Buscar

Objetificação Feminina

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR 
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas 
Departamento de Sociologia 
 
 
Objetificação Feminina 
 
 
 
Mariana Sofia Ribeiro Esteves 
 
 
 
Trabalho desenvolvido para disciplina de Oficina de Trabalho Científico 
Licenciatura em Sociologia 
(1º ciclo de estudos) 
 
 
 
Professor: Ivan Rodrigo Novais 
 
 
 
 
Covilhã, Maio de 2021 
ÍNDICE 
ESTADO DA ARTE ......................................................................................................... 4 
1. Conceito de objetificação feminina..................................................................................4 
2. O desenlace da objetificação: em que momentos do nosso quotidiano nos é possível 
identificar práticas de objetificação sobre a mulher?.........................................................4 
2.1. Desigualdades de género..............................................................................................4 
2.2. Violência doméstica.....................................................................................................5 
2.3. Assédio sexual..............................................................................................................6 
2.4. Prostituição..................................................................................................................7 
2.5. Violência sexual...........................................................................................................8 
2.6 Femicídio......................................................................................................................8 
3. Auto-objetificação como consequência..........................................................................9 
CONCLUSÃO ................................................................................................................. 10 
BILBIOGRAFIA (mín. 10) .......................................................................................... 11 
 
INTRODUÇÃO 
A objetificação das mulheres, é um tema já por muitos considerado ultrapassado e que 
no seu sentido mais lógico, deveria ser. Por ser um assunto já intensivamente discutido 
desde finais do século XIX, não deveria continuar a fazer parte dos maiores problemas 
sociais que se vivem na atualidade. Atualmente, já nos deveria ser possível viver numa 
sociedade em que todos somos seres humanos e não objetos de deleite sexual. A 
objetificação das mulheres, para além de por si só já ser uma questão controversa, 
também tem as suas agravantes. Todos os anos as mulheres fazem parte da maioria 
percentual de vítimas de violência doméstica, abusos sexuais, homicídios e até mesmo 
suicídios. 
Esta investigação foi segmentada essencialmente com base nos dados estatísticos da 
instituição portuguesa APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), responsável 
por prestar apoio às vítimas de maus-tratos, quer psicológicos, quer físicos, que 
disponibiliza uma vasta rede de contactos para assistência, simultaneamente, com o 
suporte de artigos de notícias, bem como, da constituição portuguesa e de outros estudos 
previamente realizados. 
O objetivo primordial deste estudo é analisar e refletir sobre as mais pequenas situações 
que decorrem no nosso quotidiano e que têm influência no desenvolvimento intelectual 
e social da mulher, assim como as suas repercussões. Ademais do conceito de 
objetificação feminina, serão inclusive abordados um conjunto de conceitos como 
desigualdades de género, violência doméstica, assédio sexual, prostituição, violência 
sexual, femícidio e auto-objetificação, os quais, retratam os tipos de violência exercidos 
sobre a mulher, que consequentemente, surgiram através do fenómeno de objetificação 
feminina. 
 O propósito da temática é resultado da incompreensão das mais diversas ocorrências 
diárias a respeito deste tópico, o que motivou a investida de alcançar a origem, as causas 
e as consequências de tais acontecimentos que subsistem tão permanentemente na 
sociedade, impedindo-a de erradicar o patriarcalismo e prosperar para uma sociedade 
igualitária. 
ESTADO DA ARTE 
1. Conceito de objetificação feminina 
A objetificação de uma pessoa consiste na sua análise enquanto objeto, sem considerar a 
sua componente psicológica e emocional. Ao objetificarmos a mulher estamos a enfatizar 
preferencialmente a sua imagem corporal, a tudo o resto que a define enquanto indivíduo 
e ser humano, desde a sua personalidade, o seu intelectual, as suas emoções e 
sentimentos, à sua liberdade e por aí em diante. Este termo, “objetificação feminina”, 
