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TUTORIA 1- DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR: 1- Padrões normais de desenvolvimento: à AVALIAÇÃO: As consultas pediátricas devem avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor da criança. Algumas escalas foram desenvolvidas com o objetivo de guiar a avaliação profissional – como o teste de Gesell, o teste de triagem de Denver II, a escala de desenvolvimento infantil de Bayley, dentre outros. No Brasil, a Caderneta de Saúde da Criança, do Ministério da Saúde, disponibiliza uma sistematização para a avaliação do desenvolvimento da criança até os 3 anos de idade, contendo os principais marcos do desenvolvimento, facilitando o acompanhamento dos ganhos no desenvolvimento neuropsicomotor conforme a criança vai crescendo. Por outro lado, é essencial que o pediatra saiba conduzir a consulta de forma individualizada, levando em consideração diversos fatores sociais, familiares e ambientais que possam influenciar esse processo. Já nas primeiras consultas, deve-se perguntar à mãe ou cuidador sobre fatores relacionados ao desenvolvimento do bebê, observar detalhes do exame físico e finalizar com a observação da criança quanto a presença dos marcos de desenvolvimento. Em todas as consultas deve-se realizar a avaliação do desenvolvimento infantil. Observar a forma que a mãe a segura, se existe contato visual e verbal de forma afetuosa entre ela e a criança, se a criança faz busca visual ou tem interesse pelo ambiente ao redor, se a criança está em bom estado de higiene e se a mãe ou cuidador presta atenção às orientações. Vale a pena também observar se há participação paterna, se a mãe conta com rede de apoio e observar sinais de depressão pós-parto – sendo essencial o encaminhamento da mãe a especialistas nesses casos. Antes de falarmos dos marcos, precisamos ressaltar a importância de extrair informações a respeito de possíveis fatores de risco ou alterações físicas associados a distúrbios do desenvolvimento, sendo estes: Com a informação: Além disso, é importante questionar aos pais ou cuidadores o que eles pensam do desenvolvimento da criança. Essa informação é muito relevante! - Como avaliar o desenvolvimento: O Ministério da Saúde recomenda sete consultas de rotina no primeiro ano de vida, duas no segundo ano de vida e, a partir de então, uma consulta anual, próxima ao mês de aniversário. à Padrões de desenvolvimento das crianças de 0-10 anos: - Desenvolvimento neuropsicomotor: O conceito de desenvolvimento é amplo e se relaciona aos vários aspectos que caracterizam a evolução humana desde a sua concepção, abrangendo crescimento, maturação, aprendizagem e aspectos psíquicos e sociais em uma transformação dinâmica, complexa e contínua. É importante enfatizar tanto a importância da carga genética nesse processo como a dos fatores ambientais, sendo que estes podem ser otimizados com estímulos e experiências apropriadas. A criança deve atravessar cada fase seguindo uma sequência com certa regularidade e, se não for estimulada no momento apropriado, não conseguirá superar esse atraso no desenvolvimento. Por isso, a avaliação do desenvolvimento faz parte do conjunto de cuidados que visam promover uma infância saudável. Dado isso, o profissional deve conhecer a sequência da evolução das várias funções e os fatores que risco que podem comprometer esse processo. O desenvolvimento compreende alguns domínios de função, todos interligados, sendo eles: sensorial, emocional, adaptativo, motor, cognitivo e linguagem. Obs.: O sistema nervoso participa de toda a ordenação funcional do indivíduo que está se desenvolvendo. O seu tecido cresce e amadurece exponencialmente nos primeiros anos de vida: logo, sofre de maneira mais intensa as consequências de experiências negativas e de adversidades da natureza ou do ambiente. Por outro lado, devido a sua maior plasticidade, também é mais propenso a responder a experiências positivas, estímulos e intervenções que possam ser necessárias. Por isso é tão importante a avaliação do desenvolvimento infantil, pois intervenções precoces geram melhores resultados. à Desenvolvimento motor: O recém-nascido (RN) possui padrão motor muito imaturo, com a presença do reflexo tônico cervical assimétrico, que lhe confere postura assimétrica, com predomínio do tônus flexor nos membros e intensa hipotonia na musculatura paravertebral. Durante os primeiros meses, há uma diminuição progressiva do tônus flexor e substituição pelo padrão extensor na direção craniocaudal. A partir do 2o semestre, não ocorre mais predomínio de padrão flexor ou extensor, e assim, a criança, por meio de alternância entre os tônus, consegue primeiramente, rolar e, posteriormente, já tendo dissociado os movimentos entre as cinturas escapular e pélvica, consegue mudar da posição deitada para sentada. A regra do desenvolvimento motor é que ocorra no sentido craniocaudal e proximodistal e, por meio de aquisições mais simples para mais complexas. Assim, a primeira musculatura a ser controlada é a ocular. Depois, há o controle progressivo da musculatura para a sustentação da cabeça e depois do