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APG 2 – Rotina de Pressão OBJETIVO 01: COMPREENDER O CONCEITO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA Hipertensão Arterial Sistêmica • É uma doença crônica não transmissível (DCNT) definida por níveis pressóricos • Os pontos positivos do tratamento (medicamentoso ou não) superam os riscos • É uma condição multifatorial, que depende de fatores genéticos, epigenéticos, ambientais e sociais • É caracterizada pela elevação persistente da pressão arterial (PA), sendo PA sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg • A pressão deve ter sido medida com a técnica correta em duas ocasiões diferentes, sem uso de anti-hipertensivo • É aconselhável, quando possível, a validação de tais medidas por meio de avaliação da PA fora do consultório por meio da Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), da Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA) ou da Automedida da Pressão Arterial (AMPA) • De acordo com pesquisas feitas em 2013, pela Pesquisa Nacional de Saúde, cerca de 32,3% dos adultos possuíam HAS, sendo a maior parte homens. Já na população acima de 70 anos, a prevalência da HAS é de 71,7% OBJETIVO 02: ENTENDER A CLASSIFICAÇÃO E A FISIOPATOLOGIA DA HAS Classificação da Hipertensão Arterial Classificação PAS (mmHg) PAD (mmHg) PA ótima < 120 e < 80 PA normal 120 – 129 e/ou 80 – 84 Pré-hipertensão 130 – 139 e/ou 85 – 89 HA estágio 1 140 – 159 e/ou 90 – 99 HA estágio 2 160 – 179 e/ou 100 – 109 HA estágio 3 >/= 180 e/ou >/= 110 • São considerados hipertensos os indivíduos que possuem PAS >/= 140 mmHg e/ou PAD >/= 90 mmHg • Quando utilizadas as medidas de consultório, o diagnóstico de HA deverá ser sempre validado por medições repetidas, em condições ideais, em duas ou mais visitas médicas em intervalo de dias ou semanas • O diagnóstico pode ser realizado de maneira mais assertiva com medidas fora do consultório (MAPA ou MRPA) • Define-se a classificação de acordo com a PA do consultório e pelo APG 2 – Rotina de Pressão nível mais elevado de PA, sistólica ou diastólica • Indivíduos com PAS ≥ 140 mmHg e PAD < 90 mmHg são definidos como portadores de HA sistólica isolada, enquanto a presença de níveis de PAS < 140 mmHg e PAD ≥ 90 mmHg caracteriza a HA diastólica isolada. • Tanto a HA sistólica isolada quanto a HA diastólica isolada apresentam maior prevalência de HA do avental branco (HAB) • Uma mudança que houve na classificação é que a PA normal passou a ser chamada de PA ótima e a Pré-hipertensão foi dividida em PA normal e Pré-hipertensão Fisiopatologia da Hipertensão Arterial • PA = DC x RVP (PA: pressão arterial/ DC: débito cardíaco/ RVP: resistência vascular periférica) • Pela PA ser um produto do débito cardíaco com a resistência periférica, a HAS pode se desenvolver a partir de anormalidades em quaisquer mecanismos homeostáticos de controle da RVP e/ou do DC • A RVP e a DC são regulados por mecanismos neurais, renais, humorais, endoteliais e locais de controle das funções cardiovasculares e renais • Mecanismos Neurais: ➢ O sistema nervoso simpático (SNS) é responsável pelo controle em curto-prazo da PA, promovendo elevação da RVP, da contratilidade e da frequência cardíaca (FC) ➢ O aumento da atividade simpática é observado principalmente nas fases iniciais da HAS primária ou em estados pré-hipertensivos ➢ Em crianças e adolescentes com HAS primária, a FC em repouso é maior que em crianças normotensas e, muitas vezes, está associado com altos níveis circulantes de norepinefrina, descarga adrenérgica sistêmica e no nervo renal (essas alterações na HAS são mais evidentes na criança com obesidade • Mecanismos Renais: ➢ Os rins influenciam a PA por meio do controle do equilíbrio hidrossalino, dos ajustes da excreção renal de sódio, da autorregulação renal e da ativação do sistema renina- angiotensina (SRA) ➢ Acredita-se que a HAS se deva à redução do número de néfrons ou da superfície de filtração por glomérulo, limitando a excreção renal de sódio e aumentando a PA ➢ A partir disso, inicia-se um ciclo em que a HAS produz hipertensão glomerular e esta, por sua vez, induz o aumento da PA APG 2 – Rotina de Pressão ➢ A redução do número de néfrons encontrada em pacientes com displasia renal, prematuridade e baixo peso ao nascimento, representa um importante fator de risco para HAS na vida adulta ➢ Fatores como tratamento de gestantes com glicocorticoides, hiperglicemia e desnutrição durante a gestação podem levar ao desenvolvimento de rins com menor número de néfrons ➢ A hipótese de redução da superfície de filtração é fundamentada na existência de subpopulações de néfrons isquêmicos, devido à vasoconstrição nas arteríolas aferentes. A redução crônica na perfusão renal produz secreção aumentada de renina que interfere com a capacidade dos néfrons normais em regular a excreção de sódio e perturba todo o controle da PA • Mecanismos Humorais: ➢ O sistema renina angiotensina (SRA) é essencial para controle fisiológico da PA e do equilíbrio hidroeletrolítico. Sua atividade aumentada e persistente está relacionada à HAS ➢ Vários