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Universidade Estadual do Maranhão Curso de Medicina Veterinária Aluno: Mayra Gonçalves Soares Pesquisa (2ª chamada) - Patologia Geral MEDIADORES QUÍMICOS INFLAMATÓRIOS Inflamação é um processo biológico complexo que envolve componentes vasculares, celulares e uma diversidade de substâncias solúveis, apresentando como sinais clínicos característicos rubor, calor, edema, dor e alterações funcionais. A finalidade do processo inflamatório é remover o estímulo lesivo e iniciar o processo de recuperação tecidual local. Este processo ocorre através dos mediadores químicos da inflamação derivados de células sendo pré-formados em grânulos no interior das mesmas, podendo também serem sintetizados no sítio da inflamação quando há presença de estímulo nocivo. Dentre os principais mediadores químicos da inflamação estão as aminas vasoativas compostas histamina e serotonina, os metabólitos do ácido araquidônico compostos por prostaglandinas, leucotrienos e lipoxinas e as citocinas que são constituídas por fator de necrose tumoral, interleucina-1, quimiocinas, espécies reativas do oxigênio, o óxido nítrico, entre outros fatores. Conclui-se então que o processo inflamatório desenvolve-se a partir de reações complexas em tecidos que consistem principalmente na resposta dos vasos sanguíneos e leucócitos. As principais defesas do organismo contra corpos estranhos são proteínas plasmáticas e leucócitos circulantes, assim como os fagócitos teciduais derivados destas. As reações vasculares e celulares da inflamação são disparadas por fatores solúveis produzidos por várias células ou derivados de proteínas do plasma e geradas ou ativadas em resposta aos estímulos inflamatórios. Tais mediadores iniciam e amplificam a resposta inflamatória determinando seu padrão, severidade e manifestações clinicas e patológicas. ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEREOIDAIS (AINES) Os Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINES) constituem uma das classes de fármacos mais difundidas em todo mundo, utilizados no tratamento da dor aguda e crônica decorrente de processo inflamatório. O processo inflamatório, como já abordado inicialmente, é uma resposta normal do organismo secundária a uma lesão tecidual, constituindo-se um fenômeno complexo, dinâmico e multimediado, que pode ter como desencadeante qualquer agente lesivo, como físico (queimadura, radiação, trauma), biológico (reações imunológicas, infecções) ou químico (substância cáustica). Essa reação é uma tentativa de inativar ou destruir os invasores do tecido e prepará-lo para o reparo. Observa-se durante o processo inflamatório uma cascata de reações e eventos bioquímicos, vasculares e celulares. Definição do Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINES) Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs) são medicamentos analgésicos simples, que, junto com o paracetamol, compõem o 1º degrau da escada de dor da Organização Mundial da Saúde (OMS). A escada de dor da OMS é uma abordagem de analgesia baseada em degraus, começando no 1º degrau, com analgésicos simples, e subindo até opioides fracos no 2º, e opioides fortes no 3º degrau. Fisiologia da Inflamação A inflamação aguda é a resposta inicial a lesão celular e tecidual, predominando fenômenos de aumento de permeabilidade vascular e migração de leucócitos, particularmente neutrófilos. As manifestações externas da inflamação, chamadas de sinais cardinais, são: calor (aquecimento), rubor (vermelhidão), tumor (inchaço), dor e perda de função. Se a reação for intensa, pode haver envolvimento regional dos linfonodos e resposta sistêmica na forma de neutrofilia e febre, caracterizando a reação da fase aguda da inflamação. Todas estas respostas são mediadas por substâncias oriundas do plasma, das células do conjuntivo, do endotélio, dos leucócitos e plaquetas, que regulam a inflamação e são chamadas genericamente de mediadores químicos da inflamação. Dentre esses mediadores químicos tem-se destaque as prostaglandinas que tem ação no aumento da permeabilidade capilar e atuam como fatores quimiotáticos, atraindo leucócitos em direção ao local da lesão ou infecção. O principal precursor das prostaglandinas é o ácido araquidônico (AA), que tem origem dos fosfolipídios das membranas celulares destruídas após lesão celular e transformados em diversos ácidos pela enzima fosfolipase, sendo este evento o início base do processo inflamatório. Os produtos derivados do metabolismo do AA influenciam uma variedade de processos biológicos, incluindo a inflamação e a hemostasia. Os metabólitos do AA, também chamados eicosanoides, podem mediar praticamente cada etapa da inflamação. A produção dos metabólitos do ácido araquidônico pode ser feita através de duas vias: via ciclo-oxigenase e via lipoxigenase. • Via ciclo-oxigenase: envolve duas isoformas (COX-1 e COX-2) e é responsável pela síntese das prostaglandinas (PGs), tromboxanos e prostaciclinas. A diferença nas estruturas dessas enzimas permitiu o surgimento de inibidores seletivos da COX-2, evitando a interferência com os processos fisiológicos mediados pela COX-1. • Via lipoxigenase: responsável pela síntese final de moléculas, como os leucotrienos, porém não está diretamente relacionada a ação dos anti- inflamatórios. Anti-inflamatórios Não Esteroides: farmacocinética A maioria dos Anti-inflamatórios Não Esteroides são administrados oralmente, com exceção do cetorolaco e do parecoxibe (administração intravenosa), e do diclofenaco (administração oral, intravenosa e retal). Os Anti-inflamatórios Não Esteroidais compõem um grupo heterogêneo de compostos, que consiste de um ou mais anéis aromáticos ligados a um grupamento ácido funcional. São ácidos orgânicos fracos que atuam principalmente nos tecidos inflamados e se ligam, significativamente, à albumina plasmática. Pacientes com hipoalbuminemia (devido, por exemplo, a cirrose ou artrite reumatoide ativa) têm maiores concentrações da forma livre da droga, que corresponde a sua forma ativa. Sua absorção é rápida (entre 1 a 4 horas) e completa no sistema gastrointestinal, depois da administração oral. Não atravessam imediatamente a barreira hematoencefálica e são metabolizados principalmente pelo fígado. Os AINEs têm alta biodisponibilidade devido a um limitado metabolismo hepático de primeira passagem. A biotransformação é, em grande parte, hepática, com metabólitos excretados na urina. Essencialmente, todos AINEs são convertidos em metabólitos inativos pelo fígado e são, predominantemente, excretados pela urina, embora o sulindaco também possa ser metabolizado no rim. Alguns AINEs e seus metabólitos têm excreção biliar. As meias-vidas dos AINEs variam, mas em geral podem ser divididas em “ação curta” (menos de seis horas, incluindo ibuprofeno, diclofenaco, cetoprofeno e indometacina ) e “ação prolongada” (mais de seis horas, incluindo naproxeno , celecoxibe , meloxicam , nabumetona e piroxicam). Os AINEs mais lipossolúveis como, cetoprofeno, naproxeno e ibuprofeno, penetram no sistema nervoso central mais facilmente e estão associados com leves alterações no humor e na função cognitiva. Mecanismo de Ação dos AINES Os efeitos terapêuticos e colaterais dos AINES resultam principalmente da inibição das enzimas COX, prejudicando, assim, a transformação final do ácido araquidônico em prostaglandinas, prostaciclina e tromboxanos. A PGD2 é o principal metabólito da via da cicloxigenase nos mastócitos e, em conjunto com PGE2 e PGF2-alfa (que se distribuem mais amplamente), causa vasodilatação e potencializa a formação de edema. As PGs, além de promoverem vasodilatação, também estão envolvidas na patogenia da dor e febre na inflamação. A PGE2 aumenta a sensibilidade a dor a uma variedade de outros estímulos e interage com citocinas para causar febre. As prostaglandinas sensibilizam os nociceptores (hiperalgesia) e estimulam os centros hipotalâmicosde termorregulação. A prostaglandina I2 (prostaciclina) predomina no endotélio vascular e atua causando vasodilatação e inibição da adesividade plaquetária. O tromboxano A2, predominante nas plaquetas, causa efeitos contrários, como vasoconstrição e agregação plaquetária. Os leucotrienos aumentam a permeabilidade vascular e atraem os leucócitos para o sítio da lesão. A histamina e a bradicinina aumentam a permeabilidade capilar e ativam os receptores nocigênicos. Há duas formas da enzima cicloxigenase, denominadas COX-1 e COX-2. A COX-1, dita como constitutiva, é produzida em resposta a um estímulo inflamatório e constitutivamente na maioria dos tecidos, onde estimula a produção de prostaglandinas que exercem função homeostática (por exemplo, equilíbrio hidroeletrolítico nos rins e citoproteção no trato gastrointestinal). A COX-2, em contraste, é induzida por estímulos inflamatórios, mas está ausente da maioria dos tecidos normais. Portanto, os inibidores da COX-2 foram desenvolvidos com a expectativa de que eles inibissem a inflamação prejudicial, mas não bloqueassem os efeitos protetores das prostaglandinas produzidas constitutivamente. Entretanto, essas distinções entre os papéis das duas cicloxigenases não são absolutas. Além disso, os inibidores da COX-2 podem aumentar o risco para doença cerebrovascular e cardiovascular, provavelmente porque prejudicam a produção, pela célula endotelial, da prostaciclina PGI2, um inibidor de agregação plaquetária, mas conserva intacta a produção pelas plaquetas, mediada pela COX-1 de TXA2, um mediador de agregação das plaquetas. Os glicocorticoides, que são agentes anti- inflamatórios potentes, atuam em parte inibindo a atividade da fosfolipase A2, inibindo, assim, a liberação de AA dos lipídios de membrana.
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