tronco. Durante o 3o trimestre, a criança adquire a posição ortostática. O apoio progressivo na musculatura dos braços permite o apoio nos antebraços e as primeiras tentativas de engatinhar, mas algumas crianças andam sem ter engatinhado, sem que isso indique algum tipo de anormalidade. O desenvolvimento motor fino se dá no sentido proximodistal. Ao nascimento, a criança fica com as mãos fechadas na maior parte do tempo, no 3o mês as mãos ficam abertas por período maior de tempo, e as crianças conseguem agarrar os objetos, embora ainda sejam incapazes de soltá-los. Entre o 5o e o 6o mês, conseguem apreender um objeto voluntariamente e iniciam o movimento de pinça. A partir dos 2 anos, o contexto cultural em que a criança se insere passa a ter uma influência maior e, consequentemente, também há maior variação entre os marcos. à Desenvolvimento sensorial: Deve-se indagar se a criança focaliza objetos e os segue com o olhar e se prefere o rosto materno. No exame dos olhos, deve-se estar atento ao tamanho das pupilas, pesquisar o reflexo fotomotor bilateralmente e o reflexo vermelho. A audição inicia-se por volta do 5o mês de gestação, portanto, ao nascimento, a criança já está familiarizada com os ruídos do organismo materno e com as vozes de seus familiares. Deve-se perguntar se o bebê se assusta, chora ou acorda com sons intensos e repentinos, se é capaz de reconhecer e se acalmar com a voz materna e se procura a origem dos sons. Quanto à interação social, o olhar e o sorriso, presentes desde o nascimento, representam formas de comunicação, mas, entre a 4a e a 6a semana de vida surge o “sorriso social” desencadeado por estímulo, principalmente pela face humana. Já no 2º semestre de vida, a criança não responde mais com um sorriso a qualquer adulto, pois passa a distinguir o familiar do estranho. Assim, a criança pode manifestar um amplo espectro de comportamentos que expressam o medo e a recusa de entrar em contato com o estranho. Relativo à linguagem, durante os primeiros meses de vida, o bebê expressa-se por meio de sua mímica facial e, principalmente, pelo choro. Entre o 2o e o 3o mês, a criança inicia a emissão de arrulhos e, por volta do 6o mês, de balbucio ou sons bilabiais, cujas repetições são realizadas pelo simples prazer de se escutar. Entre 9 e 10 meses, emite balbucios com padrão de entonação semelhantes à linguagem de seu meio cultural. A primeira palavra, na maioria dos idiomas, corresponde a um encontro silábico reconhecido que se inicia com sons de m, n, p, d ou t, como “mama”, “papa” e “dada”. A linguagem gestual também aparece no 2o semestre de vida e é fruto da significação dada pelos adultos do seu meio. Nessa fase, é comum a criança apontar e obedecer aos comandos verbais como bater palmas, acenar e jogar beijinhos. Por volta dos 12 meses de idade, surgemas primeiras palavras denominadas palavras-frase. Aos 18 meses, a criança inicia frases simples e, a partir daí, ocorre um grande aumento em seu repertório de palavras. Nessa fase, também começa o diálogo com troca de turnos (criança fala e depois aguarda a resposta do outro para nova interferência). 2- Principais doenças influenciam no desenvolvimento neuropsicomotor da criança e fatores de riscos: Doenças genéticas que podem causar retardo neuropsicomotor incluem: • Síndrome do cromossomo X frágil: causada por mutações no gene FMR1, sigla em inglês para Fragile X Mental Retardation, que afetam o desenvolvimento de conexões entre as células do sistema nervoso (sinapses). • Síndrome de Down: também chamada trissomia 21, em que o cromossomo 21 tem três cópias. • Síndrome de Angelman: causada pela deleção ou inativação de genes do cromossomo 15 herdado da mãe. • Síndrome de Prader-Willi: quando a deleção do cromossomo 15 é paterna. A intensidade dos sintomas manifestados pelo retardo neuropsicomotor, entretanto, varia entre as doenças. Patologias adquiridas que afetam o sistema nervoso central também podem provocar o retardo neuropsicomotor, assim como alguns fatores de risco. Entre eles, problemas neonatais como nascidos prematuros, com baixo peso, ou anóxia neonatal grave e moderada (falta de oxigênio ao nascer). Além de problemas na gravidez, incluindo a nutrição materna inadequada, hábitos como alcoolismo, abuso de drogas ou medicamentos, impactos psicológicos e físicos. Quando houver risco genético, o rastreio pode ser feito ainda durante a gestação, a partir de uma análise das células placentárias ou do líquido amniótico. - Infecção bacteriana grave (IBG): é toda infecção bacteriana que acarreta risco de morbidade ou mortalidade, caso ocorra atraso em seu diagnóstico. O conceito de doença bacteriana grave inclui: infecção urinária, pneumonia, bacteremia oculta, meningite bacteriana, artrite séptica, osteomielite, celulite e sepse. O risco de IBG é maior nos menores de 3 meses de idade, principalmente nos recém- nascidos (RN), e decresce progressivamente com a idade. - Meningite: Infecção purulenta das leptomeninges e do espaço subaracnoide. As bactérias que causam meningite, podem alcançar o líquido cefalorraquidiano e as meninges através de: • Acesso direto: fraturas de