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Sistema Cardiovascular INTRODUÇÃO CONCEITOS INICIAIS Coração não pode parar de funcionar mais de 2-3 minutos, se não o encéfalo fica sem oxigenação e o animal vem a óbito. Débito cardíaco: quantidade de sangue que sai da Aorta. Falha no débito cardíaco: coração com contração e frequência irregular (alteração na valva, vasos, miocárdio ou no sistema de condução). Debito cardíaco falho: necessário mecanismos compensatórios, como contração mais forte e mais vezes (aumento da frequência e da força de contração). Outro mecanismo: vasoconstrição periférica para direcionar o sangue para os órgãos essenciais e aumento da volemia por diminuição da diurese. Quando os mecanismos não dão resultado temos a insuficiência cardíaca. IC aguda e crônica. Sistema de Condução Cardíaco O início da excitação cardíaca ocorre no nodo sinusal localizado no átrio direito e segue ao nodo atrioventricular, o qual retarda o impulso dos átrios aos ventrículos. Pelo feixe de His o impulso segue aos ventrículos, se bifurcando nos ramos esquerdo e direito, subindo pelas paredes laterais dos ventrículos (do ápice à base) pelas fibras de Purkinje. Fibras de Purkinje ficam no endocárdio ou miocárdio (nunca epicárdio/pericárdio) Íons que despolarizam: sódio, cálcio e potássio. Arritmia: quando o sistema de condução tem algum problema. Geralmente a IC aguda ocorre por falha no sistema de condução ABERTURA DO CORAÇÃO (NECROPSIA) Como saber se o lado é o direito ou esquerdo? → Palpar: lado direito mais fino e lado esquerdo mais grosso/espesso/firme → Lado direito: tem um sulco coronariano dividindo o lado direito do esquerdo ✓ Lado direito: chegam as veias cavas, passa para o átrio direito, tricúspide, ventrículo direito e sai pela artéria pulmonar o Artéria x Veia: temos as camadas íntima, média e adventícia. Artéria tem uma média maior (mais músculo liso e elastina). Portanto, veia cava é mais flexível e a artéria pulmonar mais firme. Além disso, a veia é mais escura e a artéria é mais esbranquiçada o Técnica: com a tesoura entramos pela veia cava, envolve acima do sulco coronariano (interventricular) e sai na artéria pulmonar, rebatendo depois. ✓ Lado esquerdo: segura o coração, centraliza e corta com a faca no meio até entrar na câmara ventricular. Depois continua com a tesoura cortando a valva para expor a Aorta. o Ps.: ventrículo esquerdo tem que ser de 3 a 4 vezes mais espesso que o direito Coletar tudo na necropsia! Outra técnica de corte: cortar bem no meio pegando os dois ventrículos. Isso é feito quando temos suspeita de lesão no miocárdio, ex.: grandes animais na deficiência de vitamina E selênio, intoxicação por monesina, entre outros. Com esse corte vemos melhor uma possível degeneração (visualizada como áreas pálidas) e também hipertrofia ou dilatação dos ventrículos. ACHADOS INCIDENTAIS São aqueles sem relação com a causa da morte (não alteram o funcionamento do coração). Melanose Concentração maior de melanina que não é maligna, sendo superficial (não se aprofunda, como no melanoma). Faz parte do tecido normal (não tem aumento de volume). Basicamente são áreas enegrecidas irregulares de tamanhos variados multifocais a coalescentes. Comum na meninge do lobo frontal de encéfalo de ovinos. Encontrado também na Aorta, pulmão, coração, língua e cavidade oral. Osso do Coração Valvas do coração necessitam de uma sustentação que é realizada por um esqueleto fibrocartilaginoso. Na histo são células fusiformes cartilaginosas. Abaixo da Aorta dos bovinos esse esqueleto fibrocartilaginoso se diferencia no osso cardíaco do bovino. Vasos Linfáticos do Epicárdio Os bovinos possuem esses vasos linfáticos (que aparecem como estriações brancas) no epicárdio, podendo ser confundido com degeneração. ACHADOS DE POUCO SIGNIFICADO CLÍNICO São aqueles achados que podem significar alguma coisa, mas não indicam a causa da morte do animal. Hemorragias (equino e bovino) Petéquias e equimoses nas três camadas do coração (pericárdio, endocárdio e miocárdio) isoladas não tem significado clínico. Porém, se associadas com outras alterações podem ocorrer também no processo agônico e no choque endotoxêmico. Coração de equino. Epicárdio com hemorragias petequiais e sufusões. Cistos Linfáticos Valvulares São dilatações nas válvulas preenchida com linfa, sendo congênito (animal nasce com ela) e sem significado clínico. Hematocistos ou Hematomas Valvulares São iguais ao anterior, mas preenchido com sangue. Encontrados geralmente em bezerros, podem regredir espontaneamente por poucos meses, não causando alterações funcionais na válvula. A, Hematocisto (hematoma) valvular, coração, lado esquerdo aberto, válvula mitral, bezerro pósnatal. Há a protrusão de um cisto escuro, preenchido por sangue, a partir de uma cúspide da válvula mitral. As setas indicam as cordas tendíneas. B, Linfocisto valvular, coração. Há um cisto preenchido por linfa na cúspide da válvula atrioventricular. Áreas Pálidas no Miocárdio Ocorrem em cães e equinos JOVENS, podendo ser confundido com degeneração e necrose, mas isso é normal (sem alterações na micro). Injeções Intracardíacas Ocorrem após eutanásia por injeção de sulfato de magnésio ou cloreto de potássio (os quais são sais que sedimentam no coração e deixa-o desse modo: pontos brancacentos multifocais no endocárdio). Barbitúricos podem precipitar também. Importante saber essa macro para vermos se o animal sofreu eutanásia, sendo que nesses casos tem significado clínico. Área de hemorragia/perfuração puntiforme no endocárdio do ventrículo esquerdo pode indicar a perfuração da injeção. Embebição por Hemoglobina É o rompimento de hemácias com liberação de hemoglobina que tinge o tecido de um grau mais intenso. Não só o coração fica embebido por hemoglobina, o que auxilia no diagnóstico. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA (IC) É a incapacidade do coração em manter o débito cardíaco (quantidade de sangue que sai pela Aorta em 1 minuto) para suprir as demandas metabólicas. Quando ocorre a diminuição do débito cardíaco, um sistema de proteção é ativado: sistema neuroendócrino (mecanismo compensatório). Se a causa dessa baixa desse débito não for retirada, esses sistemas começam a colapsar, entrando na IC propriamente dita com sintomatologia da IC crônica. Já a IC aguda envolve parada brusca cardíaca; morte súbita. CAUSAS Aumento pressão: estenose (diminuição da luz) valvulares e hipertensão pulmonar Estenose valvular: Necessário uma pressão maior para que o sangue saia do ventrículo para o resto do corpo ou pulmão, pois o lúmen das válvulas está menor (o lúmen fica reduzido decorrente de uma deposição maior de tecido conjuntivo). Como o lúmen está reduzido, ocorre uma menor passagem de sangue, diminuindo o débito cardíaco. Pode ser congênito ou hereditário. Pode ocasionar morte súbita em cães jovens quando ele realiza exercícios ou passa por altas emoções. Hipertensão pulmonar: O