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Fisiologia II - Aula 2 Glândulas Suprarrenais Também conhecidas como glândulas adrenais. Localizada próxima aos rins, as glândulas suprarrenais fazem parte do sistema endócrino, possuindo função separada da função renal. Hormônios Sintetizados e Secretados pela Suprarrenal Córtex Adrenal (supra renal) Se derivam do mesoderma e é responsável pela secreção de corticosteróides e androgênios. Esses hormônios causam retenção renal de sódio e água em resposta ao estresse, aumentando o volume sanguíneo e a pressão arterial. - Hormônios esteróides: Mineralocorticóides, glicocorticóides e androgênios. Medula adrenal (suprarrenal) Tem origem nervosa, sendo derivada das células da crista neural associadas à divisão simpática do sistema nervoso. Possui células cromafins, que secretam catecolaminas em alguns casos (noradrenalina e, principalmente adrenalina) para a corrente sanguínea em resposta a sinais neuronais. Essas substâncias, por sua vez, ativam o corpo para uma resposta de fuga ou luta ao estresse traumático, aumentando a frequência cardíaca e a pressão arterial, dilatando os bronquíolos e modificando os padrões do fluxo sanguíneo. - Hormônios derivados do aminoácido tirosina: Catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) Biossíntese dos Hormônios Esteróides = Esteroidogênese O colesterol provém do plasma, transportado por lipoproteínas de baixa densidade, mas também pode ocorrer a partir do acetil-CoA. A formação de pregnenolona é catalisada pela enzima mitocondrial conhecida por citocromo P45017α ou 17-hidroxilase/liase, que causa a ruptura oxidativa do fragmento de 6 carbonos no C-17 colesterol, liberando isocaproaldeído e pregnenolona, a partir da qual pode ser formada a progesterona. A progesterona é o primeiro hormônio a ser produzido na rota de dos hormônios esteróides, ou seja todos os hormônios esteróides corticoadrenal são sintetizados a partir do colesterol e compartilham a mesma etapa inicial - Conversão do colesterol em pregnenolona. josya Destacar josya Destacar josya Destacar josya Destacar josya Destacar josya Destacar josya Destacar Fisiologia II - Aula 2 A especificidade enzimática por zona corticoadrenal As diferentes zonas do córtex adrenal possuem diferentes sistemas enzimáticos, resultando na síntese de distintos hormônios característicos de cada zona. Zona Glomerulosa - Mineralocorticóides A zona glomerulosa é a mais externa, estreita e imediatamente abaixo da cápsula, composta por células cubóides ou colunares, com núcleo denso e citoplasma escasso com poucos lipídios, dispostas em agrupamentos arciformes de ninhos compactos. Esta seção sintetiza os mineralocorticóides: a aldosterona e desoxicorticosterona. A aldosterona é o principal, agindo na regulação da homeostase dos eletrólitos no líquido extracelular, principalmente sódio (Na) e potássio (K). Exercendo seu efeito nos túbulos contorcidos distais e ducto coletor do néfron, a produção da aldosterona encontra-se sob o controle dos níveis séricos de renina, angiotensina e K. Principais funções da Aldosterona - Manutenção da volemia Manutenção da pressão arterial (PA) - Efeito inotrópico positivo no coração - Controle Hidro salino Estimula a reabsorção de H2O e Na+ e excreção de K+ e H+. Síntese dos hormônios Mineralocorticóides Os hormônios do córtex são muito pouco armazenados sendo, pois, são produzidos e secretados instantaneamente. Além disso, eles são hormônios esteroidais, ou seja, derivados do colesterol, logo, seus receptores se encontram no citoplasma da célula. A síntese dos hormônios vai ocorrer, na maioria das vezes, na mitocôndria e no retículo endoplasmático por ação enzimática, sendo que cada estágio é catalisado por um grupo enzimático específico. Alguns hormônios apresentam tanto atividade glicocorticoide quanto mineralocorticoide. É especialmente significativo que o cortisol nas condições normais apresente alguma atividade mineralocorticoide porque algumas síndromes de excesso de secreção de cortisol podem provocar efeitos mineralocorticoides significativos, junto com efeitos glicocorticóides muito mais potentes. Regulação da Síntese e Secreção da Aldosterona Regulação - Síntese e Secreção reguladas por . Angiotensina II e o K+ extracelular . Em menor grau, pelo ACTH. Estímulos - Principal estímulo para a liberação de aldosterona . Redução do volume sanguíneo intravascular . Excesso de ingestão de K+. josya Destacar josya Destacar josya Destacar josya Destacar Fisiologia II - Aula 2 Função da Aldosterona - Aumento da reabsorção de sódio através dos canais de sódio presentes na membrana apical do túbulo distal final. - Aumento da reabsorção de água na presença de ADH. - Aumento da espoliação de potássio, uma vez que, ao aumentar a reabsorção de sódio, aumenta a sua concentração intracelular de potássio, devido a ação