crânio, defeito congênito de fechamento do tubo neural (espinha bífida, meningocele, meningomielocele, meningoencefalocele) e iatrogênica (punção liquórica inadequada). • Contiguidade: otites médias, mastoidites ou sinusites. • Via hematogênica: ultrapassa a barreira hematoencefálica por ligação com receptores endoteliais, lesão endotelial ou em áreas mais susceptíveis, como o plexo coroide. • Derivações liquórica A lise bacteriana e liberação da suas endotoxinas (Gram-negativas), ácido teicoico e peptidioglicano (Gram-positivas) da parede celular, induzem a produção de citocinas inflamatórias que aumentam a permeabilidade da barreira hematoencefálica, causando edema vasogênico e hidrocefalia através deste mecanismo: Por este mesmo mecanismo, há formação de edema intersticial junto com a hidrocefalia. Além disso, a migração de leucócitos resulta em degranulação e liberação de metabólitos tóxicos que geram edema citotóxico, crises epilépticas e até mesmo acidente vascular. A consequência desses eventos é o aumento da pressão intracraniana e até mesmo coma. O período de encubação é de 2-10 dias e a apresentação clínica pode ser na forma de 3 síndromes, que não necessariamente estão todas presentes. • Síndrome toxêmica: Queda importante do estado geral, febre alta, delirium, e quadro confusional. • Sinal de Faget (dissociação pulso-temperatura) pode estar presente. • Síndrome da Hipertensão Intracraniana (HIC): Cefaleia, náuseas e vômitos. • Síndrome da irritação meníngea: Rigidez nucal, sinal de Kernig, sinal de Brudzinsk e desconforto lombar. Somente 50% dos pacientes apresentam essa tríade. Outros achados são convulsões e sinais neurológicos focais. A presença de lesões cutâneas é bem características da N. meningitidis. A infecção por meningococo pode levar a meningite e meningococcemia, sendo denominada como doença meningocócica, que é um problema de saúde pública devido ao risco de surtos. 15-20% possuem evolução rápida e muitas vezes fulminante devido a septicemia meningocócica, apresentando choque e coagulação intravascular disseminada (CIDV), compondo a Síndrome de Waterhouse-Friderichsen. Em lactentes, a presença de rigidez da nuca quase nunca está presente, sendo necessário analisar o quadro geral, abaulamento da fontanela e dados epidemiológicos para a suspeição de meningococo. Muitas vezes a criança pode apresentar convulsões associadas. A meningite tuberculosa não tratada, classicamente possui curso da doença dividido em 3 estágios: • Estágio I: Tem duração de 1 a 2 semanas, sintomas inespecíficos (febre, mialgias, sonolência, apatia, irritabilidade, cefaleia, anorexia, vômitos, dor abdominal e mudanças súbitas do humor), e pode estar lúcido. • Estágio II: Surgimento de evidências de dano cerebral com aparecimento de paresias, plegias, estrabismo, ptose palpebral, irritação meníngea e HIC. Podem surgir manifestações de encefalite, com tremores periféricos, distúrbios da fala, trejeitos e movimentos atetóides. • Estágio III ou período terminal: Déficit neurológico focal, opistótono, rigidez de nuca, alterações do ritmo cardíaco e da respiração e rebaixamento do nível de consciência, incluindo o coma. à Diagnóstico: O diagnóstico das meningites bacterianas é através da análise do LCR,principalmente o exame quimiocitológico e a cultura e TC de crânio. à Tratamento: antibioticoterapia empírica. - Bacteremia oculta (BO): refere-se à presença de bactéria em hemocultura, em uma criança febril, sem infecção localizada e com pouco ou nenhum achado clínico, sem histórico, exame físico e exames laboratoriais sugestivos de infecção bacteriana. Embora a maioria dos episódios de BO tenha resolução espontânea, às vezes podem ocorrer complicações sérias, como pneumonia, meningite, artrite séptica, osteomielite, sepse e morte. Enquanto a febre normalmente indica um processo infeccioso, em raras situações podem ser a manifestação de outros processos, como intoxicações exógenas, colagenoses ou doenças malignas. Importante ressaltar que FSSL não é sinônimo de criança com febre e exame físico normal, pois a elucidação da causa da febre pode estar na história,por exemplo, em uma criança com relato de disenteria e febre. à Fatores de risco e alterações físicas: Os fatores de risco são: • Ausência ou pré-natal incompleto; • Problemas na gestação, parto ou nascimento; • Prematuridade (idade gestacional < 37 semanas); • Peso abaixo de 2.500g; • Icterícia grave; • Hospitalização no período neonatal; • Doenças graves, como meningite, traumatismo craniano e convulsões; • Parentesco entre os pais; • Casos de deficiência ou doença mental na família; As alterações físicas são: • Perímetro cefálico: • Recém-nascidos (RN) meninas com 37 semanas ou mais PC < 31,5 cm • RN pré-termo PC < -2 desvios-padrão • Presença de alterações fenotípicas: • Fenda palpebral oblíqua • Olhos afastados • Implantação baixa de orelhas • Lábio leporino • Fenda palatina • Pescoço curto e/ou largo • Prega palmar única • 5° dedo da mão curto e recurvado O desenvolvimento e crescimento humano podem, também, serem afetados por fatores chamados erros genéticos. Entre estes estão a desordem