pulmão, quando hipertenso (com vasoconstrição em suas artérias/arteríolas) ou com outra alteração (edema, congestão ou inflamação, etc.) pode restringir a circulação do sangue ao coração (pela veia pulmonar), ocasionando em IC esquerda. O pulmão, dificultando a chegada de sangue ao lado esquerdo, reduz o débito cardíaco. Resumo: artéria pulmonar leva sangue ao pulmão e o pulmão hipertenso dificulta o retorno do sangue ao coração pela veia pulmonar. Aumento de volume: insuficiência valvular e alterações congênitas IC valvular: exemplos: endocardiose (processo degenerativo, onde há nódulos firmes brancacentos nodulares na válvula), um folheto valvular menor que o outro, corda tendínea rompida, displasia valvular, etc. Uma válvula insuficiente não fecha corretamente,dessa forma uma quantidade maior de sangue chega ao ventrículo (aumento de volume) e também mais sangue volta por refluxo (aumentando a pressão nas veias e causando a insuficiência cardíaca), pois a válvula não é fechada completamente. Alterações congênitas: geralmente são aquelas que ligam átrio a átrio ou ventrículo a ventrículo. Isso faz com que parte do sangue saia do lado de maior pressão para o de menor pressão, ou seja do esquerdo para o direito. Ex.: defeito no septo atrial, defeito no septo ventricular, persistência do ducto arterioso (ligação da artéria pulmonar com a Aorta). Obs.: morte súbita em animal jovem: possível diagnóstico de origem cardíaca. Miocárdio: necrose, miocardites e neoplasias Alterações no miocárdio dificultam a contração do coração e o processo de condução, ocasionando em insuficiência cardíaca. Contratilidade: hemopericárdio, pericardite e arritmias Hemopericárdio: presença de sangue no saco pericárdico interfere na contratilidade, pois o coração não tem espaço para se expandir (com isso ele tem que fazer muito mais movimentos para contrair e dilatar, reduzindo débito cardíaco). Hidropericárdio também é uma causa. Pericardite: inflamação do pericárdio, como pericardite fibrinosa. Mesma consequência da anterior: não há espaço para contrair e dilatar. Arritmias: sístole e diástole com problema: débito cardíaco fica reduzido. Uma das causas da insuficiência aguda. MECANISMOS COMPENSATÓRIOS Aumento da frequência (cronotropismo) e força de contração (inotropismo) cardíaca Quando há falha no débito cardíaco (redução da PA), mecanorreceptores, barorreceptores, seio carotídeo, entre outras estruturas são ativadas e, com isso, ocorre a ativação do simpático: há a liberação de noradrenalina, e essa NA atua em receptores adrenérgicos para aumentar a força de contração (inotropismo positivo) e frequência cardíaca (cronotropismo positivo) decorrente da baixa do débito cardíaco. Aumento do inotropismo ocorre por remodelamento e o aumento do cronotropismo ocorre pelo nó sinusal, sinoatrial e atrioventricular. Há também a ativação de receptores α1 no coração, ocasionando vasoconstrição (aumento da PA). Ps.: esses mecanismos podem ser também ativados em situação fisiológica (como em exercício intenso). Aumento da resistência periférica e do volume sanguíneo Sistema renina-angiotensina- aldosterona: diminuição do débito cardíaco reduz a PA e essa alteração de pressão é detectada pelas células justaglomerulares da mácula densa no rim, ocasionando a liberação de renina. A renina converte angiotensinogênio (produzido no fígado) em ANG I. O ANG I é convertido em ANG II pela enzima ECA (presente no endotélio dos vasos, principalmente no pulmão e no rim). Nas arteríolas, o ANG II causa vasoconstrição periférica para redirecionar o sangue para órgãos essenciais (SNC, coração, rim, fígado); no centro de controle cardiovascular no bulbo causa aumento da PA; no hipotálamo induz a produção de vasopressina (ADH), a qual é armazenada na neuro-hipófise e liberada para agir no ducto coletor do néfron, diminuindo a diurese (ocorre maior reabsorção de água pelas aquaporinas); no hipotálamo aumenta a sede; no córtex da adrenal induz a produção de aldosterona, a qual aumenta a reabsorção de Na+ (e consequentemente de água) na alça de Henle do néfron, aumentando a volemia (= maior PA). Hipertrofia A hipertrofia pode ser concêntrica e excêntrica. Concêntrica: aumento da força de contração (resistência do sangue de passar pela válvula estenosa), ou seja, está ocorrendo uma IC sistólica (necessário aumento da força de contração para que o sangue consiga ser expelido pela válvula estenosa). Causas: estenose valvular (com a redução da luz valvular ocorre uma IC sistólica, então o ventrículo precisa exercer mais força de contração para que todo o sangue seja expelido, levando a essa hipertrofia concêntrica) ou doença pulmonar (hipertensão pulmonar, por exemplo). Macroscopia: parede ventricular espessada, luz da câmara ventricular reduzida. Pode ocorrer nos átrios também. Excêntrica: associada ao aumento de volume sanguíneo recebido no ventrículo (IC diastólica: na hora da dilatação há um aporte maior de sangue, com isso o coração necessita hipertrofiar para poder acomodá-lo). Causas: insuficiências valvulares e defeitos septais. Macroscopia: luz da câmara cardíaca aumentada, parede ventricular normal ou levemente reduzida. Diferença da dilatação: parede ventricular fica MUITO reduzida na dilatação. Dilatação Cardíaca Além da hipertrofia, o coração também pode realizar dilatação como mecanismo compensatório. As causas são as mesmas da hipertrofia excêntrica (aumento do volume sanguíneo no ventrículo). Ocorre o alongamento das células musculares (mecanismo de Frank-Starling), o que reduz a força contrátil. Macroscopia: coração globoso, parede ventricular muito reduzida, luz ventricular muito aumentada, presença de coágulo no ventrículo esquerdo. Aumento de pressão pode levar a dilatação também, ou seja, hipertrofia concêntrica pode evoluir para a dilatação. ANOMALIAS CARDÍACAS Hereditária ou Congênitas Hereditária: ligada ao gene, podendo se manifestar ao nascer ou posteriormente. Congênita: já se manifestam ao nascer, podendo ser predispostas pela exposição materna a drogas, agentes físicos e deficiências nutricionais. Medicamentos (Talidomida, etanol e griseofulvina) Talidomida: era utilizado para gestantes como antiemético, porém causava cardiopatia congênita (má-formação do coração), sendo as anomalias cardíacas mais comuns os defeitos do septo ventricular, a coartação da Aorta e a tetralogia de Fallot. Também causava alterações nos membros, como amelia. Etanol: causa anomalias nos recém- nascidos se consumido durante a gestação (humanos). Griseofulvina: antifúngico utilizado em animais: causa anomalias nos neonatos se utilizado durante a gestação. Infecciosa Parvovírus: numa fase inicial (2 semanas pós nascimento), o animal pode desenvolver uma miocardite viral ao invés da gastroenterite (ou em associação, sendo a causa da morte a miocardite). Vírus da diarreia viral bovina: fêmeas prenhes podem parir neonatos portadores desse vírus com anomalias cardíacas; animais