da bomba de sódio e potássio presente na membrana do túbulo distal final. - Aumenta a pressão arterial. - Aumenta a excreção de íons hidrogênio Mecanismo de ação da Aldosterona - A aldosterona ↑ a transcrição de genes que codificam: . As proteínas estimuladoras da atividade dos canais de sódio . As subunidades do canal de sódio sensível à amilorida (ENaC) e de componentes da Na+-K+/ATPase. Doenças de produção e secreção inadequada de mineralocorticóides Excesso de Aldosterona . Síndrome de Conn - Mais comum - Tumores benignos da suprarrenal que hiper secretam aldosterona. - Presença de hipertensão e hipopotasemia. . Atividade aumentada do sistema renina-angiotensina. . Distúrbios genéticos raros O excesso crônico de mineralocorticóides pode levar ao fenômeno de escape. Deficiência de Aldosterona - Doença de Addison Destruição da suprarrenal - Distúrbios genéticos Afetam a glândula ou enzimas específicas - Estímulo inadequado pela angiotensina II Geral por insuficiência renal - Pseudo-hipoaldosteronismo Ausência de resposta à ação da aldosterona . Mutação no receptor do hormônio ou no ENaC Zona Fasciculada e Reticular É uma camada espessa composta por cordões radiais de espongiócitos, que são células poliédricas de citoplasma claro com delicados vacúolos contendo lipídios (colesterol e ésteres de colesterol). É responsável pela produção dos glicocorticóides. O principal glicocorticóide é o cortisol. A síntese dos glicocorticóides é estimulada pelo ACTH ( hormônio adrenocorticotrófico) hipofisário, que se encontra regulado pelo CRH hipotalâmico, estando relacionados por retroalimentação negativa com glicocorticóides. Glicocorticóides Principais funções do cortisol Apresenta uma série de efeitos: - Metabolismo energético - Cardiovasculares - Ossos - Imunomoduladores - SNC - Demais hormônios. Síntese dos hormônios Glicocorticóides Os glicocorticóides atuam no núcleo das células alvo, unindo-se a uma proteína receptora no citosol, sofrendo uma translocação para o núcleo, onde estimula a transcrição de genes que codificam para josya Destacar josya Destacar josya Destacar josya Destacar josya Destacar josya Destacar josya Destacar josya Destacar josya Destacar josya Destacar josya Destacar josya Destacar josya Destacar josya Destacar josya Destacar Fisiologia II - Aula 2 enzimas específicas, incluindo enzimas da gliconeogênese. Podem interagir com receptores de membrana nos tecidos linfóides para exercer seus efeitos imunossupressores. Os seus efeitos podem ser impedidos por inibidores da transcrição (actinomicina D) ou da tradução (polimicina) Efeitos sobre o metabolismo energético Efeitos Cardiovasculares - Aumenta a expressão de receptores adrenérgicos e para a Angiotensina II na musculatura lisa (Efeito permissivo para fatores vasoativos) - Aumento da captação de Ca²+ pela musculatura lisa dos vasos ( Contribui para maior contratilidade vascular) - Reduz a expressão da enzima NO sintase. Efeitos sobre os ossos - Efeitos diretos sobre os osteoblastos - inibe a formação óssea - ↓ absorção intestinal de cálcio - Estimula atividade osteoclástica (↑ PTH sérico e expressão do PTH-R) - ↓reabsorção renal de cálcio EXCESSO- OSTEOPENIA - OSTEOPOROSE Efeitos sobre o sistema imunológico - Inibe os sinais da inflamação. - ↓ do nº de leucócitos e monócitos. - ↓ da produção de enzimas e citocinas pelos macrófagos ativados. - ↓ da atividade dos fibroblastos. - Inibição do sistema. Complemento, linfócitos T e B e citocinas. Efeitos sobre o Sistema Nervoso Central e Hormônios Sistema Nervoso Central - SNC - Modula processos sensoriais, intelectuais e afetivos afeta o humor, o comportamento e a excitabilidade cerebral. - Hipercortisolismo : euforia, insônia, depressão, agitação - Hipocortisolismo : ↓ acuidade auditiva, olfativa e gustativa; depressão, irritabilidade, apatia. Hormônios - Supressão de TSH - Inibição da atividade desiodase tipo 1 - Supressão da gonadotrofinas Principais funções dos Androgênios Androgênios suprarrenais - Dehidroepiandrosterona (DHEA) - Sulfato de DHEA (DHEAS) - Androstenediona - Efeitos ainda não totalmente elucidados - Nas mulheres, contribuem para a libido - Contribuem para os níveis de androgênios em idosos (ambos os sexos) - Convertidos em hormônios esteróides sexuais perifericamente. Fisiologia II - Aula 2 Controle e Regulação dos Androgênios - Não foram totalmente elucidados - Síntese e secreção estimulados por ACTH e outros fatores - Ritmo circadiano semelhante ao cortisol - Secreção varia ao longo da vida . 