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1 Letícia M. Dutra Módulo I - Desordens nutricionais e metabólicas Tutorias 1- Diabetes Mellitus, emergências hiperglicêmicas (CAD, EHH), Sepse 2- Síndrome metabólica 3- Obesidade, Desnutrição e subnutrição, transtornos alimentares 4- Síndromes Disabsortivas, Distúrbios da absorção (esteatorreia), Mecanismos de diarreia, Doenças inflamatórias intestinais (RCU, DC), Doença celíaca, Intolerância a lactose. 5-Glandulas suprarrenais/adrenais, insufiência adrenal, Doença de Addison e Sindrome de Cushing 2 Letícia M. Dutra Sumário Conferências Módulo I: Desordens nutricionais e metabólicas ....................................................................................... 3 Erros Inatos do Metabolismo e Triagem Neonatal – Drª Patrícia Gouveia Ferraz ...................................................... 3 Gota Úrica – Drª Samirah Hosney Mahmoud Mohamed ............................................................................................. 6 Tireoideopatias (hipertireoidismo, hipotireoidismo, tireoidites) – Prof. Luis Carlos Sakamoto .............................. 10 Vegetariano/ vegano. Hipovitaminose e suas manifestações - Prof. Augusto Alberto da Costa Júnior .................. 15 Obesidade infantil. Política de combate à fome – Dr Marcelo Luiz Peixoto Sobral .................................................. 23 Morfofuncional ................................................................................................................................................................ 27 Pâncreas ...................................................................................................................................................................... 27 Métodos de Imagem – Pâncreas ................................................................................................................................ 30 Sistema Límbico e o controle da emoção .................................................................................................................. 41 Intestinos .................................................................................................................................................................... 44 Glândula Tireoide ....................................................................................................................................................... 47 Glândula Suprarrenal ................................................................................................................................................. 49 BIBLIOGRAFIA BÁSICA MANCINI, Marcio Cercato. Tratado de obesidade. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. DANI, R. CASTRO, L. P. Gastroenterologia essencial. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. KRONENBERG, Henry; MELMED, Shlomo; POLONSKY, Kenneth S. ; LARSEN, P. Reed. Williams Tratado de Endocrinologia. 11.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR GOLDMAN, Lee. Cecil medicina. 25. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. ALVARENGA, Marle. Nutrição e transtornos alimentares. São Paulo: Manole, 2010. WAJCHENBERG, Bernardo Leo. Diabetes Mellitus e doença cardiovascular. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. WAITZBERG,Dan L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática. Rio de Janeiro: Atheneu, 2009. 3 Letícia M. Dutra Conferências Módulo I: Desordens nutricionais e metabólicas Erros Inatos do Metabolismo e Triagem Neonatal – Drª Patrícia Gouveia Ferraz Erros Inatos do Metabolismo Definição: São distúrbios de natureza genética que geralmente correspondem a um defeito enzimático capaz de acarretar a interrupção de uma via metabólica. Ocasionam, portanto, alguma falha de síntese, degradação, armazenamento ou transporte de moléculas no organismo, determinando alterações anatômicas e funcionais. A maioria destes defeitos enzimáticos estão relacionados a uma herança autossômica recessiva. Tem uma incidência rara, são detectáveis por testes de triagem pós natal e muitos são tratáveis. Classificação dos erros inatos do metabolismo Categoria 1: Engloba as alterações que afetam um único sistema orgânico ou apenas um órgão, como o sistema imunológico e os fatores de coagulação ou túbulos renais e eritrócitos (anemia, doença falciforme); Categoria 2: Abrange um grupo de doenças cujo defeito bioquímico compromete uma via metabólica comum a diversos órgãos, como as doenças lisossomais, ou restrito a um órgão apenas, porém com manifestações humorais e sistêmicas, como a hiperamonemia nos defeitos do ciclo da ureia; Classificam-se segundo a natureza e função da molécula em 3 grupos: Grupo I: Síntese/Catabolismo de macromoléculas Grupo II: Metabolismo intermediário Grupo II: déficit de energia (carbo, proteína, gordura) Macromoléculas LISOSSOMAS: Presente em toda célula EUCARIONTE: Vesícula repleta de enzimas que absorvem e metabolizam substâncias em outros elementos que serão utilizados pela célula. PEROXISSOMA: A principal função dos peroxissomos é fazer a desintoxicação das células e principalmente realizar a catalisação do peróxido de hidrogênio, mais conhecido como água oxigenada (H2O2), uma substância extremamente tóxica para as células e fonte de radicais livres. Classificação: segundo o quadro clínico Distúrbios do metabolismo dos aminoácidos Acidemias orgânicas Defeitos no ciclo da uréia Distúrbios do metabolismo dos carboidratos Doença de depósito de glicogênio Hiperlipidemia Grupo I: Síntese/Catabolismo de macromoléculas Os distúrbios do grupo I apresentam sintomas permanentes que tendem a acentuar com o passar do tempo, como facies grosseira, dismorfias, visceromegalias, neurodegeneração, entre outros, respeitando a localização do acúmulo 1. Doenças lisossomais - neurolipidoses (Doença Tay-Sachs/ Niemann Pick, Dç. Goucher) Mucopolissacaridoses: Armazenamento deficitário ou ausente no lisossômico de mucopolissacarídeos Sd. de Hurler (mps IH) S. de Hunter (mps II) Sd. de Morquio (mps IV) As esfingolipidoses Gangliosidoses: Armazenamento deficitário lisossômico de lipídeos Acúmulo de lipídeos nos lisossomos das vísceras, cérebro e vasos sanguíneos promovendo grandes alterações nos tecidos e consequentemente na função desses órgãos 2. Doenças peroxissomiais S. Zellweger (Síndrome cérebro-hepato-renal) Condrodistrofia punctata Adrenoleucodistrofia Grupo II: Metabolismo intermediário Metabolismo Intermediário (Erros inatos do metabolismo intermediário que culminam em intoxicação aguda ou crônica), em função da não existência ou da deficiência de 1 ou várias enzimas. Aminoácidopatias Defeitos dos ácidos orgânicos (acidúrias orgânicas) Defeitos do clico da ureia Intolerância aos açúcares (galactosemias) As doenças metabólicas enquadradas no grupo II compreendem as aminoacidopatias, os defeitos dos ácidos orgânicos e do ciclo da uréia e as intolerâncias aos açúcares. Caracterizam-se por apresentarem intervalos livres de sintomas e relação evidente com o aporte alimentar. As 4 Letícia M. Dutra manifestações levam, de maneira geral, à intoxicação aguda e recorrente ou crônica e progressiva. Grupo II: déficit de energia (carbo, proteína, gordura) Deficiência na produção ou utilização de energia Glicogenoses (Doença de Depósito de Glicogênio) Hiperlacticemias/ hiperlactacidemia congênitas Doenças mitocondriais da cadeia respiratória Defeitos da oxidação de ácidos graxos O grupo III inclui doenças cuja clínica é decorrente de alterações de produção e consumo energéticos. Em sua maioria, são provenientes de distúrbios do fígado, miocárdio, músculo e cérebro. Manifestam-se, comumente, através de hipoglicemia, hipotonia generalizada, miopatia, insuficiência cardíaca, retardo de crescimento e até morte súbita, entre outros sintomas. Exemplos desse grupo são as glicogenoses, hiperlacticemias congênitas, doenças mitocondriais da cadeia respiratória e defeitos na oxidação de ácidos graxos Quadro Clínico As crianças portadoras de muitos EIM (erros inatos do metabolismo), como aqueles de manifestação aguda, parecem perfeitamente normais ao nascimento. Em geral os sintomas aparecem quando há alteração, por fatores exógenos do equilíbrio bioquímico. O diagnóstico clínico correto das DMH é dificultado pelo enorme nº de doenças de grande complexidade, pela variedade de sintomas clínicos, além de serem consideradas, extremamente, raras pela maioria dos profissionais. A apresentação clínica bastante inespecífica, incluindo letargia, recusa alimentar, icterícia, vômitos, diarreia visceromegalia, retardo do crescimento, convulsões e coma. Sintomas surgerem causas bem mais frequentes, a exemplo das infecciosas, as quais dificultam ainda mais o diagnóstico quando associadas. Hipotonia História de recorrência familiar ou consanguinidade entre os pais Hipoglicemia Irritabilidade Acidose metabólica Convulsões coma DHE – distúrbio hidroeletrolítico Icterícia prolongada Hipotonia severa Crianças que, em associação as citados acima apresentam odores peculiares ou dismorfias Vômitos persistentes Dificuldade ou parada sucção Quadro séptico + leucopenia + plaquetopenia Perda de habilidades adquiridas anteriormente Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor* Deficiência intelectual* *preveníveis Exames Grupo I – Doenças Lisossômicas de Depósito - Coleta de sangue em papel de filtro: laboratório de referência TTO: terapia de reposição enzimática