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Suprarrenais e glicocorticoides

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Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
 
DESENVOLVIMENTO DAS GLÂNDULAS SUPRARRENAIS 
O córtex e a medula das glândulas suprarrenais apresentam origens 
diferentes: 
❖ Córtex -> desenvolve-se do MESÊNQUIMA. 
❖ Medula -> desenvolve-se a partir de células da CRISTA NEURAL. 
Na 6ª semana, inicia-se no córtex a agregação de células 
mesenquimais em cada lado do embrião. A diferenciação das zonas 
corticais suprarrenais inicia-se durante o período fetal tardio. 
A zona glomerular e a zona fasciculada já estão presentes no 
nascimento, mas a zona reticular não é reconhecível até o final do 
3º ano de idade. 
 
HISTOLOGIA DAS GLÂNDULAS SUPRARRENAIS 
São duas glândulas achatadas com 
forma de meia-lua, cada uma situada 
sobre o polo superior de cada rim. É 
dividida em duas camadas: camada 
cortical/córtex (periférica e espessa, 
de cor amarelada) e camada 
medular/medula (central, menos 
volumosa e acinzentada). 
Essas duas camadas estão unidas 
apenas de forma anatômica, pois 
apresentam funções e morfologias 
diferentes. 
Têm aspecto histológico típico das glândulas endócrinas: células 
dispostas em cordões cercados por capilares sanguíneos. É 
recoberta por uma capsula de tecido conjuntivo denso, o qual envia 
septos ao interior da adrenal. 
❖ ESTROMA: rede rica de fibras reticulares, as quais sustentam as 
células secretoras. 
CAMADA CORTICAL/CÓRTEX ADRENAL 
Composta por células secretoras de esteroides, nas quais a organela 
predominante é o REL -> não armazenam os seus produtos de 
secreção, pois a maior parte deles é sintetizada após estímulo e logo 
em seguida secretada. 
O córtex adrenal pode ser dividido em 3 camadas: 
 
 
ZONA GLOMERULOSA 
Situa-se abaixo da cápsula de 
tecido conjuntivo. É composta 
por células piramidais ou 
colunares, organizadas em 
corões – têm forma de arcos e 
são envolvidos por capilares 
sanguíneos. 
ZONA FASCICULADA 
Células arranjadas em 
cordões de uma/duas células 
de espessura, retos e 
regulares, entremeados por 
capilares e dispostos de forma 
perpendicular à superfície do 
órgão. Composta por células 
poliédricas -> espongiócitos 
(vacuolação – lipídeos). 
ZONA RETICULADA 
Região mais interna do córtex, situada entre a zona fasciculada e a 
medula. Células dispostas em cordões irregulares que formam uma 
rede anastomosada. 
CAMADA MEDULAR/MEDULA ADRENAL 
É composta por células poliédricas organizadas em cordões ou 
alongamentos arredondados, sustentados por fibras reticulares. 
Além das células do parênquima, há também células ganglionares 
parassimpáticas -> todas envolvidas por uma rede de vasos 
sanguíneos. 
O citoplasma das células dessa camada tem grânulos de secreção que 
contêm epinefrina/norepinefrina, contém também ATP, proteínas 
chamadas de cromograninas e peptídeos. Todas as células da medula 
são inervadas por terminações colinérgicas de neurônios simpáticos. 
glândulas suprarrenais e glicocorticoides 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
 
O córtex da glândula suprarrenal produz hormônios esteroides 
essenciais à vida. A medula da glândula suprarrenal produz três 
hormônios catecolaminas – norepinefrina, epinefrina e uma 
pequena quantidade de dopamina. 
ANATOMIA DAS GLÂNDULAS SUPRARRENAIS 
São glândulas de coloração 
amarelada e estão localizadas entre 
as faces superomedial dos rins e 
diafragma. São revestidas por fáscia 
renal, pelas quais estão fixadas aos 
pilares do diafragma. Embora 
chamadas de suprarrenais, a 
principal inserção é nos pilares do 
diafragma. 
A glândula direita é piramidal e mais apical em relação ao rim 
esquerdo, faz contato com a veia carótida interna 
anteromedialmente e com o fígado anterolateralmente. 
A glândula esquerda tem formato de lua crescente, é medial à 
metade superior do rim esquerdo e tem relação com baço, 
estômago, pâncreas e pilar esquerdo do diafragma. 
 