apareceu no início da década de 70 com o objetivo de tentar explicar este fenómeno, que 
trata da mulher como se de um mero objeto sem qualquer relevância, para além de 
material, se tratasse. 
2. O desenlace da objetificação: em que momentos do nosso quotidiano 
nos é possível identificar práticas de objetificação sobre a mulher? 
As situações com base na objetificação da mulher são cada vez mais recorrentes e 
presentes no nosso dia-a-dia, chegando até a ser normalizadas, considerada a sua 
frequência. Este sintoma de objetificação, do qual todas as mulheres sofrem, não começa 
a partir do momento em que estas saem de casa para a rua, estaríamos a ser hipócritas 
se disséssemos que acreditamos nisso, pois esta manifestação começa muitas vezes 
dentro da própria casa e em autoria da própria família. Começando pelo trabalho não 
remunerado em casa, onde a mulher é responsável por realizar a maior parte ou todas as 
tarefas domésticas e cuidar dos filhos sozinha, sem qualquer remuneração e sem o apoio 
do companheiro. No mercado de trabalho, ao qual a mulher atualmente já tem acesso, 
mas é tendencialmente excluída dos cargos de poder e a sua remuneração é bastante 
inferior à do homem. Até mesmo nas relações íntimas, existe este carácter patriarcal, 
enraizado na cultura das sociedades, que não se cessa nem com os vínculos afetuosos 
próprios de uma relação amorosa. 
Analisemos então, várias ocasiões já categorizadas e provenientes da objetificação 
feminina que se processam diariamente, quer na esfera pública, quer na privada. 
2.1. Desigualdade de género 
Para além das disparidades económicas e o acesso desigualitário aos altos cargos de 
empresas entre o sexo feminino e masculino, também os papéis desempenhados pelo 
homem e pela mulher são construídos culturalmente, através dos processos de 
socialização. Assim como nos é amestrado desde crianças que o rosa é para as meninas e 
o azul para os meninos, igualmente somos treinados para como a sociedade expecta que 
nos comportemos de acordo com o nosso sexo biológico. Enquanto “as meninas são 
incentivadas a serem passivas, sensíveis, dependentes e todos os seus jogos infantis 
reforçam o seu papel de mãe, dona de casa (...)” (Cabral e Dias, 1998, p. 1), os meninos 
têm mais liberdade para brincar na rua, nomeadamente jogos desportivos ou de 
combate, onde subtilmente aprendem o que é o poder e ao invés das meninas, são 
incentivados a serem firmes e independentes. Estes exemplos ilustram as 
dissemelhanças que são praticadas entre os dois sexos desde a nossa infância, mas este 
processo estende-se até ao final de vida dos indivíduos, ocorrendo sobretudo nos âmbitos 
do trabalho, poder e sexualidade ou relações íntimas (ou cathexis), fundamentando-nos 
na “ordem de género” de Connell. No primeiro e segundo caso, o trabalho do homem e 
da mulher difere quer na esfera doméstica quer na pública, onde a mulher fica 
sobrecarregada com o trabalho doméstico para além do trabalho laboral, enquanto o 
homem geralmente descarta o trabalho doméstico e no trabalho laboral tem 
oportunidade de exercer cargos de maior poder e mais bem remunerados. Por fim e no 
terceiro ponto, enquanto o prazer sexual nos homens é socialmente considerado uma 
prova da sua masculinidade, nas mulheres é totalmente reprimido desde jovens e até 
considerado indecente, ademais de, o papel de reprodução ser exclusivamente uma 
capacidadebiológica da mulher, o que sob outra perspetiva não lhe traz qualquer 
vantagem sobre o homem, pois limita as suas oportunidades de trabalho e pode ainda 
ser uma fonte de poder para o homem, na medida em que (tradicionalmente) necessita 
deste para reproduzir. 
2.2. Violência doméstica 
De acordo com a APAV1, constitui-se por violência doméstica qualquer comportamento 
criminoso ou prática de maus-tratos, sejam eles físicos ou psicológicos, 
independentemente da sua frequência, entre (ex-)cônjuges, (ex-)namorados, (ex-)uniões 
de facto e descendentes de primeiro grau, quer pertençam ao mesmo agregado familiar 
ou não, assim como o exercício deste tipo de comportamentos sobre pessoas idosas, 
doentes, grávidas ou dependentes economicamente, no caso de partilha de habitação. 
Especificam-se ainda, seis tipos de comportamentos abusivos dentro da esfera da 
violência doméstica: a violência emocional, que implica ações que façam o outro sentir 
medo ou inutilidade; a violência social, que diz respeito ao controlo da vida social da 
vítima; a violência física, que comporta qualquer atentado à integridade física; a violência 
sexual, que se aplica em tentativa de forçar o outro a atos sexuais indesejáveis; a violência 
financeira, remete-se para qualquer tentativa de controlo monetário como o ordenado 
 