persistentemente infectados com esse vírus podem desenvolver anomalias cardíacas ao invés da diarreia ou em associação à diarreia. Estenose da artéria pulmonar e da Aorta O cenário mais comum é onde o animal nasce com essa anomalia e depois de alguns meses de vida começa a expressar a sintomatologia (como cansaço ou desmaio pós exercício, situações de estresse, podendo até ter morte súbita). Mas o animal também pode sobreviver com essa anomalia (graças aos mecanismos compensatórios) e apresentar a sintomatologia ou até vir a óbito somente em situações de alto estresse, devido a morte súbita. É importante dissecar a artéria pulmonar e a Aorta antes de abrir o coração para avaliar se há estenose. A estenose da artéria pulmonar é mais comum em Beagles, Bulldog Inglês e Pinscher e resulta em hipertrofia concêntrica do ventrículo direito, enquanto a da Aorta é mais frequente em suínos, Pastor Alemão e Boxer e resulta em hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo. Lembrando que a estenose leva a sobrecarga de pressão e, portanto, a uma hipertrofia concêntrica. Se for do lado esquerdo teremos então lesão no pulmão (pois o sangue vem do pulmão pela veia pulmonar). Se for do lado direito temos lesão sistêmica (pois o sangue vem das veias cavas). Temos dois tipos de estenose: → Estenose subvalvar (subaórtica): anel fibroso fica na base da válvula; → Estenose valvar (ou aórtica): tecido conjuntivo fibroso nos próprios folhetos valvulares. Persistência doducto arterioso (PDA) A PDA é mais frequente em raças pequenas (Poodle e York) e Pastor Alemão, havendo também mais relatos em fêmeas. O ducto arterioso deve regredir em até 10 dias após o nascimento do animal. Ele é uma ligação entre Aorta e artéria pulmonar que existe para que o sangue não passe do coração para o pulmão no feto, pois o pulmão do feto não realiza troca gasosa, então não é necessário que o sangue vá lá (exceto para nutrir e oxigenar o pulmão em si). Porém, após o nascimento não é mais necessário, sendo um problema, pois o sangue da Aorta irá retornar a artéria pulmonar (pois vai do lugar de maior pressão para o de menor pressão) e, com isso, para o ventrículo direito (levando a uma sobrecarga). O sangue que iria para a Aorta vai para a artéria pulmonar, chegando aos pulmões (causando congestão) e retornando ao ventrículo esquerdo, causando aumento de volume. Coração e pulmões de búfalo. Persistência do ducto arterioso. A = aorta; P = artéria pulmonar; * = ducto arterioso. Persistência do forame oval (Defeito do septo atrial) É uma comunicação átrio-átrio, onde teremos uma sobrecarga para o lado direito (pois vai do lado de maior pressão – átrio esquerdo - para o de menor pressão – átrio direito). Mais observado nas raças de cães Dobermann, Boxer e Samoieda. Defeito do septo ventricular É uma comunicação ventrículo- ventrículo, onde teremos uma sobrecarga também para o lado direito. Pode ocorrer em qualquer local da parede do ventrículo (assim como a anterior). Ocorre com mais frequência nas raças Bulldog, West Highland Terrier e Cocker. Coração de gato. Defeito de septo interventricular (seta). Tetralogia de Fallot São 4 anomalias (tetra): estenose da A. pulmonar, defeito no septo ventricular, Aorta deslocada (dextroposição da Aorta) e hipertrofia do ventrículo direito secundária por sobrecarga de volume. Ocorre em Bulldog inglês e em bebês humanos (“bebês azuis”). A dextroposição da Aorta faz com que ela receba sangue dos dois ventrículos. Em decorrência do defeito do septo ventricular, o sangue flui do ventrículo esquerdo para o direito. E somado ao fato de a artéria pulmonar estar com estenose, o ventrículo direito vai passar por uma sobrecarga de pressão (pela estenose) e de volume (pelo defeito do septo ventricular), resultando na hipertrofia. Persistência do arco aórtico direito Embriologia do arco aórtico: no feto a Aorta sai para os lados esquerdo e direito, formando dois arcos. Mas, posteriormente esse arco direito deve se atrofiar e o esquerdo se desenvolver (fisiologicamente), fazendo com que a Aorta e o ducto arterioso diquem do mesmo lado da traqueia e do esôfago. Nessa anomalia o arco aórtico esquerdo atrofia e o direito se desenvolve. Como o esôfago e traqueia passam paralelos a Aorta, se esse arco se desenvolver do lado direito e se houver a PDA, ocorre um estrangulamento do esôfago e da traqueia pelo ducto arterioso, levando a regurgitação e dilatação da porção cranial do esôfago (mesaesôfago). A traqueia não é tão prejudicada, pois é formada por anéis cartilaginosos (não colaba). Persistência do arco aórtico direito sem PDA não traz problemas, pois não há esse estrangulamento do esôfago. Persistência do arco aórtico direito, ligamento arterioso, megaesôfago, bezerro. Durante a embriogênese, a aorta formou-se a partir do arco aórtico direito, em vez do esquerdo; portanto, a aorta apresenta-se agora à direita. Para que o ligamento arterioso (seta) conecte a aorta à artéria pulmonar, ele deve passar dorsalmente sobre o esôfago e a traqueia. O ligamento junto da aorta e da artéria pulmonar forma um anel vascular que comprime o esôfago (E), que se encontra dilatado na porção cranial à constrição. Ectopia cordis Ectopia: “fora do lugar normal” (coração fora da cavidade torácica, ficando geralmente no subcutâneo da região torácica). Não é incompatível com a vida, mas dificilmente o tutor procura a cirurgia (principalmente animais de produção). Hérnia diafragmática peritoneopericárdica (HDPP) Ocorre quando há uma má-formação no diafragma e no saco pericárdico. Isso leva a formação de órgãos da cavidade abdominal (geralmente partes de estômago e fígado) dentro do saco pericárdico. Existe uma passagem (um “túnel”) do diafragma para o saco pericárdico que permite a entrada dos órgãos abdominais no saco pericárdico. Raças: gatos Persa, Siamês, Maine Coon. Compatível com a vida: conforme o animal vai crescendo ele vai se adaptando. