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A dor articular é um dos maiores problemas clínicos, levando o paciente a procurar tratamento, uma vez que incapacita a realização das atividades diárias, comprometendo a qualidade de vida do indivíduo. A dor articular pode ocorrer enquanto a articulação é mantida imóvel (dor espontânea), mas principalmente esta é induzida ou agravada durante movimentos ou com a estimulação mecânica da articulação comprometida, como quando recebe uma sobrecarga de peso. Tanto doenças inflamatórias como degenerativas das articulações estão entre as maiores causas de dores crônicas. Quanto ao número de articulações envolvidas, podemos classificar a artrite como monoartrite (uma articulação), oligoartrite (duas a quatro articulações) e poliartrite (mais que quatro articulações). Nas artrites inflamatórias os sintomas podem piorar com a imobilização. A dor da osteoartrite, a forma mais comum de artrite não inflamatória, frequentemente, é agravada pela movimentação, e melhora com o repouso. O envolvimento articular na AR costuma ser simétrico, enquanto na osteoartrite é assimétrico. A artrite será considerada aguda quando durar de quatro a seis semanas. Acima desse período, define-se como artrite crônica. Dentre as doenças que apresentam como sintoma a dor das articulações podemos destacar a artrite reumatoide (AR), a artrite idiopática juvenil (AIJ), a osteoartrite (OA), a gota, entre outras. O colágeno é o mais abundante dos materiais extracelulares encontrado nos tecidos conjuntivos. Diferentes tipos de colágeno estão encontrados em diferente tipos de tecidos. Por exemplo, o colágeno tipo 1 está presente em ossos, tendões e ligamentos, e o colágeno tipo 2 está presente na cartilagem articular e cartilagem hialina. As articulações são invervadas por fibras finas (fibras tipo C), amielínicas, de velocidade lenta, que são fibras pós ganglionares autônomas e responsáveis pela dor crônica. Os mediadores inflamatórios são liberados pela indução da sensibilização periférica das fibras aferentes primárias. Os principais mediadores inflamatórios são: Interleucina 1beta, TNF-alfa, Interleucina 17, prostaglandinas, bradicininas etc. Já os responsáveis a nível de SNC são: glutamato, neuropeptídeo (substância P) e as prostaglandinas espinhais. A cartilagem articular hialina é um tecido desprovido de vascularização e inervação, constituído 95% por uma matriz extracelular formada por macromoléculas e água. E por 5% de condrócitos. As propriedades da cartilagem são asseguradas pela composicão e organização ultraestrutural dos principais componentes da matriz: o colágeno, e os proteoglicanos. Cartilagem: A produção da matriz e sua adaptação às diferentes demandas biomecânicas é realizada pelo condrócito, que também produz citocinas, fatores de crescimento e enzimas capazes de degradar a cartilagem. Osso: Formado por uma matriz mineral e orgânica. É uma das principais estruturas pela qual se podem inferir os processos reumáticos da articulação nos métodos de imagem, tais como osteopenia periarticular, cistos, erosões e neoformação óssea. Sinóvia: Tecido composto por uma membrana de sinoviócitos delimitando um tecido conjuntivo frouxo, no qual existe uma rica circulação e células mononucleares. Responde pela nutrição, produção de líquido sinovial e reação imuno-inflamatória presente nas doenças reumáticas. Nessa circunstância hipertrofia-se e forma pseudo folículos linfóides. Líquido sinovial: É um filtrado do soro com propriedades de nutrição e defesa da cartilagem, e principalmente capacidade lubrificante muito eficiente conferida pelo ácido hialurônico. É normalmente amarelo transparente e tem até 200 células/mm3 . A dor articular é multifatorial. Depende da vivência clínica, de uma boa anamnese, exame físico, laboratorial e de imagem para definir sua causa. A dor articular aguda é aquela que dura até 3 meses, e a crônica mais de 3 meses. é uma artrite inflamatória crônica que atinge crianças e adolescentes, podendo ser sistêmica, osteoarticular (atinge menos de 5 articulações), poliarticular (atinge mais de 5 articulações). O processamento da dor no sistema nervoso juvenil é diferente dos adultos, os limiares nociceptivos são menores e o sistema de controle endógenos da dor são mais lentos. Pode-se observar também que as lesões teciduais que ocorrem na infância pode ter efeitos prolongados no desenvolvimento do sistema nociceptivo – isto é, pode levar a um “priming”- de tal forma que a dor associada à inflamação tecidual é potencializada na vida adulta. O diagnóstico é firmado pela presença de sinovite crônica, em qualquer articulação, há pelo menos 6 semanas em um paciente com menos de 16 anos. A sinovite é uma inflamação do revestimento sinovial, que se evidencia por edema e limitação da amplitude dos movimentos