Grupo II – Metabolismo Intermediário 1-Coleta de sangue e Urina: cromatografia e determinação quantitativa 2- Proteínas 0,25 0,5 mg/Kg/dia TTO: 1- Retirada de proteínas para reversão do quadro – controle acidemia 2- Megavitaminas e Dietoterapia Grupo III – Déficit de energia Material para laboratório de referência: sangue e urina – ENMG CPK biópsia muscular e hepática - Avaliação cardíaca TTO: - Tiamina + riboflavina + L-carnitina - Dieta com baixo teor de lipídeos - Dieta específica para glicogenoses Aconselhamento genético - Visa diminuir os riscos de recorrência, respeitando as metas familiares e seus padrões éticos. - Assegurar a compreensão de das implicações da doença - Esclarecer sobre as opções terapêuticas e sobre grupos de apoio - Indicar apoio da psicoterapia Ex.: fenilcetonúria – não apresenta alterações dismórficas (principalmente em fases iniciais e em TTO) Programas de Screening/ triagem Neonatal Recomendações - Não começa ou termina com a detecção - Abrange: TTO e seguimentos - (META) Cada laboratório: mín. 100.000 exames/ano - Internacional Society of Neonatal Screening - No Brasil: Programa Nacional de Triagem Neonatal – PNTN Portaria GM/MS nº 822 (06/06/2001) Cobertura visando 100% dos nascidos vivos; Busca ativa dos pacientes triados Confirmação diagnóstica Acompanhamento e TTO adequados dos pacientes identificados 5 Letícia M. Dutra Portaria GM/MS nº 56 (29/01/2010) – Aprovação: Protocolo Clínico de Diretrizes e terapêuticas do Hipotireoididmo congênito – PCDT HC Teste do pezinho - Detecta Fenilcetonúria Hipotireoidismo Congênito Doença Falciforme Fibrose Cística Hiperplasia Adrenal Congênita Deficiência de Biotinidase RN (0 a 28 dias): submetido a uma punção do calcâneo, onde são coletadas as amostras de sangue para identificar a presença de alterações Fenilcetonúria: é um erro inato do metabolismo de herança genética e o defeito leva ao acumulo de Fenilalanina (FAL) no sangue. Sem o diagnóstico precoce antes dos 3 meses de vida, a criança com Fenilcetonúria apresenta um quadro clínico clássico, caracterizado por atraso global do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM), deficiência mental, comportamento autista, convulsões, alterações eletroencefalográficas e odor característico na urina. Quadros de difícil manejo, pois a fenilalanina é extremente tóxica e degrada o SNC Hipotireoidismo congênito: é uma emergência pediátrica causada pela incapacidade da glândula tireoide do RN em produzir quantidades adequadas de hormônios tireoideanos, que resulta numa redução generalizada dos processos metabólicos. Sem o diagnóstico e TTO precoce, a criança terá o crescimento e desenvolvimento mental seriamente comprometidos. O TTO da doença consiste na reposição dos hormônios tireóideos deficitários, no caso, reposição de levotiroxina sódica (hormônio sintético). Doença falciforme e outras hemoglobinopatias: A doença falciforme (DF) é causada por um defeito na estrutura da Hb, que leva as hemácias assumirem a forma de lua minguante, quando exposta a determinadas condições como febre alta, baixa tensão de Oxigênio, infecções, etc. As alterações genéticas na Hb são transmitidas de geração em geração. O paciente afetado apresenta as seguintes alterações clínicas: anemia hemolítica, crises vaso-oclusivas, crises de dor, insuficiência renal progressiva, AVE, maior susceptibilidade a infecções e sequestro esplênico. O ideal é que o TTO seja iniciado antes de 4 meses de vida. As principais medidas preconizadas são: administração de antibióticoterapia profilática (esquema especial de vacinação), suplementação com ácido fólico, além do seguimento clínico especializado. Fibrose cística (FC) ou Mucoviscidose: doença grave hereditárias que afeta diversos órgãos principalmente pulmões e pâncreas, caracterizada pela ocorrência de secreções espessas e viscosas. Nos pulmões esse aumento na viscosidade bloqueia as vias aéreas propiciando a proliferação bacteriana, o que leva à infecção crônica, à lesão pulmonar e ao óbito por disfunção respiratória. No pâncreas, quando os ductos estão obstruídos pela secreção espessa, há uma perda de enzimas digestivas, levando a má nutrição. Sintomas mais graves e complicações incluem a desnutrição, o diabetes, a insuficiência hepática e a osteoporose. Dentre os demais sintomas podem estar incluidos: dificuldade de ganho de peso, problemas respiratórios, perda de sal pelo suor, dor abdominal recorrente, icterícia prolongada, pancreatite recorrente, cirrose biliar e retardo no desenvolvimento somático. O TTO do pct com Fibrose cística consiste em acompanhamento médico regular, suporte dietético, utilização de enzimas pancreaticas, suplementação vitamínica (vit. A, D, E, K) e fisioterapia respiratória. Quando em presença complicações infecciosas, está indicada a antibióticoterapia de amplo espectro. Além do esquema vacinal habitual, as crianças devem receber também imunização anti-pneumocócica e anti-hemófilos Hiperplasia adrenal congênita: a denomonação hiperplasia adrenal congênita (HAC) engloba um conjunto se sindromes transmitidas geneticamente, que se caracterizam por diferentes deficiências enzimáticas na síntese dos esteroides adrenais. O diagnóstico precoce e o TTO adequado melhoram o padrão de crescimento, podendo normalizá-lo na maior parte dos casos. As manifestações clínicas na HAC dependem da enzima envolvida e do grau de deficiencia enzimática (total ou parcial). O diagnóstico precoce e o TTO adequado melhoram o padrão de crescimento podendo normalizá-lo na maior parte dos casos. O TTO de seve ser contínuo ao longo da vida. Deficiência de biotinidade (DBT): é uma doença ,etabólica hereditária na qual há um defeito no metabolismo da biotina. Clinicamente, manifesta-se a partir da 7ª semana de vida com disturbios neurológicos e cutâneos tais como crises epilépticas, hipotonia, microcefalia, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, alopecia e dermatite, eczematóide. Nos pacientes com diagnóstico tardio observam-se, disturbios visuais, auditivos assim como atraso motor e de linguagem, O TTO medicamentoso é muito simples, de baixo custo e consiste na utilização de biotina (vitamina B7) em doses diárias. Categoria 1 Doença Falciforme Grupo I: Síntese/Catabolismo de macromoléculas Deficiência de Biotinidase Grupo II: Metabolismo intermediário Fenilcetonúria Fibrose Cística Hiperplasia Adrenal Congênita Grupo II: déficit de energia Hipotireoidismo Congênito . 6 Letícia M. Dutra Gota Úrica – Drª Samirah Hosney Mahmoud Mohamed Artropatias por cristais: 1. Cristais de Urato Monossódico (GOTA) 2. Cristais de pirofosfato de cálcio (PSEUDOGOTA) 3. Cristais de fosfato de cálcio básico 4. Cristais de oxalato de cálcio Definição da GOTA Etimologia: Gota (do latim gutta, gota, pingado) Artrite inflamatória causada por cristalização do ácido úrico que se deposita no interior das articulações, ossos e tecidos moles (pavilhão auricular) e está associada à hiperuricemia. É uma das mais dolorosas formas de artrite Surgimento abrupto de dor articular e de grande intensidade Cristais de urato monossódico, se precipita em articulações distais, durante a noite (pela diminuição da T° corpórea) Epidemiologia Homens: 40 – 50 anos H/M 7:1 Mulher na menopausa (perda do efeito protetor do estrogênio por inibição da URAT I, HAS – uso de anti-hipertensivos tiazídicos) Jovens: causa genética * URAT I: proteína renal responsável pela absorção do urato/ ác, úrico *Tiazídicos e diuréticos de alça: aumentam a absorção de ác. Úrico. Fatores de risco Síndrome Metabólica Obesidade Insuficiência Renal Crônica HAS com uso de diuréticos tiazídicos/alça Dieta rica em carnes, frutos do mar e cerveja (quantidade de purinas) Fator genético: 20% componente familiar Fisiologia Hiperuricemia X Gota Ultrapassa 7mg/dL Crises repetidas - não é patognomónico de gota Uma minoria de pct desenvolve gota. Pensar em tratar > 12 mg/dL Cristais de urato monossódico no liquido sinovial das articulações Depósito de cristais em tecidos periarticulares (tofos/ tofo gotoso) Nefropatia Formação do ácido úrico: 2/3 é devido a produção interna (biossíntese de novo ou vias de salvamento). 