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA AGUDA Lembrando que IC é a incapacidade do coração em manter o débito cardíaco para suprir as demandas metabólicas. A IC aguda resulta de uma parada súbita da contração efetiva do coração: morte súbita. Ocorre diminuição acentuada do débito cardíaco, levando a morte cerebral por hipóxia (3 a 4 min sem oxigênio = morte de neurônios) e leve congestão dos órgãos, resultando na morte do animal. Causas Tamponamento cardíaco: rompimento de algum vaso grande (como Aorta) com liberação de sangue no saco pericárdico (hemopericárdio), como no rompimento intrapericárdico da Aorta (comum em equinos, onde o sangue se acumula no saco pericárdico, geralmente em exercícios intensos ou em trauma grave, levando a esse tamponamento e à IC aguda) e também no hidropericárdio. Por ser agudo, esse rompimento deve extravasar uma grande quantidade de sangue para o pericárdio, tamponando (“abafando”) o coração, o que dificulta seu enchimento durante a diástole e a contração na sístole, levando a morte súbita. Hemopericárdio (tamponamento cardíaco), coração, cão. O pericárdio encontra-se distendido, de coloração azul-escura, por conter sangue total. O hemopericárdio pode causar a morte, se for repentino e apresentar volume suficiente para comprimir o coração, e, consequentemente, reduzir o débito cardíaco, uma condição conhecida como tamponamento cardíaco. Em exames clínicos, os sons cardíacos estão abafados. Arritmias: alteração na condução cardíaca não revertida a tempo leva a IC aguda. Necroses extensas: necrose cardíaca, como pela ingestão de alguma substância que cause necrose rapidamente (como a monensina, mas ele não come e morre rapidamente e sim a necrose ocorre rapidamente). A necrose pode ocorrer por um agente etiológico também, como o Parvovírus (já citado). Desequilíbrio eletrolítico grave: como diarreia e vômito severo = perda de volemia severa. Palicourea marcgravii: planta tóxica. Palicourea marcgravii É uma planta tóxica que contém como princípio ativo o monofluoroacetato de sódio. Conhecida também como cafezinho, erva-de- rato, café-bravo, erva-café, roxa, roxona e vick (porque a folha quando cortada tem cheiro de vick). Geralmente essa planta cresce em locais de sombra e mais úmidos. Os bovinos e búfalos são as principais espécies acometidas, além de caprinos, ovinos, coelhos, cobaias e equinos. Condições de toxicidade: dose, alta toxidez, muito palatável. Partes tóxicas: todas, mas geralmente as folhas e sementes possuem mais princípio ativo. Os sinais clínicos após a intoxicação são cansaço, tremores, instabilidade, decúbito lateral. Não há tratamento. Patogenia: após a ingestão da planta, o princípio ativo é transformado pela acetil-CoA em fluoroacetil CoA, ainda no trato digestório. Depois a enzima citrato sintase associa oxalacetato (do ciclo de Krebs) com esse fluoroacetil CoA, formando fluorocitrato. O fluorocitrato bloqueia a enzima aconitase (enzima que converte citrato em isocitrato no ciclo de Krebs), interrompendo o ciclo de Krebs, acabando com a produção de energia celular sistemicamente e criando um ambiente com pH ácido. Macroscopia: sem lesão. Hemorragia epicárdio, endocárdio e miocárdio (inespecífico). Congestão pulmão e intestino (inespecíficotambém). Microscopia: em alguns casos vemos rim com degeneração hidrópica. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CRÔNICA Também chamada de IC congestiva, ocorre quando temos um quadro na pequena ou grande circulação, havendo sintomatologia (que leva tempo para se desenvolver). Lado esquerdo Afeta pulmões. Causas: lesão ao miocárdio; valvulopatia aórtica e ou mitral. Sangue reflui, retornando para a veia pulmonar, causando então consequências no pulmão. Macro: pulmões congestos (avermelhados) e edema (por aumento da pressão hidrostática: visto por líquido espumoso na traqueia). Pulmão afunda no formol. Micro: congestão (vasos regurgitados, cheios de sangue, espessando os septos alveolares), edema (material eosinofílico na luz alveolar), hemorragia (hemácias na luz alveolar), “células da falha cardíaca” (macrófagos repletos de hemossiderina: presentes apenas em ICC esquerda) e alguns casos de fibrose alveolar. Lado direito Sangue reflui, retornando para as veias cavas, causando então consequências sistêmicas, como anasarca (edema generalizado). Edema: ascite (geralmente cães), hidrotórax (geralmente gatos) e edema ventral (como edema de barbela, submandibular e prepucial: geralmente grandes animais). Hidropericárdio também. Hepatomegalia (congestão – fígado em noz moscada). A zona centrolobular do fígado sofre mais com a falta de oxigenação (fica com alto grau de hipóxia, pois é a última a receber oxigenação e é a mais próxima da veia central, a qual fica congesta, pois é a mais próxima da veia cava), levando a necrose e degeneração gordurosa, o que dá o aspecto de fígado em noz moscada (as áreas mais claras são necrose e início de degeneração gordurosa e as áreas mais avermelhadas são os vasos congestos). O fígado fixado fica mais amarelado (mais semelhante a noz moscada) e o não fixado é mais avermelhado. Há também esplenomegalia (congestão) e edema (líquido gelatinoso amarelado e brilhante). PERICÁRDIO HIDROPERICÁRDIO É o acúmulo excessivo de líquido (transudato) no saco pericárdico, sendo um líquido transparente a amarelado (importante quantificar) que deixa o coração “flutuando”. Causas: IC crônica (aumento da pressão hidrostática) e hipoproteinemia (redução da pressão oncótica, como por haemoncose, ancilostomíase, deficiência nutricional de proteína). Consequências: se o acúmulo de líquido for lento e em grande quantidade pode causar hipertrofia concêntrica do coração, a qual evolui para IC; se o líquido acumula rapidamente, pode causar tamponamento cardíaco (devido à dificuldade de enchimento do coração durante a diástole, levando à morte). Hidropericárdio, saco pericárdico, suíno. O saco pericárdico, de parede fina dilatada, contém líquido seroso acumulado. HEMOPERICÁRDIO É o acúmulo de sangue no saco pericárdico. As causas são ruptura da Aorta (equinos, já citado) ou hemangiossarcoma (neoplasia maligna do endotélio). Hemopericárdio, coração de cão. Observamos o sangue após abertura do saco pericárdico. O hemangiossarcoma é uma neoplasia friável passível de ruptura (que quando ocorre, permite a entrada de sangue no pericárdio). Ocorre no átrio direito e ocasionalmente ventrículo direito. Basicamente é o crescimento de uma massa irregular avermelhada com coágulos sanguíneos no seu interior e passível de romper no átrio. Microscopicamente, a neoplasia é composta por células endoteliais neoplásicas alongadas, esparsas que formam espaços vasculares contendo sangue. Hemangiossarcoma, coração, átrio direito, cão.Um hemangiossarcoma vermelho-escuro projeta-se a partir da parede do átrio direito (RA), um local de predileção no cão para esse tipo de tumor (setas). RV, ventrículo direito. ATROFIA SEROSA (GELATINOSA) DA GORDURA É um indicativo de deficiência alimentar, onde o organismo começa a metabolizar gordura, atrofiando os depósitos de gordura, nesse caso na base do coração (mas outros depósitos de gordura também sofrem atrofia). Ps.: os depósitos de gordura na medula óssea também podem ser quantificados, sendo que a porcentagem de gordura na medula no animal adulto deve ser acima de 70%, mas quando o animal sofre essa deficiência alimentar, o último lugar em que ele vai metabolizar gordura vai ser na medula óssea, ou seja, um animal com porcentagem de gordura na medula óssea menor que 70% sofreu muita deficiência alimentar, apresentando um escore corporal muito reduzido. As causas são anorexia, inanição ou caquexia. Animal pode estar doente e por isso não está se alimentando; foi deixado sem comida (inanição). Macro: gordura do pericárdio de aspecto gelatinoso e acinzentado. Micro: atrofia do adipócito e edema no interstício. Atrofia serosa da gordura, vaca. Os depósitos gordurosos epicárdicos são