articulares, geralmente com calor, dor e rigidez. É doença reumática crônica mais comum da infância e pode ser causa de incapacidade a curto e longo prazo. O padrão de acometimento das articulações é simétrico, e em geral pelo menos 5 articulações estão envolvidas. Manifestações clínicas: rigidez matinal, aumento do volume da articulação, além do edema difuso dos dedos, dos pés ou das mãos. Articulação dos joelhos está entre as articulações mais afetadas. Na suspeita de AIJ pode-se pedir hemograma completo, VHS, dosagem de proteína C reativa e avaliação das funções renal e hepática, além da pesquisa de anticorpos antinucleares e fator reumatoide. Anti inflamatórios não esteroides e os corticoides orais ou intra articulares são fundamentais ao tratamento. Também é considerada uma doença de articulações, a mais comum das doenças das articulações, caracterizada por degeneração da cartilagem articular, remodelamento ósseo subcondral, formação de osteófitos e alterações sinoviais. É mais comum nas mãos, punho, cotovelo, ombro, joelho e pé – articulações de carga. A causa está relacionada ao envelhecimento e movimentos repetitivos e incorretos. Mas obesidade, trauma, cirurgias prévias, inatividade física e histórico familiar também está associada. A dor tem relação com o desgaste da cartilagem, a qual leva um osso encostar um no outro, e com o tempo acaba limitando a movimentação. Osteoartrite é uma resposta patofisiológica de uma articulação a um insulto mecânico. E ao mesmo tempo também é inflamatória causada por respostas de condrócitos e sinoviócitos. A dor é de caráter insidioso, protocinética (piora ao movimento). Ao exame físico, observam-se os desalinhamentos articulares, a hipotrofia da musculatura periarticular, a redução da amplitude do movimento articular e as crepitações. No Raio X: Os sinais mais característicos são a redução assimétrica do espaço articular e a presença dos osteófitos, que são decorrentes de proliferação óssea nas margens articulares. Se houver suspeita de infecção ou doença por deposição de cristais (como a gota), são indicadas a punção articular e a análise do líquido sinovial para avaliação da celularidade e pesquisa de cristais e culturas. Para inibir progressão da doença: glucosamina, condroitina e diacereína. É outra patologia que acomete as articulações e a dor é um dos principais sintomas. A gota é um tipo de artrite inflamatória decorrente de deposição anormal de monurato de sódico nas articulações, sendo caracterizada por níveis altos de ácido úrico no sangue (hiperuricemia). O ácido úrico, então em excesso na corrente sanguínea, vai depositar-se em tecidos articulares, causando o processo inflamatório. O quadro clínico mais comum da gota é a artrite aguda, geralmente de uma só articulação e de preferência nos membros inferiores.A grande maioria-70%- inicia com um quadro de podagra, isto é, inflamação do primeiro dedo do pé (hálux). Se não houver um tratamento adequado a doença pode evoluir para poliartrite crônica. Outra característica da gota são os tofos que são nódulos decorrentes do acúmulo de ácido úrico em tecidos extra articulares, como pavilhão auricular, ponta de nariz e superfícies extensoras de articulações, como cotovelos, joelhos e mãos. Os tofos aparecem em torno de 5 a 10 anos. Durante a crise de artrite, é importante ressaltar que os níveis de ácido úrico podem estar normais e até baixos. Então, deve-se solicitar o exame após pelo menos 20 dias da resolução da crise. Deve-se avaliar a função renal por meio da depuração de creatinina e a excreção renal de ácido úrico nas 24 horas. A gota tem um longo período assintomático (6 meses a 1 ano), mas quando ocorre um ataque agudo ele é extremamente doloroso e leva o paciente a procurar um médico. Pode ser primária, quando tem causa desconhecida e é ligada a fatores genéticos, e secundária, quando associada a outras condições como hipertensão arterial, obesidade, alcoolismo e insuficiência renal crônica. O alopurinol é um inibidor da enzima xantino-oxidase, responsável pela produção de ácido úrico. É indicado nos casos de hiperuricemia com taxas de excreção renal de ácido úrico elevada, nos casos associados com litíase renal e nos pacientes com insuficiência renal. Dentre os uricosúricos, no Brasil há disponível a benzobromarona, que é indicada nos indivíduos com taxas normais ou diminuídas de excreção renal de ácido úrico e com função renal preservada. A benzobromarona não é indicada nos casos de litíase renal e de insuficiência renal crônica. Dieta controlada desses pacientes, controle da obesidade, restrição de álcool, restrição de alimentos ricos em purina. Existem diversas formas de controlar as dores articulares: Aines, corticosteroides,. metotrexato, imunobiológicos, antidepressivos tricíclicos, gabapentina, pregabalina. No caso da