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Fisiopatologia - Osteoartrose e Artrite Reumatoide

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Maria Eduarda Zen Biz | ATM 2025.1 
7° fase Medicina | 2022.2 
Fisiopatologia 
UCXIX
 
Osteoartrite e artrite reumatoide 
Osteoartrite 
Também chamada de artrose, artrite degenerativa ou ainda 
doença articular degenerativa. É um distúrbio caracterizado 
pela falência articular progressiva na qual todas as estruturas 
da articulação sofrem alterações patológicas. A alteração 
característica é a perda de cartilagem articular hialina, 
acompanhada pelo aumento da espessura e esclerose das 
placa óssea subcondral, crescimento excessivo de osteófitos 
na margem articular, etiramento da capsula articular e 
fraqueza muscular. 
 É uma doença das articulações diartrodiais (sinoviais) 
como as interfalângicas, úmero-ulnar, joelho, 
articulação coxo-femoral. 
É o tipo mais comum de doença articular, representando 
cerca de 30 a 40% das consultas em ambulatórios de 
Reumatologia, e uma das mais incapacitantes* 
 Ela é mais frequente após os 50 anos, mas pode afetar 
os jovens 
 É uma doença de início silencioso 
Articulações comumente afetadas na osteoartrite: coluna 
cervical e lombar, quadril, joelhos, 1° articulação 
carpometacarpeana, interfalangeanas distais, 
metatarsofalangeana. 
 Em todos os tipos de osteoartrite, a cartilagem articular 
é o principal alvo das alterações degenerativas → a 
cartilagem vai perdendo sua elasticidade e seu 
conteúdo de água → erosão progressiva desse tecido, 
expondo o osso subjacente. 
 Os condrócitos vão perdendo sua capacidade de 
sintetizar cartilagem e suas enzimas passam a degradar 
a cartilagem articular → diminuição da capacidade de 
absorção de impacto desempenhada pela articulação 
Causas: 
 O envelhecimento e os efeitos mecânicos são as 
principais causas, fatores genéticos também podem 
desempenhar um papel na doença. 
 Fatores de risco adquiridos são: idade, obesidade, 
trauma ou lesão articular. 
 Influências genéticas associadas à osteoartrite são: 
anomalias bioquímicas no colágeno e proteoglicanas, 
displasia congénita de quadril 
 Não existem ainda métodos para interromper a 
progressão desta doença e não existem meios 
satisfatórios de prevenção. 
Classificação etiológica da osteoartrite 
Osteoartrite idiopática primária: fenômeno do 
envelhecimento com disfunção das células da cartilagem 
que sofrem alterações metabólicas e bioquímicas, 
desencadeando inflamação. A doença afeta articulações 
isoladas (mãos, pés, joelhos, quadris, coluna, ombros), ou 
pode ser generalizada (incluis 3 ou mais das áreas citadas 
acima. 
Osteoartrite secundária: pode ser decorrente de lesões 
micro ou macrotraumáticas, como no atleta jovem. Pode ser 
decorrente da deformidade congênita de alguma 
articulação, devido à obesidade acentuada ou devido à outra 
patologia sistêmica como DM, AR, acromegalia, 
hipotireoidismo, displasias epifisárias. 
Achados laboratoriais: 
 VHS, provas de fase aguda, hemoglobina e leucograma 
normais. 
 O fator reumatoide está ausente na maioria dos 
pacientes, mas um número significativo de idosos pode 
exibir títulos baixos desse fator que não são 
diagnósticos de artrite mas estão associados ao 
envelhecimento. 
 Entre os marcadores mais estudados estão a 
hidroxiprolina, as proteínas oligoméricas de matriz 
cartilaginosa (COMP), o queratan sulfato, epítopos de 
sulfato de condroitina, pró-peptídeos do pró-colágeno 
tipo II, ácido hialurônico sérico, osteocalcina sérica e 
sialoproteína óssea. No entanto, atualmente, o uso 
desses marcadores com finalidades diagnósticas e 
prognósticas é limitado à pesquisa cientifica. 
 Sinovianálise: Ocasionalmente são observados 
fragmentos de cartilagem e cristais de hidroxiapatita no 
liquido sinovial. 
Maria Eduarda Zen Biz | ATM 2025.1 
6° fase Medicina | 2022.2 
Achados clínicos: A osteoartrite pode ser caracterizada 
clinicamente por dor e limitações funcionais. Exemplo: 
osteoartrose de joelhos - varo bilateral, mais marcado à 
esquerda, decorrente da perda de cartilagem articular no 
compartimento femorotibial medial, com perda do 
alinhamento articular. 