acinzentados e gelatinosos (setas), indicando que a gordura foi catabolizada, por exemplo, como ocorre nos estágios iniciais da inanição. RETÍCULO PERICARDITE TRAUMÁTICA (DOENÇA DAS FERRAGENS) Ocorre quando um ruminante (geralmente gado de leite, pois os animais ficam próximos da casa do criador, estando mais sujeitos a engolir corpos estranhos deixados pelo homem. Menos comum em sistema extensivo) está pastando e acaba por engolir um corpo estranho pontiagudo (como um prego) e este perfura o retículo e diafragma e atinge o coração (saco pericárdico e pericárdio visceral). Dessa forma, extravasa líquido fibrinoso do pericárdio e se inicia um processo inflamatório também supurativo (decorrente do extravasamento de microrganismos do retículo para o pericárdio, os quais causam infecção e atraem neutrófilos). Há um exsudato fibrinopurulento (lesão em “pão com manteiga”) aderido ao pericárdio. Animal pode morrer com IC (pericárdio com essa efusão dificulta o batimento cardíaco, podendo causar IC esquerda e ou direita, o que leva a ascite, por exemplo) ou por bacteremia. Os agentes mais comuns são Staphylococcus spp, Actinomyces pyogenes, Pasteurella spp e Mycoplasma spp. Na clínica o animal pode apresentar edema (ascite, hidrotórax, edema ventral) e sintomatologias de ICCE e ICCD, ou pode morrer antes de ter sintomatologia. Micro: processo inflamatório (polimorfonuclear: neutrófilos), congestão, hemorragia, fibrina, célula mesotelial reativa, bactérias (basófilas) Prevenção: fazer o bovino engolir um imã para que o corpo estranho não atinja o retículo. Pericardite fibrinopurulenta, reticulo pericardite traumática (“doença das ferragens”), saco pericárdico (aberto), vaca. O pericárdio exposto e as superfícies epicárdica e parietal se apresentam consideravelmente espessados e cobertos por exsudato fibrinopurulento. Em exames clínicos, os sons cardíacos estão abafados. P, pericárdio parietal refletido. ENDOCÁRDIO ENDOCARDIOSE A endocardiose valvular (também conhecida como fibrose valvular, degeneração valvular mixomatosa ou doença valvular degenerativa) é um processo degenerativo associado a idade (acomete mais cães adultos a idosos), sendo uma das causas da IC Na endocardiose, a camada esponjosa da válvula fica com uma concentração maior de mucopolissacarídeos no envelhecimento do cão. Ao mesmo tempo, na camada fibrosa ocorre um aumento de moléculas de elastina e colágeno, tornando a válvula mais firme e irregular, caracterizando esse processo degenerativo Macro: nódulos ou áreas irregulares, firmes e brancacentas com superfície lisa e brilhante. Espécies acometidas: cães de raças pequenas (Poodle, Cavalier King Charles Spaniel, Pinscher, Dachshund, Beagle, Chihuahua) e gatos (muito raro). O Cavalier King Charles Spaniel tem uma incidência de 100% de endocardiose aos 10 anos de idade. Frequência de acometimento das válvulas: mitral (é mais comum nessa porque é uma válvula que trabalha num sistema de alta pressão) > tricúspide > aórtica > pulmonar.Consequências: válvula insuficiente não se fecha totalmente; pode ocorrer rompimento de corda tendínea, o que deixa um folheto valvular frouxo; lesões em jato (“jet lesions”), as quais ocorrem em decorrência da regurgitação de sangue, pois o folheto valvular não fecha totalmente, então o sangue volta um pouco ao átrio e lesiona seu endotélio (caracterizado por ser uma linha saliente, rugosa e firme de fibrose endocárdica); o refluxo sanguíneo também causa sobrecarga de volume, desencadeando hipertrofia excêntrica no ventrículo acometido. Endocardiose valvular, válvula mitral, coração, cão. A: As cúspides da válvula mitral encontram-se espessadas por nódulos brancos e lisos (setas). LV, parede ventricular esquerda livre. B, Observe a característica superfície (endocárdica) lisa e brilhante da válvula e dos nódulos. Isso diferencia a endocardiose da superfície rugosa e granular da endocardite valvular. ENDOCARDITE A endocardite valvular é a inflamação das válvulas do coração, ocorrendo com mais frequência em cães de porte médio a grande (geralmente machos), mas também acomete outros animais. Ocorre em decorrência de uma infecção bacteriana ou fúngica preexistente: dermatite, mastite, abscessos, artrite, periodontite e onfaloflebite. → Periodontite: durante a extração do tártaro dentário, pode ocorrer uma lesão na gengiva que abriga bactérias e estas podem cair na circulação e causar essa endocardite. Vale ressaltar que a própria extração do tártaro sem cuidados pode levar a endocardite, pois as bactérias podem cair do tártaro, serem engolidas, absorvidas e cair na circulação, atingindo o coração; → Dermatite: lesões úmidas podem permitir a entrada de bactérias (como estafilococos e estreptococos), as quais caem na circulação e causam endocardite; → Mastite: infecção na glândula mamária pode cair na circulação e atingir o coração, se alojando nas válvulas. Necessário ter um processo inflamatório já estabelecido! Válvula mais acometida: mitral > aórtica > tricúspide > pulmonar. Isso porque, por a mitral ser um sistema de alta pressão, ela é predisposta a um maior desgaste fisiológico (realiza pequenas fissuras em sua válvula) que facilita a aderência das bactérias, iniciando o processo inflamatório (neutrófilos, fibrina e bactéria em camadas). Em ruminantes a tendência é: tricúspide > mitral > aórtica > pulmonar Macro: massa amarelada a acinzentada e friável a fibroso. Elas se destacam (diferente da endocardiose), mas podem ser firmes. São trombos. Micro: fibrina, polimorfonuclear (neutrófilo), plaquetas, hemácias, infiltrado misto (predomínio de PMN) e grumos de bactérias (basofílicas). Patogenia: a infecção extracardíaca preexistente deve passar por um episódio de bacteremia e, com isso, as bactérias se aderem nas válvulas (em suas fissuras) e começam a se proliferar, iniciando a inflamação que resulta na deposição de massas de fibrina. A morte é causada pela IC (resultante da disfunção valvular) ou pelos efeitos da bacteremia (infartos ou abscessos em outros órgãos). Endocardite valvular vegetativa; A, Válvula mitral, bezerro. Diversas massas trombóticas extensas, salientes, friáveis, amarelo avermelhadas, estão anexadas às cúspides da válvula mitral. A superfície rugosa e granular das cúspides valvulares é atribuída à presença de fibrina, plaquetas, bactérias presas e eritrócitos incrustados. B, Infecção bacteriana, coração, válvula tricúspide, vaca. Observe as massas abundantes de fibrina e as colônias bacterianas basófilas (seta). Corante H&E. Nomenclatura: endocardite valvular (fica só na válvula) ou endocardite mural (quando fica na parede do átrio ou do ventrículo); endocardite valvular vegetativa em uma fase inicial, onde temos as massas friáveis se proliferando e verrucosa (lesão crônica), onde os depósitos de fibrina estão mais organizados. Consequências: êmbolos bacterianos podem se desprender e obstruir os vasos, causando infartos (como no rim, baço e pulmão) e abscessos. Bactérias: