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Entendendo Medos e Fobias SEST – Serviço Social do Transporte SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte ead.sestsenat.org.br CDU 616.89-008.441 34 p. :il. – (EaD) Curso on-line – Entendendo Medos e Fobias – Brasília: SEST/SENAT, 2017. 1. Medo . 2. Comportamento humano. I. Serviço Social do Transporte. II. Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. III. Título. 3 Sumário Apresentação 4 Unidade 1 | Entendendo o Que É Medo e Fobia 5 Glossário 9 Atividades 10 Referências 11 Unidade 2 | Caracterizando Medos e Fobias 12 1 Introdução 13 1.1 Os Principais Tipos de Fobias 14 1.2 Medos e Fobias em Crianças 19 Glossário 21 Atividades 22 Referências 23 Unidade 3 | O Tratamento das Fobias 24 1 Introdução 25 1.1 Transtornos de Ansiedade 26 1.2 Rede de Atendimento 27 1.3 Mitos e Verdades 27 Atividades 31 Referências 32 Gabarito 33 4 Apresentação Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao curso Entendendo Medos e Fobias! Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos, você verá ícones que têm a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e ajudar na compreensão do conteúdo. Este curso possui carga horária total de 10 horas e foi organizado em 3 unidades, conforme a tabela a seguir. Fique atento! Para concluir o curso, você precisa: a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas “Aulas Interativas”; b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60; c) responder à “Avaliação de Reação”; e d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado. Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de dúvidas, entre em contato através do e-mail suporteead@sestsenat.org.br. Bons estudos! Unidades Carga Horária Unidade 1 | Entendendo o Que É Medo e Fobia 2h Unidade 2 | Caracterizando Medos e Fobias 5h Unidade 3 | O Tratamento das Fobias 3h 5 UNIDADE 1 | ENTENDENDO O QUE É MEDO E FOBIA 6 Unidade 1 | Entendendo o Que É Medo e Fobia É muito importante conhecer os conceitos corretos para não classificar, ou melhor, não julgar as pessoas de forma preconceituosa. Medo é a reação natural diante de uma situação inesperada, que cause insegurança, de uma ameaça ou um perigo iminente, de impotência diante do desconhecido e de risco à integridade física. O medo desencadeia uma série de reações fisiológicas e comportamentais. Veja as mais comuns: • descarga de adrenalina; • dilatação das pupilas; • aumento do tônus muscular; • irregularidade dos movimentos respiratórios; • aceleração dos batimentos cardíacos; • tremores; • empalidecimento da pele; • olhos arregalados; • estado de alerta. 7 Todas essas reações que ocorrem no organismo são uma preparação para uma eventual necessidade de fuga ou reação rápida do perigo. O estômago costuma doer, pois no momento do medo há o aumento na produção de acetilcolina, que acelera o processo de digestão e transforma rapidamente os alimentos em energia. As pupilas se dilatam para aumentar o poder de visão, inclusive com pouca claridade. O coração acelera devido ao aumento de adrenalina, que deixa a pessoa mais ágil e alerta. Da mesma forma, ocorre uma série de reações no cérebro para deixar o organismo pronto para se proteger. O medo é uma reação de autopreservação que não deve ser tratado, pois é desejável para nossa sobrevivência. No entanto, quando se torna persistente e exagerado, causando ansiedade frequente e comprometimento à qualidade de vida do indivíduo, é chamado de fobia. Assim, pode-se dizer também que é o medo excessivo e incontrolável, com motivações irracionais e desproporcionais. Medo Fobia Comportamento natural e importante para nossa autopreservação (saudável). Comportamento considerado patológico (transtorno), por trazer muito sofrimento ao indivíduo. Reações comportamentais e fisiológicas alteradas. Reações comportamentais e fisiológicas alteradas e muito intensas. O medo preserva. A fobia pode isolar. Reação normal diante de um perigo real. Medo irracional. É superado quando a situação que provocou o medo acaba. Medo persistente. Não afeta de maneira relevante ou significativa a vida da pessoa. Limita e chega a comprometer as relações pessoais e profissionais. Não necessita de tratamento. Dependendo da intensidade e da circunstância em que se desencadeia, deve ser tratado. 