Cada uma das glândulas tem um HILO, pelo qual veias e vasos 
linfáticos saem da glândula. Artérias e nervos entram na glândula por 
diversos locais. 
VASCULARIZAÇÃO 
As suprarrenais apresentam um extenso suprimento vascular em 
relação ao seu tamanho. Cada glândula é suprida pelas ARTÉRIAS 
SUPRARRENAIS SUPERIOR, MÉDIA E INFERIOR, e seus principais 
ramos podem ser duplos/múltiplos. 
As artérias suprarrenais superiores originam-se a partir da ARTÉRIA 
FRÊNICA INFERIOR – ramo da aorta abdominal -> essas artérias são 
pequenas e podem até estar ausentes. 
As artérias suprarrenais médias são ramos oriundos da face lateral da 
AORTA ABDOMINAL, no nível da mesentérica superior. As artérias 
suprarrenais inferiores originam-se a partir das ARTÉRIAS RENAIS. 
 
DRENAGEM VENOSA 
É feita a partir das VEIAS SUPRARRENAL DIREITA E ESQUERDA: 
❖ Veia direita é muito curta, seguindo direta e horizontalmente 
para a face posterior da VCI. 
❖ Veia esquerda desce medialmente, anterior e lateralmente ao 
gânglio celíaco esquerdo. Ela passa posteriormente ao corpo do 
pâncreas e drena para a veia renal esquerda. 
DRENAGEM LINFÁTICA 
Os vasos linfáticos suprarrenais, tanto do córtex como da medula da 
glândula, drenam em direção ao hilo, de onde os vasos linfáticos de 
calibre maior emergem para drenar diretamente para os grupos 
laterais de linfonodos para-aórticos. 
 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
INERVAÇÃO 
A inervação das suprarrenais provém do PLEXO CELÍACO e dos 
NERVOS ESPLÂNCNICOS abdominopélvicos. As fibras simpáticas pré-
ganglionares mielínicas atravessam os gânglios paravertebrais e pré-
vertebrais, sem fazer sinapse, e são distribuídas para as células 
cromafins na medula suprarrenal. 
 
HORMÔNIOS DAS SUPRARRENAIS 
Os dois principais tipos de hormônios adrenocorticais são os 
mineralocorticoides e os glicocorticoides, ambos secretados pelo 
córtex adrenal. 
Os glicocorticoides exercem efeitos que aumentam a concentração 
sanguínea de glicose. Apresentam efeitos sobre os metabolismos de 
lipídeos e de carboidratos. O CORTISOL é o principal glicocorticoide. 
Esses hormônios sintetizados pelo córtex da suprarrenal são 
produzidos a partir de COLESTEROL. Embora ela consiga sintetizar 
parte desse colesterol utilizando Acetilcoenzima A, 80% dele é 
proveniente da lipoproteína de baixa densidade -> LDL. 
Receptores específicos para LDL captam essas lipoproteínas e 
internalizam para o cortisol celular. ACTH tem papel importante 
nesse processo, pois ele aumenta a expressão desses receptores 
para aumentar a síntese de hormônios esteroides pela adrenal. 
Esse colesterol será esterificado e estocado em vacúolos 
citoplasmáticos. Ele é direcionado para a membrana interna da 
mitocôndria, onde sofrerá clivagem por meio da enzima colesterol 
desmolase para formar pregnenolona -> percursor de todos os 
hormônios produzidos pelo córtex da suprarrenal. 
Nas 3 zonas do córtex adrenal, esse estágio inicial da síntese de 
esteroide é estimulado pelos diferentes fatores que controlam a 
secreção dos principais produtos hormonais -> aldosterona e 
cortisol. 
SÍNTESE DOS GLICOCORTICOIDES 
 
SÍNTESE DE ALDOSTERONA 
Ocorre por estímulos no sistema renina-angiotensina, concentrações 
de aldosterona de K+. Logo, quando ocorre a diminuição das 
concentrações de sódio no organismo, queda da PA renal e perda de 
volume e eletrólitos, estimula a síntese de renina nos rins. 
 
SÍNTESE DE ANDRÓGENOS 
A secreção de andrógenos pela suprarrenal corresponde a mais de 
50% das concentrações de andrógenos circulantes na mulher. 
No homem, a principal fonte de andrógenos é fornecida pelos 
testículos, sendo pequena a contribuição da suprarrenal em 
condições fisiológicas. A síntese de andrógenos ocorre na zona 
reticular e é estimulada pelo ACTH. 
 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
GLICOCORTICOIDES 
Os glicocorticoides são sintetizados na zona fasciculada do córtex 
suprarrenal pela ação do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). O 
padrão de secreção desse hormônio é pulsátile ocorre no período 
diurno. 
❖ As mais baixas intensidades de secreção ocorrem durante as 
primeiras horas da noite e logo após adormecer, e as maiores 
intensidades de secreção ocorrem somente antes de acordar 
pela manhã. 
Outros esteroides suprarrenais (ex.: androgênios suprarrenais) são 
secretados em padrões diurnos semelhantes. A secreção de ACTH 
também apresenta o mesmo padrão diurno. A secreção de 
glicocorticoide é regulada exclusivamente pelo eixo hipotálamo-
hipofisário. 
 