bovinos (Trueperella pyogenes e Streptococcus spp), suínos (Streptococcus suis e Erysipelothrix rhusiopathiae) e cães (Streptococcus spp, Staphylococcus aureus e Escherichia coli). RESUMO → Endocardiose: idade avançada, lesão degenerativa; → Endocardite: infecção, inflamação. MIOCÁRDIO MIOCARDITE É o processo inflamatório do miocárdio, podendo ser focal, multifocal ou difusa. Em geral, resulta de infecções disseminadas, ocorrendo em diversas doenças sistêmicas. Raramente o coração é a localização primária da infecção exceto o Parvovírus e o Aftovírus, os quais podem causar especificamente miocardite. As consequências dependem da extensão ou local da lesão (como se afetar uma parte do sistema de condução). Após a resolução pode ocorrer fibrose ou a lesão pode levar o animal à morte por IC aguda ou crônica. Miocardite supurativa É causada por bactérias piogênicas, geralmente originada de embolismo de outro local de infecção. Macro: áreas amareladas-brancacentas, friável e multifocais a coalescentes. Geralmente vemos a lesão no epicárdio e no miocárdio. Quando a lesão está nas três camadas é chamado de transmural ou miocardite transmural. Miocardite supurativa em cão. Micro: infiltrado neutrofílico e necrose, grumos de bactérias basofílicos (as vezes não é possível ver), degeneração e necrose de cardiomiócitos. Miocardite supurativa, cavalo. A: As linhas paralelas de miofibras são interrompidas por células inflamatórias agudas, edema e fibrina. B: Ampliação maior de A. Observe a degeneração das fibras do miocárdio e necrose com perda da estriação transversal (setas); fragmentação dos cardiomiócitos; e hipereosinofilia, coagulação e formação de grumos do sarcoplasma. Os neutrófilos são as células inflamatórias predominantes no exsudato. Coloração H&E. Miocardite hemorrágica (necrohemorrágica) Ocorre no carbúnculo sintomático (Clostridium chauvoei), acometendo o músculo esquelético, mas pode também atingir ou não o músculo cardíaco. Macro: miocárdio de coloração vermelho-escura ou marrom-escura, áreas crepitantes (gás: há um espaçamento entre as fibras que seria pela produção do gás), necrose e hemorragia. O próprio cadáver fica crepitante e inchado, podendo ser confundido com alteração post mortem, o que é perigoso. Ao abrir o coração vemos áreas avermelhadas que são hemorragia e perda de cardiomiócitos (degeneração e necrose). Miocardite necro-hemorrágica, carbúnculo, garrote. A, Observe a área de miocardite hemorrágica (setas) na parede do miocárdio ventricular. Essa doença é causada pelo Clostridium chauvoei, e as lesões são mais comuns na musculatura esquelética. B, Observe a necrose miocárdica, resíduos intersticiais serocelulares e os espaços vazios (setas) representativos de bolhas de gás. Micro: hemorragia, necrose, infiltrado neutrofílic linfocitário, acúmulo de gás e bactérias intralesionais (vistas logo após a morte, sendo Gram-positivas). Miocardite linfocítica Há um agente que causa lesão no coração especificamente: Parvovírus canino e Aftovírus. Parvovírus O parvovírus canino pode causar morte súbita em cãs com até 8 semanas de idade devido à miocardite (forma cardíaca da doença), associada ou não à enterite. A infecção pode ocorrer por via transplacentária ou após o nascimento (como por amostras vacinais com potencial patogênico residual). Macroscopicamente temos estrias brancacentas focalmente extensas no coração, mas é importante saber que áreas brancacentas no miocárdio de cão jovem podem ser normais (sem significado clínico), por isso é ideal saber de todo o histórico do animal e da propriedade. Micro: infiltração de células mononucleares (linfócitos) entre cardiomiócitos; cardiomiócitos eosinofílicos (indicativo de degeneração e necrose);inclusão viral intranuclear característica. Miocardite por parvovírus, cão. A, Observe as áreas multifocais de palidez (seta) no miocárdio ventricular. B, Infecção por parvovírus, secção do miocárdio. Há um corpo de inclusão intranuclear, basofílico, em um miócito (seta). Coloração H&E. Aftovírus (Febre aftosa) A doença da febre aftosa tem alta importância econômica, atingindo animais com casco fendido (suínos e ruminantes) e sendo altamente contagiosa. Animais jovens (bezerros) podem desenvolver a forma cardíaca ao invés da forma com vesículas bolhosas na cavidade oral, no trato digestório e entre os dígitos, apresentando então uma miocardite linfocítica. Macro: coração tigrado (característico dessa doença): áreas brancacentas (que correspondem a áreas de degeneração e necrose de fibras cardíacas associadas a infiltrado linfocítico) com aspecto listrado no coração. Micro: mesmo padrão do Parvovírus. DEGENERAÇÃO E NECROSE DO MIOCÁRDIO Ocorre nos casos de intoxicação por ionóforos; plantas tóxicas, como Tetrapterys spp. (cipó), Ateleia glazioviana (Timbó) e Senna occidentalis (Fedegoso); gossipol. Macroscopia: áreas pálidas, amarelas ou brancas, secas e/ou calcárias (calcificação distrófica). Pode ser confundido com infiltrado neoplásico (como linfoma: necessário diferencial) ou metástase. Microscopia: degeneração e necrose + fibrose (crônico, havendo a formação de cicatriz). Cardiomiócito fica eosinofílico e com ausência de núcleo. Aspecto flocular. Necrose aguda do miocárdio com mineralização, cardiotoxicidade por minoxidil, coração, miocárdio ventricular, suíno. Os miócitos de cor vermelho- escura são necróticos e alguns se apresentam mineralizados (áreas arroxeadas). Coloração H&E. Obs.: ruminantes com deficiência de selênio e vitamina E apresentam áreas de calcificação no miocárdio e necrose extensa, mas é mais ocorrente no músculo esquelético. Necrose do miocárdio, deficiência de selênio e vitamina E, miocárdio ventricular esquerdo, bezerro. A, Observe as áreas de necrose proeminentes, esbranquiçadas, com aspecto calcário, mineralizadas (setas) do miocárdio. B, Há uma necrose similar nas regiões subepicárdica e subendocárdica das paredes livres do ventrículo esquerdo, seccionadas, e na região subendocárdica do miocárdio do septo ventricular (centro). Tetrapterys spp Ocorre no Sul do Brasil, causando degeneração, necrose e fibrose cardíaca, levando a IC e morte. Senna occidentalis Acomete principalmente a musculatura esquelética, mas também pode levar à lesão cardíaca. Ateleia glazioviana A patogenia de sua cardiotoxicidade se deve ao bloqueio da ATPase sódio-potássio da célula, ocasionando excesso de sódio no interior das células excitáveis do miocárdio. Isso acarreta em alterações no ritmo cardíaco. Ionóforos São substâncias utilizadas para melhorar a conversão alimentar, principalmente em ruminantes, sendo também utilizados como coccidiostático em aves (importante contra eimeriose). É um subproduto de um fungo (Streptomyces), como por exemplo: Monensina (sintetizado por S. cinnamonenesis), Lasalocida (sintetizado por S. lasaliensis), Narasina (sintetizado por S. aureofaciens) e Salinomicina (sintetizado por S. albus). O ionóforo seleciona a microbiota