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1 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck ↠ Graças às estruturas rígidas representadas pelos ossos, intercaladas com articulações, é possível realizar movimentos para a locomoção, atividades da vida diária, práticas esportivas e trabalho (PORTO & PORTO, 8ª ed.). Anamnese ↠ É importante valorizar os dados da identificação, principalmente a idade, o sexo, a raça, a profissão e a procedência do paciente (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ A idade pode ajudar no reconhecimento das doenças mais comuns nas diferentes faixas etárias (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ➢ As displasias ósseas podem ser detectadas no período neonatal ou na fase em que a criança começa a andar. ➢ Raquitismo, surgem mais em crianças e jovens; ➢ Osteoporose, são mais frequentes acima da quinta e sexta décadas. ➢ Algumas osteopatias ocorrem em qualquer idade, como é o caso das infecções e das neoplasias ósseas, embora a osteomielite seja mais frequente em crianças e jovens. ➢ Osteocondrites apresentam suas primeiras manifestações quase sempre na primeira década da vida. Quanto ao sexo, a osteocondrite do quadril, por exemplo, é mais frequente no sexo masculino (5:1), enquanto a osteoporose predomina no sexo feminino (4:1). ↠ A procedência do paciente, aliada a dados epidemiológicos, pode ser um elemento importante no diagnóstico. Assim, nas pessoas provenientes do Mediterrâneo que apresentem dores ósseas, deve-se considerar a possibilidade de talassemia (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ Quem faz trabalhos que sobrecarregam o sistema locomotor pode apresentar quadros dolorosos e, às vezes, deformidades ósseas (PORTO & PORTO, 8ª ed.). EXAME CLÍNICO E EXAME DE IMAGENS Os ossos e as partes moles aparecem tão bem nos métodos de imagem, que, durante algum tempo, considerava-se que esses exames substituiriam o exame clínico. Essa ilusão já causou inúmeros erros diagnósticos e condutas terapêuticas equivocadas. As causas são várias. Exemplos: (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ➢ Alterações provocadas pelo envelhecimento são difíceis de serem diferenciadas de algumas alterações patológicas ➢ Articulações com artrite ou artrose podem apresentar aspectos radiológicos normais durante muitos anos ➢ A fase inicial de uma infecção óssea não é visível na radiografia simples ➢ Correlação entre dor e outros sintomas do sistema musculoesquelético e as imagens radiológicas não é boa. Isso pode causar dificuldades na decisão diagnóstica ➢ Não é raro o achado de alterações radiológicas sem manifestações clínicas. ↠ A solicitação dos exames complementares precisa apoiar-se nos dados clínicos, assim como a interpretação dos achados só pode ser corretamente feita no contexto clínico (PORTO & PORTO, 8ª ed.). SINAIS E SINTOMAS ↠ Nas doenças ósseas, destacam-se a dor, as deformidades e os sintomas gerais (PORTO & PORTO, 8ª ed.). Vista de conjunto dos ossos e das articulações ANAMNESE E EXAME FÍSICO 2 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck DOR ↠ A dor óssea deve ser analisada em todas as suas características semiológicas: localização, duração, intensidade, caráter, presença de fatores agravantes ou atenuantes (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ A exata localização da dor no segmento afetado é importante para o diagnóstico (epifisária, metafisária ou diafisária) (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ➢ Dor na epífise: mais comum nas doenças inflamatórias e degenerativas, como artrites infecciosas, artrite reumatoide; ➢ Dor metafisária: são mais frequentes nas neoplasias, artrites infecciosas e traumáticas. ➢ Dor na diáfise: localizam-se as dores decorrentes de fraturas, posturais e alterações mecânicas. ↠ A dor pode restringir-se a um único segmento, como nas osteomielites, ou aparecer em múltiplos segmentos ósseos, como ocorre nas metástases (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ A dor óssea costuma ser relatada como “profunda”, “surda” e “intensa”. Pode ser tão intensa que impede o paciente de dormir (PORTO & PORTO, 8ª ed.). Temos que diferenciar a dor nociceptiva da neuropática ou mista; se é aguda ou crônica (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ As dores ósseas de grande intensidade são características dos processos traumáticos e infecciosos. Nas doenças metabólicas, neoplasias benignas e alterações posturais quase sempre são de intensidade moderada (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ As dores das doenças degenerativas pioram no início dos movimentos e melhoram com o decorrer deles (PORTO & PORTO, 8ª ed.). DEFORMIDADES ÓSSEAS ↠ As deformidades ósseas podem adquirir diferentes aspectos, sendo as mais simples constituídas de “caroços” ou “tumefações” localizadas. As menores deformidades são detectadas mais pela palpação, enquanto as com maior tamanho deformam o segmento ou área correspondente e ficam visíveis (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ As deformidades podem ser o resultado de malformação congênita ou uma condição adquirida (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ Em geral, as deformidades ósseas indicam uma doença de longa duração. Podem ser restritas a um único osso ou comprometer vários ossos (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ Deformidades podem originar-se na junção osteoarticular quando há varismo ou valgismo de tornozelos ou joelhos, nos pacientes que apresentam alterações mecânicas, posturais entre outras (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ As principais deformidades da coluna vertebral são a cifose, a escoliose e a cifoescoliose (PORTO & PORTO, 8ª ed.). 3 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck Exame Físico ↠ No exame físico dos ossos, utilizam-se os dados de inspeção e palpação, sempre complementados pelo estudo da mobilidade de cada segmento (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ A avaliação clínica deve ser feita com o paciente nas posições de pé, sentada e deitada, com boa iluminação e as áreas a serem examinadas descobertas (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ É importante o exame de segmentos homólogos para efeito de comparação (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ A marcha do paciente pode estar alterada quando há deformidades, como varismo ou valgismo dos joelhos, lesões dos tornozelos ou desvio lateral da coluna vertebral (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ A palpação, que deve incluir os tecidos adjacentes ao osso, complementa os dados obtidos na inspeção. O aumento de volume deve ser definido na palpação, quanto a consistência, formato, localização, tamanho e relação com os tecidos moles (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ Sinais flogísticos (edema, calor, rubor) na área correspondente ao osso afetado podem sugerir osteomielite (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ Em algumas ocasiões, a palpação de um osso é tão dolorosa que o paciente não permite o exame de maneira detalhada, principalmente em crianças. Este fato é comum em osteomielite, neoplasias malignas de expansão rápida e fraturas (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ATENÇÃO: Cumpre ressaltar, por fim, que um exame físico normal não exclui a possibilidade de uma doença óssea. Para uma adequada avaliação diagnóstica deve-se levar em conta principalmente a anamnese e, quando necessário, os exames complementares (PORTO & PORTO, 8ª ed.). Articulações, bursas e tendões ↠ Articulação ou junta é uma região anatômica que estabelece a contiguidade entre ossos ou cartilagens, possibilitando que o movimento seja direcionado nesse segmento. As de natureza fibrosa (suturas do crânio) dificultam o movimento; as de natureza cartilaginosa (p. ex., sacroilíaca) e sinovial são as que têm maior interesse no estudo semiológico do sistema locomotor (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ O exame clínico fornece a principal contribuição para o diagnóstico das afecções das articulações, bursas e tendões (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ Trabalhadores que carregam peso apresentam maior predisposição à lombociatalgia; esportistas, a desarranjos internos de joelhos e lesões musculares (PORTO & PORTO, 8ª ed.).SINAIS E SINTOMAS ↠ Os sintomas mais comuns das enfermidades articulares são dor (artralgia), sinais inflamatórios (artrite), rigidez pós repouso, crepitação articular e manifestações sistêmicas, principalmente febre, astenia, perda de peso e anorexia (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ Por vezes, a dor vem acompanhada de outros sintomas, como parestesias (formigamentos) decorrentes da compressão de raízes nervosas na coluna cervical ou lombar (PORTO & PORTO, 8ª ed.). SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO: Uma condição frequente é a compressão do nervo mediano na região do punho, que, além da dor, tem como uma das manifestações clínicas parestesias na mão (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ Contratura da musculatura lombar, levando o paciente a se curvar para frente ou para um lado, é observada nos pacientes com hérnia discal lombar (PORTO & PORTO, 8ª ed.). Exame Físico ↠ O exame físico das articulações é feito por inspeção, palpação e movimentação, técnicas que devem ser usadas de