estudos mostram que o bloqueio do Sistema Renina Angiotensina, com inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) e/ou com bloqueadores dos receptores angiotensinérgicos do tipo 1 (BRA), é eficaz no tratamento da HAS e de disfunções cardiovasculares e renais ➢ A Angiotensina II exerce inúmeros efeitos pró- hipertensivos ligando-se ao seu receptor do tipo 1 (AT1), como: 1. Vasoconstrição sistêmica e renal 2. Aumento do débito cardíaco 3. Retenção renal de sódio e água 4. Estímulo à secreção de aldosterona pelas adrenais 5. Hipertensão glomerular 6. Proteinúria 7. Hipertrofia cardíaca 8. Hiperplasia da musculatura lisa vascular 9. Disfunção endotelial 10. Resistência à insulina 11. Estimula a resposta inflamatória e a fibrose tecidual, contribuindo para as lesões nos órgãos-alvo da HAS • Mecanismos Genéticos: ➢ Há alguns polimorfismos funcionais, em genes do sistema renina angiotensina, relacionados à HAS ➢ O mais estudado é o polimorfismo de inserção e deleção do gene ECA. Os pacientes com alelo D do gene da ECA apresentam maior formação de angiotensina II no coração, nos vasos sanguíneos e no tecido renal ➢ Discretas diferenças genéticas têm importância quando se considera sua interação com os fatores ambientais e seu APG 2 – Rotina de Pressão possível papel na regulação da PA e na resposta ao tratamento • Fatores Dietéticos e Ambientais: ➢ O sódio e o potássio são os elementos da dieta que mais interferem nos níveis pressóricos ➢ Indivíduos que possuem dietas com menor quantidade de sódio e maior quantidade de potássio têm PA mais baixa ➢ A influência da dieta sobre a PA depende da sensibilidade individual ao sódio ➢ Uma pequena redução do conteúdo de sal na dieta pode provocar diminuição da PA sistólica, suficiente para diminuir o risco de lesões em órgãos alvo. ➢ A obesidade é um importante fator de risco para HAS, sobretudo por produzir aumento de insulina e de leptina circulantes. ➢ A hiperinsulinemia pode causar HAS por meio de alterações estruturais e funcionais na musculatura lisa vascular e pela disfunção endotelial. OBJETIVO 03: EXPLICAR OS FATORES DE RISCO QUE CONTRIBUEM PARA HAS: Fatores de Risco para Hipertensão Arterial • Genética: ➢ Os fatores genéticos podem influenciar de 30 a 50% • Idade: ➢ Com o envelhecimento, a PAS torna-se um problema maissignificante, resultante de um enrijecimento progressivo e da perda da complacência das grandes artérias ➢ Cerca de 60% dos indivíduos acima de 60 anos apresentam HAS • Sexo: ➢ Em faixas etárias mais jovens, a PA é mais elevada entre homens ➢ Na sexta década de vida a PA é maior entre as mulheres e a prevalência de HAS é maior ➢ Em ambos os sexos, a frequência de HA aumenta com a idade, alcançando 61,5% em homens e 68,0% nas mulheres na faixa etária de 65 anos ou mais APG 2 – Rotina de Pressão • Etnia: ➢ Não houve diferenças entre negros e brancos ➢ A diferença está mais relacionada a condição socioeconômica • Sobrepeso/obesidade: ➢ Parece haver uma relação direta entre o excesso de peso e o aumento da PA • Ingestão de Sódio e Potássio: ➢ A ingestão elevada de sódio pode elevar a PA e causar, consequentemente, HAS ➢ A ingestão de potássio diminui os níveis pressóricos ➢ Deve ser salientado que o efeito da suplementação de potássio parece ser maior naqueles com ingestão elevada de sódio e entre os indivíduos da raça negra • Sedentarismo: ➢ Há uma relação direta entre o sedentarismo e o aumento da PA e da HAS • Álcool: ➢ Há maior prevalência de HA ou elevação dos níveis pressóricos naqueles que ingeriam seis ou mais doses ao dia, o equivalente a 30 g de álcool/dia = 1 garrafa de cerveja (5% de álcool, 600 mL); = 2 taças de vinho (12% de álcool, 250 mL); = 1 dose (42% de álcool, 60 mL) de destilados (uísque, vodca, aguardente). ➢ Esse limite deve ser reduzido à metade para homens de baixo peso e mulheres • Fatores Socioeconômicos: ➢ Entre os fatores socioeconômicos, podemos destacar menor escolaridade e condições de habitação inadequadas, além da baixa renda familiar, como fatores de risco significativo para HAS • Outros Fatores de Risco: ➢ Algumas medicações, muitas vezes adquiridas sem prescrição médica, e drogas ilícitas têm potencial de promover elevação da PA ou dificultar seu controle. ➢ Entre eles, estão: os inibidores da monoaminaoxidase e os simpatomiméticos, como descongestionantes nasais (fenilefrina), antidepressivos tricíclicos (imipramina e outros), hormônios tireoidianos, contraceptivos orais, anti-inflamatórios não esteroides, carbexonolona e liquorice, glicocorticoides, ciclosporina, eritropoietina, drogas ilícitas (cocaína, cannabis sativa, anfetamina e 3,4- metilenodioximetanfetamina (MDMA) • Apneia Obstrutiva do Sono (AOS): ➢ Há clara evidência que sustenta a relação entre a AOS e a HA e o aumento do risco para HA resistente APG 2 – Rotina de Pressão Referências • BARROSO, Weimar Kunz Sebba et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial– 2020. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 116, p. 516-658, 2021. • Hipertensão Arterial Sistêmica – UFMG
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