6-8 anos (adrenarca) > aumento de DHEA-S . Idosos > redução de DHEA-S. Metabolismo dos Androgênios - DHEA liga-se com baixa afinidade a albumina e outras globulinas . Meia vida: 15-30 min - DHEAS liga-se, com uma alta afinidade à albumina . Meia vida: 7-10h Mecanismo de ação dos Androgênios - Convertidos perifericamente na Ação Nuclear. Hiperplasia Suprarrenal Congênita Excesso de Androgênios por deficiência da 21-hidroxilase Manifesta-se na lactância e no início da infância com sinais e sintomas de virilização e hirsutismo. Medula Suprarrenal Tem origem da crista neural e é composta por células especializadas neuroendócrinas produtoras das catecolaminas. As células cromafínicas são células ovais ricas em grânulos de secreção, arranjadas em ninhos ou trabéculas, sustentadas por um estroma escasso, porém intensamente vascularizado. Representa 10% da glândula. As catecolaminas são a dopamina, adrenalina e noradrenalina (epinefrina e norepinefrina). Também existe um sistema extra-adrenal, de grupos de células neuroendócrinas amplamente distribuídas: células do coração, fígado, rins, gônadas e neurônios adrenérgicos do sistema nervoso simpático pós ganglionar e sistema nervoso central. Em conjunto com a medula constituem o sistema paraganglionar. Biossíntese das Catecolaminas A adrenalina compõe 80% das catecolaminas secretadas na medula adrenal, embora existam variações interespécies. É a única catecolamina que não é sintetizada em outro tecido fora da medula adrenal. As demais catecolaminas são sintetizadas também pelos neurônios adrenérgico e dopaminérgicos. Os precursores das catecolaminas são os aminoácidos tirosina . Mecanismo de ação das catecolaminas Os diferentes mecanismos de ação são explicados pela presença de diferentes tipos de receptores encontrados nas células. Estes receptores encontram-se em vários tecidos e mediam diferentes respostas. Os receptores adrenérgicos podem ser de dois tipos: α e β. Os receptores α são mediadores de ações estimulatórias de adrenalina e noradrenalina sobre a musculatura lisa. São divididos em α1 e α 2. Os receptores β têm ação inibitória sobre a mesma musculatura e também se dividem : β1 e β2. Nos receptores α-adrenérgicos, a ativação dos mesmos leva a um aumento da concentração de Ca 2+ citosólico nas células alvo, sendo que nos receptores α 1 pela liberação do Ca dos depósitos intracelulares e nos receptores α 2 pelo aumento do fluxo de Ca extracelular. A ativação dos receptores β-adrenérgicos está associada com a ativação da adenilciclase. As catecolaminas adrenérgicas promovem a vasoconstrição por ativação dos receptores α 1 e α 2. Podem causar vasodilatação em baixas doses, no músculo esquelético e no fígado, por ativação de receptores β. Estes, josya Destacar josya Destacar Fisiologia II - Aula 2 quando ativados, também são responsáveis pelo aumento de frequência cardíaca por broncodilatação. A dopamina tem ação sobre a adenilciclase. Os receptores dopaminérgicos D1 ativam a adenilato ciclase, levando a um aumento do cAMP, enquanto que os receptores dopaminérgicos D2 têm efeito inibidor, reduzindo o cAMP. A ativação de receptores D1 leva à liberação do 9 hormônio paratireódio. A ativação dos receptores D2 leva a uma inibição de noradrenalina em neurônios adrenérgicos, inibição de aldosterona nas células da adrenal, inibição de prolactina na neuro hipófise e da renina nas células justaglomerulares Ação das catecolaminas no metabolismo As catecolaminas adrenérgicas estimulam a glicogenólise hepática e muscular, aumentando o nível de glicose plasmática. Estimulam também a lipólise no tecido adiposo, levando a um aumento dos níveis plasmáticos de ácidos-graxos, tendo, portanto, ação cetogênica. A adrenalina prepara os músculos, pulmão e coração para atividade mais intensa, em situações de estresse. Promove o aumento da força de contração dos músculos e aumento da frequência cardíaca. Leva também a um aumento de pressão sanguínea e a uma broncodilatação, para maior disponibilidade de O2. A disponibilidade de glicose ocorre através do estímulo da glicogenólise e gliconeogênese. No estresse ocorre um aumento de produção de ATP no músculo e aumento de hidrólise dos triglicerídeos pela ação da lipase. Efeito Biológico das Catecolaminas As catecolaminas irão preparar o organismo para o sistema de “ataque e defesa” promovendo alterações no sistema cardiovascular, no tônus da musculatura lisa visceral, metabolismo intermediário e na secreção de outros hormônios. Efeitos Fisiológicos das Catecolaminas Feocromocitoma Tumor ou uma hiperplasia que vai produzir catecolaminas, sendo benigno mais comum do que maligno. É descrito como uma “bomba relógio biológica” devido aos efeitos cardiovasculares potencialmente fatais por conta dos produtos secretados pelo tumor. Pico de incidência: 40 a 50 anos Atinge igualmente mulheres e homens. Quadro Clínico-Feocromocitoma - Cefaleia intensa - Palpitações e sudorese - Elevação da PA - Tremor, palidez - Dor torácica ou abdominal - Rubor facial (raramente) Alterações metabólicas - 50%- Intolerância a glicose; - 10-20%- Diabetes Mellitus . Tratamento: cirúrgico e administração de Ⲁ e 𝛽 bloqueadores. josya Destacar josya Destacar Fisiologia II - Aula 2