1/3 é proveniente da dieta. Após a formação do ácido úrico (ação da xantina oxidase), ele sofre uma alteração de conformação e é transformado em urato de sódio que é excretado pelo trato urinário (2/3) e intestinal (1/3). Quando ocorrem alterações na excreção, podem ocorrer depósitos desses cristais nos rim, precipitando a formação de cálculo renal, por cristais de urato monossódico Ácidos nucleicos Nucleotídeos Purinas (adenina, guanina e hipoxantina) xantina oxidase Hipoxantinas xantina oxidase Xantina Ácido úrico Urato de sódio Excreção 1/3 TGI 2/3 TGU Produção Nível de urato Excreção ⅓Purina dietética ⅔ Síntese endógena de purinas Saturação e cristais de urato Gota ⅓ Intestinal ⅔ Renal Fisiopatologia: Hiperuricemia: com a saturação de ácido úrico no sangue, há uma maior facilidade de ocorrer a precipitação de cristais de urato. Obs.: não é patognomônico de gota! Tratamento 7 Letícia M. Dutra da hiperuricemia apenas quando valores > 12mg/dl, caso contrário não trata (trata só quando gota). Gota = crises repetidas. A hiperuricemia pode ocorrer devido: Aumento da produção do ácido úrico ou Diminuição da exceção do ácido úrico O corpo identifica os cristais de urato como corpos estranhos, então ocorre um ataque do sistema imune: Neutrófilos liberam enzimas (para degradar os cristais, mas os cristais não são passiveis de degradação dos cristais, liberando cada vez mais enzimas) que causam danos tissulares. Ativação de monócitos e macrófagos: Monócitos: IL- 1, 6 e 8, TNF, proteases = edema e inflamação. Macrófagos: leucotrienos, prostaglandinas, radicais livres de O2 = dano tecidual. Classificação A gota pode ser dividida em hiperuricemia 1ªria e 2ªria, sendo a 2ªria a mais frequente! Hiperuricemia 1ªria Hiperuricemia 2ªria 90% dos casos são decorrentes de um problema renal na excreção de ácido úrico Álcool Obesidade: ↓ excreção AU Diuréticos: ↑ reabsorção AU 10% relacionado com hiperprodução endógena Raramente: Deficiência da HPRT (hipoxantina-fósforo-ribosil- transferase): reciclagem das purinas Hiperatividade da PRPP (fosforo-ribosil-pirofosfato sintase):atua na síntese do novo e das purinas HAS? Triglicerídeos? Síndrome metabólica ↑ reabsorção AU Álcool, motivos que o faz precipitar a gota urica 1. Alto teor de purinas 2. Aumenta a conversão de piruvato em Lactato estimula reabsorção de urato (ativação proteína URAT I no túbulo proximal) 3. Degradação de ATP no hepatócito 8 Letícia M. Dutra Classificação quanto aos sintomas 1. Hiperuricemia Assintomática ↑ dos níveis séricos de ác. Úrico sem sintomas (sem artite, tofos ou cálculos). Esse estágio termina com a manifestação da 1ª crise ou nefrolitíase 2. Artrite Gotosa Aguda Fagocitose dos cristais e ativação substanciais pró- inflamatórias 80% abrem quadro MONOARTRITE 90% apresentam PODAGRA (1º metatarso- falangeana) Dor súbita, forte intensidade e na madrugada Articulações distais 3. Gota Intercrítica/ Período intercrítico A crise de gota é auto-limitada: se resolve no máximo em 2 semanas Após crise paciente inicia período assintomático = período intercrítico Crises posteriores são mais graves e assumem forma poliarticular 4. Gota Tofosa Crônica Depósito em partes moles, pericarticular Causa deformidade Diagnóstico Suspeitar de monoartrite de instalação súbita em articulação distal de um MMII. Confirmação: cristais de urato monossódico no interior de leucócitos do liquido sinovial com formato de bastões ou agulhas birrefringentes NÃO FOI POSSÍVEL PUNCIONAR LIQUIDO SINOVIAL, O QUE FAZER? Diagnóstico altamente provável, quando: (quadro clínico) 1. Hiperuricemia 2. Quadro clínico característico* Homem, obeso, hipertenso, abuso de carne, cerveja, tiazídicos, crise (inflamação de articulação súbita e dolorosa de forte intensidade em articulação distal) 3. Resposta significativa à administração de colchicina (radiografia? Inespecífica no quadro agudo) Tratamento Quadro agudo Profilático TTO Crise aguda 1. AINES (1ª LINHA) – EV: tenoxicam, cetoprofeno, voltarem (IM) diclofenaco de Na+, dipirona 6/6 horas 2. COLCHICINA (age nas estruturas filamentosas, paralisando as células de defesa; dose de ação é muito próxima da dose tóxica, muitos efeitos colaterais) 3. CORTICOIDES NÃO INSTITUIR TTO ANTI-HIPERURICÊMICO NA CRISE AGUDA DE GOTA! Motivo: os cristais estão muito sensíveis a qualquer mudança, fazer apenas sintomático Mecanismo de ação da colchicina A Colchicina, inibe a formação dos microfilamentos, microtubulos, que são estruturas que estão dentro dos macrófagos que dão mobilidade as cél. Defesa, sendo assim a colchicina paralisa as cél. de defesa, e assim não conseguem fagocitar os cristais. 9 Letícia M. Dutra TTO Profilático Baseado nos seguintes pilares: Redução na síntese: Alopurinol Estimular excreção: Probenecida, Sulfimpirazona, Benzbromarona Mudança de estilo de vida + Colchicina (doses menores) Mecanismo de ação dos fármacos Mecanismo do Alopurinol: inibe a xantina-oxidase, diminuindo a síntese de ác. Úrico Como escolher o tratamento Redutores da síntese ↓ Eliminação > de 600 mg/dia Comprometimento função renal Nefrolitíase por ácido úrico Intolerância ou ineficácia dos uricosúricos Uricosúricos ↓ Eliminação diária de ácido úrico inferior a 600 mg/dia . 10 Letícia M. Dutra Tireoideopatias (hipertireoidismo, hipotireoidismo, tireoidites) – Prof. Luis Carlos Sakamoto Tireoide: É glândula em formato de borboleta que pesa entre 15 a 20g e se localiza na parte anterior do pescoço. Possui lobo direito – istmo – lobo esquerdo. Produz T3 e T4: que aceleram o metabolismo celular. T3: triiodotironina T4: tiroxina Há produção de calcitonina (importante no metabolismo ósseo). É constituída por células foliculares que são formadas por uma estrutura celular epitelial de células cuboides e no seu interior temos uma substância coloide (que permite condições de funcionamento desse metabolismo tireoidiano). Além disso, também possui células parafoliculares = células C que produzem calcitonina que fazem deposição do cálcio no metabolismo ósseo, diminuindo o Ca+ extracelular Regulação – eixo neuroendócrino: Hipotálamo TRH estimulam a hipófise, adenohipófise, hipófise anterior estimula a tireoide a produzir TSH (hormônio estimulante da tireoide) T3 e T4. Quando há produção, há um feedback na hipófise para diminuição da produção de T3 e T4. 11 Letícia M. Dutra Fisiologia 1ª. Fase: a captação do iodo é feita através da alimentação. 1. Iodo da alimentação é reduzido em iodeto cai na corrente circulatória, é bombeado pelo coração e atinge a glândula tireoide, o Iodo é captado pela bomba de iodeto na tireoide. 2. TSH (H. estimulante da tireoide) é o que promove a captação desse iodo para a glândula tireoidiana. 2ª. Fase: oxidação do iodo e síntese hormonal. A Tireoglobulina (constituída por tirosina e é um dos principais substratos para a oxidação do iodo). Sintetizada pelo complexo de Golgi, no interior das cél. foliculares Grande glicoproteína (PM 335.000) Constituído por 70 Aa de tirosina Se ligam ao Iodo para formação dos hormônios tireoidianos A Tireoglobulina é transportada do interior das cél. foliculares para o colóide. O iodeto também é liberado para o tecido coloide através da enzima tireoperoxidase (localizada na membrana apical), formando assim a oxidação (iodinase) da Tirosina, ou seja o iodo vai se ligar a tirosina composta da tireoglobulina. Quando temos a ligação na tireoglobulina da parte da tirosina com o iodo, formamos o MIT = monoiodotirosina. Quando o MIT se liga a um novo iodo formamos um DIT = di- iodotirosina. E quando temos a ligação de DIT + MIT = formamos T3; 2 DIT = T4. 1º estágio: iodização da tirosina = MIT (monoiodotirosina) 2º etapa: iodização da MIT = DIT (diiodotirosina) 3º etapa: MIT + DIT = T3 (mais ativo) 4º etapa: DIT + DIT = T4 (pré-hormonio) Depois disso, precisamos que a tireoglobulina seja armazenada, ela, então, voltam para as células cuboides foliculares, sendo que a tireoperoxidase também promove essa ação de retorno. Esse armazenamento pode chegar de 2 a 3 meses. A grande maioria da captação para o interior dessas células se dá, principalmente, de formações moleculares de T4 (temos no interior mais T4 do que T3). Obs: depois da formação, T3 e T4 se descolam da tireoglobulina por ação da deiodinase e são liberados na circulação conforme a necessidade. Depois que ocorre a clivagem da tireoglobulina, temos a possibilidade de liberar o iodo novamente que será reaproveitado por uma nova ligação, com a nova tireoglobulina, sintetizada pelo complexo de golgi = reciclagem. 3ª. Fase: transporte 99% dos H. tireoideanos se ligam a Globulina – ligação TBG (GLOBULINA LIGADORA da tiroxina). E em menor proporção pela transferrina (TBPA) e albumina 4ª. Fase: Metabolismo. Os hormônios tireoidianos promovem uma aceleração do metabolismo. Ação de crescimento, ação nas células do SNC, ação cardiovascular, FC e FR, metabolismo da glicose, etc. T3 é a forma ativa dos hormônios tireoidianos; T4 funciona como pré-hormônio, pois quando temos diminuição de T3, esse T4 se transforma em T3. Taxa de secreção diária: T3 (7%) e T4 (93%) A ação desses hormônios pode aumentar de 60 a 100% o metabolismo celular, contudo, sua ausência dos hormônios pode causar uma diminuição de até 50% do metabolismo. Tiroxina: liberação lenta para as células teciduais (50% - 6 dias) T3: menos afinidade de ligação proteica (50% - 1 dia) TSH, responsável pela Síntese e secreção de T3 e T4, Síntese da bomba sódio-iodo, Síntese da tireoperoxidase, Síntese da tireoglobulina, Captação da glicose e aminoácidos, Crescimento e proliferação celular, a captação de tireoglobulina no coloide, do fluxo sanguíneo na tireoide. 12 Letícia M. Dutra Diagnóstico de doenças tireoidianas: Valores laboratoriais normais Exames: TSH (normal: 0,45 – 4,5 um/L) T4 livre (normal: 0,7 – 1,4 ng/dL) T3 (normal: 70 – 200 ng/dL) T4 (normal: 4,5 – 12 ng/dL) Rastreio: TSH TSH T4 livre T3 - Hipertireoidismo primário - Tireoidite ↓ Normal - Hipertireoidismo primário com T3 toxicose Norm al - Hipertireoidismo primário com T4 toxicose Normal Norm al - Hipertireoidismo subclínico ou normal - hipertireoidismo 2ªrio (adenoma secretor de TSH) HIPERTIREOIDISMO (Doença de Basedow-Graves / Bócio difuso tóxico) É uma doença autoimune que gera anomalias das glândulas tireoide devido ao aumento na síntese e liberação de hormônios tireoidanos e liberação desses hormônios circulatórios. É mais rara, com incidência de 0,2 a 1,3%. Possui caráter relacionado ao estado nutricional: principalmente a ingestão inadequada de iodo. Clinicamente: queixas de nervosismos, sudorese, intolerância ao calor, palpitação, fadiga, perda de peso, dispneia. 