1 APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima. 
ou exigir justificações dos gastos efetuados; e por último, a perseguição como tentativa 
de intimidar a vítima, quer esta se encontre na sua habitação ou fora dela. 
2.3. Assédio sexual 
Uma das decorrências da objetificação feminina é o assédio. Todos os dias as mulheres 
se deparam com episódios de assédio, nem que seja aquele “olhar embasbacado” vindo 
dos olhos de um indivíduo do sexo masculino, que estas descrevem como completamente 
vazio e ultraje. Existem determinados atos que não poderão ser criminalizados, como 
este olhar que acabámos de referir, pois violam a liberdade de quem os pratica. 
Contrariamente ao provérbio popular que estamos acostumados a ouvir “olhar não 
ofende”, este olhar é ofensivo, no entanto, proibir um indivíduo de olhar para onde quer 
que fosse seria retirar-lhe a sua liberdade individual e entrar numa espiral matriarcalista. 
Não obstante, existem outros tipos de atos que já foram previamente criminalizados. De 
acordo com o artigo 170.º do Decreto-Lei n.º 48/95 do Diário da República, é 
considerado crime de “Importunação sexual”, 
“Quem importunar outra pessoa, praticando perante ela atos de 
carácter exibicionista, formulando propostas de teor sexual ou 
constrangendo-a a contacto de natureza sexual, é punido com 
pena de prisão até 1 ano ou com pena de multa até 120 dias, se 
pena mais grave não lhe couber por força de outra disposição 
legal.” 
Este crime, apesar de ser o mais frequente, é considerado dos menos graves do Código 
Penal e constitui um grave dano à liberdade feminina. Vejamos este artigo produzido por 
Nuno Guedes para a Rádio Notícias, “Assédio sexual na rua leva mulheres a pensarem 
duas vezes no que vestem”: 
“Quase 78% das mulheres dizem já ter sofrido assédio sexual em 
locais públicos, mas apenas 25% afirma que alguém a ajudou 
nessa situação. (...) Daniel Cotrim afirma que este é um problema 
a que a maioria já nem liga, de tão habitual e por estar enraizado 
na cultura de várias sociedades, incluindo na portuguesa. A 
esmagadora maioria das vítimas deste assédio sexual são 
mulheres ou raparigas e a APAV recorda situações como os 
piropos ou o assédio em transportes públicos, "algo recorrente e 
de que muitas mulheres se queixam, falando em 'alguém' que se 
vai encostando a elas...". Para a APAV, o assédio sexual é diário e 
atinge as mulheres com "piropos desagradáveis que elas ouvem 
vezes sem conta" e que "leva as mulheres a pensarem duas vezes 
no que vestem com medo de causarem algum incidente".” 
De forma a entendermos de que forma as desigualdades de género se pronunciam no 
contexto de assédio sexual, vejamos os dados estatísticos divulgados pelo jornal Público 
através de um estudo científico, a 2 de Junho de 2015, que evidenciam as discrepâncias de 
género, neste caso no local de trabalho: 
 