8 e Uma pessoa com fobia costuma apresentar reações fisiológicas e comportamentais idênticas às de uma pessoa em situação de medo. A diferenciação entre ambas as situações é a intensidade do sentimento. O primeiro caso pode, inclusive, levar ao engasgo, à sensação de sufocamento e até ao desmaio. A palavra fobia vem do grego phobos ou Fobos. Fobos é filho de Ares (Deus da Guerra) e Afrodite (Deusa do Amor). A simbologia é a personificação do medo e do terror. É comum também confundir o conceito de fobia com transtorno de pânico ou com estresse pós-traumático, pois todos estão estreitamente relacionados à ansiedade intensa. Crise ou ataque de pânico é o nome dado ao momento em que a pessoa tem sintomas semelhantes aos de um ataque cardíaco. No entanto, quando o acometido vai ao hospital e é constatado que não se trata disso ou quando os sintomas persistem num período maior de seis meses, a suspeita será de uma crise de pânico. Já o estresse pós-traumático é o medo e a ansiedade intensos, despertados recorrentemente após uma situação vivida geradora de um trauma como, por exemplo, um acidente sério, um assalto ou um sequestro, ocasionando sensações intensas e ruins, semelhantes às do momento do incidente traumático. O estresse pós-traumático também pode ocorrer com alguém que não vivenciou, mas esteve intimamente ligado a um fato traumático. É importante salientar que apenas os profissionais da saúde podem diagnosticar e tratar adequadamente a pessoa que sofre com esses sintomas, mas a responsabilidade por perceber a necessidade de buscar essa ajuda profissional é do indivíduo que está em sofrimento. 9 e Os profissionais de transporte, como caminhoneiros e motoristas de ônibus e táxis, por estarem diariamente no trânsito das cidades e nas estradas, estão mais sujeitos a acidentes automobilísticos e a perigos como assaltos e sequestros. Caso ocorra algum destes incidentes ou um acidente grave que cause traumas impeditivos de retorno às atividades, não se pode hesitar em buscar apoio profissional, para um diagnóstico e tratamento adequados. Quem já se envolveu em um acidente de grande porte sabe que nem sempre a força de vontade sem acompanhamento é suficiente para superar o trauma. Glossário Acetilcolina: é uma molécula neurotransmissora largamente distribuída no sistema nervoso central e em determinadas regiões cerebrais. Empalidecimento: que se tornou pálido, que perdeu a cor. 10 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. A fobia é um comportamento natural muito importante para nossa autopreservação. É, portanto, considerado saudável. Enquanto o medo é considerado patológico, uma vez que ocasiona muito sofrimento ao indivíduo. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. Denomina-se estresse pós- traumático o momento em que a pessoa tem sintomas semelhantes aos de um ataque cardíaco. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 11 Referências APA. Highlights of changes from DSM-IV-TR to DSM-5. 2013. BALLONE. G. J. Medos, Fobias & Outros Bichos, site: PsiqWeb. Revisto em 2005. Disponível em http://www.psiqweb.med.br/.Acessado em julho de 2013. _______.Transtornos Fóbico-Ansiosos. Site PsiqWeb, Internet. Disponível em http:// www.psiqweb.med.br/. Revisto em 2007. Acessado em julho de 2013. BARROS NETO, T. P Sem medo de ter medo. São Paulo: CasadoPsicólogo. CPEM - Centro de Psicologia Especializado em Medos. Medos e Fobias. Disponível em http://www.medos.eom.br/medos-e-fobias/. Acessado em julho de 2012. FREUD, S. Obsessões e fobias (1895). Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1976, v.3. GURFINKEL. Aline C. Fobia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001. LOWENKRON. Theodor. A clínica psicanalítica atual: obsessão, compulsão, fobia e pânico. Revista Brasileira Psicanálise, São Paulo, v. 43, n. 3, set. 2009. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?scrispct1=_ arttext&pid=S0486-641X200900030 0014&1ng=pt&nrm=iso. Acessado em agosto de 2013. MESTRE. M e CORASSA, N. Da Ansiedade à Fobia. Revista Psicologia Argumento. ISSN 0103-7013. Ano XVIII, No XXVI. Abril 2000. Pp. 105-126. PORTO, Patrícia. Orientação de pais de crianças com fobia social. Revista Brasileira de Terapia Cognitiva. Rio de Janeiro, v. 1. n. 1, 1un 2005. Disponível em <http://pepsic. bvsalud.org/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1808-56872005000100012&1ng=pt &nrm=iso>. Acessado em agosto de 2013. UFRS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Fobias Orientações para Pacientes e Familiares, disponível em http://www.ufrgs.br/psiq/ fobOOl.html. Acessado em julho de 2013. 12 UNIDADE 2 | CARACTERIZANDO MEDOS E FOBIAS 13 Unidade 2 | Caracterizando Medos e Fobias 1 Introdução Os motivos que ocasionam medos e fobias nem sempre são os mesmos para todas as pessoas e nem sempre são identificados facilmente. Os medos surgem de situações de perigo ou frente ao desconhecido, e são reações naturais suscitadas nessas circunstâncias. Já a fobia pode ter raízes na infância, desenvolvendo-se a partir de uma situação desagradável vivida. Quando criança, uma pessoa pode ter ouvido uma história triste de um acidente aéreo em que muitas pessoas morreram e isso a deixou assustada ou, ainda, uma barata pode ter subido em suas pernas, deixando-a apavorada. Há também a possibilidade de se associar uma situação negativa vivida a outro fator, como: no dia em que recebeu a notícia de falecimento dos pais chovia muito e, desde então, passou a desenvolver uma fobia a tempestades. Outra questão também observada é que a fobia pode ser “aprendida”. Uma mãe que sempre teve pavor de um determinado animal pode “passar” esse medo para o filho, que pode, ainda, desenvolvê-lo de forma mais intensa. Ainda sobre as fobias em crianças, os pais, mesmo não tendo qualquer tipo de medo ou fobia, podem assustar as crianças com frequência, podendo desencadear um estado fóbico. Alguns exemplos comuns são: “não saia daqui de perto, senão o bicho papão vai pegar você”, “não brinque na rua, o homem do saco está à solta e adora crianças”, “não vá para o escuro, porque é perigoso”, entre outros. 14 1.1 Os Principais Tipos de Fobias a) Fobia Social Em uma análise superficial, a fobia social pode ser confundida com timidez. No entanto, trata-se de um quadro mais complexo, o qual ocasiona muito sofrimento ao indivíduo. As consequências da fobia social interferem no dia a dia da pessoa, nas suas relações interpessoais e também em suas atividades profissionais. O Principal Medo A pessoa com fobia social é sempre exposta à avaliação e ao julgamento dos outros. Ser o centro das atenções, mesmo por um breve momento, pode ser considerada uma tragédia para o fóbico. Nos casos mais graves, atividades aparentemente simples, como comer em um restaurante ou utilizar um banheiro público, tornam-se motivos de ansiedade e embaraço para a pessoa, podendo levá- la inclusive ao isolamento. A fobia social não tem idade para começar, mas comumente tem sua origem na infância ou na adolescência. A criança bem pequena já pode apresentar comportamento relacionado ao desconforto ao realizar brincadeiras com outras crianças, em que se sente humilhada ou muito envergonhada. Os sintomas podem se agravar quando ela entra na escola e tende a se isolar, evitar se dirigir aos professores e outros funcionários e falar em público. A situação pode até piorar se essa criança passa a sofrer bullying em função de sua timidez. Decerto, a situação inversa também pode ocorrer, ou seja, a criança vítima do bullying pode desenvolver fobia social pelo receio de ter contato com seus agressores. Ressalta-se, portanto, que a dificuldade em situações sociais durante a infância e a adolescência pode influenciar no desenvolvimento de habilidades necessárias para o seu posterior desempenho acadêmico, social e profissional. 