20% das mulheres possuem alterações menstruais. No exame físico: taquicardia, bócio (aumento da glândula), tremor, pele quente e úmida, sopro na tireóide, alterações oculares (exoftalmia). 13 Letícia M. Dutra Doenças de Graves 3ª/4ª década de vida e mais frequente em mulheres (6;1). Determina um: Bócio difuso que se trata do aumento da glândula tireoidiana (visível e palpável), oftalmopatia (exoftalmia – o autoanticorpo pode se ligar ao fibroblastos e estimular a proliferação tecidos periorbitais empurrando o “olho para fora”); Dermatopatia infiltrativa. Tireotoxicose Agravamento/crise do hipertiroidismo: excesso dos hormônios tireoidianos (aumento isolado do T3 e supressão do TSH). Clínica: anamnese (tempo de início, uso de medicamentos, exposição ao iodo, história familiar). Exame físico: diminuição do peso, hipotensão, taquicardia, alterações oculares. Diagnóstico: TSH, T4 e T3 Hipertireoidismo primário, tireoidite TRATAMENTO Sintomático: Beta-bloqueadores: sintomas adrenérgicos (crises) – propranolol (20 a 60mg a cada 8/8h ou 6/6h). Medicamentos antitireoidianos - Tioureias (Tiominas) - Iodeto - Corticoise Tioureias (tionaminas) Inibem a tireoperoxidase e imunossupressão; Acompanhamento de 3/4 semanas fazer novos exames; T4 livre normaliza mais rápido (TSH normaliza em 3 meses) TTO de 1 a 2 anos; Podem ter recidiva em 50% dos casos. Eventos adversos: rash cutâneo, urticária, febre, atralgia, hepatite e colestase. Propiltiouracil – 100 mg: Dose de ataque (4-8 semanas): 300-600 mg/dia de 8/8 h Manutenção de 100 – 400 mg/dia de 12/12h. Vantagens: Doses altas (> 600 mg/dia): inibe a conversão de T4 em T3. (Utilizado quando a doença está grave) Na gravidez: menor passagem placentária Metimazol (Tapazol – 5 e 10 mg) Dose única e custo menor (-70%). Dose de Ataque: 40-80 mg/dia 1 ou 2x ao dia de 4 a 8 semanas; Dose de manutenção: 10-30 mg/dia 1x ao dia. Utiliza-se este quando a situação não é tão grave e posso usar dose única como tratamento. Iodeto Inibe a síntese e liberação de T3 e T4 Lugol 6mg/gota de 8/8 h Corticoide Para imunossupressão (crise) – Dexametasona 8 mg/dia Tratamento ablativo Ablação com iodo radioativo (dose arbitrária: 8mCl) através de cirurgia. Cirurgia: tireoidectomia subtotal ou total cuidado para não lesar o nervo laríngeo recorrente -> paciente pode cursar com rouquidão. Atenção: ambas condições leva ao hipotireoidismo. HIPOTIREOIDISMO É a deficiência da produção hormonal dos hormônios tireoidianos circulando no organismo. Doença imunológica, mais comum. Mulheres são mais comuns = 15% após dos 45 anos desenvolvem. Assim, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia promove a partir dos 35 anos um rastreio a cada 5 anos em mulheres assintomáticas. Sintomas: cansaço, fraqueza, queda de pelos, sensação de frio, bradpsiquisimo, ganho ponderal, inapetência. 20% dos casos com sangramento uterino anormal, em sua maioria, representado pela amenorreia. Quadro clínico sinais e sintomas de hipotireoidismo Sintomas Sinais Cansaço, fraqueza Pele seca e áspera Queda de pelos Extremidades frias Sensação de frio Mixedema Bradpsiquismo Alopecia Constipação intestinal Bradicardia 14 Letícia M. Dutra Ganho ponderal Demora no relaxamento dos reflexos tendinosos Inapetência Voz rouca Sd. túnel do carpo Menorragia – amenorreia Derrames cavitários e articulares Parestesias Deficiência auditiva Rigidez muscular Etiologia Hipotireoidismo Primário: causa é a tireoide; Hipotireoidismo Secundário: causa na hipófise; Hipotireoidismo Terciária: problema hipotalâmico. Etiologia do Hipotireoidismo Primário 1- Diminuição do tecido tireoidiano funcionante a. Tireoidite de Hashimoto b. Tireoidites subadudas (granulomatosa e linfocítica) c. Tireoidite pós-parto d. Tireoidite de Riedel e. Doença de Graves e TTO do hipertireodismo f. Doenças infiltrativas (amiloidose, hemocromatose, cistinose, esclerose sistêmica progressiva, sarcoidose) g. Agenesia e ectopia tiroidianas h. Radioterapia externa de cabeça e pescoço ede corpo inteiro 2- Defeitos funcionais na biossíntese e liberação dos H. tireoidianos a. Disormonogênese congênita b. Grave deficiência de iodo c. Drogas (antitiroidianos de síntese, iodo, lítio, amiodarona, contrastes radiológicos, Valproato de sódio, Sunitinib, drogas bocigênicas sintéticas ou naturais, etc.) Hipotireoidismo: exames laboratoriais, quando solicitar? > 35 anos a cada 5 anos Idosos (mulher) Mulher de risco > 19 anos (doença autoimune, antecedente familiar) Tireoidite de Hashimoto Condição que determina uma alteração anatômica, determinando uma hipertrofia celular (pode ser por predisposição genética/fatores ambientais) resposta imune exacerbada (produção de linfócito T e interleucinas 4 e 5) leva ao dano celular e alteração da glândula. Comum em mulheres (5:1) e aumenta com a idade a partir dos 45 anos, porém a média são aos 60 anos. A grande maioria é por reação imunológica por anticorpos antiperoxidade (anti-TPO 95 – 100% dos casos, AC antitireoglobulina, AC antireceptor de TSH, AC Antitransportador de iodo). Clínica 1ª. Fase Elevação transitória dos hormônios tireoidianos, Eventual tireotoxicose, Desapercebida (subclínica) Elevação do TSH; 2ª fase: Elevação de TSH (> 10), sem queda de T3 e T4; 3ª fase: Clínica evidente: hipertrofia celular (bócio paulatino – difuso e heterogêneo) Diagnóstico: dosagem dos anticorpos Antitireoperoxidase (anti-TPO): + em > 95% dos pct com Tireoidite de Hashimoto. Antitireoglobulina: mais útil no seguimento pós- operatório do CA de Tireoide TSH T4 ↑ ↓ Hipotireoidismo primário ↓ ou normal ↓ Hipotireoidismo central ↑ Normal Hipotireoidismo subclínico. Tratamento: idosas, mulheres > 50 e 60 anos é obrigatório fazer dosagem de anticorpos. Levotiroxina: hormônio tireoidiano. Pico de 2 a 4 horas, absorção gastrointestinal, deve ser tomado em jejum. É a principal medicação Dose: 1,6 – 1,8 ug/Kg de peso ideal (IMC)/dia; Dose ideal para algumas mulheres: 75 - 112 ug/dia. Uso adequado e mudança de laboratório: (TSH após 2 – 3 meses) Realizar exame: TSH: 5 – 10 mU/L = assintomática, na mulher com desejo reprodutor é tratada (pois o risco de aborto, trabalho de parto prematuro e infertilidade). TSH > 10 sintomático. Na gravidez Podem ter dificuldade de engravidar e/ou incidência de abortamento, além de risco de DM, arritmias, OFIU (Obito fetal intra-uterino) e mal formações do RN. No 1ª trimestre não pode ser superior de TSH de 0,1 a 2,5 e nos demais trimestres não podem ser acima de 3,0. Dose 1,6 – 1,8 ug/kg de peso/dia. Orientação antes de gestar, aumentar a dose em até 20% para engravidar e mudanças do funcionamento da tireoide Hipotireoidismo congênito Erros inatos na gravidez – agenesia, hipoplasia e tireoide ectópica promovendo disgenesia tireoidianas. Teste do pezinho – teste de triagem para diagnosticar esses RN afetados. Caso haja persistência de icterícia e macroglossia pensar no hipotireoidismo congênito. 15 Letícia M. Dutra Vegetariano/ vegano. Hipovitaminose e suas manifestações - Prof. Augusto Alberto da Costa Júnior Hipovitaminose Vitaminas: componentes obrigatórios da dieta; não são sintetizados de forma ou quantidade adequada. Agem como coenzimas ou unidade formadora para síntese de nutrientes essenciais do metabolismo. Conceito básico, generalizado sobre todo o grupo com importância epidemiológica e para investigação em grupos específicos. Nomes das vitaminas A, B, C relacionados com a sequência que foram descobertas, exceção a vitamina K que vem de coagulação que em alemão começa com K Deficiências felizmente mais raras no mundo “civilizado” ocidental, graças ao acesso mais fácil do ser humano a suprimentos variados de alimentação e enriquecimento de vários alimentos com vitaminas. Deficiências observadas em: Doenças crônicas graves/limitantes em alcoólatras Após cirurgias bariátricas Pacientes idosos (quadros mais leves, subclínicos) Refugiados, vítimas de guerra (fome) Suplementação e consumo auto orientado toxicidade por excesso de algumas vitaminas Reservas de vitaminas variam muito em dieta deficiente: Vit. B12 e vit. A: geralmente duram 1 ano Tiamina e folato: estoque suficiente para 8 – 10 semanas Diálise e/ou diuréticos podem levar rapidamente a deficiência das vitaminas hidrossolúveis Tiamina ou Vitamina B1 Mecanismo de ação: 1. Descarboxila α-cetoácidos e aminoácidos de cadeia ramificada (piruvato α-cetogrutarato – ciclo de Krebs) geração de energia 2. Coenzima para ação de transcetolases na via das pentoses (hexose e pentose-fosfato, metabolismo ácidos graxos) 3. Facilitador da condução nervosa periférica: via bioquímica não está bem esclarecida 4. Necessidade: 0,8 md/dia; ingestão média 2 mg/dia Via das pentoses: preferencial em tecidos responsáveis por sintetizar ác. Graxos como o TA, glândulas (gônadas) e fígado. Fontes: Leveduras Vísceras, carne suína/bovina Grãos (cereais), integrais Legumes, vários tipos de nozes Arroz “beneficiado” sem casca (muito pouca tiamina) Déficit de B1: “dietas” com caféna (chá, café, mate), peixes crus, frutos do mar (contém tiaminases) Deficiência: Alcoolismo: ↓↓ absorção/síntese; ↑↑ excreção Doenças graves crônicas como o câncer reserva pequena (semanas) Mães deficientes em tiamina: bebês em aleitamento materno exclusivo deficiência Pós-operatório de cirurgia bariátrica Desidratação crônica: Hiperemese gravídica Terapêutica com diuréticos Diálise, vit. Hidrosolúvel Quadro clinico: Inicial inespecífico: anorexia, irritabilidade, redução de memória recente Déficit protraído: beribéri (2 tipos: seca e