2.4. Prostituição 
O domínio da prostituição não compreende apenas atos ou favores sexuais em troca de 
dinheiro, pode também desenvolver-se a fim de benesses profissionais ou retribuições 
de bens materiais, por exemplo. 
- “A profissional do sexo não existe sem o cliente.” (Ceccarelli, 2008, p. 10). 
Legal ou não, se existe, é porque há procura. Ambos procuram satisfazer as suas 
necessidades, sejam elas sexuais no caso do comprador, ou sejam elas financeiras no caso 
do vendedor. A dicotomia entre a sua erradicação e legalização, sustenta-se 
simultaneamente numa sociedade que a pune em prol da moral e que também a manobra 
para a manter ativa aquando da sua necessidade se justificar. Estima-se, segundo a Liga 
Feminista do Porto, que 98% dos trabalhadores de sexo são do sexo feminino e que 98% 
dos compradores são do sexo masculino. Porém, 85% das mulheres começou a 
prostituir-se por dificuldades económicas e 90% desejaram em algum momento deixar 
de se prostituir. 
Homens vítimas de assédio moral
17%
Homens vítimas de assédio 
sexual
9%
Mulheres vítimas de assédio 
moral
40%
Mulheres vítimas de assédio 
sexual
34%
VÍTIMAS DE ASSÉDIO NO LOCAL DE TRABALHO: 
CONSOANTE O SEXO E A TIPOLOGIA.
 
O mercado da prostituição é o meio de objetificação feminina mais visível e percetível a 
ambos os sexos, uma vez que, mais do que a simples venda de prazer sexual, é sobretudo 
o corpo feminino que é vendido enquanto objeto desse mesmo prazer sexual. 
2.5. Violência sexual 
Define-se por violência sexual qualquer ato ou tentativa de ato sexual indesejado, 
comentários ou contactos de teor libidinoso. Esta prática tem consequências 
extremamente graves a nível físico, psicológico e emocional da vítima, assim como nas 
suas futuras relações sociais e íntimas. Os efeitos deste tipo de violência variam de acordo 
com fatores como a idade da vítima, o tipo, a gravidade, a duração, a relação com o 
agressor, a experiência de vida da vítima e o significado que lhe atribuiu, as reações dos 
outros e o apoio que recebeu após o acontecimento. Fisicamente a vítima poderá 
apresentar lesões quer a nível físico ou biológico, infeções sexualmente transmissíveis ou 
outro de tipo, problemas no sistema reprodutor, assim com gravidezes indesejadas e 
abortos, perdas de apetite, insónias e pesadelos. A nível psicológico pode vir a 
desenvolver depressão, stress pós-traumático, ansiedade, pânico, fobia ou aversão 
sexual. Quanto às relações sociais e íntimas, a vítima tende a isolar-se, a apresentar 
desconfiança em relação aos outros e dificuldade em relacionar-se, bem como a perda de 
interesse pelos seus hobbies. 
2.6. Femícidio 
Esta espiral infinda, que se produziu em torno do corpo feminino, desencadeou 
consequências ainda mais graves do que as que já foram referidas nos cinco pontos 
precedentes, tal que o homicídio feminino é agora qualificado como femícidio. Este 
conceito surgiu na necessidade de revelar a incidência do machismo presente nos crimes 
de homicídio sobre mulheres e fazer-se excluir tentativas de justificação ocasional. Todos 
os anos milhares de mulheres perdem a vida às mãos de companheiros ou, e sobretudo 
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Abandonaram os estudos aos 16 anos.
Entrou no mercado por dificuldades
económicas.
Desejaram deixar de se prostituir.
DADOS SOBRE POSTITUIÇÃO EM PORTUGAL
% de mulheres
ex-companheiros. Estima-se que em Portugal tenham ocorrido mais de 500 femícidios 
desde 2015, de acordo com o artigo publicado pelo Observador em 22 de novembro de 
2019. Os (ex-)companheiros das vítimas de femícidio justificam os crimes cometidos 
com motivos de traição, ciúmes, desprezo, aversão ao sexo feminino, mas a sua causa é 
particularmente a honorabilidade e o poder. Ainda que vivamos num mundo mais 
democrático, os sintomas machistas e patriarcaiscontinuam enraizados nas nossas 
culturas, em que as mulheres são subtilmente treinadas para serem submissas ao 
homem, o que revela dignidade e bom comportamento da parte das mesmas, e os 
homens são ensinados a procurar intensivamente pelo poder e virilidade, que obtêm na 
submissão da mulher, não se procedendo apenas nas relações íntimas, mas também nas 
relações de trabalho e interpessoais. 
 
