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Victoria Chagas 1 DOENÇA DE PARKINSON O QUE É? - A doença de Parkinson é um transtorno do movimento hipocinético, sendo uma doença neurodegenerativa progressiva, responsável por aproximadamente 80% dos casos de parkinsonismo (principal causa) – bradicinesia, rigidez, instabilidade postural e tremor de repouso. EPIDEMIO - É a segunda doença neurodegenerativa mais comum, perde apenas para o Alzheimer - Acomete cerca de 1-3% da população >65 anos - Sintomas geralmente surgem >50 anos - Se em <40 anos é de início precoce (10%) e se <20 anos é chamada de Parkinson juvenil (raro) - A taxa de incidência é ligeiramente maior em homens (3:2) ETIOFISIO PATOLO GIA ➢ ETIOLOGIA - A etiologia dessa doença é multifatorial: envelhecimento normal, influência genética, fatores ambientais e tóxicos (exposição a pesticidas e metais, desnutrição, obesidade). - Em cerca de 10-15% dos casos é de causa genética → geralmente de início precoce. ➢ FISIOPATOLOGIA - A doença de Parkinson está associada à morte de neurônios dopaminérgicos presentes na substância negra, ocorrendo uma ↓ da quantidade de dopamina o Condição normais → substância negra libera dopamina → vai para o estriado e inibe a acetilcolina → o córtex motor é inibido o tempo todo pela acetilcolina, sem esse NT que foi inibido pela dopamina, córtex motor ATIVADO o Doença de Parkinson → pouca dopamina e muita acetilcolina → estriado ativado (devido acetilcolina aumentada) → Córtex pré-motor INIBIDO pela ação da acetilcolina → diminuição da atividade motora (paciente duro, lento e com tremor fino de extremidade) - A dopamina também participa dos circuitos dos núcleos da base → via nigroestrial - Sintomas não-motores decorrem em grande parte do envolvimento de estruturas fora dos núcleos da base → 20 anos antes podem ter sintomas devido perda de células nervosas no plexo entérico e porção bulbo olfatória que levam a constipação e hiposmia – teoria que os corpos de Lewy começa no tronco e bulbo olfatório e se espalham até chegar na substância negra • Acúmulo de proteína alfasinucleína - É uma sinucleinopatia marcada pelo acúmulo de proteína alfasinucleína no tecido neuronal caracterizando o surgimento de corpos de Lewy → libera peptídeos tóxicos causando danos e morte neuronais e, consequentemente, ocasionando a perda de neurônios dopaminérgicos • Sistema extrapiramidal - SISTEMA EXTRAPIRAMIDAL (córtex pré-motor, núcleos da base (núcleo caudado, putâmen e globo pálido), substância negra) – automatização dos movimentos → planejamento e execução - Também contribuem para funções afetivas e cognitivas. - As eferências das vias indireta e direta, dos núcleos da base para o córtex motor são opostas e cuidadosamente balanceadas: via indireta é inibitória, e a via direta é excitatória → Distúrbio em uma dessas vias prejudica o balanceamento do controle motor, ↑ ou ↓ a atividade motora. - O neurotransmissor que faz a conexão de volta para o estriado é a dopamina → é inibitória (receptores D2) na via indireta, e excitatória (receptores D1) na via direta - Na doença de Parkinson, as células da parte compacta da substância negra degeneram, e isso vai dificultar o movimento devido a função da dopamina nas vias direta e indireta - Quando os sintomas se manifestam, a substância negra já perdeu cerca de 60% dos neurônios dopaminérgicos, e o conteúdo de dopamina do estriado é cerca de 80% inferior ao normal. DOENÇA DE PARKINSON Victoria Chagas 2 CLÍNICA - Manifestações não motoras (hiposmia, constipação, depressão e transtornos da fase REM do sono) podem estar presentes anos antes dos sintomas motores. - O início é insidioso, sendo tremor o 1ª sintoma motor em 70% dos casos - Geralmente sintomas são ASSIMÉTRICOS de INÍCIO UNILATERAL, progredindo para bilateral - Doença hipocinética (lenta) e hipertônica (dura) devido à falta de dopamina - É caracterizada pela síndrome parkinsoniana e alterações não motoras: • BRADICINESIA - ↓ da velocidade e amplitude dos movimentos - Dificuldade de realizar tarefas simples como abotoar roupas e amarrar cadarços. - É testada clinicamente com movimentos repetitivos rápidos e alternados (movimentos repetidos e rápidos dos dedos da mão e do pé, abertura e fechamento do punho, pronação e supinação do punho) • TREMOR DE REPOUSO - “Contar dinheiro” - Minimizado com o movimento - Geralmente unilateral piorando com o tempo e se tornando bilateral - Torna-se mais evidente em ansiedade, excitação emocional e estresse. • RIGIDEZ MUSCULAR - Aumento do tônus muscular e da resistência à movimentação passiva - Pode ser