úmida), frequentemente há características de ambas – ex. câimbras musculares/ parestesias. Beribéri úmida: sintomas CVs por ↓↓ do metabolismo energético + vasodilatação. > 3 meses de ↓↓ B1 ↑↑ área cardíaca, taquicardia, IC de débito alto/ edema MI + neurite periférica Beribéri seca: neuropatia periférica simétrica (motora e sensorial), reflexos ↑↓ SNC: encefalopatia de Wernicke, nistaguimo horizontal, oftlmoplegia (comprometimento da M. motora dos olhos), ataxia cerebelar e prejuízo cognitivo Perda de memória + psicose/confabulação Wernicke – Korsakoff (psicose Korsakoff) Causas mais frequentes no mundo ocidental: alcoolismo e doenças debilitantes – câncer Alcoolismo: ↓ absorção e síntese, ↑ excreção Desnutrição de doenças graves: câncer, reserva dura apenas semanas SNC: encefalopatia de Wernicke: nistagmo horizontal, oftaloplegia (paresia de músculos extraoculares), ataxia cerebelar e prejuízo cognitivo. Apesar do quadro clínico e história típicas, Wernike- Korsakoff é subdiagnosticado. Diagnóstico: medida da atividade de trancetolase pré e pós adição de pirofosfato de tiamina Dosagem B1 cromatografia liquida de performance alta N: 70 – 180 nmmol/L O ↑↑ 25% da atividade da enzima após adm de B1, é interpretado como déficit TTO: Tiamina 200 mg (EV) 3x ao dia: até se observa a melhora da sintomatologia Sintomas CVs e a oftalmoplegia começam a melhorar em 24 hora Psicose de Wernicke-Korsakoff: melhora gradual (meses) ou sequelas permanentes Tiamina 10 mg VO 1x dia: até melhora completa dos outros sintomas 16 Letícia M. Dutra Riboflavina ou Vitamina B2 Ação: Coenzimas respiratórias e doadora de elétrons no metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras Flavoenzimas: contém dinuceotídeo flavina – adenina (FAD) ou mononucleotideo flavina como grupos protéticos (aceleram as reações enzimáticas) Atuam no metabolismo hemocisteina (proteção cardiovascular) e esteroides Fontes: Leite/derivados Carnes magras, peixe, ovos, Pães com suplementação, cereais, brócolis, legumes Muito sensível a luz, degrada em alimentos sem proteção Quadro clinico: queilose, língua purpura, dermatite seborreica, anemia Diagnostico: confirmação com dosagem de eritrócitos e na urina. Alternativa: Atividade da redutase da Glutationa pré/pós adição de dinucleotídeo favina adenina (FAD) Niancina ou Vitamina B3 Niancina: ác. nicotínico, nicotinamida e seus derivados biológicos ativos Ação: Extremamente importante na cadeia respiratória: Precursores das coenzimas dinucleotideo nicotinamida – adenina (NAD) e dinucleotideo nicotinamida-adenina-fosfato (NADP) Múltiplas reações de oxirredução Transferência adenina difosfato-ribose Reparo de DNA e mobilização de Ca++ Fontes: Leite, carne, frango, peixe, ovos Feijões, pouco nos cereais; amendoim; suplementação da farinha boa disponibilidade Conversão de aminoácido triptofano em niancina ruim na falta de vit. B6, riboflavina ou uso de isoniazida Deficiência: Fraqueza intensa e lesão de pele (PELAGRA) China, África, Índia: Dieta de milho Ocidente: alcoólatras, Sd. Congênitas de má absorção de triptofano renal e intestinal (doença de Hartnup) Izoniazida sem reposição = pelagra Quadro clínico: Sintomas iniciais: anorexia, fraqueza, irritabilidade, dor abdominal, vômitos Quadros avançados: Glossite vermelho-vivo, erupção cutânea pigmentada com descamação nas áreas expostas a luz (colar de Casais) Vaginite, esofagote, proctite Diarreia: depressão demência e convulsões na evolução e morte Doença dos 4Ds: Dermatitis, Diarrhea, Dementia and Death. Erupção cutânea pigmentada com descamaçãonas áreas expostas a luz. As vezes na suplementação com Niancina o pct começa a apresentar rubor cutaneo, deixando uma “luva vermelha” em lugares de lesão inicial. TTO: 100 – 200 mg de nicotinamida/ác. Nicotínico 3x/dia Doses altas (> 2 gramas/dia) usadas para R/x de hipercolest./hipertrigl. Com ↓↓ HDL reduzido (benefício controverso para redução de eventos finais nos grandes ensaios terapêuticos) Rubor da niancina: ação no R ligado a proteína G, mesmo em doses baixas (30 mg); não há evidencia de toxicidade em ingestão não farmacológica. – Melhora com aspirina e mostra taquifilaxia Hepatite tóxica (doses altas para R/x dislipidemia) Pode evoluir: hepatite fulminante transplante com uso de doses de 3 – 9 gramas/dia Icterícia, ↑↑ TGO/TGO Outros efeitos colaterais: intolerância a glicose; hiperuricemia; edema de mácula; cistos de mácula. Priridoxina ou Vitamina B6 Compreende: priridoxina, priridoxal (vegetais) – piridoxamina (animais), 5´piridoxal-fosfato (PLP) PLP: cofator de mais de 100 enzimas que atuam no metabolismo de Aa. Funções: Fontes: - Síntese de heme - Sintese de neurotransmissores - Metab. de glicogênio, lipidios, esteroides, bases esfingóides - Metaboliza várias vitaminas: triptofano em niancina legumes, nozes, farelo de milho, carne (aproveitamento melhor das fontes animais) Deficiência: 1. Alterações epiteliais: outros déficits de complexo B, neuropatia periférica, EEG anormais, confusão mental e depressão. 17 Letícia M. Dutra Até 1 ano de idade, quadros exacerbados: diarreia, convulsões, anemia microcítica (↓↓ síntese de heme) 2. B6, necessária para conversão de homocisteína em glutationa, deficit produz hiperhomocisteinemia e aumento do risco cardiovascular, podendo complicar manifestações agudas de doenças CVs. Independente da homocisteina, défict aumenta inflamação sistemica, aumento de PCR 3. Isonizida, L dopa, penicilamina, cicloserina ↓↓↓ PLP: pridoxina tem que ser prescrita junto com a isoniazida para evitar neuropatia 4. Redução de B6 também causa anemia sideroblástica (hiperplasia de mitocondria, dificultando a capacidade de hematose da hemácia) TTO: B6 – 50 mg/dia Toxicidade de altas doses controversa, neuropatia sensorial Cobalamina ou Vitamina B12 Cobalamina: cofator da síntese de metionina (homocisteína metionina) e produção de enzimas como a metilmalonil Coa succinil CoA Fontes: Origem animal (salmão, truta, atum, fígado, carne de porco, leite/derivados, ovos e ostras) Reserva hepática grande (2 – 3 anos) Deficiência: Gastrectomizados (devido à ausência de Fator intrínseco) Sd de alça cega, ressecção ileal Difilobotríase (parasita que consome vitamina B12) Insuficiencia pancreática Doença de Crohn extensa, ileite Discutível – uso prolongado de bloqueador de prótons Absorção complexa: Enzima da saliva, a haptocorrina + B12 digerida pela transferrina para o fator intrínseco do estomago; o F. intrínseco-cobalamina vai para o íleo, onde o R específico de cubilina no íleo, após metabolização do F. intrínseco; B12 na cél do íleo liga-se a TC1 que só libera B12 no fígado e a transcobalamina TC2 libera geral e vai passar pela economia. Além disso, há a circulação enterro-hepática da B12. Quadro clínico: Anemia: progressão lenta, volume eritrocitário aumentado (110 – 140 fL) + leucopenia/ plaquetopenia As hemácias ficam grande por parada de maturação de DNA, que é dependente da cobalamina Anorexia, glossite, diarreia SN periférico: parestesias, perda de sensibilidade vibratória, propriocepção SNC: déficit cognição/memória, quadros psiquiátricos O diagnóstico precisa ser precoce, déficits severos de B12 com comprometimento neurológico precisam ser tratados com menos de 6 meses de evolução, se o TTO iniciar após 6 meses as sequelas podem ser definitivas. Diagnóstico: confirmação dom dosagem de B12 < 170 pg/mL (NI > 210 pg/mL) TTO: inicial 100 – 1000 microgramas B12 IM/7 dias, todos os dias por 1 semana, depois 1x/semana a cada 30 dias e 1x por mês para o resto da vida Seguimento: melhora hemogramas e vit12, reticulocitose em 5 – 7 dias, com melhora da HB em 60 dias. Ác. Fólico ou Ác. Pteroilmenoglutâmico ou Vitamina B9 Ação: coenzima na síntese de purinas, replicação de DNA/RNA Fontes: frutas (cítricas), vegetais – folhas verdes Reservas do organismo: 60 – 90 dias, necessidade diária 50 – 100 microgr. Deficiências: ↓↓ ingestão de frutas, vegetais/folhas verdes Cozimento de vegetais (calor causa degradação) Má absorção rara Medicações que causam déficit: Fenitoina, trimetropim/ sulfametoxazol e sulfasalazina: ↓↓ absorção Quadro clínico: parecido ao da vit. B12 – anemia megaloblástica, leucopenia, plaquetopenia, anorexia, glossite Sem deficiência de B12 associada: não tem sintomas neurológicos Na presença de deficiência do Folato é necessário dosar Vit B12, Diagnóstico: ác. Fólico < 150 ng/ml e anemia macrolítica TTO: ác. fólico VO 1 mg/dia. Resposta ~B12, reticulocitose 5 – 7 dias, melhora hematológica 60 dias Dosar sempre B12, TTO com ác. fólico melhora hemograma da deficiência de B12, mas não altera o envolvimento neurológico sequelas! Biotina ou Vitamina B7 Ação Fontes - Manifestações dos genes - Gluconeogênese: síntese de ác. Graxos - Transportador de CO2 cartoxilases do citosol e mitocôndrias - Catabolismo de leucinas; regulação gênica Biotinilação de histonas - Vísceras (rim, fígado) - Soja, feijões, leveduras - Cenoura, cereais, nozes, amendoim - gema de ovo, clara contém anidina, liga-se a biotina = biodisponibilidade Deficiência: Raramente por da ingesta Erros inatos do metabolismo 18 Letícia M. Dutra Quadro clínico: Adultos: alterações mentais (depressão, alucinação); parestesias, anorexia, náuseas, erupção cutânea (descamação, seborreia; eritema peri-orbitário, nariz, boca e extremidades) BB até 1 ano: hipotonia, letargia, apatia, alopecia, erupção cutânea incluindo as orelhas Diagnóstico: Diminuição da excreção de