portal e de equilíbrio hepático), o que é imprescindível para a adequada avaliação do órgão, especialmente no contexto de malignidade. Possibilita, ainda, uma adequada avaliação das árvores arterial, venosa e portal hepáticas. Reconstruções angiográficas tridimensionais podem ser feitas, o que permite estabelecer a relação das lesões com os maiores ramos vasculares; A maioria das metástases é hipovascular e apresenta–se como nódulos hipoatenuantes em relação ao parênquima hepático na fase portal, com realce heterogêneo ou anelar pelo meio de contraste (Figura 11). Algumas neoplasias (p. ex.: carcinomas de células renais, de tireóide, de mama, tumores carcinóides, neuroendócrinos e melanoma) podem promover metástases hepáticas hipervasculares, que são mais bem identificadas na fase arterial devido à impregnação precoce e fugaz do meio de contraste, tendendo a tornarem–se isoatenuantes ao parênquima na fase portal; Nódulos hipoatenuantes pequenos, especialmente os menores que 1,0 cm, podem ser de difícil caracterização na TC. Nestes casos, a RM pode auxiliar na avaliação diagnóstica, tendo em vista a alta especificidade do método na caracterização de pequenos cistos e hemangiomas, lesões comumente presentes, inclusive no grupo de pacientes oncológicos. A RM apresenta sensibilidade (ao redor de 75%) e especificidade muito semelhantes à da TC na avaliação de lesões hepáticas secundárias. A técnica convencional para avaliação do fígado utiliza o meio de contraste paramagnético por via intravenosa, com séries adquiridas durante as fases arterial, portal e de equilíbrio hepático, semelhante à TC. As imagens ponderadas em T2 são muito importantes na caracterização das lesões e representam uma vantagem adicional em relação à TC, particularmente nas lesões pequenas(42,46) (Figura 11). A utilização de meios de contraste hepato–específicos, como o óxido de ferro superparamagnético, parece aumentar a acurácia do método na detecção de metástases, especialmente as de pequenas dimensões. No entanto, este tipo de meio de contraste não tem sido utilizado de forma rotineira no nosso meio, por causa do seu maior custo. Cintilografia biliar: o contraste é utilizado no exame de cintilografia para monitorar o fluxo da bile, que percorre desde o fígado, passando pela árvore biliar, até o intestino delgado. Por isso, é necessário que o paciente esteja em jejum de no mínimo 4 horas para evitar resultado falso- positivo. A tomada de imagens é feita imediatamente após a aplicação intravenosa do radiofármaco DISIDA – marcada com tecnécio- 99m – durante 30 minutos. De acordo com o comportamento da vesícula na detecção de possíveis alterações, algumas intervenções podem ser necessárias entre as primeiras 24 horas. Assim, é possível identificar colecistite aguda, desordens crônicas do trato biliar, obstrução de ductos, extravasamento biliar e até anormalidades congênitas da árvore biliar. Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica: o exame combina endoscopia – introduzida pela segunda porção do duodeno – com imagem por contraste para a visualização da árvore biliar e ductos pancreáticos. O método proporciona melhor diagnóstico para câncer ampular, além de permitir o acesso a grande parte do trato gastrointestinal superior e da área periampolar, vias biliares e pâncreas. Por ser invasivo, é mais utilizado para tratamento de lesões obstrutivas biliares e pancreáticas, para biópsias, remoção de cálculos biliares, aplicação de stents e esfincterotomia. Colangiografia: também realizado com contraste, o exame utiliza cateter pela papila duodenal para aplicação do radiofármaco. A punção no fígado é altamente diagnóstica, mas onerosa e invasiva. Por isso, sua função terapêutica é mais aplicada para a descompressão do sistema biliar e para a colocação de próteses. DHGNA (dç hep. Gord. Nao alcol.)