cromossômica, desordem cromossômica sexual e a desordem genética. Além dos fatores teratogênicos e dos erros genéticos, outros fatores, tais como: (1) a idade da mãe, (2) paridade, (3) nutrição, (4) incompatibilidade de Rh, (5) anormalidades genéticas, (6) posição fetal, (7) estresse materno, (8) ocupação da mãe também podem afetar o desenvolvimento humano - Febre sem sinais localizatórios: A febre é uma queixa comum e responde poraproximadamente 25% de todas as consultas na emergência de pediatria. Na maioria dos casos, é possível identificar a origem da febre após anamnese detalhada e exame físico completo e, então, definir as orientações terapêuticas adequadas. Entretanto, em aproximadamente 20% dos casos, a identificação do foco após a avaliação inicial não é possível. Essa situação é conhecida como febre sem sinais localizatórios (FSSL). A maioria dessas crianças apresenta uma doença infecciosa aguda autolimitada ou está no pródromo de uma doença infecciosa benigna; poucas têm uma infecção bacteriana grave ou potencialmente grave. Dessa forma, o grande desafio dos pediatras, no atendimento das crianças com FSSL, reside na diferenciação dos processos febris de uma doença benigna autolimitada daqueles poucos que podem ter uma infecção bacteriana grave. - Os valores geralmente utilizados são: temperatura retal > 38,3°C; temperatura oral > 38°C e temperatura axilar > 37,8°C. Obs.: FSSL é a ocorrência de febre com menos de 7 dias de duração em uma criança em que história clínica e exame físico cuidadosos não revelam sua causa. 3- Cite os reflexos que são avaliados durante o desenvolvimento do RN, definindo o tempo ideal para seu aparecimento e desaparecimento: É importante ressaltar que esses marcos podem variar ocasionalmente em cada criança, sendo necessário avaliá-las individualmente. Entre 1 e 2 meses: predomina tônus flexor, há assimetria postural e preensão reflexa; - REFLEXOS PRIMITIVOS DO RN E ÉPOCA DO SEU DESAPARECIMENTO: Preensão palmar: o examinador coloca o dedo index na palma da mão da criança. Observa-se a flexão dos dedos. Deve desaparecer entre 4 e 6 meses, quando se torna um movimento voluntário de preensão. “É desencadeado pela pressão da palma da mão. Observa-se flexão dos dedos.” Preensão plantar: o examinador pressiona o polegar contra a sola do pé da criança, logo abaixo dos dedos. Observa-se a flexão dos dedos. Deve desaparecer com 15 meses de vida. “É desencadeado pela pressão da base dos artelhos. Observa-se flexão dos dedos.” É o que dura mais tempo, podendo ir até os 10 a 11 meses de vida. Reflexo cutâneo plantar: obtido através do estímulo da porção lateral do pé, desencadeando no recém-nascido a extensão do hálux. Apresenta-se em extensão até cerca de 18 meses. Ocorre até o 13º mês, a partir do qual a resposta a esse estímulo deve ser a flexão – sendo a extensão considerada patológica. Apoio Plantar: É desencadeado pelo apoio do pé do RN sobre superfície dura, estando este seguro pelas axilas. Observa-se extensão das pernas. Reflexo de Moro: observa-se movimentos de extensão e abdução dos membros superiores com abertura das mãos, seguidas de adução e flexão dos membros superiores. Normalmente, estes movimentos são acompanhados de choro audível. O reflexo de Moro deve estar presente em recém nascidos de, pelo menos, 37 semanas. A criança deve ser colocada em posição supina sobre uma superfície lisa e acolchoada. Em seguida, a cabeça deve ser suavemente levantada com suporte o sufi ciente para levantar minimamente o corpo da criança do colchão. A cabeça é, então, liberada subitamente, possibilitando que ocorra um movimento rápido de queda. Em seguida, a cabeça deve ser novamente sustentada pela mão do examinador. O reflexo de Moro pode estar diminuído ou exacerbado por vários distúrbios do sistema nervoso central. A assimetria do reflexo pode ser observada em pacientes com paralisia do plexo braquial, trauma de clavícula e ombro e nos casos de lesão motora assimétrica do trato piramidal superior. O reflexo de Moro deve desaparecer após 5 meses de vida. “É desencadeado por queda súbita da cabeça, amparada pela mão do examinador. Observa-se extensão e abdução dos membros superiores seguida por choro.” É incompleto até o 3º mês e não deve existir após os 6 meses; Reflexo tônico-cervical: também conhecido como reflexo do esgrimista ou reação de Magnus-Kleijn, é desencadeado pela rotação de 90 graus da cabeça, que deve ser mantida desta forma por 15 segundos, consiste na extensão dos membros superiores para o lado em que a cabeça é girada e flexão dos membros superiores do lado occipital. O reflexo exagerado e/ou persistente (além do terceiro mês de vida) representa comprometimento cerebral. “É desencadeado por rotação da cabeça enquanto a outra mão do examinador estabiliza o tronco do RN. Observa- se extensão do membro superior ipsilateral à rotação e flexão do membro superior contralateral. A resposta dos membros inferiores obedece ao mesmo padrão, mas é mais sutil.” Desaparece até os 5 a 6 meses de vida. Reflexo da marcha reflexa: o examinador segura a criança pelo tronco com as duas mãos e o reflexo é obtido pelo contato da