15 Bullying vem da palavra a inglesa bully, que significa valentão. Refere-se à forma de violência repetitiva sobre uma vítima, com objetivo de agredi-la e intimidá-la sem qualquer razão, levando-a a um processo de angústia e sofrimento. A ansiedade é permanente na fobia social e pode ser antecipatória a um determinado evento. A título de exemplo, ao saber que terá de participar de uma reunião na semana seguinte, o indivíduo já começa a sentir alguns sintomas, como: palpitações, desconforto gastrintestinal e tensão muscular dias antes. No momento da reunião, pode ainda ter outras reações, como rubor facial, tremores, diarreia e sudorese. Em casos mais graves da fobia, a pessoa pode, por exemplo, abandonar o curso universitário ou a especialização, pois sabe que ao final precisará realizar uma apresentação oral para uma banca examinadora. Outro exemplo excessivo é o pedido de demissão, diante da imposição da chefia para fazer uma apresentação para uma plateia. Com base nessas situações que podem acometer o fóbico social, é perceptível o nível de sofrimento envolvido. e Exceto para pessoas muito habituadas a falar em público, é normal sentir algum tipo de ansiedade e receio. Entretanto, isso não deve ser confundido com fobia social, que tem os seus sintomas bem acentuados e persistentes, com um grande grau de sofrimento. 16 Como identificar a fobia social: • medo excessivo e irracional em determinadas situações sociais; • timidez em grau extremo; • pavor desproporcional ao desafio a ser enfrentado; • desconforto (crise de ansiedade) durante a situação social não passa até que ela se acabe; • estado de pavor em situações em que há necessidade de interagir com outras pessoas; • grande ansiedade diante de situações de exposição. Assim, o fóbico: • concorda com tudo para evitar expor seu ponto de vista, passando a impressão de ser submisso; • acaba interferindo no próprio dia a dia, atrapalhando o desenvolvimento de atividades corriqueiras e profissionais; • evita sair de casa e participar de eventos que envolvam pessoas que não sejam seus familiares e amigos muito próximos. b) Fobia Específica A fobia específica é o pavor diante de uma situação ou algo particular, que diante de sua exposição desencadeia uma série de sintomas físicos e comportamentais. Ao se imaginar entrando em uma aeronave, uma pessoa que tem fobia de viajar de avião já começa a sentir mal- estar, sudorese fria e tremedeira. Ou, ainda, a pessoa com fobia de aranha, diante de uma simples imagem real ou de um desenho já sente arrepios e angústia. 17 Ao conversar com essas pessoas, observa-se o entendimento delas acerca de um medo sem qualquer justificativa, mas, ainda assim, há uma dificuldade absurda em superá-lo. Nos mesmos exemplos: a pessoa que tem fobia de avião compreende que é um dos meios de transportes mais seguros que existe. Assim como a pessoa que tem fobia de aranha tambémsabe que não deveria ter medo da imagem da aranha, por exemplo. Nesses casos não se trata de ignorância e, sim, de uma manifestação do sofrimento, impedindo o sujeito de superar o pavor e gerando uma sensação de total impotência. A exposição do fóbico à circunstância ou ao objeto pode, em alguns casos, levá-lo a um ataque de pânico – um estado de alta ansiedade provocado pelo pavor sentido – ocasionando total descontrole por alguns minutos. Apesar de desencadear uma série de reações (taquicardia, falta de ar, forte sudorese, tremores, náuseas), não há evidência de danos físicos. 18 Conheça agora alguns exemplos de fobias específicas e os nomes dados. Como identificar a fobia específica: • medo excessivo e irracional de algum objeto, animal ou situação, e estado de pavor ou descontrole ao ter contato com quaisquer dos exemplos mencionados; • interferência no dia a dia, atrapalhando o desenvolvimento das atividades corriqueiras e profissionais; • perda de oportunidades somente para não haver o risco de vivenciar a situação causadora do pavor. Fobia Medo excessivo de: Acrofobia Altura Agorafobia Locais onde seria muito difícil ou embaraçoso sair. Envolve medo excessivo de ter um mal-estar em um local de difícil identificação da saída Aicmofobia Agulhas e objetos pontiagudos Aracnofobia Aranhas Brontofobia Relâmpago e temporais Catsandafobia Baratas Coulrofobia Palhaços Claustrofobia Lugares pequenos e confinados Hemotobia Sangue Hidrofobia Água lnsectofobia Insetos Necrofobia Morte ou coisas mortas Nictofobia Escuro Odontofobia Dentista Ofidiofobia Cobras e serpentes Ptesiofobia Viajar de avião Zoofobia Animais 19 Várias pessoas conseguem driblar a ansiedade e o medo fazendo uso de substâncias inadequadas para enfrentar a situação responsável pela ansiedade e pelo medo. Assim, elas acabam esquecendo que têm fobias específicas. Ressalta-se, entretanto, a importância de buscar ajuda profissional, pois atitudes como esta prejudicam-nas consideravelmente, uma vez que apenas mascaram o problema e não o resolvem. 