– ESTEATOSE HEPATICA US, do mesmo modo que a TC e a RM, não pode diferenciar esteatose de EHNA (dç. Hep. Não alcoolica), o que ainda é privilégio do exame histopatológico. Mas a esteatose pode ser quantificada pela US em leve (grau 1), moderada (grau 2) e acentuada (grau 3), sendo que essa quantificação encontra muito boa correlação com a TC, a RM e o exame histopatológico. A utilização da US na identificação da esteatose pode apresentar sensibilidade de 89% e especificidade de 93% segundo alguns autores, e segundo outros, sensibilidade de até 94% e especificidade de até 100%. A Tomografia axial computorizada (TAC) é considerada uma técnica muito fiável para o estudo da esteatose hepática. Na presença da esteatose há um decréscimo da atenuação do nível do parênquima hepático comparativamente aos vasos intra hepáticos, baço e rins Esteatose US Com nódulos Elastografia: técnica que explora o fato de uma doença alterar as propriedades elásticas dos tecidos envolvidos, geralmente, tornando-os mais duros. Essa mudança de elasticidade é detectada e transformada em imagens por meio da elastografia, permitindo inclusive uma medida direta da elasticidade dos tecidos. O estudo pode gerar mapas de elasticidade dos tecidos, mostrando áreas mais “duras” e áreas mais “moles” através de diferentes colorações. Tecidos doentes são mais duros que os tecidos adjacentes, assim como tumores malignos. Existem três formas de se realizar a elastografia (porém apenas através do ultrassom e da ressonância magnética é possível gerar imagens, mapas coloridos e escolher o local onde será feita a medida. AULA 5: principais alterações nos exames de imagem na vigência de patologias pancreáticas PANCREATITE AGUDA Radiologia. As radiografias abdominais planas podem ajudar na avaliação da dor abdominal aguda, documentando a existência de condições (p. ex., ílio paralítico ou pneumoperitônio) que causam dor aguda. Entretanto, os achados obtidos por radiografia jamais serão específicos o bastante para confirmar/refutar um diagnóstico de pancreatite aguda. De modo semelhante, estudos do trato gastrintestinal superior utilizando bário ou contraste hidrossolúvel são inúteis para fins de confirmação de um diagnóstico de pancreatite aguda. Ultrassonografia (US). A US abdominal éum exame de significativa utilidade para a avaliação da suspeita de pancreatite aguda. As anormalidades pancreáticas diagnósticas, incluindo o aumento de tamanho do pâncreas, alterações na ecotextura e acúmulos de líquido peripancreáticos, podem ser observadas em até 2/3 dos pacientes. No restante dos pacientes, a existência de gases intestinais sobrejacentes ou a constituição corporal limitam a capacidade de transmissão do som e, assim, prejudicam a visualização adequada do pâncreas. • A US é um dos exames mais sensíveis para a detecção de cálculos na vesícula biliar de pacientes com pancreatite por cálculos biliares. A presença de cálculos biliares ou a dilatação do ducto colédoco visualizadas por US constituem achados altamente preditivos de doença por cálculo biliar como etiologia de pancreatite aguda. Se não for possível obter imagens da vesícula biliar e da árvore biliar na US inicial, a repetição do ultrassom passados alguns dias pode mostrar-se diagnóstica de cálculos biliares e, logo, de pancreatite por cálculos biliares. Tomografia computadorizada (TC). A tomografia computadorizada (TC) é uma técnica significativamente mais acurada do que a US para confirmação da existência de pancreatite aguda, embora seja menos acurada em termos de avaliação da árvore biliar e da vesícula biliar quanto à presença de cálculos. Ambos os exames, portanto, são empregados frequentemente juntos em casos de pacientes com pancreatite aguda. Os resultados de TC podem ser normais em um pequeno subgrupo de pacientes com pancreatite aguda bastante branda (10% dos pacientes), contudo o teste é seguramente diagnóstico em casos de doença moderada ou severa. A TC também é bastante útil para avaliar condições que mimetizam uma pancreatite aguda severa. Além disso, o exame de TC exerce papel muito importante na determinação da severidade da pancreatite [ver Outros preditores de severidade, adiante]. • O uso de um rápido bolus endovenoso de contraste acoplado a uma varredura rápida do pâncreas (tomografia computadorizada intensificada com contraste – TCIC) pode fornecer um diagnóstico de pancreatite aguda e também, de forma bastante significativa, ajudar na avaliação do grau de severidade da doença e da extensão da necrose pancreática. Conforme mostra a TCIC, o parênquima pancreático viável é