3. Auto-objetificação como consequência 
É através dos processos de socialização que aprendemos desde crianças a nossa cultura 
e como viver em sociedade. Assim como aprendemos a falar uma língua específica, a 
como nos comportar, o que é certo ou errado e no que devemos acreditar, também nos 
são transmitidos os valores que a nossa cultura absorveu com o acumular dos anos e que 
podem ser positivos, assim como negativos. O patriarcado é um valor que se encontra 
sólido na sociedade desde que há registo e que se fundamenta em os homens dominarem 
as mulheres, seja na esfera pública ou privada, que tem como requisito necessário ao seu 
sustento, a violência e a desumanização da mulher. Este conceito encontra-se vinculado 
de tal forma às culturas, que as próprias mulheres começaram a absorver e produzir estes 
valores. A auto-objetificação é definida pela interiorização da imagem que os outros 
produzem de nós, levando-nos a exigir que apresentemos determinados 
comportamentos e características físicas. A marca de roupa íntima feminina Victoria’s 
Secret representa o estereótipo que imensas as mulheres vêm como o físico ideal, mas 
também pouco saudável para a saúde, já que por várias as vezes surgiram relatos de 
modelos da marca que foram obrigadas a passar fome, enquanto treinavam até à 
exaustão para cumprirem os requisitos da marca. Para se ser uma modelo Victoria’s 
Secret é necessário cumprir determinadas medidas físicas como ter entre 1,70 a 1,85 
metros de altura e 61 centímetros de cintura, por exemplo. Mais do que antinaturais e 
prejudiciais à saúde, são na maioria das vezes impossíveis de alcançar devido à estrutura 
óssea. Não obstante, também os transtornos psicológicos vêm a surgir com estes padrões 
de beleza, como a falta de autoestima, depressão, distúrbios alimentares e por aí fora. É 
necessário sabermos aceitar a nossa natureza biológica, que nos dá a unicidade que 
temos e não nos permite ser uma mera reprodução daquilo que os outros são. 
 