Achados radiológicos: osteófitos e estreitamento dos 
espaços articulares 
Ressonância magnética: pode ser usada para documentar 
lesões da cartilagem, meniscos e para fornecer dados sobre 
volume de cartilagem. Exemplo: osteoartrose de coluna 
cervical. Ressonância da coluna cervical no plano sagital, FSE 
T2, mostrando exuberantes osteófitos anteriores nos corpos 
de C3 e C4, comprimindo o esôfago e causando grave 
disfagia. 
Manifestações clínicas da osteoartrite 
 Dor articular profunda que piora com o uso; 
 Rigidez matutina, crepitação (sensação tátil que 
corresponde ao atrito de um fragmento ósseo contra o 
outro) e limitação do movimento. 
 Nas vértebras pode ocorrer pinçamento de nervos e a 
dor irradiar para outras regiões, espasmos musculares e 
atrofia muscular. 
A Osteoartrite de mãos é também chamada de Nodal. 
 É mais comum em mulheres do que em homens, relação 
10:1, tendo seu início por volta da 4ª e 5ª década da 
vida. 
 Via de regra, seu início coincide com as alterações 
hormonais próprias da menopausa. 
Artrite reumatoide 
Doença inflamatória sistêmica crônica, que pode afetar 
diversos tecidos e órgãos como pele, vasos sanguíneos, 
coração, pulmões e músculos, mas afeta principalmente as 
articulações. Apesar das características sistêmicas, o alvo 
principal é a membrana sinovial, que é responsável pela 
maior parte das manifestações clinicas. 
 A artrite reumatoide produz nas articulações uma 
sinovite proliferativa e inflamatória não-supurativa 
que geralmente progride para a destruição da 
cartilagem articular e anquilose das articulações. 
 O tecido sinovial prolifera de forma descontrolada, 
resultando em uma produção excessiva de liquido, 
destruição da cartilagem, erosão do osso marginal e 
dano aos tendões e ligamentos. 
Etiologia 
Desconhecida, porém a auto-imunidade desempenha um 
papel central no seu desenvolvimento crônico e progressão. 
 O desenvolvimento da AR parece necessitar da 
interação entre fatores genéticos e ambientais com o 
sistema imune. 
 Acredita-se que seja desencadeada pela exposição de 
um hospedeiro geneticamente suscetível a um antígeno 
artritogênico desconhecido. 
 Os auto anticorpos, particularmente o fator reumatoide 
(FR) e anticorpos antipeptídeos citrulinados (ACPA) 
antecedem as manifestações clinicas por anos (5 a 10 
anos) 
Genética: A genética desempenha um papel significativo na 
determinação tanto do risco de desenvolvimento da doença 
quanto do risco da sua gravidade. Atualmente está 
demonstrado que a AR é uma doença multigênica com 
contribuições importantes tanto dos genes dos sistema HLA 
(sistema de antígenos leucocitários humanos) 
Fatores Ambientais: O fato de a artrite reumatoide em geral 
não apresentar agregação familiar e a concordância de 
ocorrência entre gêmeos monozigóticos não passar de 15 a 
30% sugerem a interferência de outros fatores, 
possivelmente ambientais (incluindo o tabagismo), na 
prevalência e na gravidade da doença. 
Infecções: Sugere-se que, além da suscetibilidade genética e 
da participação dos fatores ambientais, seria necessária a 
presença de um antígeno específico, que desencadearia o 
processo inflamatório contra a membrana sinovial. Esse 
antígeno poderia ser endógeno e/ou exógeno. Diversos 
agentes já foram descritos como possíveis causadores: 
parvovírus, vírus da rubéola, Epstein-Barr vírus, HTLV-1, 
micoplasma e micobactérias. Apesar da indução de sinovite 
crônica em modelos experimentais por esses agentes, ainda 
não há provas conclusivas do seu papel na fisiopatogenia da 
doença. 
Fator Imune: A reação inflamatória contra a sinóvia seria 
desencadeada pela apresentação de um antígeno a um 
linfócito sinovial e possivelmente mantida pela presença do 
próprio antígeno desencadeante e da produção de 
mediadores, como interleucinas ou citocinas. Os linfócitos T 
CD4 + (predominantes na membrana sinovial) são capazes 
de produzir citocinas,atraindo e ativando macrófagos. Os 
macrófagos, por sua vez, produzem citocinas implicadas no 
desenvolvimento da artrite reumatoide e na manutenção do 
processo inflamatório como interleucina (IL) 1 e fator de 
necrose tumoral (TNF). Ainda, fibroblastos e células 
endoteliais, mantêm o processo inflamatório. A produção de 
anticorpos é também um elemento da patogênese da artrite 
reumatoide, havendo formação de complexos antígeno-
anticorpo e ativação do sistema do complemento. O 
exemplo clássico é o chamado fator reumatoide (FR), que é 
um anticorpo dirigido contra o fragmento Fc da 
imunoglobulina. A formação de imunocomplexos entre o FR 
e imunoglobulinas, com desencadeamento da cascata de 
ativação do complemento e de mecanismos de fagocitose, é 
fundamental tanto para a ocorrência da inflamação articular 
quanto dos processos extra-articulares. 