planta do pé com a superfície, que resulta em marcha. Inicia nos primeiros dias pós-parto e deve desaparecer entre a quarta e oitava semana de vida. “É desencadeado por inclinação do tronco do RN após obtenção do apoio plantar”. Observa-se cruzamento das pernas, uma à frente da outra. Presente até os 2 meses de vida. Reflexo da procura ou voracidade: o toque da pele perioral promove o movimento da cabeça em direção ao estímulo com abertura da boca e tentativa de sucção. Os reflexos de sucção e deglutição alterados são sinais inespecíficos e podem estar associados a uma variedade de distúrbios. Deve desaparecer por volta dos 4 meses de vida. “É desencadeado por estimulação da face ao redor da boca. Observa-se rotação da cabeça na tentativa de “buscar” o objeto, seguido de sucção reflexa do mesmo.” Reflexo de Galant (reflexo de encurvamento do tronco): É desencadeado por estímulo tátil na região dorso lateral. Observa-se encurvamento do tronco ipsilateral ao estímulo. Reflexo de colocação (Placing): É desencadeado por estimulo tátil do dorso do pé estando o bebê seguro pelas axilas. Observa-se elevação do pé como se estivesse subindo um degrau de escada. É o único reflexo primitivo com integração cortical. Dura até os dois meses de vida. Sucção Reflexa: É desencadeado pela estimulação dos lábios. Observa-se sucção vigorosa. Sua ausência é sinal de disfunção neurológica grave. No primeiro mês, o pediatra deve avaliar a postura de flexão de membros superiores e inferiores e a lateralização da cabeça. Observar se a criança na posição ventral consegue, em algum momento, elevar a cabeça afastando o queixo da superfície, sem se virar para um dos lados. Ao longo do segundo mês, observar a movimentação ativa dos membros superiores e inferiores e a abertura espontânea das mãos em alguns momentos. É desencadeado pela estimulação dos lábios, gerando sucção vigorosa, e sua ausência significa disfunção neurológica grave. O reflexo da busca, estimulado por colocação dos dedos nas comissuras labiais da criança (criança rotaciona a cabeça como se buscasse pelo alimento), desaparece mais precocemente – aos 2 meses. Preensão palmar: se caracteriza pela flexão dos dedos à pressão na palma da mão. Preensão dos artelhos: desaparece até o 11º mês. Ø DESENVOLVIMENTO NEURPSICOMOTOR: • 1º trimestre (0-3meses): RN predomina tônus flexor ü reflexos arcaicos e posturais ü hipertonia membros e hipotonia cervical ü reflexo tônico cervical assimétrico - Reflexo do esgrimista ou Magnus- Kleijn ü decúbito ventral - flexão membros com cintura pélvica acima da escapular ü Manobra de tração – cabeça pende para trás ao tracionar a criança pelos braços para frente ü Sentado- propulsão do tronco para trás e cabeça oscila em todas direções ü Reflexo de apoio e marcha ü Reflexos de preensão palmar e plantar ü Reflexo deMoro ü Reflexo dos pontos cardeais ü Reflexo de Galant • 2º trimestre (3-6m): bebê tranquilo, sorriso social, sustento cefálico ü decúbito dorsal a cabeça fica na linha média com mãos e pés no eixo central ü decúbito ventral apoio nos antebraços, coxa em contato com a mesa, cintura pélvica e escapular no mesmo nível. Com 5 meses libera uma das mãos para pegar objeto ü Manobra de tração - cabeça alinhada com corpo ü Sentado – sustento cefálico completo e queda tronco para frente ü Ereto - perde reflexo de marcha ü Perda da preensão palmar reflexa e surge preensão voluntária inicial (movimento de varredura) ü Preensão bimanual • 3º trimestre (6-9m): ativo, movimentos incessantes, reconhece rostos familiares, reage a estranhos com choro e se acalma com a mãe (Angústia do 8ºmês) ü hipotonia fisiológica – em decúbito dorsal fica com pés para alto e depois na boca ü em decúbito ventral a cintura escapular fica acima da pélvica (apoio dos MMSS com as mãos) ü Manobra de tração – ajuda do lactente flexionando o pescoço com a cabeça a frente do tronco ü Sentado - apoio em tripé com 6 meses; com 7 meses libera uma das mãos e com 8 meses senta sem apoio das mãos ü Preensão bimanual diminui em troca da transferência de objetos de uma mão para outra • 4º trimestre (9-12m): muito ativo, muda de posição facilmente (decúbito para sentado), se arrasta, engatinha, ao encontrar apoio se ajoelha e tenta ficar de pé ü Ao ficar ereto apoia as mãos, depois libera uma das mãos e fica em pé sem apoio. ü 1 ano - marcha sem apoio, instável, base alargada e auxílio MMSS para equilíbrio ü Mãos com > precisão (pinça) ü Perguntas básicas: sustentou a cabeça, sentou com e sem apoio, engatinhou, ficou em pé, andou com e sem apoio, falou primeiras palavras, formou frases, desempenho escolar, relacionamento. ü Classificação: Normal – todos os marcos presentes para idade. Possível atraso – ausência de 1 ou mais marcos para idade Atraso DNPM – ausência de 1 ou mais marcos para faixa etária anterior Involução DNPM – perda de habilidade motora e/ou cognitiva previamente adquirida 4- Diferença entre congênito e genética: As doenças congênitas, também chamadas de defeito genético ou mal formação genética, são alterações que surgem durante a formação do feto, na gestação, que podem acabar afetando qualquer tecido do