O hormônio liberador de corticotrofina (CRH), secretado por células 
dos núcleos paraventriculares do hipotálamo, age sobre a 
adenohipófise. Ele chega à hipófise pelo sangue através do sistema 
porta hipotalâmico-hipofisário. 
O ACTH (hormônio corticotrófico), tem vários efeitos sobre o córtex 
suprarrenal na síntese e liberação de glicocorticoides. 
❖ A liberação dos glicocorticoides é estimulada diretamente pelo 
hormônio ACTH, liberado na hipófise. ACTH é sintetizado na 
forma de um grande precursor -> pró-opiomelano-cortina 
(POMC) – ele faz isso porque se liga a um receptor de 
melanocortina 2 da membrana plasmática nas células 
adrenocorticais e aumenta e ativa a síntese de StAR -> enzima 
envolvida no transporte de colesterol para a membrana 
mitocondrial interna. 
O principal efeito do ACTH nas células adrenocorticais induz a 
formação de AMPc (monofosfato cíclico de adenosina). 
❖ AMPc ativa as enzimas intracelulares que causam a formação 
dos hormônios adrenocorticais. 
O estímulo a longo prazo do córtex adrenal pelo ACTH não apenas 
aumenta a atividade secretora, mas também provoca hipertrofia e 
proliferação das células adrenocorticais, especialmente nas zonas 
fasciculada e reticular, onde cortisol e androgênios são secretados. 
ACTH tem padrão secretor pulsátil e diurno, o que gera um padrão 
paralelo de secreção de cortisol. O pico noturno de ACTH é produzido, 
por sua vez, pelo surto de secreção de CRH (hormônio liberador de 
corticotrofina). 
O “relógio interno” que determina o padrão diurno, pode ser 
deslocado por alternância do ciclo sono-vigília. O padrão diurno é 
abolido por coma, cegueira ou exposição constante à luz/escuro. 
MECANISMO DE FEEDBACK 
 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
Há um feedback direto do cortisol no hipotálamo e na hipófise 
anterior, reduzindo a concentração de cortisol no plasma, nos 
momentos em que o organismo não está em estado de estresse. 
Os estímulos de estresse são preponderantes; eles sempre podem 
se impor ao feedback inibitório direto do cortisol, provocando 
exacerbações periódicas de sua secreção em múltiplos momentos 
ao longo do dia, ou sua secreção prolongada em situações de 
estresse crônico. 
Os estímulos dolorosos, causados por estresse físico/lesões 
teciduais, e o estresse mental, podem provocar elevação 
igualmente rápida da secreção de ACTH, pois podem levar sinais 
para o hipotálamo posteromedial -> onde é liberado o hormônio 
liberador de corticotrofina, que induz liberação de ACTH e, por fim, 
a síntese de cortisol. 
TRANSPORTE E METABOLISMO DO CORTISOL 
90% de todo o cortisol é transportado no sangue 
predominantemente na forma ligada à globulina ligação de 
corticosteroides (CBG), e 5-7% transportado ligado a albumina. 
No fígado, onde ocorre a inativação dos esteroides, o cortisol 
também é inativado e conjugado com glicuronídeo ou sulfato, para 
que possam ser excretados com maior rapidez pelos rins. 
A meia-vida circulante do cortisol é de aproximadamente 70 
minutos. A inativação do cortisol é reversível. 
AÇÃO METABÓLICA DOS GLICOCORTICOIDES 
O cortisol, conhecido como “hormônio de estresse”, auxilia o 
organismo a manter os níveis sanguíneos de glicose, as funções do 
SNC e a função cardiovascular durante o jejum, e aumenta a glicose 
sanguínea durante estresse devido à gliconeogênese. 
O cortisol também protege o organismo contra os efeitos nocivos de 
respostas inflamatórias e imunológicas desenfreadas. Além disso, o 
cortisol poupa energia para lidar com o estresse, ao inibir a função 
reprodutora. 
O cortisol tem ações permissivas sobre catecolaminas, ao aumentar 
a expressão do receptor adrenérgico e, consequentemente, 
contribuir para aumentar o débito cardíaco e PA. Também estimula 
a síntese de eritropoietina -> aumento da produção de eritrócitos. 
CORTISOL NO METABOLISMO DE CARBOIDRATOS 
Glicocorticoides são capazes de estimular a gliconeogênese pelo 
fígado. Possui efeitos antagônicos aos efeitos da insulina, porque a 
insulina estimula a síntese de glicogênio no fígado e inibe as enzimas 
envolvidas na produção de glicose. 
Cortisol aumenta as enzimas necessárias para a conversão de 
aminoácidos em glicose pelas células hepáticas. Além disso, provoca 
a mobilização de aminoácidos a partir dos tecidos extra-hepáticos, 
principalmente nos músculos. 
❖ Como resultado, mais aminoácidos são disponibilizados no 
plasma para entrar no processo de gliconeogênese pelo fígado 
e, assim, promover a formação da glicose. 
! Efeito global do cortisol é o aumento na produção de glicose pelo 
fígado. 
Cortisol também potencializa os efeitos de outros hormônios 
glicolíticos, tais como epinefrina e glucagon, para mobilizar a glicose 
em momentos de necessidade, como entre as refeições. 
Esse hormônio está associado a quadros de hiperglicemia derivada da 
resistência à insulina e, suspeita-se que isso se deve à inibição da 
translocação de GLUT 4 no músculo e no tecido adiposo. 
 