biotina urinária e matabólitos; com déficit de propionil-coA, carboxilase nos linfócitos Suspender biotina ou de complexo vitamínicos com biotina 72 horas devido a interferência na dosagem de bioquímica. TSH, T4, T4 livre e T3: uso de dose alta de biotina causa resultados compatíveis com hipertireoidismo como T3 e T4 e TSH, sem manifestação clínica de tireotoxicose. TTO: biotina, doses farmacológicas até 10 mg/dia Ác. Pantotênico ou Vitamina B5 Ação Fontes - Componentes da coenzima A e fosfopanteteína - Metabolismo dos lipídios - Síntese de colesterol e hormônios esteroides - Compostos de unidades isoprenoides (precursores da vit. A – visão noturna) - Acetilação de proteinas - Vísceras (fígado), leveduras - gema de ovo, cereais integrais, vegetais - Deficiência rara por da ingesta Quadro clínico: sintomas não específicos; disturbios gastrointestinais; depressão; caimbras; parestesias, ataxia, hipoglicemia Relacionado a Sd. da queimação nos pés Não há relato de toxicidade Colina ou Vitmina B8 Ação: Precursor de acetilcolina, fosfolípides e betaina (importante nas reações de metilação) Integridade de membranas celulares e neurotransmissão colinérgica Metabolismo de colesterol, de grupos metílicos; sinalização transmembrana Necessidade diária 425 mg/dia mulheres, 550 mg/dia homens Fontes: - Carnes vermelhas, peixe, gema de ovo, germe de trigo, vísceras, leite na forma de lecitina (fosfaditilcolina Deficiência: Síntese hepática , comum em hepatopatia alcoólica Alimentação parenteral sem colina (raro) Quadro clínico: Infiltração gordurosa no fígado, enzimas (TGO, TGP) Lesão muscular: CPK Diagnóstico: nível plasmático reduzido (exercício extremo reduz temporariamente) Toxicidade: ingesta até 3,5 gr/dia Sinais e sintomas: hipotensão, suor colinérgico, diarreia, salivação, odor corporal de peixe estragado (suonúria) Colina: reduz colesterol e homocisteína (possível uso para risco CV – uso controverso) Sd. do odor de peixe: (trimetilaminúria): dieta colina e betaina Como um doador de radicais metil, a betaína participa do ciclo da metionina – primariamente no fígado e rins humanos. O consumo inadequado de grupos metil, leva a hipometilação em vias muito importantes: 1- Distúrbio do metabolismo de proteínas hepáticas (metionina) determinado pela alta concentração de homocisteína plasmática e da concentração de S- adenosilmetionina 2- Metabolismo inadequado das gorduras hepáticas, o que leva a esteatose, dislipidemias. Ác. Ascórbico ou Vitamina C Ação: Antioxidante Absorção de ferro não heme Biossíntese da carnitina – metabolismo de ác. Graxos no musculo Conversão dopamina (noraepinefrina) Síntese de hormônios peptídicos Múltiplas vias no mestabolismo do tec. Conectivo, hidrolização da proteína Múltiplas vias metabólicas (oxidade) de medicamentos Necessidade aumentada: fumantes, hemodiálise, veganos, gravidez/lactação, estresse (infecção/trauma) Fontes: frutas cítricas, brócolis, outros vegetais verdes, tomates, batata Quadro clínico: Fadiga Lesão do tecido conectivo – equimose, petéquias, hemorragias perifoliculares, gengivas inflamadas e hemorrágicas; Sangramento em articulações, cavidade abdominal, pericárdio e glândulas adrenais Crianças: redução de crescimento ósseo em Diagnóstico: dosagem de vit C (), plasma e eritrócitos TTO: 200mg/dia VO – melhora sintomas de escorbuto em alguns dias Excesso: > 2,0 gramas Dor abdominal, diarreia, náusea, metabolização para oxalato cálculos renais 19 Letícia M. Dutra Aumenta 40% incidência de cálculos de oxalato em pct com predisposição e dose > 500 mg/dia. Pode causar hemodiálise em indivíduos com redução de desidrogenase da glicose e fosfosto Estoque para pouco tempo. Vitamina E: isômeros do tocoferol e tocotrienois Ação: Antioxidantes: quebra de cadeias oxidativas; removedor eficiente do radical peroxi. Protege lipoproteínas e gorduras poli-insaturadas em membranas da oxidação Inibe síntese de prostaglandinas (ação anti- inflamatória) Fontes: óleo de girassol; óleo de cártamo, óleo de germe de trigo, soja; óleo de milho, carnes, nozes, cereais; frutas e vegetais verdes (pouco) Necessidade: 15 mg/dia Deficiência: Dietética (não encontrada) Má absorção: cirurgia bariátrica; crianças com fibrose cística pancreática Quadro clínico: Degeneração de axônios mielinizados dos feixes posteriores com sinais e sintomas espino- cerebelares Neuropatia periférica: arreflexia, marcha atáxica, da sensibilidade propioceptiva e vibratória Oftalmoplegia, miopatia esquelética TTO: 800 – 1200 mg de αtocoferol por dia Toxicidade – Doses > 800 mg/dia: Interferem com plaquetas, pioram efeito anticoagulante da varfarina, aspirina ou clopidogrel. Náusea, flatulência, diarreia (doses > 1 grama/dia) Vitamina A: retinol, retinaldeído, ác. retinóico Ação: Visão normal; morfogênese, crescimento, diferenciação celular. Atua também na utilização de ferro; imunidade humoral/células T, atividade das cel. exterminadoras naturais (NK). Fontes: vísceras, peixe, ovos, vegetais verde escuros, frutas amarelas. Deficiência: Mães com ↓↓ vit. A = bebês com deficiência (se exclusivo aleitamento). Redução de Zinco, causando a redução da mobilização hepática da vit. A. Álcool: ↓↓ aproveitamento metabólico, competição enzimática. Medicações óleo mineral, neomicina, colestiramina, orlistate. 10% gestantes possuem déficit de vit. A, se manifestando com da acuidade visual (cegueira noturna) África é utilizado em bebes 50 mil unidades pós-parto, onde se observou redução da mortalidade peri-natal. Quadro clínico: Cegueira noturna, conjuntivas secas, manchas brancas na conjuntiva (Bitot). Ulceração/necrose (ceratomalácia) da córnea, perfuração e endoftalmite/cegueira. Pele muito seca e perda do paladar. Diagnóstico: queixas de redução de visão noturna, comprovada com redução do nível sérico de Vit. A (normal 30 – 65 mg/dL). TTO: Casos iniciais (da visão noturna, cicatrização lenta): 30 mil UI vit. A/dia por 7 dias Deficiência com dano de córnea: 20 mil UI/Kg/dia por 5 dias. Suplementação adicional com 25 – 50 mil UI de β- Caroteno Toxicidade: Excesso de caroteno: pele amarelo-alaranjado, palmas/solas dos pés, sem pigmentação de esclera. Sem outros sinais clínicos graves Excesso de vit. A: > 50 mil UI/dia por mais de 3 meses; intoxicação por fígado de urso polar. TTO: retirada completa de fontes de vit.A da dieta; melhora rápida se sinais e sintomas Sinais e sintomas: Pele seca, escamosa; alopecia; ulceras de boca; hiperostose, anorexia, vômitos, hipercalcemia, de PIC, pepiledema, cefaleia, déficit cognitivo. Diagnóstico: quadro clínico + níveis séricos elevados Vitamina K: K1- Filoquinona, K2 - menaquinona Ação: Carboxilação ácido glutâmico: fixação do Ca++ fatores de coagulação VII, IX, X; proteína C, proteína S, osteocalcina. Varfarina: inibe gama carboxilação, reduzindo a conversão forma ativa da vit. K. Interferência na coagulação (INR, TAP) Fontes: vegetais verdes, espinafre, couve, margarina, fígado; óleo de cartamo, soja. Deficiência: RN: reserva de gordura baixa; níveis baixos de vit. K no leite MATERNO. Profilaxia em RN: 0,5 - 1,0 mg pós-parto. Adultos: má absorção (celíaca, Crohn), obstrução de via biliar; ressecção de delgado; antibioticoterapia; orlistate. Quadro clínico: sangramentos espontâneos/mínimo trauma; intensidades variáveis. 20 Letícia M. Dutra Diagnóstico: TAP/INR aumentado, redução de fatores de coagulação, níveis reduzidos (cromatografia). Tratamento: Na deficiência: 10 mg de Vit. K - EV. Má absorção: 1 - 2 mg/dia VO ou 1-2 mg/semana parenteral. Toxicidade: não foi descrita; mas, sabe-se que altas doses reduzem ação de varfarina. Vitamina D: D2 (Ergocalciferol) D3 (Colecalciferol) Ação: Via receptores de vitamina D Ação músculo cardíaco, função imunológica, proliferação e diferenciação celular, inflamação. Fontes: Sintetizada na pele, UV B. (exposição solar) Peixes. Enriquecimento de alimentos. Deficiência: Níveis de 25-dihidroxivitamina D < 20 ng/ml. Desejável > 30 ng/ml. Fatores de risco: idoso, falta de sol; pele negra; má absorção de gorduras; obesidade. Quadro clinico: Raquitismo, dolorimento muscular; fraqueza, dores óssea, osteopenia ( fraturas). Tratamento: Deficiência: 50 mil UI/semana por 6 – 8 semanas; Após normalizar nível sérico: 800 UI/dia Toxicidade: Rara, geralmente ingestão excessiva de suplementos. Nível sérico alto de vitamina D e hipercalcemia. Tratamento: suspender os suplementos, ocasionalmente tratamento da hipercalcemia. Zinco Componente de metaloenzimas; participa na síntese de proteínas, DNA, RNA na estrutura de ribossomos e membranas, transição de DNA Fontes: carne, frutos do mar, nozes, legumes Deficiência: observada em DM, HIV, cirrose, alcoolismo, doença inflamatória intestinal, má absorção, anemia falciforme. Absorção prejudicada por: fibras, filatos, oxalato, Fe++, cobre, penicilina, valproato e etambutol Quadro clínico: do paladar; acrodermatite, diarreia, alopecia, de massa muscular, depressão Diagnóstico: quadro clínico e nível sérico de Zinco reduzido (<70 microgramas/dL). TTO: 60 mg de zinco elementar, 1x/dia – VO 2 x dia Acrodermatite: é uma ocorrência na pele que atinge crianças de 6m aos 12 anos de idade. Também pode ser chamada de Síndrome de Gianotti-Crosti ou acromatite papular. A doença provoca bolhas vermelhas e roxas no corpo além de coceira, febre e fadiga. A sua causa está relacionada com o vírus Epstein-Barr, além de outros vírus, como a parainfluenza, estarem relacionados em potencializar