corpo humano, como ossos, músculos ou órgãos. Esse tipo de alterações normalmente resulta em um desenvolvimento incompleto, que acaba afetando a estética e até mesmo o funcionamento correto de vários órgãos. (Já nasce com). à O que causa são: - fatores genéticos: alterações no cromossomo em relação ao número, genes mutantes ou alterações na estrutura do cromossomo, como a síndrome do X frágil. - fatores ambientais: o uso de medicamentos durante a gestação, infecções pelo vírus citomegalovírus, toxoplasma e treponema pallidum, exposição à radiação, cigarro, cafeína em excesso, consumo excessivo de álcool, contato com metais pesados como chumbo, cádmio ou mercúrio. Uma doença genética é aquela causada por uma alteração no nosso DNA. Esta alteração pode ser por conta de apenas uma troca de base dentre as 3 bilhões de bases existentes no genoma ou mesmo a presença de um cromossomo inteiro a mais. Algumas destas doenças são hereditárias e podem passar de uma geração para outra e outras podem não ser herdada e acontecer de forma esporádica. 5- Principais fatores de risco que afetam no desenvolvimento da criança: Fatores de risco ambientais: violência doméstica, depressão materna, drogas ou alcoolismo entre os moradores da casa, suspeita de abuso sexual, mudança de ambiente, conflitos familiares, perda do vínculo pai-filho, desorganização, práticas parentais ineficazes, estressores e depressão parental e nível socioeconômico baixo 6- As características dos distúrbios de desenvolvimento neuropsicomotores (Autismo, TDAH, Paralisia cerebral: - Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por déficits e dificuldades na comunicação e interação social, associados a interesses e atividades restritas e circunscritas. A partir do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), classifica-se e transtorno do desenvolvimento, cujas características se iniciam nos primeiros anos da infância. De fisiopatologia ainda desconhecida, o TEA possui como possíveis causas o envolvimento ambiental e a herança genética. Dentre as causas ambientais, destacam-se o uso de medicações e de alcoolismo durante a gravidez, tabagismo, exposição a agentes químicos, deficiência de vitamina D e de ácido fólico, prematuridade (< 35 semanas) e baixo peso ao nascer (< 2500g). Fatores de risco para um componente genético são: familiar de 1o grau acometido, presença de defeitos congênitos, idade materna ou paterna acima de 40 anos. Também são relatadas associações com outras condições médicas: O TEA é caracterizado principalmente por déficits qualitativos na comunicação e na interação social e padrão de comportamento repetitivo e restrito de interesses ou atividades. Aproximadamente 2/3 dos pacientes terão suas habilidades de comunicação ausentes no 1o ou 2o ano de vida. No 1/3 restante há bom desenvolvimento da linguagem, porém sofrerão regressão da fala e/ou interação social entre 15 a 24 meses– geralmente em torno de 18 meses. Há um comprometimento nas brincadeiras de “faz de conta” e na atenção compartilhada. Dificuldade para iniciar uma conversa, esteriotipias motoras simples, padrões rígidos de pensamento são algumas características. - Algumas características a serem notadas: ✓ Atraso para adquirir sorriso social ✓ Preferência em dormir sozinho(a) no berço ✓ Irritabilidade ao ser ninado(a) no colo ✓ Indiferença quando os pais se ausentam ✓ Ausência de ansiedade de separação - Diagnóstico Diferencial com TEA: ✓ Déficit Cognitivo Isolado ✓ Mutismo Seletivo ✓ Transtornos da Linguagem ✓ Transtornos da Comunicação Social ✓ Síndrome de Landau-Kleffner ✓ Síndrome de Rett ✓ Transtorno Obsessivo-Compulsivo ✓ Esquizofrenia ✓ Déficit Auditivo à Tratamento: O tratamento de TEA é complexo, multidisciplinar e individualizado. Seu objetivo é aprimorar a comunicação, linguagem e interação social do paciente, somado a mudanças de conduta e de aspectos cognitivos, possibilitando assim melhor qualidade de vida, assim como maior independência. - Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é uma patologia com início na infância e que se manifesta a partir de sinais/sintomas de impulsividade, hiperatividade e/ou falta de atenção. A sintomatologia interfere no sistema cognitivo, comportamental, acadêmico, social e emocional. O TDAH tem uma prevalência na infância de cerca de 2 a 18%, sendo caracterizado como um dos distúrbios mais frequentes da pediatria. É um problema mais comum entre meninos(proporção de 4:1 em relação às meninas). Aparentemente, a prevalência de TDAH ao longo do tempo tem aumentado e as possíveis explicações para isso são melhoria da avaliação e estudo entre profissionais da área de saúde, pais e educadores ou aumento da exposição a alguns fatores etiológicos, dentre os quais: • Transtorno desafiador opositor (TDO): em aproximadamente 50 a 80% dos casos de TDAH o TDO coexiste; • Transtorno de conduta: há coexistência de TDAH e transtorno de conduta em até 1/3 dos pacientes, sendo mais comum nos subtipos hiperativo-impulsivo de TDAH; • Transtorno de ansiedade: presente em cerca de 20 a 40% dos casos, ocorrendo mais comumente no subtipo desatento; • Depressão: coexiste em