gota – a colchicina e alopurinol. No caso da osteoartrite o sulfato de glucosamina. Aspiração de líquido sinovial Exercícios físicos, fisioterapia Acunputura Cirurgia Definição É uma artrite - inflamatória. Crônica – mais de 6 meses. Sistêmica – manifestações gerais, outros órgãos e sistemas. De caráter auto-imune – presença de auto anticorpos como FR e anti-CCP. Com participação hormonal – mais freqüente em mulheres, melhora durante a gravidez. Influência ambiental – fumo e agentes infecciosos. Modulação genética – HLA-DR4. Que acomete grandes e pequenas articulações – geralmente poliartrite. Periféricas – poupa esqueleto axial. De forma simétrica – manifestação clássica. Evoluindo para deformidade – com limitação das atividades do dia-a-dia. Perda funcional – relacionada à gravidade da doença. O elemento clínico dominante e aquele relacionado à maior morbidade da doença é a presença de artrite, ou seja dos fenômenos clássicos da inflamação (dor, calor, rubor, tumor e perda de função) nas mais diferentes articulações diartrodiais. Sinais e sintomas gerais como febre, mal- estar, emagrecimento, adinamia, além do comprometimento de outros órgãos ou sistemas podem estar presentes. A etiologia não está bem definida mas tem envolvimento de autoanticorpos como o fator reumatoide que é dirigido contra um anticorpo. Como fatores ambientais, temos o tabagismo, infecções causadas por EBV (Epstein-Barr), parvovírus B-19 e três bactérias: M. tuberculosis, Escherichia coli e Proteus mirabilis, como agentes desencadeadores da doença. A artrite reumatóide afeta de modo predominante as pequenas articulações periféricas de forma simétrica e aditiva, podendo evoluir para a incapacidade física e significativa limitação da qualidade de vida. É mais comum em mulheres 3:1. Etiologia O alvo primário da inflamação na AR é a membrana sinovial, que sofre intensa transformação. Na artrite reumatoide a membrana sinovial torna-se mais espessa pelo aumento de número de células (sinoviócitos do tipo A e B) e por diversas células do sistema linfo- hematopoiético. Nas camadas mais profundas da membrana sinovial da AR há um acúmulo de vasos neoformados e aglomerados linfoides. Na região da membrana sinovial em íntima relação com a cartilagem articular e com o osso adjacente, observa-se um tecido granulomatoso com células gigantes, fibroblastos e macrófagos. As células mais abundantes no líquido sinovial são os polimorfonucleares, que raramente são encontrados na membrana sinovial, seguidos das células T, macrófagos, células dendríticas e células B em pequenas quantidades. Quadro clínico: Fadiga, mialgia e febre. Alargamento dos punhos, nódulos, aumento das metacarpofalangianas = MÃO REUMATOIDE. Manifestações articulares: Início: dor e edema das articulações. Poliarticular, em especial as pequenas articulações de mãos e pés, embora qualquer uma das 68 articulações diartrodiais podem ser acometidas. A rigidez articular (enrijecimento ou sensação de inchaço) é observada principalmente pela manhã e melhora com a movimentação. As articulações mais acometidas nos membros superiores são as do punho, metacarpofalangianas e interfalangianas proximais. Desvio ulnar dos dedos, pescoço de cisne (hiperextensão da articulação interfalangiana proximal e flexão da interfalangiana distal) e boutonniere (flexão da interfalangiana proximal e hiperextensão da interfalangiana distal). ENTÃO, a artrite reumatoide é uma doença inflamatória crônica, autoimune, que apresenta manifestações locais e sistêmicas. É uma doença poliarticular (que afeta várias articulações), simétrica, e acomete principalmente mãos, pés e joelhos. A dor na artrite reumatoide pode ser decorrente de vários fatores – de inflamação, processamento da dor a nível periférico e central, com a progressão da doença, mudanças estruturais dentro da articulação. A dor na AR pode ser então constante ou intermitente, localizada ou generalizada, e é associada a sofrimento psicológico e fadiga. “Dolorida”, “aguda/cortante”, “latejante”, “penetrante”, já na fase menos ativa: “angustiante”, “incômoda”. É uma infecção osteoarticular causada por microorganismo piogênico. O líquido sinovial apresentará aspecto purulento, com predomínio de neutrófilos Pode ser dividida em gonocócica quando causada pela Neisseria gonorrhoeae (gonococo) e não gonocócica que engloba os demais microorganismos. O Staphylococcus aureus é o micro- organismo mais frequente em todas as faixas etárias. Outros agentes comumente isolados são a Neisseria gonorrhoeae (adolescentes e adultos), estreptococos beta-hemolíticos do grupo A, Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae (atualmente menos frequente, após inclusão da vacinação de rotina no primeiro ano de vida). Ocorre quando há a penetração do microorganismo no líquido sinovial. A penetração da