intensificado pela captação do meio de contraste, ao contrário das áreas necróticas da glândula. A extensão da necrose constitui um indicador bastante importante do prognóstico.34-36 • As varreduras de TC não são necessárias para todos os pacientes que apresentam pancreatite aguda, no entanto devem ser realizadas em casos de pacientes que sofreram o primeiro ataque de pancreatite, apresentando sintomas moderados ou severos, com complicações sistêmicas, com suspeita de alguma complicação (p. ex., pseudocisto pancreático) ou que apresentem pancreatite latente que demore a melhorar, ou, ainda, quando o diagnóstico é obscuro. • Ressonância magnética (RM). A análise de imagens de ressonância magnética (RM) pode ser utilizada para graduar a severidade da pancreatite aguda, diante da existência de contraindicações ao uso de TCIC endovenosa, como em casos de insuficiência renal ou sensibilidade ao iodo. Além disso, a colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM) representa uma alternativa adequada para avaliar a presença de cálculos no ducto colédoco. Entretanto, pode ser difícil realizar a RM ou CPRM em pacientes gravemente enfermos. • Endoscopia. A CPRE e a USENDOC não são empregadas como exames diagnósticos para pancreatite aguda, embora possam ser úteis na determinação da etiologia. Estas técnicas são utilizadas especialmente em casos de pacientes com pancreatite de causa inexplicada ou idiopática. A CPRE é acurada para avaliar muitas das causas menos comuns de pancreatite aguda, tais como microlitíase, disfunção do esfíncter de Oddi, pâncreas bífido e estreitamentos do ducto pancreático (benignos e malignos). Pancreatite aguda imagem: RX SIMPLES DE ABDOMEN: • Excluir outras causas como perfuração intestinal. • Pode apresentar CUT OFF do Cólon, redução de imagem gasosa no cólon descendente e íleo generalizado nos casos graves. RX TÓRAX: • Alterado em 1/3 dos casos. • Elevação da hemicúpula diafragmática, derrame pleural (se bilateral piora o prognóstico), atelectasias basais, infiltrado pulmonar. US ABDOMINAL: • Em 35% dos casos não se observa alterações devido a distensão das alças. • Imagem hipoecóica difusa pancreática, coledocolotíase. • Não avalia necrose e região peripancreática. TAC ABDOMINAL: Avalia parênquima, presença de necrose ou coleções. RM: ➢ Mesma acurácia que TAC ➢ Vantagens: ➢ < nefrotoxidade ➢ Melhor avaliação das coelções líquidas e da árvore biliar. ➢ Sensibilidade para os quadros leves CPRE: se houver suspeita de litíase (dilatação do colédoco) US ENDOSCÓPICA: eficácia semelhante a CPRE. PANCREATITE CRONICA A pancreatite crônica é uma inflamação no pâncreas que se repete. Os pacientes com pancreatite crônica podem sofrer danos permanentes ao pâncreas. Sua incidência é estimada entre cinco e 10 casos para cada 100 mil indivíduos por ano. O abuso de álcool é a causa mais comum de pancreatite crônica em adultos. Doenças autoimunes e doenças genéticas, tais como a fibrose cística, também podem causar a pancreatite crónica em alguns pacientes. ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS DO PÂNCREAS QUE ENVOLVEM: Fibrose, Calcificação, Inflamação do ducto pancreático. Doença inflamatória -> degeneração fibrótica Progressiva e irreversível Células acinares ilhotas de langerhans atrofiam e perdem a função Caráter heterogêneo no órgão “Agudização” da pancreatite crônica. PANCREATITE CRÔNICA IMAGEM: RX – calcificação em 30% dos pacientes TC/US/RM – Calcificação, dilatação ductal, coleção de fluídos, alteração do parênquima. CPRE COM OU SEM TESTE DA SECRETINA – teste de escolha se não houver calcificação ou esteatorréia. A ecoendoscopia (EE) é método de imagem valioso que apresenta alta sensibilidade (superior a 90%) na detecção de tumores pequenos, linfonodos metastáticos e na avaliação do envolvimento vascular. Estará indicada quando o paciente não possui diagnóstico citológico conhecido, não foi descartada a irressecabilidade por outro método e dispõe-se de profissional habilitado. Por permitir a aquisição de material aspirado (citológico ou tecidual) para análise, a punção aspirativa ecoguiada (EE-PAAF) freqüentemente fornece um diagnóstico definitivo.
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