até 1/3 dos casos de TDAH; • Dificuldades de aprendizagem: ocorrem em 20% a 60% dos casos, mais comumente entre crianças com subtipos desatento e combinado de TDAH. à Patogênese: • Fatores genéticos: estudos mostraram alguns genes relacionados, como genes dos receptores da dopamina (DRD2, DRD4 e DRD5),genes dos transportadores de serotonina (SLC6A3 e SLC6A4), gene do receptor de serotonina 1B, gene da dopamina beta-hidroxilase, proteína associada a sinaptossoma de 25 kDa e receptores de glutamato metabotrópicos; • Diferenças estruturais e funcionais neuroanatomicas: há significativa diferença em diversas áreas na imagem estrutural encefálica de crianças com TDAH, como menor volume cerebral e cerebelar, assimetria reversa ou ausente do núcleo caudado, aumento da substância cinzenta em córtex nas regiões parietais temporais e inferiores posteriores. Imagens funcionais cerebrais mostram que pacientes com TDAH têm menor ativação global e local de regiões dos gânglios da base e do lobo frontal anterior, e a administração de metilfenidato pode auxiliar na ativação dessas áreas. • Correlação clínica: testes neuropsicológicos mostram que pacientes com TDAH têm funções executivas prejudicadas e/ou problemas de inibição da resposta motora, sinais compatíveis com os estudos de neuroimagem que mostram alterações funcionais e estruturais em regiões pré-frontais e dos gânglios da base; • Metabolismo das catecolaminas: estudos em humanos e animais indicam que pacientes com TDAH tem aumento no numero de transportadores de dopamina, o que pode levar à eliminação desse neurotransmissor da fenda sináptica mais rapidamente. Sabe-se, nesse contexto, que o sistema noradrenérgico está envolvido na modulação de funções corticais superiores, como vigilância, execução e atenção. • Influências alimentares: a influência da dieta no desenvolvimento de TDAH é controversa, e as áreas de investigação incluem ingestão de açúcar refinado, deficiência de ferro e zinco, aditivos alimentares, sensibilidade alimentar e deficiência de ácidos graxos essenciais. • Outros fatores: há associação comprovada entre exposição pré-natal ao tabagismo e o desenvolvimento de TDAH. Alguns estudos ainda sugerem que outros fatores associados são baixo peso ao nascer e prematuridade. à Sintomas: Os dois principais tipos de sintomas são: hiperatividade/impulsividade e desatenção. à Diagnóstico: A avaliação médica deve ser abrangente e confirmar as características e complicações dos sintomas, além de excluir diagnósticos diferenciais e diagnósticos de alterações comportamentais, emocionais e médicas existentes. - Avaliação de desenvolvimento e comportamento Escalas de classificação de comportamento: as escalas de classificação específicas para o TDAH têm sensibilidade e especificidade > 90% se usadas em população específica. Apenas as escalas de Avaliação de Comportamento Abrangente de Conners e a Escala de Classificação de TDAH IVsão destinadas a pré-escolares. As escalas de classificação de Vanderbilt podem ser utilizadas em crianças a partir de 4 anos. Escalas de banda larga: as escalas de banda larga avaliam muitos sintomas comportamentais e não são utilizadas para diagnóstico do TDAH. No entanto, são importantes para análise de condições médicas coexistentes e para exclusão de diagnósticos diferenciais. Avaliação educacional: a avaliação educacional se baseia nos principais sintomas do âmbito educacional da criança a partir do auxilio de relatos de professores e outros meios (avaliações, boletins, trabalhos escolares). Transtornos coexistentes: a avaliação de possíveis distúrbios coexistentes (como transtorno de conduta, ansiedade, depressão, transtorno desafiador opositor e dificuldades de aprendizagem) pode incluir histórico do paciente, escalas de comportamento ou testes psicométricos. Até metade dos pacientes com TDAH têm transtornos coexistentes, podendo ser primários ou secundários e necessitando de tratamento conjunto com o destinado ao TDAH. Além disso, pacientes adolescentes com diagnóstico recente de TDAH precisam de avaliação quanto ao uso abusivo de substâncias psicoativas. Se estes estiverem presentes, deve-se tratar a dependência antes de tratar o TDAH. Teste psicométrico: pode ser usado para excluir outros problemas, não sendo necessário de rotina para diagnóstico de TDAH, bem como outras avaliações auxiliares (avaliação de fala/linguagem, terapia ocupacional, nível de chumbo no sangue se suspeita de intoxicação por este metal, teste genético, entre outros). Fatores psicossociais e ambientais: são importantes de serem analisados pela capacidade de influenciar na hiperatividade, desatenção ou impulsividade e podem incluir: estresse oriundo do ambiente doméstico, ambiente educacional inadequado e uso de mídia digital em alta frequência. à Tratamento: farmacoterapia. - Paralisia Cerebral (PC) é uma encefalopatia crônica infantil caracterizada por déficit motor não progressivo iniciado antes dos 3 anos de idade. As agressões ao cérebro em desenvolvimento acarre‐ tam distúrbios de motricidade, tônus e postura. A capacidade cognitiva pode estar preservada ou ocorrer déficit associado. - Causas