Fisiopatologia da artrite reumatoide 
Os tecidos sinoviais são o alvo primário do processo 
inflamatório autoimune. Uma vez iniciada a AR, os tecidos 
sinoviais em todo o corpo tornam-se o local de interação 
Maria Eduarda Zen Biz | ATM 2025.1 
6° fase Medicina | 2022.2 
entre células T, células B, macrófagos e células sinoviais. A 
proliferação dos tecidos sinoviais (sinovite) resultante 
acarreta a produção de quantidade excessiva de líquido 
sinovial e a infiltração do pannus no osso. A sinovite resulta 
na destruição da cartilagem, do osso marginal, e no 
estiramento ou ruptura dos ligamentos, dos tendões e das 
cápsulas articulares, levando as deformações características: 
desvio radial do punho e anormalidades de flexão e 
hiperextensão dos dedos, resultando em articulações 
deformadas e com pouco movimento. 
Pannus (nódulo reumatóide): é uma massa de células 
sinoviais e estroma sinovial com células inflamatórias, tecido 
de granulação, fibroblastos que crescem sobre a cartilagem 
articular, causando sua erosão. O pannus une os ossos 
opostos formando uma anquilose óssea 
Manifestações clínicas da artrite reumatoide 
 É incomum o início agudo. 
 Essencialmente, todos os pacientes apresentam 
algumas manifestações sistémicas como mal-estar, 
fadiga e dor musculoesquelética generalizada, antes das 
articulações serem afetadas. 
 Podem ocorre períodos de remissão, mas os sintomas 
sempre retornam e a doença é progressiva. 
Diagnóstico da artrite reumatoide 
Feito quando pelo menos 4 dos seguintes critérios estão 
presentes por pelo menos 6 semanas: 
 Rigidez articular matinal durando pelo menos 1 hora 
 Artrite em pelo menos três áreas articulares 
 Artrite de articulações das mãos: punhos, 
interfalangeanas proximais e metacarpofalangeanas 
 Artrite simétrica (por exemplo no punho esquerdo e no 
direito) 
 Presença de nódulos reumatóides 
 Presença de Fator Reumatóide no sangue 
 Alterações radiográficas: erosões articulares ou 
descalcificações localizadas em radiografias de mãos e 
punhos 
Exames de laboratório: hemograma, fator reumatoide, 
analise do liquido sinovial, proteína C reativa. 
 O teste de FR negativo não descarta a doença. Cerca de 
20% das pessoas com AR apresentarão níveis muito 
baixos ou indetectáveis do FR. Nestes casos, o teste de 
anticorpo anti -ACPA (Anticorpo antipeptídeo 
citrulinado cíclico) pode ser positivo e usado para 
confirmar a AR. 
 O resultado positivo para o teste de FR também pode 
ser observado em 1% a 5% de pessoas saudáveis e em 
algumas com doenças/estados clínicos como síndrome 
de Sjögren, esclerodermia, lúpus eritematoso sistêmico, 
sarcoidose, endocardite, tuberculose, sífilis, HIV/AIDS, 
hepatite, mononucleo se infecciosa, cânceres como 
leucemia e mieloma múltiplo, infecções parasitárias ou 
doenças hepáticas, pulmonares ou renais 
Avaliação da atividade da doença 
Recomenda-se que o médico avalie a atividade da doença 
periodicamente. Os parâmetros principais são: 
 Contagem do número de articulações dolorosas e do 
número de articulações edemaciadas, 
 Provas de atividade inflamatória (VHS, proteína-C-
reativa) 
 Avaliação da intensidade da dor, avaliação da 
mobilidade articular e da capacidade funcional. 
O exame radiográfico deve ser repetido, a critério clínico, 
para avaliar a progressão ou não da doença. 
Tratamento da artrite reumatoide 
AINES, Analgésicos, Cloroquina, Azatioprina, sulfazalazina, 
metotrexato, blooqueadores de TNF. 
Pode haver indicação de tratamento cirúrgico em situações 
onde medidas conservadoras não produzam controle dos 
sintomas, ou não permitam níveis mínimos aceitáveis de 
atividades de vida diária, como trabalho, atividades 
domésticas, deambulação por 30 minutos e independência. 
PROCEDIMENTOS: 
 Sinovectomia para sinovite por mais de seis meses, 
resistente ao tratamento conservador, na ausência de 
instabilidades grosseiras; 
 Correção de tendões e sinovectomia; 
 Debridamento articular e ressecção artroplástica; 
 Artrodese; 
 Artroplastias totais.

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