CORTISOL NO METABOLISMO DE PROTEÍNAS 
Cortisol promove a redução dos depósitos de proteínas em 
praticamente todas as células corporais, exceto no fígado, tanto pela 
diminuição da síntese de proteínas quanto pelo aumento do 
catabolismo das proteínas já presentes nas células. 
Na presença de grande excesso de cortisol, os músculos podem ficar 
tão fracos, que o indivíduo não consegue se levantar da posição 
agachada. 
O cortisol aumenta as concentrações plasmáticas e hepáticas de 
proteínas. Ao mesmo tempo que os efeitos dos glicocorticoides 
reduzem as proteínas nas demais partes do corpo, as proteínas 
hepáticas são aumentadas. 
Uma maior concentração plasmática de aminoácidos e seu transporte 
aumentado para as células hepáticas pelo cortisol também poderiam 
ser responsáveis pela utilização melhorada de aminoácidos pelo 
fígado, causando efeitos como: 
❖ Maior desaminação de aminoácidos pelo fígado. 
❖ Aumento da síntese proteica no fígado. 
❖ Formação maior de proteínas plasmáticas pelo fígado. 
❖ Gliconeogênese. 
CORTISOL NO METABOLISMO DE LIPÍDIOS 
❖ Aumenta a mobilização de ácidos graxos do músculo. 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
❖ Aumenta a oxidação de ácidos graxos nas células. 
❖ Leva menos glicose às células adiposas. 
A elevada mobilização de gorduras pelo cortisol, combinada à maior 
oxidação de ácidos graxos nas células, contribui para que os 
sistemas metabólicos celulares deixem de utilizar glicose para a 
geração de energia e passem a utilizar ácidos graxos em momentos 
de jejum/outros estresses. 
❖ Esse mecanismo do cortisol, entretanto, precisa de muitas 
horas para ficar plenamente funcional -> seu resultado não é 
tão rápido nem tão potente quanto o efeito semelhante 
provocado por diminuição da insulina. 
❖ Amplo uso de ácidos graxos para a geração metabólica de 
energia é fator importante para a conservação, em longo 
prazo, da glicose e do glicogênio corporais. 
O excesso de cortisol causa obesidade, uma vez que, resulta em um 
grau moderado de mobilização de ácidos graxos do tecido adiposo. 
Em muitas pessoas com excesso de cortisol, pode causar Síndrome 
de Cushing -> deposição excessiva de gordura no tórax e pescoço. 
 