ruminal para melhorar a eficiência energética ao diminuir o crescimento das Gram-positivas e fazer com que as Gram-negativas cresçam mais, sendo estas mais eficientes na produção de ácidos graxos voláteis, melhorando a conversão alimentar. Também são utilizados contra a acidose ruminal. Patogenia: trabalha com íons, sendo que esse desequilíbrio iônico mata essas bactérias. No caso da monensina, ela trabalha com sódio e potássio. Basicamente os ionóforos formam complexos com cátions (como Na+ e Ca+) e entram nas células. Esse aumento de cálcio e sódio intracelular provavelmente causam lesões e disfunções da membrana celular, além de causar peroxidação lipídica, levando à perda da integridade da membrana e necrose. Fornecido para bovinos, aves, suínos e coelhos. Nunca pode ser utilizado em equinos e cães! Búfalos são mais sensíveis que bovinos. O problema envolve erro na mistura (distribuição não uniforme na ração, podendo ficar concentrada em alguma parte do cocho), espécie alvo (ao fornecer para equinos e cães por engano), esterco de galinha (aves defecam parte dos ionóforos, contaminando a cama. Essa cama pode ser utilizada para alimentação de animais, causando intoxicação) e dominância (alguns animais comem mais no cocho do que outros, podendo se intoxicar). Sinais clínicos: depende da quantidade x tempo. Se ele comer demais pode morrer rapidamente sem sintomatologia, sendo esse caso o agudo. Se comer o suficiente para não morrer pode haver IC por lesão no miocárdio e também há lesão na musculatura esquelética, sendo um caso crônico. Macroscopia (intoxicação por monensina): miocárdio com áreas brancacentas focalmente extensas. Necrose do miocárdio, toxicose aguda por monensina, coração, secção transversal, miocárdio do ventrículo esquerdo, bezerro. Observe as áreas pálidas, mosqueadas, necróticas (setas), distribuídas ao longo do miocárdio ventricular. Microscopia: degeneração e necrose de músculo cardíaco com infiltrado mononuclear (macrófagos tentando realizar a limpeza da área). Gossipol É um pigmento do algodão, sendo cardiotóxico para os animais, pois causa IC. Pode estar na torta de algodão, farelo de algodão, casca ou caroço de algodão, se o processamento do algodão não foi adequado. Patogenia: o gossipol interfere na captação de oxigênio, resultando em hipóxia, necessitando aumento da frequência cardíaca. Também interfere na espermatogênese (causando infertilidade e degeneração testicular em machos) e nas fêmeas causa cio irregular. Ocorre cardiomiopatia dilatada do ventrículo esquerdo, a qual demora meses para se desenvolver. Sinais clínicos: ascite, hidropericárdio, edema pulmonar e traqueal, cardiomiopatia dilatada. CARDIOMIOPATIAS As cardiomiopatias podem ser primárias (idiopáticas: causa desconhecida) ou secundárias (existe uma causa específica). Primária: causa desconhecida. Temos três tipos morfológicos: hipertrófica, dilatada (congestiva) e restritiva, além da arritmogênica ventricular direita. Secundária: hereditária, deficiência nutricional, tóxicas, injúrias físicas e choque, endocrinopatias, infecciosas, infiltração neoplásica e hipertensão sistêmica em gatos e cães. Temos a cardiomiopatia dilatada e a hipertrófica. Cardiomiopatia dilatada (congestiva) Mais comum em cães do que gatos. Em gatos pode ser primária ou secundária (ligada a taurina) e em cães pode ser primária ou secundária (ligada a doxorrubicina). Ocorre a dilatação das quatro câmaras cardíacas, havendo diminuição da capacidade contrátil do miocárdio e aumento do volume diastólico final. Cardiomiopatia dilatada (congestiva), coração, ventrículo esquerdo (LV) e ventrículo direito (RV), cão. A dilatação biventricular levou à presença de um ápice cardíaco duplo. A cardiomiopatia dilatada felina secundária ligada a taurina ocorre por deficiência de taurina na dieta. A taurina é um aminoácido importante para o coração, mas não é sintetizado em escala suficiente nos felinos. Após a suplementação da taurina na ração, os casos de cardiomiopatia dilatada em gatos reduziram, sendo mais comuns em gatos que comem ração caseira ou vegana. A cardiomiopatia dilatada canina secundária pode ser hereditária (comum nas raças Boxer, Dobermann e Cocker Spaniel) ou em decorrência da doxorrubicina (um quimioterápico antineoplásico que é cardiotóxico, podendo então levar a essa cardiomiopatia). Animal tem morte súbita (mais associada a causas primárias, não havendo sintomatologia) ou insuficiência cardíaca (comsintomatologia crônica, como ascite, hidrotórax, dispneia, pulmão congesto e edemaciado, intolerância ao exercício). Macro: coração globoso com dilatação cardíaca, paredes ventriculares delgadas e flácidas, aumento das câmaras ventriculares. Cardiomiopatia dilatada (congestiva), coração, ventrículos, corte transversal, cão. O ventrículo esquerdo (LV) e o ventrículo direito apresentam paredes delgadas, câmaras dilatadas e endocárdio fibrótico, esbranquiçado. Cardiomiopatia hipertrófica Mais comum em gatos, sendo primária ou secundária (ligação hereditária nas raças Ragdoll e Maine Coon, além de persa e American Shorthair). Em cães pode ser primária ou secundária (ligada a doxorrubicina). Ocorre hipertrofia acentuada do miocárdio ventricular, havendo redução da câmara ventricular, o que reduz o débito cardíaco. Do mesmo modo que a anterior, o animal tem morte súbita (sem sintomatologia, mas não é considerado IC aguda, pois o processo da cardiomiopatia não ocorre de um dia para o outro e há lesão cardíaca – a cardiomiopatia, mas o processo de morte é agudo) ou insuficiência cardíaca (com sintomatologia crônica). Cardiomiopatia hipertrófica, coração, gato. A, Observe a parede ventricular esquerda com espessamento (LV). B, A parede livre do ventrículo esquerdo e o septo espessados reduziram, acentuadamente, o lúmen do ventrículo esquerdo (LV). C: Existe severa hipertrofia concêntrica difusa da parede livre ventricular esquerda, septo intraventricular e músculos papilares. A dilatação atrial esquerda está presente. Existe uma placa fibrótica (seta) da porção média do septo interventricular, onde o músculo papilar hipertrofiado contrai o septo. NEOPLASIAS QUIMIODECTOMA Também chamado de quemodectoma, tumor do corpo aórtico ou paraganglioma, são neoplasias da base do coração, ocorrendo no corpo aórtico (80% dos casos) ou seio carotídeo. Essas estruturas detectam alteração de pH, CO2, O2 e outras alterações emitindo sinais que auxiliam na regulação da respiração e circulação fisiologicamente. Mas podem sofrer de neoplasias. Macro: massa irregular, firme com áreas amareladas e brancacentas entremeadas com áreas avermelhadas (hemorragia e congestão) na base do coração, com superfície de corte amarelada e lobulada, sendo difícil saber qual estrutura é afetada, por isso é chamado de tumor de base do coração. Pode haver áreas de necrose. Micro: células neoplásicas poliédricas, pleomórficas, com citoplasma eosinofílico finamente granular. Coração de