1.2 Medos e Fobias em Crianças É imprescindível saber diferenciar o que é ou não natural e esperado quando os medos e as fobias estão relacionados às crianças. A tolerância sempre deve ser maior, uma vez que elas ainda estão em fase de formação de sua racionalidade. O mundo imaginário e o real, muitas vezes, se misturam e podem causar alguns quadros aparentemente fóbicos, porém não passam de fantasias naturais da idade, que vão sumindo conforme a criança cresce. Uma criança de dois anos pode apresentar forte medo quando escuta fogos de artifício. É natural que se assuste e chore, sinalizando tremores e disparo do coração. Conforme ela vai crescendo, certamente, tais reações vão desaparecendo. Todavia, se o medo excessivo persistir até o início de adolescência, por exemplo, provavelmente haverá um diagnóstico de fobia. h Salienta-se a importância de os pais não esperarem das crianças as mesmas reações de um adulto. Isso é válido tanto para meninas quanto para meninos. A bem da verdade, nossa cultura pode exigir, por exemplo, que um menino de seis anos não se expresse em relação a algum animal ou inseto. 20 Em alguns casos, solicita-se que o menino não chore, pois deve ser corajoso. Uma fala recorrente: “Aja como um homem valente, menino!”. A ridicularização do medo em nada contribuirá para a superação dele. Transmitir segurança para a criança, explicando-lhe sobre a importância de se estar atento aos riscos apresentados por determinado animal, objeto ou situação, caso existam, é a melhor solução. Além disso, não é indicada a superproteção, visto que a criança tem de aprender a lidar com as diversificadas situações enfrentadas durante a infância. O medo provavelmente irá sumir de maneira gradual. Caso isso não ocorra, torna-se necessária a ajuda dos profissionais de saúde. Ao ser consultado, o pediatra saberá avaliar a necessidade ou não de encaminhamento a um especialista. Em síntese, os pais e educadores têm um papel essencial no apoio às crianças que enfrentam medos ao auxiliá-las a ter uma infância com a saúde mental preservada. A seguir estão outras dicas que podem ajudar nas crises de medo das crianças: • Paciência é fundamental, dado que o sentimento de medo não é nada confortável para a criança. Não adianta dar uma bronca e falar que monstros não existem, se ela realmente acredita na existência de algo embaixo da cama ou dentro do guarda- roupa, por exemplo. • Respeito e entendimento são fundamentais para ajudar a criança a compreender a situação, fazendo-a perceber que entendem e respeitam o sentimento de medo dela e estão prontos para auxiliá-la na superação. • Não é aconselhável forçá-la a enfrentar uma determinada situação, acreditando que a frequência, por si só, irá eliminar o medo. Também não é recomendável evitar sempre o contato com o causador da aversão. Assim, a criança não reforçará a ideia de que deve sempre afugentar-se do que a aflige. 21 • Proteção e incentivo são imprescindíveis no momento da crise de medo. A criança deve sempre se sentir protegida. Dessa maneira, aos poucos, é possível incentivá-la a resolver o problema e enfrentar os medos, evitando a esquiva daquilo que a amedronta. Não há prevenção para fobias, mas, como visto anteriormente, elas costumam ter origem na infância ou na adolescência. Nesse sentido, a criação dos filhos dentro de uma boa estrutura de desenvolvimento, fundamentada no amor e no cuidado, será basilar para uma infância menos sujeita a problemas de ordem psicológica, inclusive os relacionados aos medos exagerados e às fobias. Glossário Basilar: básico; fundamental. Sudorese: secreção de suor; transpiração. Tremedeira: tremor; tremura. 22 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. Agorafobia consiste no medo excessivo de lugares pequenos e confinados. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. Ser o centro das atenções, mesmo por um breve momento, pode ser considerada uma tragédia para o fóbico. Em casos extremos, algumas atividades que podemos considerar simples, como comer em um restaurante ou utilizar um banheiro público, tornam-se motivos de ansiedade e embaraço para a pessoa acometida pela fobia social, podendo levá-la, inclusive, ao isolamento. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 23 Referências APA. Highlights of changes from DSM-IV-TR to DSM-5. 2013. BALLONE. G. J. Medos, Fobias & Outros Bichos, site: PsiqWeb. Revisto em 2005. Disponível em http://www.psiqweb.med.br/. Acessado em julho de 2013. _______.Transtornos Fóbico-Ansiosos. Site PsiqWeb, Internet. Disponível em http:// www.psiqweb.med.br/. Revisto em 2007. Acessado em julho de 2013. BARROS NETO, T. P Sem medo de ter medo. São Paulo: CasadoPsicólogo. CPEM - Centro de Psicologia Especializado em Medos. Medos e Fobias. Disponível em http://www.medos.eom.br/medos-e-fobias/. Acessado em julho de 2012. FREUD, S. Obsessões e fobias (1895). Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1976, v.3. GURFINKEL. Aline C. Fobia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001. LOWENKRON. Theodor. A clínica psicanalítica atual: obsessão, compulsão, fobia e pânico. Revista Brasileira Psicanálise, São Paulo, v. 43, n. 3, set. 2009. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?scrispct1=_ arttext&pid=S0486-641X200900030 0014&1ng=pt&nrm=iso. Acessado em agosto de 2013. MESTRE. M e CORASSA, N. Da Ansiedade à Fobia. Revista Psicologia Argumento. ISSN 0103-7013. Ano XVIII, No XXVI. Abril 2000. Pp. 105-126. PORTO, Patrícia. Orientação de pais de crianças com fobia social. Revista Brasileira de Terapia Cognitiva. Rio deJaneiro, v. 1. n. 1, 1un 2005. Disponível em <http://pepsic. bvsalud.org/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1808-56872005000100012&1ng=pt &nrm=iso>. Acessado em agosto de 2013. UFRS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Fobias Orientações para Pacientes e Familiares, disponível em http://www.ufrgs.br/psiq/ fobOOl.html. Acessado em julho de 2013. 24 UNIDADE 3 | O TRATAMENTO DAS FOBIAS 25 Unidade 3 | O Tratamento das Fobias 1 Introdução A terapia comportamental é uma dentre outros tipos de tratamento de fobias específicas. O psicoterapeuta é o responsável por detectar junto ao paciente o que desencadeia e o que reforça sua fobia. O tratamento terá embasamento na construção de medidas comportamentais com a finalidade de extinguir a aversão ou, em determinados casos, amenizá-la. Uma das técnicas utilizadas é a denominada dessensibilização, em que o terapeuta leva o paciente a ter contato com o objeto ou a situação causadora de sua fobia. Esse contato se dará de forma gradual, porém crescente, com objetivo de diminuir a reação de pavor até a sua extinção. O tratamento cognitivo é um forte aliado da terapia comportamental. Ele atuará na modificação do pensamento das pessoas com fobia. Nesse contexto, o terapeuta conduzirá conversas com o paciente para conhecer seus medos de modo a buscar a razão deles. Durante o processo, o paciente vai se tornando apto a desconstruir os motivos de sua fobia até, finalmente, superá-la. A psicanálise e a psicoterapia psicodinâmica são outras abordagens terapêuticas utilizadas nos tratamentos das fobias. Ambas utilizam conceitos e métodos da psicanálise, a fim de orientar o paciente a discursar a respeito das vivências da infância as quais, na maior parte das vezes, estão associadas à fobia atual. Busca-se com esta técnica, a conscientização dos motivos que o levaram a ter determinados sintomas ou comportamentos e a ressignificação de suas causas para, enfim, conquistar a superação. 26 Há também terapias que se utilizam de técnicas de relaxamento ou de hipnose para auxiliar no tratamento das fobias. Quando o tratamento psicológico se mostra insuficiente, é possível realizá-lo com o auxílio de um tratamento farmacológico (medicamentoso), o que pode aumentar as chances de melhora ou cura. e Somente um médico especializado em psiquiatria poderá prescrever medicações que auxiliam no tratamento da fobia e, ainda assim, é necessário sempre discutir o tratamento que será realizado, bem como os benefícios, a duração e as reações que podem ocorrer. 