maneira associada – uma complementando as outras (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ O examinador deve comparar articulações homólogas, procurando reconhecer aumento de volume, rubor, atrofia, desalinhamento articular, deformidades, nódulos e fístulas (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ A determinação do peso do paciente com relação à idade e à altura é o indicador mais objetivo de sobrecarga do aparelho locomotor, indubitavelmente prejudicial à coluna lombar e às articulações coxofemorais, assim 4 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck como aos joelhos, tornozelos e pés (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ Observar a marcha do paciente, pois ela costuma modificar-se nas enfermidades vertebrais e osteoarticulares dos membros inferiores (traumáticas, metabólicas, congênitas, inflamatórias e degenerativas) (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ Crepitação de um osso significa fratura (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ↠ O exame de uma articulação compreende os seguintes parâmetros: formato e volume, posição das estruturas, alterações das massas musculares, presença de sinais inflamatórios, modificações das estruturas circunjacentes, crepitação e estalidos e movimentação (PORTO & PORTO, 8ª ed.). EXAME DOS MOVIMENTOS ARTICULARES ➢ A movimentação da articulação deve ser feita com máxima delicadeza. ➢ É necessário pesquisar os movimentos ativo e passivo, comparando articulações homólogas. ➢ O médico deve estar atento às reações do paciente, em especial à demonstração de dor. ➢ Sempre que possível, a amplitude dos movimentos precisa ser medida em graus, partindo-se de uma posição neutra que seria o ponto zero. ➢ Não sendo possível medir em graus, pode-se falar em limitação total, quando a articulação está impossibilitada de fazer a mínima movimentação, ou em limitação parcial, que pode ser mínima, moderada ou intensa (quase total). ↠ A avaliação dos movimentos das articulações permite a verificação do seu grau de impotência funcional; por isso, é fundamental conhecer os movimentos normais de cada articulação. Partindo-se desse conhecimento, é fácil detectar e avaliar a amplitude dos movimentos anormais. A limitação da movimentação das articulações constitui importante sinal para o diagnóstico de comprometimento articular (PORTO & PORTO, 8ª ed.). ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR ➢ Abertura e fechamento da boca; ➢ Protusão e retrocesso da mandíbula; ➢ Movimentos de lateralidade. COLUNA VERTEBRAL Cervical (pescoço) ➢ Flexão (o mento deve tocar a fúrcula esternal). A separação entre ambos deve ser medida com fita métrica ➢ Extensão (o mento deve afastarse em torno de 18 cm da fúrcula esternal) ➢ Rotação esquerda e direita (60°) ➢ Lateralidade esquerda e direita (30°) Torácica ➢ Rotação direita e esquerda (75°) ➢ Flexão e extensão ➢ Lateralidade esquerda e direita Lombar ➢ Flexão (meça a distância das polpas digitaissolo) ➢ Extensão (30°) ➢ Rotação esquerda e direita (90°) ➢ Lateralidade esquerda e direita (35°). 5 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck OMBROS (PACIENTE DE PÉ) ➢ Abdução (110° a 120°) ➢ Flexão ou elevação anterior (180°) ➢ Extensão ou movimentação para trás (60°) ➢ Rotação externa (90°) ➢ Rotação interna posterior (180°). COTOVELOS ➢ Extensão (0° ou 180°) ➢ Flexão (45° ou 150° a 160°) ➢ Pronação (90°) ➢ Supinação (90°) ➢ Pronossupinação (90° a 180° para cada movimento). PUNHOS ➢ Flexão palmar (90°) ➢ Extensão dorsal ou dorsiflexão (70°) ➢ Desvio medial ou radial ou adução (20°) ➢ Desvio cubital ou lateral ou abdução (30°). ARTICULAÇÕES METACARPOFALANGIANAS E INTERFALANGIANAS (PROXIMAIS E DISTAIS) ➢ Metacarpofalangianas – flexão (90°), extensão (30°) ➢ Interfalangiana proximal – flexão (90°) ➢ Interfalangiana – flexão (80°) ➢ Metacarpofalangiana do polegar – flexão (90°) ➢ Interfalangiana do polegar – flexão (90°) ➢ Abdução do polegar (110°) ➢ Oposição do polegar (45°) ARTICULAÇÃO DO QUADRIL (PACIENTE EM DECÚBITO DORSAL) ➢ Posição neutra (180°) ➢ Flexão (110° a 120°) ➢ Rotação interna em extensão (90°) ➢ Rotação externa em extensão (90°) ➢ Rotação interna em flexão (45°) ➢ Rotação externa em flexão (45°) 6 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck ➢ Abdução (45°) ➢ Adução (30°) ➢ Hiperextensão em decúbito ventral (30°). ARTICULAÇÕES DOS JOELHOS ➢ Flexão (30°) ➢ Extensão (180°). ARTICULAÇÕES DOS TORNOZELOS ➢ Dorsiflexão ou flexão dorsal (20°) ➢ Flexão plantar (50°) ➢ Inversão ➢ Eversão. ARTICULAÇÕES METATARSOFALANGIANAS ➢ Flexão ➢ Extensão. Referências PORTO, CELMO C.; PORTO, ARNALDO L.. Semiologia Médica. 8ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.