pré‐natais: Corioamnionite: a infecção da membrana corioamniótica é um fator de risco para ruptura prematura de membrana e sep‐ se neonatal precoce. Deve ser feito seguimento do RN de alto risco para diagnóstico precoce de paralisia cerebral. Infecções intrauterinas (TORCHS): as TORCHS são toxo‐ plasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes vírus e sífilis. A via de contaminação pode ser ascendente ou transplacentária. O acometimento e o prognóstico dependem da idade gestacional no momento da infecção e do tropismo do vírus para de‐ terminados órgãos. Distúrbios do desenvolvimento cortical: os avanços na neu‐ roimagem permitiram o diagnóstico de distúrbios da fase de neurulação primária e secundária (disrafismos espinais ou cra‐ nianos) ou de outras fases do desenvolvimento cortical, como na migração neuronal (heterotopias, paquigirias) subdiagnos‐ ticados antes da ressonância magnética (RM) (Figura 2). - Causas perinatais: Correspondem a 30% dos casos de paralisia cerebral. Desta‐ cam‐se as complicações durante o parto (tocotraumatismo, sangramento e hipóxia), prematuridade e icterícia. A principal causa de paralisia cerebral, em nosso meio, é a asfixia neona‐ tal secundária ao trabalho de parto prolongado. As asfixias neonatais provocam um quadro de hipóxia e isquemia com lesões graves no sistema nervoso central (SNC) denominado encefalomalacia multicística. A manifestação clínica depende da extensão e da área afetada. - Causas pós‐natais: Correspondem a eventos que ocorrem após o nascimento e antes de 3 anos de vida. Representam 10% das causas de paralisia cerebral:4,6 infecções do SNC, traumatismo cranioencefá‐ lico, neoplasia do SNC, doenças cerebrovasculares, como acidente vascular encefálico (AVE), aneurisma e malformações arteriovenosas. Características: Há uma grande variação nas formas como a PC se apresenta, estando diretamente relacionadas à extensão do dano neurológico: lesões mais extensas do cérebro tendem a causar quadros mais graves. Os diferentes graus de comprometimento motor e cognitivo podem levar a um leve acometimento com pequenos déficits neurológicos até a casos graves, com grandes restrições à mobilização e dificuldade de posicionamento e comprometimento cognitivo associado. As alterações da parte motora incluem, problemas na marcha (como paralisia das pernas), hemiplegia (fraqueza em um dos lados do corpo), alterações do tônus muscular (espasticidade caracterizada por rigidez dos músculos) e distonia (contração involuntária dos membros). Em casos graves, há necessidade do uso de cadeira de rodas. Já as alterações cognitivas incluem problemas na fala, no comportamento, na interação social e no raciocínio. Os pacientes também podem apresentar convulsões. - 1 em cada 4 crianças com PC não consegue falar; - 1 em cada 4 não pode andar; - 1 em cada 2 tem deficiência intelectual; - 1 em cada 4 tem epilepsia. Tratamento: A reabilitação dos pacientes tem como objetivos contemplar o ganho de novas habilidades e minimizar ou prevenir complicações como,deformidades articulares ou ósseas, convulsões, distúrbios respiratórios e digestivos. O tratamento para essas pessoas requer a atuação de diversos profissionais de saúde: fisiatra, ortopedista, neurologista, pediatra e oftalmologista, além de outros especialistas da saúde como, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo, educador físico e nutricionista. A equipe multidisciplinar pode melhorar muito sua qualidade de vida, sendo importante que suas capacidades de convívio social, de produção e de trabalho sejam reconhecidas, permitindo que tenham uma vida o mais próximo do normal. 7- Como médico atua no atraso do desenvolvimento: O retardo neuropsicomotor pode ser congênito, herdado de um dos pais, provocado por malformações fetais, causas ambientais ou adquiridas. As doenças genéticas que podem resultar em retardo psicomotor são causadas, principalmente, por alterações cromossômicas. Como as do cromossomo X, ou as numéricas (aneuploidia), em que há mais ou menos cromossomos do que o número normal. - ATRASOS DE DESENVOLVIMENTO: Se todos os marcos para a respectiva faixa etária estão presentes, estamos diante de um desenvolvimento adequado. Devemos elogiar a mãe ou cuidador, orientá- lo(a) a continuar estimulando a criança, informá-lo(a) sobre sinais de alerta e orientar retorno para acompanhamento conforme rotina do serviço. Se todos os marcos estão presentes, mas há 1 ou mais fatores de risco, trata-se de um desenvolvimento adequado com fator de risco. Devemos informar a mãe ou cuidador sobre sinais de alerta – na presença de algum sinal, a criança deverá ser reavaliada em 30 dias. Se há ausência de um ou mais marcos para a faixa etária, trata-se de alerta para desenvolvimento e devemos orientar a mãe ou cuidador sobre estimulação da criança e marcar retorno em 30 dias. Se o perímetro cefálico for <-2 escores z ou >+2 escores z; ou se houver presença de 3 ou mais alterações fenotípicas; ou ausência de 2 ou mais marcos para a faixa etária anterior, trata-se de provável atraso de desenvolvimento e devemos referir a criança para avaliação neuropsicomotora.