1.1 Transtornos de Ansiedade As fobias específicas, a fobia social, as crises e os ataques de pânico estão dentro de um assunto que a psiquiatria nomeou de transtornos de ansiedade. Inicialmente, cabe esclarecer que, assim como o medo, a ansiedade é natural do ser humano. Ela torna-se patológica quando é exagerada, desproporcional e leva a pessoa a desenvolver outros transtornos de ordem psíquica. Como visto anteriormente, na fobia social a pessoa sente ansiedade em grau elevado quando imagina estar em uma situação de exposição. Em consequência, ela começa a sofrer medo, angústia, apreensão e um desagradável sentimento de vazio. Isso pode acarretar, ainda, sintomas, como: dificuldade para dormir; dores musculares em função da tensão; entre outras consequências que podem ser refletidas no organismo. 27 Vale enfatizar que as pessoas acometidas por transtornos de ansiedade podem prevenir ou minimizar seus efeitos. Se tal disfunção não incapacita ou não gera um sofrimento muito intenso, é possível lidar com ela ao aplicar alguns recursos, como: caminhadas ao ar livre, yoga, acupuntura, trabalhos manuais e artísticos, ou qualquer outra maneira estimulante ao relaxamento. Em contrapartida, caso ocorra o sentimento de impotência diante da situação de ansiedade, o melhor a ser feito é buscar auxílio de um profissional de saúde para avaliar a necessidade de um tratamento mais específico. 1.2 Rede de Atendimento Para um primeiro diagnóstico, visando inclusive eliminar outros problemas de saúde, é essencial buscar os centros de atendimento na rede básica de saúde. Se houver necessidade, o médico do posto poderá fazer o encaminhamento ao especialista. Também é possível procurar os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) – instituições de saúde mental – as quais oferecem atendimento médico e psicológico. 1.3 Mitos e Verdades Quando se trata de algum assunto relacionado à saúde mental, é comum que as pessoas o associem, naturalmente, a fraquezas. Todavia, os transtornos psicológicos são uma reação a algo que não está funcionando de maneira satisfatória, podendo acometer qualquer indivíduo, independentemente da condição social, econômica, etária ou religiosa. 28 No quadro a seguir é possível visualizar alguns mitos e inverdades que necessitam ser corrigidos definitivamente, para não haver o risco de repetir frases prontas e equivocadas, baseadas em atitudes preconceituosas e desrespeitosas. Mito A realidade Psiquiatra é médico de loucos. A psiquiatria é uma especialidade médica que trata dos transtornos de pensamento, comportamento e emoções. Os pacientes são pessoas que sofrem com depressão, dependência química, transtornos de ansiedade, fobias, alucinações, bipolaridade, entre outros problemas. Não é certo rotular as pessoas que buscam um psiquiatra, chamando-as de loucas. Como já foi dito, esses sofrimentos podem ocorrer com qualquer pessoa, em qualquer momento da vida. O tratamento psicológico substitui a necessidade de um psiquiatra. São duas áreas distintas, com formas de atuação também distintas. Ambas podem atuar em conjunto para um objetivo único: a saúde mental do paciente. O psiquiatra irá diagnosticar, por meio de exames e avaliações, e prescrever o tratamento adequado, seja terapêutico ou farmacológico (só ele poderá prescrever medicações). O psicólogo irá atuar na condução das psicoterapias. A atuação dos dois profissionais é fundamental para o êxito do tratamento. Medicamentos de uso psiquiátrico causam dependência. O problema aqui é o risco de generalização. De fato, alguns medicamentos podem causar dependência de acordo com a forma como são utilizados, mas, mesmo assim, são reversíveis. O maior problema dos remédios chamados psicofármacos é o cuidado em sua administração. Por esse motivo, devem ser acompanhados de perto por um psiquiatra. 