AÇÃO IMUNOLÓGICA DOS GLICOCORTICOIDES 
Praticamente qualquer tipo de estresse físico/neurogênico provoca 
aumento imediato e acentuado da secreção de ACTH pela hipófise 
anterior, seguido, minutos depois, por grande aumento da secreçãoadrenocortical de cortisol. 
Diferentes tipos de estresse que aumentam liberação de cortisol: 
❖ Trauma. 
❖ Infecção. 
❖ Calor/frio intensos. 
❖ Injeção de norepinefrina e outros fármacos simpatomiméticos. 
❖ Cirurgia. 
❖ Injeção de substâncias necrosantes sob a pele. 
❖ Restrição dos movimentos do animal. 
❖ Doenças debilitantes. 
Os glicocorticoides causam rápida mobilização de aminoácidos e 
gorduras a partir de suas reservas celulares, tornando-os disponíveis 
para a geração de energia. 
1. O tecido lesado pode utilizar parte desse aminoácido disponível 
para regenerar a parte lesada. 
Em geral, o cortisol não mobiliza as proteínas funcionais básicas das 
células, tais como as proteínas musculares contráteis e as proteínas 
de neurônios, até que praticamente todas as demais proteínas 
tenham sido liberadas. 
2. Esse efeito preferencial do cortisol na mobilização das proteínas 
lábeis poderia disponibilizar aminoácidos para as células que 
precisam sintetizar substâncias necessárias à vida. 
AÇÃO ANTI-INFLAMATÓRIA 
Possui efeitos anti-inflamatórios nos tecidos lesados por trauma, 
infecção bacteriana/outros fatores. A administração de grande 
quantidade de cortisol, geralmente, pode bloquear essa inflamação 
ou até mesmo reverter seus efeitos de uma resposta imunológica 
lesiva. 
Inflamação tem 5 estágios principais: 
1. O tecido lesado libera citocinas próinflamatórias como: 
histamina, bradicinina, enzimas proteolíticas, prostaglandinas e 
leucotrienos. 
2. Essas substâncias promovem um aumento do fluxo sanguíneo 
na área inflamada. 
3. Edema causado por extravasamento de grande quantidade de 
plasma para as áreas lesadas. 
4. Infiltração da área por leucócitos. 
5. Após dias/semanas, o crescimento do tecido fibroso que, 
frequentemente, contribui para o processo regenerativo. 
Nesse sentido, o glicocorticoide exerce 2 efeitos anti-inflamatórios 
básicos: 
❖ Bloqueio dos estágios iniciais do processo inflamatório, antes 
mesmo do início da inflamação considerável. 
❖ Diante da inflamação já iniciada, a rápida resolução da 
inflamação e o aumento da velocidade de regeneração. 
Isso porque o cortisol estabiliza as membranas dos lisossomos, que é 
um dos mais importantes efeitos anti-inflamatórios -> torna muito 
difícil a ruptura das membranas dos lisossomos intracelulares, 
reduzindo a liberação de enzimas proteolíticas que lesam o tecido. 
Cortisol também reduz a permeabilidade dos capilares, 
provavelmente como efeito secundário da redução da liberação de 
enzimas proteolíticas -> essa redução da permeabilidade impede a 
perda de plasma para os tecidos. 
Cortisol reduz a migração de leucócitos para a área inflamada e a 
fagocitose das células lesadas. 
Pode diminuir a formação de prostaglandinas e leucotrienos, que 
aumentariam a vasodilatação, permeabilidade capilar e mobilidade 
dos leucócitos. 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
Cortisol suprime o sistema imunológico, reduzindo 
acentuadamente a reprodução de linfócitos -> isso porque promove 
a atrofia do timo e de outros tecidos linfoides. Em decorrência disso, 
reduz os danos teciduais derivados da ação dos Linfócitos T, bem 
como reduziria a liberação de IL-1 e, consequentemente, a febre -> 
diminuição da temperatura reduz o grau de vasodilatação. 
❖ Cortisol apresenta um efeito praticamente global na redução 
de todos os aspectos do processo inflamatório. 
Cortisol provoca a resolução da inflamação -> efeito imediato é o 
bloqueio da maior parte dos fatores que favorecem a inflamação. 
Além disso, ocorre aumento da regeneração. 
OUTROS EFEITOS DOS GLICOCORTICOIDES 
❖ Cortisol diminui a função do eixo reprodutivo nos níveis 
hipotalâmico, hipofisário e gonodal. 
❖ Cortisol inibe a proliferação de fibroblastos e a formação de 
colágeno -> na presença de grandes quantidades de cortisol, a 
pele fica delgada e é lesada com mais facilidade. 
❖ Cortisol inibe a secreção e ação do ADH e, portanto, é um 
antagonista do ADH. 
❖ Cortisol aumenta a taxa de filtração glomerular, tanto por meio 
de um aumento do débito cardíaco quanto pela ação direta nos 
rins. 
❖ Glicocorticoides aumentam a reabsorção óssea. 
❖ Quando os níveis de cortisol são excessivos, fraqueza e dor 
muscular são sintomas comuns. 
❖ Cortisol aumenta a motilidade do TGI, aumenta a produção de 
ácidos e enzimas gastrointestinais. O cortisol estimula o 
apetite, logo, o hipercortisolismo frequentemente está 
associado a um ganho de peso.

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