a doença. Os sintomas clássicos da doença são manchas vermelhas em erupção, sendo que pode desenvolver essas manchas em qualquer parte do corpo, mas normalmente elas se desenvolvem em nádegas, coxas e braços da criança VEGETARIANOS E VEGANOS Epidemiologia: sugere que carne processada, aumenta o risco de câncer colo retal. Vegetarianos: minoria em todos os países (1- 9%) exceto índia 1/3 da população é vegeratiana EUA: 3,3% vegetarianos com 1% de veganos (idade 18 – 34 anos) Suécia: variando 4,8 – 15,6% da população Adolescentes na Austrália: mulheres 8 – 37%; homens 1 – 12% Coortes e vegetarianos: EPIC-oxford e AHS-2 EPIC – Oxford 65 mil participantes (20 – 97 anos), investigação prospectiva de nutrição e câncer 20 – 97 anos. Mortalidade por câncer menor no vegetariano AHS-2 adventistas seguidos nos EUA 62 mil (30 – 112 anos) associação de dieta com câncer Vegetarianos com redução da mortalidade em todas as causas, incluindo a cardiovascular. Estudo Francês (Benjamin Alliès e cols) com 98823 participantes: avaliação nutricional Coorte de vegetarianos: Europeia e canadense Vegetarianos em geral, dietas mais balanceadas com menos inadequações Vegetarianos: mais jovens, mulheres, nível de renda menor, solteiros, sem filhos, IMC < 20 Veganos: nível de escolaridade mais baixo, homens Vegetarianos & Veganos X obesidade e DM-2 Academia de nutrição e dietetica americas: vegetarianismo eficaz, melhor para tratar o excesso de peso X dietas onívoras ; IMC vegetarianos X onívoros https://pt.wikipedia.org/wiki/Parainfluenza 21 Letícia M. Dutra 2 meta-análises mostraram: vegetarianos redução de peso maios que as dietas controles Risco reduzido de DM-2 (redução de 81%) Hb glicada menor Veganos Risco reduzido de DM-2 (redução de 45 -78%) Risco de HAS (75%) Redução significante de Sd. metabólica, catarata, maus desfechos gravídicos e doenças renais Incidencia de câncer < 14% Vegetarianos & Veganos X Doenças cardiovasculares de doença cardiovasculares em pessoas vegetarianas da PA, níveis de lipideos e glicemia Proteina C reativa : maior proteção contra placas ateroscleroticas complexas instáveis Teor de gordura saturada e colesterol, da ingesta de K+, Ca++ e da ingesta de Na+ Flavonoides e fotoquimicos: proteção CV contra a agregação plaquetária e melhora o perfil de coagulação. Vegetarianos X onívoros: 13% redução do risco de doenças CV em geral 19% redução na doença cardíaca isquemica Vegetarianos & Veganos X Ingestão proteica Vegetarianos: ingestão quantitativa de proteina > que as recomendações desde que ingestão calórica normal; Fontes proteicas: leguminosas, tofu e produtos a base de soja, cereais, quinoa, amaranto e trigo sarraceno, hortaliças, oleaginosas, nozes, laticinios e ovos. Maior dificuldade digestiva de proteína vegetal: necessidade proteicas até 30 – 35% maiores em adultos Não foi comprovada a deficiência de proteina na população vegetariana. Vegetarianos apresentam niveis séricos de albumina maiores que onívoros. Ingestão de lípides Vegetarianos mostram elevação na ingestão de ác. graxos poliinsaturados em comparação a onivoros; Veganos: > ingesta desses ácidos graxos Vegetarianos & Veganos X Ingestão de ferro Vegetarianos: necessidade maior; disponibilidade baixa de ferro heme comparados em onívoros. Consumo maior de fitatos, atrapalha absorção de Fe e zinco Vegetarianos: reservas de ferro e níveis de ferritina mais baixos se comparados em onívoros. Compensam com redução de perdas, que se adaptam com de absorção Proteção CV: fibras e polifenois são abundantes na dieta vegana; Alteração da flora intestinal: Bifidobacterium spp.; Lactobacillus spp proporcionam proteção CV e efeitos anti- bacterianos e anti-inflamatórios Vegetarianos & Veganos X Calcio e Vitamina D Vegetarianos: nível sérico de vit. D e da massa ósseas nos indivíduos sem suplementação e/ou baixa exposição solar. Veganos: tendência a densidade óssea menor, comparado a onívoros, e risco 30% maior de fratura óssea. Melhoram risco de fratura com o ajuste do consumo de Ca++ Recomendações Vegetarianos/ veganos: conseguir ingesta mínima recomendada de todos os nutrientes, especialmente Ca++, vit. B12, vit. D e proteínas Gestantes vegetarianas Risco deficiência de Fe, ác. Fólico, vit B12, Ca++ e vit. D Problemas: Anemia ferropriva, anemia megaloblástica Aborto, anomalias congênitas Distúrbio neurogênicas; pré-eclampsia Ruptura prematura de membranas Parto prematuro e alta incidência de bebês com baixo peso Vegetarianos & Veganos X Vitamina B12 Vit. B12 ou cobalamina: atua na síntese de DNA e manutenção de mielina nas cél. nervosas Fontes: quase exclusivamente em alimentos de origem animal (carne e derivados, peixes, ovos, laticínios e vísceras) Veganos: ingestão < recomendação mínima 2,4 mcg/dia Deficiência de B12 em longo prazo Vegetarianos & Veganos X Iodo Iodo: oligoelemento essencial para tireoide Vegetarianos que não consomem fontes de iodo, como o sal iodado ou vegetais marinhos (algas marinhas) deficiência de iodo e redução de síntese dos hormônios tireoidianos Iodo nas algas marinhas varia com teor nos solos marinhos Vegetarianos & Veganos X Vitaminas e alguns oligoelementos Vegetarianos: Níveis de niancina (homens < 65 anos) Ác. pantotênico, bem próximo dos níveis nos veganos B6: homens < 65 anos e mulheres Zinco: bem próximos dos níveis, nos veganos K+ homens e mulheres Vit. C e vit E Veganos: Vit. A e riboflavina (homens e mulheres) B12 homens, mulheres < 55 anos da injeta de Ca++ mulheres > 55 anos 22 Letícia M. Dutra Vegetarianos & Veganos Idosos Envelhecimento: ineficiência no metabolismo, independente da dieta Idosos: incluir alimentos ricos em proteínas, como legumes e soja Recomendações de Ca++ , só alcançadas com inclusão de alimentos suplementados como leite e derivados Relatados níveis baixos de vit. D, ferro e zinco em idosos vegetarianos Manter aporte adequado dessa vitamina, em especial da vit. D em mulheres adultas para manter a densidade mineral óssea. Vigiar e suplementar as faltas de: vitamina A, riboflavina (B2), vit. C, niancina (B3), ác. pantotênico (B5), vitamina D, Fe++, Ca++, vit. B12, zinco, vit E; Proteínas: sem déficit 23 Letícia M. Dutra Obesidade infantil. Política de combate à fome – Dr Marcelo Luiz Peixoto Sobral OBESIDADE Definição: Estado anormal no qual ocorre excesso de gordura corporal, em relação a massa magra. Caracterizada pelo acúmulo de tecido adiposo resultante do desequilíbrio entre consumo e gasto energético. Classificação para adultos (IMC) IMC (KG/M²) CLASSIFICAÇÃO Risco de doença < 18,5 Magro ou Baixo peso Normal ou elevado 18,5 a 24,9 Normal ou Eutrofia Normal 25 a 29,9 Sobrepeso Pouco elevado 30 a 34,9 Obesidade grau I Elevado 35 a 39,9 Obesidade grau II Muito elevado ≥ 40 Obesidade grau III Muitíssimo elevado *Criança apresenta variação de peso *IMC também varia conforme altura/idade Classificação para crianças (Z-IMC): Classificação até 19 anos Prevalência obesidade infantil (América latina) 58% da população com excesso de peso 23% obesa No Brasil aumento de 240% em 20 anos 6,7 milhões de crianças obesas O problema começa cedo: 40,5% das crianças < 5 anos consomem refrigerantes com frequência 60,8% das crianças < 2 anos comem biscoitos Prevalência: 1 a cada 3 crianças no Brasil tem excesso de peso (meninos e meninas entre 5 – 9 anos) 8,4% dos adolescentes brasileiros tem excesso de peso Causas - multifatoriais: 1. Amamentação inadequada 2. Alimentos inapropriados precocemente 3. Erros alimentares 4. Desequilíbrio familiar 5. Genética 6. Sedentarismo 7. Neuroendócrina 8. Prader Willi (alteração cromossomo 15) 9. Disfunção hipotalâmica (compulsão alimentar, alterações hormonais) 24 Letícia M. Dutra Característica da Sd. de Prader Willi Consequências 1. Bullying 2. Triglicérides e colesterol elevados 3. Estética 4. Distúrbios respiratórios 5. Diabetes 6. Lesões ortopédicas: lordose lombar com cifose dorsal e hiperlordose cervical e anteriorização da cabeça; genu valgo; pé plano. 7. Hipertensão arterial: 70% das crianças obesas têm pelo menos 1 fator de risco para doença cardiovascular e 39% tem 2 ou mais. Tratamento Obesidade infantil: uns quilos a mais hoje, uns anos a menos no futuro! Equipe multidisciplinar: endocrinologista, pediatria, nutricionista e psicólogo. Tratamento/ prevenção: 1. Fazer todas as refeições (refeições menores 5 a 6/dia) 2. Horário e cardápio adequados 3. Evitar alimentos industrializados 4. Exemplo dos pais 5. Estímulo a beber água 6. Atividade física Resumo: 1. Diminuir a ingestão calórica 2. Aumentar gasto energético Medicação: Não existe medicação que aja sem mudança de hábitos Indicação de tratamento medicamentoso: Z-IMC > 2 8M. Para indicação do TTO medicamentoso do sobrepeso e obesidade na criança e no adolescente deve ser usado o ponto de corte Z-IMC de + 2 com avaliação em longo prazo dos risos e complicações relacionados com o peso após tentetiva prévia de mudanças estruturadas que envolvam modificação comportamental com redução da ingestão calórica e aumento do gasto energético, em visitas frequentes, com envolvimento familiar, e se necessário, de aumento do grau de estruturação das mudanças, do envolvimento familiar do cuidado multidisciplinar e da frequência das visitas: Grau: A Classe I (consenso) Sibutramina 1. Criada inicialmente como antidepressivo 2. Age no SNC especialmente sobre 2 neurotransmissores (serotonina e noradrenalina) 3. Perda de peso através do duplo mecanismo: sensação de saciedade e o controle da fome 4. Efeitos colaterais: aumento da PA e FC, cefaleia, boca seca, insônia, constipação intestinal 5. Vendida mediante prescrição médica/ termo de responsabilidade - Adolescentes com Z-IMC > + 2 a partir de 12 anos - Iniciar com 10 mg/dia - Reavaliando após 2 semans se efeitos colaterais - A não perda de (2kg) nas 4 semanas 15 mg ou suspensão Orlistate (Xenical ®) - Inibidor das ligases pancreáticas (enz. que catalisam a quebra dos triglicerídeos em ác. graxos livres e monoglicerides) - Cáps de 120 mg (3x ao dia nas refeições) - Adolescentes Z-IMC > + 2 após 12 anos - Associado à dieta com redução de calorias - Incidência de esteatorreia (contra-indicado em distúrbios de má absorção intestinal, doença inflamatória, intolerância intestinal) multivitamínicos 2 horas depois 25 Letícia M. Dutra Metformina - útil em obesidade infantil, quando DM2, pré-diabéticos ou Sd. de ovários policistcos - Uso a partir dos 10 anos de idade Sem resposta a mudança de estilo de vida Contra-indicado para olistate e sibutramina Fator familiar de DM, resistência à insulina e glicemia de jejum alterada Leptina - Síntese de leptina (adipócitos), inibição da fome via hipotálamo - Obsesos, elevados níveis plasmáticos de leptina (5x > magros) - As mulheres possuem maior concentração plasmática - A hiperleptinemia (obesos) resistência à leptina, semelhante ao DM. Alterações no R de leptina Deficiência em seu sistema de transporte na BHE - A produção de leptina em pessoas eutróficas segue um ritmo circadiano e aumenta durante o ciclo menstrual em mulheres. - A leptina recombinante deve ser recomendada no TTO da obesidade em crianças e adolescentes com obesidade monogênica nos raros casos de deficiência da população de leptina TTO cirúrgico - indicação - Cirurgia bariátrica (Sociedade Americana de Cirurgia Pediátrica): Comprometimento de saúde pela obesidade Falha após 6 meses do TTO conservador Garantia do envolvimento familiar No Brasil: 16 anos Z-IMC > +4 Placa epifisária fechada Concordância familiar Octreotida - Derivado octapeptídeo sintético da somatostatina - Inibe: Secreção anormal aumentada do GH e dos peptídeos e serotonina produzidos dentro do sistema endócrino gastroenteropancreatico (GEP) - Em indivíduos sadios, inibe: A liberação do GH estimulada pela arginina, exercício e hipoglicemia induzida pela insulina A liberação pós-prandial de insulina, glucagon, gastrina, outros peptídeos do sistema GFO e a liberação de insulina e glucagon estimulada pela arginina A liberação do hormônio de estimulação da tireoide (TSH) estimulada pela hormônio de liberação da tirotrofina (TRH) Ocreotida hGH TTO para causa hipotalâmica sem resposta a mudança EV e Adjuvante no controle da obesidade, sem resposta aos demais Contraindicação à outras medicações (desconforto gastrointestinal Redução da massa gordurosa e melhora do crescimento TTO cirúrgico – contra-indicação - Ausência do TTO clínico - Doenças psiquiátricas não estabilizadas: Depressão e transtornos psicóticos Dependencia ou uso crônico de álcool e/ou drogas 26 Letícia M. Dutra Complicações Políticas públicas: 1- Políticas intersetorias de saúde e segurança alimentar e nutricional 2- Reduzir o consumo de refrigerante 3- Aumentar o consumo de frutas e hortaliças 4- Programa saúde na escola 5- Obesidade x desnutrição 6- Reduzir a pobreza e desigualdade 7- Reforçar os direitos sociais básicos 8- Geração de empregos formais 9- Salário mínimo 27 Letícia M. Dutra Morfofuncional Pâncreas Depois do fígado é a glândula anexa mais volumosa do Sistema Digestório. Situa-se: Transversalmente aos corpos das vértebras L1 e L2 na parede abdominal posterior; Posteriormente ao estômago entre o duodeno (à direita) e o baço (à esquerda). O pâncreas produz: Secreção exócrina: suco pancreático (ácinos), liberado no duodeno pelos ductos pancreáticos principais e acessórios; Secreção endócrina: insulina e glucagon (ilhotas de Langerhans) Divido em: Cabeça, colo e cauda Cabeça Parte expandida – maior diâmetro Circundada pela curvatura em C do duodeno à direita dos vasos mesentéricos superiores; Fixado as faces medial das partes descente e horizontal do duodeno; Apoiada posteriormente: • VCI; • Artéria e veia renais direitas; • Veia renal esquerda; 28 Letícia M. Dutra Processo uncinado: Projeção da parte inferior da cabeça; Estende-se medialmente para a esquerda, posteriormente à AMS Ducto colédoco: • Situado na face posterossuperior da cabeça ou em sua substância: • Se abre na porção descendente do duodeno Colo Região mais curta do pâncreas; Situado sobre os vasos mesentéricos superiores; Face anterior adjacente ao piloro do estômago; Cauda Região comprida e tubular Situa-se anterior ao rim esquerdo; Relacionada ao hilo esplênico e flexura esquerda do colo; Móvel e passa entre as camadas do ligamento esplenorrenal junto aos vasos esplênicos. Ducto pancreático principal: • Começa na cauda; • Atravessa o parênquima do pâncreas até a cabeça; • Se volta inferiormente e se relaciona com o ducto colédoco. • Se une ao ducto colédoco para formar a ampola hepatopancreática (de Vater) que se abre na papila maior do duodeno situada na parte descendente do duodeno. • Esfíncteres do ducto pancreático, do ducto colédoco e da ampola hepatopancreática ao redor da ampôla (de Oddi), são de músculo liso. Ducto pancreático acessório: • Abre-se no cume da papila menor do duodeno; • Em geral se comunica com o ducto principal. Suprimento arterial Derivado principalmente de ramos da artéria esplênica: Colo e cauda ramos da esplênica; (A. pancreática dorsal, A. pancreática magna) Cabeça: • Aa. Pancreáticoduodenais superiores anterior e posterior; • Ramos da artéria gastroduodenal; • Aa. pancreáticoduodenais inferiores anterior e posterior; • A. mesentérica superior. Drenagem venosa • Veias pancreáticas correspondentes tributárias das partes esplênica e mesentérica da veia porta: • Maioria drena para a veia esplênica. 29 Letícia M. Dutra Histologia Envolvido por uma cápsula delgada de tecido conjuntivo; A cápsula envia septos para o interior separando- o em lóbulos, permitindo a chegada de uma extensa rede de capilares, que favorece a chegada de mediadores químicos ao pâncreas assim como a liberação de hormônios Exócrina Endócrina • Ácinos Suco pancreático; • Ilhotas pancreáticas (Langerhans) Insulina. Exócrino – Glândula acinosa composta: Ductos intercalares • Porções iniciais (onde encontramos as células centroacinosas) penetram no lúmen dos ácinos; • São tributários dos ductos interlobulares (maiores e revestidos por epitélio colunar - cubico). Ácinos – células serosas • Formato piramidal; Circundam o lúmen • Núcleos esféricos; • Polarizadas (núcleos posicionados na região basal da cél. Enquanto no ápice existem grânulos de secreções) • Secretam proteínas (grânulos) exocitose Ácinos são circundados por lâmina basal • Lâmina sustentada por fina bainha de fibras reticulares; Exócrino –Secreção pancreática Células serosas • Água; • Íons; • Enzimas (armazenadas nos grânulos como pré-enzimas). – amilase, lipase, tripsina Células dos ductos intercalares • Bicarbonato. A secreção exócrina é controlada Inervação parassimpática (vago); Hormônios (células enteroendócrinas do intestino delgado) • CCK: estimula a liberação das pré- enzimas; • Secretina: liberada a partir da chegada do quimo ácido no duodeno, estimula a produção de bicarbonato (cel. centro acinosas); • Suco pancreático: enzimas + bicarbonato e água Endócrino - Ilhotas de Langerhans • Mais abundantes na cauda do pâncreas; • Grupamentos de centenas células epiteliais endócrinas; • Incrustados no tecido pancreático exócrino separadas por fina camada de tecido conjuntivo; • Células poligonais dispostas em cordões ao redor de capilares sanguíneos fenestrados. Células β Insulina; • A secreção de insulina ocorre mediante a ligação de GIP (peptídeo inibidor gástrico) e GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon) em R pancreáticos. • Estes mediadores são liberados pelas células enteroendócrinas a partir da presença de carboidratos no intestino delgado. Núcleo menor e citoplasma mais corado Células α • glucagon: liberado na corrente sanguínea sempre que os níveis de glicose circulante forem baixos Núcleo maior e citoplasma mais claro 30 Letícia M. Dutra Métodos de Imagem – Pâncreas O Pâncreas é uma glândula de aproximadamente 15-20 cm de extensão fazendo parte dos sistemas digestório e endócrino que se localiza atrás do estômago e entre o duodeno e o baço. O pâncreas adulto é um órgão retroperitonial transversalmente orientado, estendendo-se desde a concavidade “C” do duodeno até o hilo do baço. Em média, o pâncreas mede 20 cm de comprimento e pesa em torno de 90 gr no sexo masculino e 85 gr no sexo feminino A vascularização adjacente do pâncreas pode ser utilizada para separar o pâncreas em 4 partes: cabeça (3cm), colo (2 cm), corpo e cauda (2,5 cm) Exócrino: secretando suco pancreático que contém enzimas digestivas – ácinos pancreáticos Endócrino: produz hormônios – ilhotas pancreáticas Insulina (cél. β), glucagon (cél. α) e somatostania Ducto pancreático principal O ducto pancreático principal também chamado de ducto de Wirsung Percorre o comprimento do pâncreas e termina na 2ª porção do duodeno na ampola de Vater Ampola de Vater Hepatopancreatica O ducto biliar comum (hepatocolédoco) geralmente se une ao ducto pancreático principal neste ponto ou próximo