CONCLUSÃO 
Ao executar este estudo, depreendi que o conceito de objetificação feminina é muito mais 
complexo do que de antemão aparenta ser, ajustando-se então o seu desenvolvimento às 
ocorrências que mais impacto têm visivelmente. Poderiam ainda ter-se discutido alguns 
outros conceitos, que se fazem sentir de forma mais subtil como a propaganda, os 
programas de entretenimento, a moda, o cinema, a educação, a religião e muito mais 
havia para referir. 
A conceção de objetificação feminina não tem uma origem própria, provém da fusão de 
um conjunto extremamente abrangente de conceitos e contextos, que padecem de uma 
finalidade apenas: reprimir a mulher e reduzi-la à insignificância de um corriqueiro 
objeto. 
Embora estas situações tenham ficado mais expostas e lhes tenha sido atribuído um 
suporte maior por parte das instituições, a legislação portuguesa fica ainda muito aquém 
do necessário, ou apenas não se faz cumprir em grande parte dos casos. A mulher é 
considerada o sexo fraco. 
Apesar de os padrões se estarem a alterar, a entrada da mulher no mercado de trabalho 
não teve alterações assim tão significativas no contexto doméstico. Anteriormente, a 
mulher não trabalhava e ficava responsável por assegurar a casa e os filhos, e atualmente, 
realiza todas essas tarefas em simultâneo. 
A maior conclusão a que cheguei foi que a sociedade teve milhares de anos para se 
desenvolver e evoluir, mas escolheu apenas avançar no que lhe foi conveniente. Evoluiu 
no conhecimento, na tecnologia, na ciência, mas não evoluiu ética e moralmente. 
Ainda que tenhamos ficado a perceber um pouco melhor este conceito, o estudo foi 
limitado às suas exigências e muito mais havia a desenvolver.
BILBIOGRAFIA 
“Estatísticas APAV – Relatório Anual 2020” (2021), em Associação Portuguesa 
de Apoio à Vítima, consultado a 10/05/2021, em 
https://apav.pt/apav_v3/images/pdf/Estatisticas_APAV_Relatorio_Anual_2020.pdf. 
“Importunação sexual”, Artigo 1.º do/a Lei n.º 59/2007 - Diário da República n.º 
170/2007, Série I de 2007-09-04, em vigor a partir de 2007-09-15. 
“Mais de 500 mulheres assassinadas em Portugal nos últimos 15 anos, 28 em 
2019”, em OBSERVADOR, consultado a 6/05/2021, em 
https://observador.pt/2019/11/22/mais-de-500-mulheres-assassinadas-em-portugal-
nos-ultimos-15-anos-28-em-2019/. 
“Prostituição – violência contra as mulheres”, em Liga Feminista do Porto, 
consultado a 3/05/2021, em https://www.ligafeministadoporto.site/prostituicao. 
Bandeira, Lourdes Maria e Magalhães, Maria José (2019) “A transversalidade dos 
crimes de femícidio/feminicídio no Brasil e em Portugal”, em Revista da Defensoria 
Pública do Distrito Federal, Brasília, v. 1, n. 1, pp. 26-56. 
Cabral, Francisco e Diaz, Margarita (1998) “Relações de gênero”, em Cadernos 
afetividade e sexualidade na educação: um novo olhar, Belo Horizonte: Gráfica e 
Editora Rona Ltda, p. 142-150. 
Campanha “Violência Doméstica” (2011), em Associação Portuguesa de Apoio à 
Vítima, consultado a 15/05/2021, em https://apav.pt/vd/index.php/features2. 
Cardoso, Nuno (2016), “Medidas, simpatia e sedução, os requisitos dos anjos da 
moda” em Diário de Notícias, consultado a 18/05/2021, em 
https://www.dn.pt/pessoas/medidas-simpatia-e-seducao-os-requisitos-dos-anjos-da-
moda-5474466.html 
Ceccarelli, Paulo Roberto (2008), “Prostituição – Corpo como mercadoria”, 
consultado a 16/05/2021, em http://www.ceccarelli.psc.br/texts/prostituicao-corpo-
mercadoria.pdf. 
CITE, “Disparidades salariais entre homens e mulheres em Portugal”, em 
Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, consultado a 13/05/2021, em 
http://cite.gov.pt/pt/acite/disparidadessalariais_05.html. 
França, Ana, Beleza, Joana e Paes, Carlos (2019) “Sabe quantas mulheres já 
sofreram de assédio em Portugal? O número é esmagador” em Expresso, consultado a 
10/05/2021, em https://expresso.pt/multimedia/259/2019-03-21-Sabe-quantas-
mulheres-ja-sofreram-assedio-sexual-no-trabalho-em-Portugal--O-numero-e-
esmagador-1. 
Gomes, Izabel Solyszko (2010), “FEMÍCIDIO: a mal anunciada morte de 
mulheres” em Revista de Políticas Públicas, vol. 14, n.1 (janeiro/junho), pp. 17-27. 
Guedes, Nuno (2020), “Assédio sexual na rua leva mulheres a pensarem duas 
vezes no que vestem”, em TSF Rádio Notícias, consultado a 17/05/2021, em 
https://www.tsf.pt/portugal/sociedade/assedio-sexual-na-rua-leva-mulheres-a-
pensarem-duas-vezes-no-que-vestem--11893718.html. 
Loureiro, carolina Piazzarollo (2014), “CORPO, BELEZA E AUTO-
OBJETIFICAÇÃO FEMININA”, Vitória, Universidade Federal do Espírito Santo, 
Programa de Pós-Graduação em Psicologia. 
Lusa (2015), “Mais de 1,5 de milhões de pessoas vítimas de assédio moral ou 
sexual no emprego” em PÚBLICO, consultado a 18/05/2021, em 
https://www.publico.pt/2015/06/02/sociedade/noticia/mais-de-15-de-milhoes-de-
pessoas-vitimas-de-assedio-moral-ou-sexual-no-emprego-1697708.

Outros materiais