29 Resumindo Muitas vezes, as cobranças sociais desencadeiam uma série de sofrimentos nos indivíduos e geram um sentimento de impotência e de incapacidade. Ao limitarem a capacidade de ação, tanto psicológica como física, as fobias causam diversos infortúnios no dia a dia das pessoas acometidas por elas. Atualmente, diversas personalidades das mais variadas áreas de atuação expõem o que as amedrontam. Assim, ao colocar luz sobre o assunto, a doença deixa de ser um tabu e torna possível a busca por soluções. Conhecer a verdadeira razão dos medos, com a ajuda de profissionais capacitados e métodos reconhecidamente eficazes, certamente proporcionará à pessoa uma melhor qualidade de vida. Ademais, acreditar que mudar é possível faz toda a diferença para que o tratamento tenha êxito. Sofrer com fobias é um ato de fraqueza. Vimos que as fobias são sofrimentos intensos e complexos, geralmente, originadas na infância e agravadas ao longo do tempo. As pessoas que sofrem com o problema, na maior parte das vezes, necessitam de auxílio profissional justamente por ser algo muito difícil de lidar, e isso não as torna fracas ou desprovidas de força devontade. Fobia não tem cura. As fobias podem, sim, ter cura. O que não há como prever é o tempo de tratamento. Pode durar alguns meses, mas também pode durar alguns anos. O importante é conseguir, mesmo que gradualmente, a melhora das reações diante da situação fóbica, permitindo o retorno às suas atividades e ao convívio social. 30 Com este curso, o SEST SENAT contribui para que cada vez mais pessoas possam ter acesso às informações necessárias para uma boa saúde e busquem, caso necessário, o tratamento adequado, possibilitando uma vida mais saudável e feliz. O objetivo é que este curso ajude a promover uma melhor qualidade de vida a todos. Não tenha medo de melhorar. Lembre-se: buscar ajuda é um ato de coragem! 31 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. As fobias são tratadas somente por intermédio de um psiquiatra com a inserção de medicamentos. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. As pessoas acometidas por transtornos de ansiedade não podem prevenir ou minimizar seus efeitos, já que eles só podem ser tratados e(ou) amenizados por especialistas. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 32 Referências APA. Highlights of changes from DSM-IV-TR to DSM-5. 2013. BALLONE. G. J. Medos, Fobias & Outros Bichos, site: PsiqWeb. Revisto em 2005. Disponível em http://www.psiqweb.med.br/. Acessado em julho de 2013. _______.Transtornos Fóbico-Ansiosos. Site PsiqWeb, Internet. Disponível em http:// www.psiqweb.med.br/. Revisto em 2007. Acessado em julho de 2013. BARROS NETO, T. P Sem medo de ter medo. São Paulo: CasadoPsicólogo. CPEM - Centro de Psicologia Especializado em Medos. Medos e Fobias. Disponível em http://www.medos.eom.br/medos-e-fobias/. Acessado em julho de 2012. FREUD, S. Obsessões e fobias (1895). Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1976, v.3. GURFINKEL. Aline C. Fobia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001. LOWENKRON. Theodor. A clínica psicanalítica atual: obsessão, compulsão, fobia e pânico. Revista Brasileira Psicanálise, São Paulo, v. 43, n. 3, set. 2009. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?scrispct1=_ arttext&pid=S0486-641X200900030 0014&1ng=pt&nrm=iso. Acessado em agosto de 2013. MESTRE. M e CORASSA, N. Da Ansiedade à Fobia. Revista Psicologia Argumento. ISSN 0103-7013. Ano XVIII, No XXVI. Abril 2000. Pp. 105-126. PORTO, Patrícia. Orientação de pais de crianças com fobia social. Revista Brasileira de Terapia Cognitiva. Rio de Janeiro, v. 1. n. 1, 1un 2005. Disponível em <http://pepsic. bvsalud.org/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1808-56872005000100012&1ng=pt &nrm=iso>. Acessado em agosto de 2013. UFRS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Fobias Orientações para Pacientes e Familiares, disponível em http://www.ufrgs.br/psiq/ fobOOl.html. Acessado em julho de 2013. 33 Gabarito Questão 1 Questão 2 Unidade 1 F F Unidade 2 F V Unidade 3 F F Apresentação Unidade 1 | Entendendo o Que É Medo e Fobia Glossário Atividades Referências Unidade 2 | Caracterizando Medos e Fobias 1 Introdução 1.1 Os Principais Tipos de Fobias 1.2 Medos e Fobias em Crianças Glossário Atividades Referências Unidade 3 | O Tratamento das Fobias 1 Introdução 1.1 Transtornos de Ansiedade 1.2 Rede de Atendimento 1.3 Mitos e Verdades Atividades Referências Gabarito
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