cão. A. Quimiodectoma. Massa neoplásica invadindo o átrio e trombos neoplásicos aderidos ao lúmen ventricular. B. Fotomicrografia do quimiodectoma. Tais neoplasias podem comprimir a Aorta ou a carótida devido ao seu crescimento expansivo. Elas ficam externamente ao átrio, comprimindo Aorta, veia cava e o próprio átrio. Não é infiltrativo. O coração entra em hipóxia crônica, pois está havendo uma compressão das estruturas que saem ou chegam no coração, levando a uma baixa no débito cardíaco. O animal pode ter dificuldade de deglutição devido à compressão do esôfago. Há uma tendência de cães braquicefálicos (como Boxer e Bulldog) desenvolverem essa neoplasia. Ocorre geralmente em animais adultos a idosos, os quais entram em um quadro de hipóxia, acúmulo de líquido na cavidade torácica, etc. Necessário diagnóstico diferencial com hemangiossarcoma e linfoma. LINFOMA OU LINFOSSARCOMA Pode ser causado por agentes infecciosos: Gatos: FIV; Bovinos: Vírus da Leucose Bovina Linfossarcoma, coração, miocárdio, vaca. A, Os locais de infiltração de linfócitos neoplásicos no miocárdio ventricular são evidenciados como inúmeras áreas esbranquiçadas e nódulos (setas). B, Áreas esbranquiçadas de tumor similares são observadas na secção da parede ventricular esquerda (setas) e na região subendocárdica (asterisco) no septo ventricular Pode ser difuso, onde os linfonodos estão aumentados de tamanho e temos vários órgãos afetados, como baço, fígado. Mas pode haver um linfoma localizado, como linfoma tímico, linfoma alimentar (linfonodos próximos ao intestino aumentados), linfoma mediastínico, etc. Pode ser um linfoma extra nodal também. Não existe linfoma só no coração, então a infiltração de linfócitos neoplásicos é decorrente de outra localização (processo multicêntrico), como linfonodos ou outros órgãos linfoides. Portanto é uma neoplasia secundária. Macro: coração com áreas brancacentas elevadas (nódulos) irregulares focalmente extensas ou difusas. Diferencial de degeneração e necrose do miocárdio: no linfoma temos uma irregularidade nodular, porém as vezes pode não estar irregular, confundindo com degeneração e necrose, sendo então necessário a confirmação com a micro. Ao corte vemos que não está somente no epicárdio, podendo atingir miocárdio e muitas vezes até endocárdio, sendo então transmural. Micro: infiltrado de linfócitos com critérios de malignidade, como pleomorfismo, núcleo com tamanhos diferentes e aumentados. Linfossarcoma, coração, secção do miocárdio, vaca. Os linfócitos neoplásicos estão extensamente infiltrados entre os miócitos cardíacos. A infiltração extensa pode resultar na atrofia e na perda dos miócitos. Coloração H&E. Necessário diagnóstico diferencial com degeneração e necrose. Pode acarretar em ICCD (com edema generalizado e fígado em noz-moscada) e ICCE (com edema e congestão pulmonar). ARTÉRIAS ANEURISMA Consiste na dilatação da porção de uma artéria ou veia. Mais comum nas artérias. Resulta do enfraquecimento local da parede vascular, que está estendida além da sua capacidade de resistência. Aorta de cão. Aneurisma calcificado. Dilatação saculiforme na parede da artéria. Pode ser idiopática ou decorrente de um agente, como Strongylus vulgaris (equinos: causa aneurisma na a. mesentérica cranial) e Spirocerca lupi (parasito de esôfago de cão, podendo migrar para Aorta de forma errática, causando aneurisma) O S. vulgaris causa um processo inflamatório na artéria (arterite), havendo a formação de um trombo e a dilatação da artéria. Essa artéria é importante para a irrigação do cólon do equino, portanto, uma oclusão da artéria pelo trombo pode causar infarto e cólicas. O S. lupi migra do estômago para a Aorta para depois prosseguir para o esôfago. Porém, na Aorta ele forma nódulos que podem progredir para aneurisma, seguido de ruptura fatal. Aorta e esôfago de cão. Arterite crônica e aneurisma causados por Spirocerca lupi. Parasitos presentes no lúmen do esôfago. O aneurisma pode romper e com isso temos o extravasamento de sangue (no encéfalo é chamado de acidente vascular cerebral ou AVC). Também pode ocorrer trombose e obstrução. ARTERIOSCLEROSE É a fibrose da íntima e parte da média de grandes artérias elásticas ou musculares. Mais comum na Aorta (Aorta abdominal). Sinais clínicos são raros. Não ocorre oclusão do lúmen. Caracterizada pelo espessamento da parede das artérias, com perda da elasticidade e proliferação de tecido conjuntivo na túnica íntima. Comum em bovinos idosos e outros animais idosos. Macro: placas brancas ou áreas nodulares, firmes e levemente elevadas. Micro da íntima e média: íntima com fibrose e média com proliferação de músculo liso (podendo haver mineralização). ATEROSCLEROSE Envolve uma placa ateromatosa de gordura, fibrose e calcificação na luz da artéria. Artéria fica espessada e pode haver a oclusão do lúmen, ocasionando em infarto (mais comum em humanos). Infarto do miocárdio ocorre em humanos, pois animais possuem vascularização colateral caso haja oclusão do lúmen da coronária. O ateroma ocorre em animais, mas a oclusão e os infartos são muito raros. Coração de cão. Aterosclerose secundária a hipotireoidismo, caracterizada por coronárias espessas e esbranquiçadas (seta).Por meio de experimentos, ficou patente que suínos, coelhos e aves são susceptíveis a aterosclerose e cães, gatos, bovinos, caprinos e ratos são resistentes. Já naturalmente, as endocrinopatias (hipotireoidismo e diabetes) podem acarretar em aterosclerose nos animais. Macro: artérias espessadas, firmes e branco-amareladas. Micro: íntima e média com gordura na musculatura lisa e macrófagos tentando realizar a limpeza. Aterosclerose coronariana, hipotireoidismo, ventrículo esquerdo, cão. B, Observe os acúmulos extensos de macrófagos carregados de lipídeos (vacúolos limpos) denominados “células espumosas” através da túnica da íntima espessada dessa ramificação da artéria coronária. Corante H&E. C, Ampliação maior de B. A túnica da íntima contém abundantes macrófagos carregados de lipídeos (setas). Observe a interrupção do endotélio, as proteínas plasmáticas e a fibrina em sua superfície. Essa condição é altamente instável, sendo propensa à ativação da tríade de Virchow e da cascata de coagulação, com a formação de trombos murais e infarto do miocárdio alimentado por essa artéria. As pontas das setas identificam a lâmina elástica interna da túnica da íntima. Coloração H&E. CORPOS DA ÍNTIMA OU CORPOS ASTEROIDES Apenas os equinos possuem esses corpos da íntima, que são áreas de calcificação na íntima, sendo uma particularidade da espécie. Animal nasce com isso, não apresentando significado clínico. Eles são irregulares, cobertos pelo endotélio e fazem projeção para o lúmen. REFERÊNCIAS SANTOS, R.L., & ALESSI, A. C. Patologia Veterinária. 2 ed., Editora Roca, 904p, 2016. ZACHARY, James F.; MCGAVIN, M. Donald. (ed). Bases da Patologia em Veterinária. 5ed, Elsevier, 2013.
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