bactéria pode ser por via hematogênica, por contiguidade e por inoculação direta. Hematogênica: associada à bacteremia persistente ou transitória como ocorre na presença de cateteres, drogas endovenosas, endocardite bacteriana ou mesmo na gonorreia, onde a bactéria acaba invadindo o espaço articular. Contiguidade: quando há osteomielite, celulite ou abscesso, e o patógeno pela proximidade da articulação, acaba caindo no espaço articular. Inoculação direta: devido ao procedimento cirúrgico (punção da veia femoral, injeção intra articular, trauma penetrante) e o patógeno entra diretamente na articulação. Clínica: monoartrite súbita, com edema, dor intensa, calor e rubor na articulação, em geral associada à febre e grande limitaçãodo membro. Os pacientes que tiverem AS gonocócicas terão, associada à artrite, um quadro de corrimento genital ou uretrite, tratada ou não. Ainda na gonocócia, o quadro pode se iniciar com poliartrite, lesões cutâneas (gonocoxemia) e posteriormente a monoartrite clássica de AS. O diagnóstico definitivo de AS se dá por meio de artrocentese com estudo do líquido articular. Deve-se lembrar que os grandes diagnósticos diferenciais de AS são as artropatias por cristais (principalmente gota) e a fratura. Essa distinção deve ser feita já na anamnese e exame físico. Tratamento: Inicia com ceftriaxona. Após o resultado da cultura e antibiograma, o antibiótico deve ser ajustado com base no resultado da cultura e antibiograma. Em geral, esses pacientes possuem uma grande quantidade de material purulento intra- articular, o que torna a antibioticoterapia insuficiente, sendo necessária a drenagem articular ou lavagem articular que, dependendo da gravidade, pode ser cirúrgica ou por artrocentese. Em alguns casos é necessário fazer mais de uma drenagem. As síndromes inclusas na classificação são: espondilite aquilosante, artrite reativa, artrite psoriática e artrite enteropática. Elas são soronegativas, já que o fator reumatoide está negativo. Clínica: Envolvimento das articulações sacroilíacas e da coluna lombar, artrite periférica assimétrica de grandes articulações dos MMII, ausência de fator reumatoide no soro, envolvimento de enteses (podendo ocorrer erosões ósseas, e deposição de osso reativo, levando a formação de esporões), e o envolvimento extra-articular dos olhos, valvas aórticas, pele, parênquima pulmonar, uretra, sendo a uveíte anterior aguda a manifestação mais comum de todos os subgrupos. Dor lombar de caráter inflamatório que piora pela manhã. Há dor e edema nas articulações dos MMII. No exame físico há retificação da coluna lombar, teste de Schober geralmente positivo no início da doença. Antecedendo, ou concomitante à infecção viral sistêmica, pode ocorrer como monoartrite aguda que, geralmente, se resolve espontaneamente. O líquido sinovial pode apresentar ou não característica inflamatória, com predomínio de células mononucleares ou neutrófilos. História com episódios prévios de artrite fornece apoio para doenças microcristalinas, como a gota. Rash cutâneo, diarreia, uretrite ou uveíte podem sugerir artrite reacional. Perda de peso pode sugerir neoplasias ou outras doenças sistêmicas. A doença de Lyme pode apresentar sintomas articulares, como artralgia, oligoartrite e até monoartrite crônica, mais frequentemente acometendo os joelhos. O envolvimento de mais de quatro articulações é definido como poliartrite. Havendo uma grande variedade de doenças inflamatórias e não inflamatórias. O diagnóstico é feito através de alguns critérios, sendo que rigidez matinal duradoura, artrite de três ou mais articulações, artrite fixa e artrite bilateral são os quatro dados clínicos mais importantes para definição da doença. A artrite deve ter duração de pelo menos seis semanas. As doenças por depósito de cristais, como gota e pseudogota (condrocalcinose), também podem ter envolvimento poliarticular, como citado anteriormente. Deve-se lembrar que existe um padrão de crises agudas monoarticulares no início da doença, com períodos de acalmia completa, o que ajuda em muito na hipótese diagnóstica dessas duas entidades. Outras doenças difusas do tecido conjuntivo, como lúpus eritematoso sistêmico (LES), esclerose sistêmica, dermatopolimiosite e doença mista do tecido conjuntivo, podem ter envolvimento poliarticular, e o diagnóstico é feito por outras características clínicas próprias a cada entidade. Contudo, deve-se ressaltar que o LES pode, em algumas ocasiões, ter um padrão de envolvimento articular semelhante ao da AR, porém sem erosões ósseas ao exame radiográfico. A febre reumática é caracterizada por poliartrite migratória aguda, com antecedentes de infecção de orofaringe por estreptococos beta-hemolíticos do grupo A acometendo o coração, principalmente em crianças.
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