no padrão de “roda denteada”, quando ocorre uma sobreposição do tremor e da rigidez, ou padrão de “cano de chumbo” - resistência tônica durante movimentação passiva. • INSTABILIDADE POSTURAL - Postura flexionada e desequilíbrio → probabilidade aumentada de quedas - Os pacientes podem queixar-se da incapacidade de parar por si próprios, de ir para frente (propulsão) ou para trás (retropulsão). • OUTROS SINTOMAS MOTORES SÃO: ✓ Hipomimia → falta de expressão fácil com ato de piscar o olho reduzido ✓ Marcha parkinsoniana – arrastar das pernas, passos curtos e instabilidade – também a diminuição dos movimentos dos MMSS (marcha “em bloco”), festinação (aceleração involuntária com inclinação para frente – busca centro de gravidade), freezing (bloqueio de marcha) e cinesia paradoxal (melhora abrupta na marcha) ✓ Bloqueio motor – interrupção no movimento em curso ✓ Hipofonia – fala baixa e monótona ✓ Disfagia - Deglutição alterada com sialorreia ✓ Micrografia – letra pequena • SINTOMAS NÃO MOTORES → São muito comuns ✓ Disfunções cognitivas → alucinações, apatia, abulia ✓ Distúrbios de humor → ansiedade, depressão ✓ Distúrbios do sono → REM ✓ Disfunções autonômicas → hipotensão postural, disfunção sexual e urgência urinária ✓ Alterações olfatórias e gastrointestinais – anosmia e constipação ✓ Dor e outros distúrbios sensitivos Victoria Chagas 3 DIAGNÓS TICO - Diagnóstico é clínico – confirmado com resposta à levodopa e evolução da doença - Não há ainda um marcador biológico específico ou teste diagnóstico definitivo para DP. - O padrão-ouro é a apresentação, na autópsia, de corpúsculos de inclusão de Lewy. • Neuroimagens (TC e RM) → usados para exclusão de dxx de parkinsonismo • Neuroimagens funcionais (PET ou SPECT) → demonstram danos as vias nigroestriatais TRATA MENTO - O tratamento de pacientes com DP pode ser farmacológico, cirúrgico e não farmacológico. - O objetivo é melhorar a qualidade de vida dos pacientes, reduzir as incapacidades o quanto for possível com a menor dose efetiva de medicação, pois não há tratamento curativo. - Sintomas não motores como depressão, psicose, constipação e hipotensão postural devem ser tratados conforme necessidade Victoria Chagas 4 TRATA MENTO ➢ TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO - Realizar fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. - Podem ser indicadas em qualquer fase, sempre em combinação com medicamentos ➢ TRATAMENTO FARMACOLÓGICO o Agonistas dopaminérgicos → Pramipexole ropinerol - Usados em paciente mais jovens como terapia inicial, poupando a levodopa para usos mais tardios → apresentam atividade dopaminérgica semelhante à da levodopa, porém com maior meia-vida, diminuindo as flutuações. o Levodopa - A levodopa deve ser sempre administrada com inibidor da enzima que a degrada (Benserazida e Carbidopa) → aumentar biodisponibilidade no SNC. - Principal linha de tratamento - Efeito é maior na bradicinesia, rigidez e instabilidade postural, sendo menos eficaz no tremor. - O seu efeito torna-se cada vez menor após os primeiros três anos de tratamento, quando há necessidade de doses mais altas → diversos efeitos colaterais (flutuações motoras) - O tratamento deve ser iniciado com doses pequenas, aumentando-as de forma progressiva conforme a tolerância do paciente. o Inibidores da COMT → Tolcapone, entacapone - Usado em pacientes com flutuação motora - Esses medicamentos potencializam o efeito da levodopa, aumentando a meia-vida desta no SNC e reduzindo as flutuações motoras e as discinesias. o Inibidor da monoaminoxidase B (IMAO-B) → Selegilina e Rasalagina - Usado para DP leve - inicial - Atua inibindo a degradação da dopamina na fenda sináptica o Antiviral (antiglutamatérgico) → amantadina - Promove piora cognitiva e confusão mental → cuidar em idosos - Pode ser usado no início ou em estágios mais avançados com discinesia. o Anticolinérgicos → cloridrato de triexifenidil e biperideno - Em pacientes mais jovens (<65 anos – pode levar a demência) para tratar o tremor - Os anticolinérgicos não são administrados com frequência devido à pouca tolerabilidade e eficácia. Podem ser utilizados por pacientes jovens com tremor incapacitante. ➢ TRATAMENTO CIRÚRGICO • Estimulação cerebral profunda (DBS) → eletrodos bilaterais no núcleo ventral do tálamo, na região subtalâmico ou no globo pálido → estimular eletricamente • Cirurgia ablativa → queima núcleo subtalâmico ou globo pálido interno, devendo ser unilateral, sendo contralateral ao lado mais afetado - Talamotomia, palidotomia e subtalamotomia
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