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Prof. Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br 1 TRATO GASTROINTESTINAL III PÂNCREAS O Pâncreas é um órgão glandular que apresenta uma função endócrina, através da síntese e liberação de insulina e glucagon, e uma função exócrina através da síntese e liberação de enzimas digestivas (amilase, lipase e protease) que auxiliam a digestão de carboidratos, lipídeos e proteínas. Esta secreção exócrina é regulada pelos fatores descritos na Fig 1. Fig 1: Fatores responsáveis pela regulação da secreção exócrina pancreática Neste capítulo serão abordadas apenas as doenças do Pâncreas exócrino. PANCREATITE È uma inflamação do pâncreas caracterizada por edema + exudato celular + necrose gordurosa. A doença pode seguir dois cursos distintos conforme abaixo: 1. Leve – 80% dos casos: autolimitante, pancreas apresenta edema intersticial (pancreatite edematosa) com recuperação completa em torno de 5-7 dias. 2. Grave – 20% dos casos: autodigestão + necrose + hemorragia de tecido pancreático, com importante repercussão sistêmica e hipercatabolismo. Apesar de a extensão e gravidade da lesão poder ser avaliada somente por exames radiográficos de imagem (Tomografia e ultrasom) pode-se avaliar o prognóstico de internação hospitalar de um paciente utilizando-se os critérios de Ranson. Critérios de Ranson (1974): Composto de 11 critérios, sendo 5 avaliados no momento da internação ou diagnóstico e os 6 restantes durante as primeiras 48h de internação, conforme ilustrado na Tab 2. Tab 2: Critérios de Ranson para avaliar o prognóstico na Pancreatite Internação ou Diagnóstico Idade > 55 anos Leucócitos > 16.000/m3 Glicemia > 200mg/ 100ml Desidrogenase lática > 350 UI/L Aspartato transaminase > 250 U/L Primeiras 48h Redução de hematócrito > 10mg/dl Aumento do N2 ureico sanguíneo > 5mg/dl PO2 arterial < 60mmHg Déficit de base > 4 mEq/L Seqüestro de fluido > 6L Cálcio sérico < 8mg/ml Interpretação: (Dan 2009) Presença de 1 a 3 critérios = Pancreatite leve Presença de 4 ou + critérios = Mortalidade elevada Os sintomas da pancreatite incluem: Dor de intensidade variável, contínua ou intermitente que pode irradiar para as costas Hipoperistaltismo Parada de eliminação de flatos e fezes Náuseas/vômitos Esteatorréia Distensão abdominal icterícia Casos Graves de Pancreatite Hipotensão (pulso fino) Oligúria Dispnéia Hemorragia Choque Sinal de Cullen (hematoma na região umbilical)* Morte Sinal de Gray Turnner (hematoma em flancos)* *significa sangramento retroperitoneal Etiologia A pancreatite apresenta etiologia multifatorial (Fig. 2) e está associada a sérias complicações e mortalidade significante. As principais etilogias são álcool e cálculos biliares, que apresentam respectivamente, mortalidade de 5 e 10 a 25%. Secreção exócrina pancreática (enzimas digestivas) Secretina + colecistoquinina Resposta neural Composição dos alimentos ingeridos (Os lipídeos são os maiores estimuladores) Sais biliares Prof. Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br 2 Fig. 2: Fatores etiológicos da pancreatite Patogenia (Dan 2009) Os mecanismos exatos que levam à lesão pancreática ainda não foram completamente elucidados, mas parece que o fator desencadeante está associado a aumento no fluxo de cálcio intracelular e à ativação prematura do tripsinogênio no pâncreas, ocasionando a autofagia. Migração de neutrófilos até o pâncreas Liberação de citocinas inflamatórias # Se essa resposta inflamatória ficasse contida apenas no pâncreas a doença seria bem mais leve, ao invés disso ocorre a “enxurrada de citocinas” na circulação sistêmica, lesionando outros órgãos, como por exemplo, lesão pulmonar aguda e SARA, ocasionada pela liberação de enzimas proteolíticas (tripsina, elastase, fosfolipase e caspase1) na circulação. Uma vez que as enzimas pancreáticas (amilase, lipase e proteases) são armazenas no interior das células, a destruição destas faz com que as enzimas sejam liberadas na corrente sanguínea, o que explica o fato de observarmos elevação de amilase e lipase na corrente sanguínea em casos de pancreatite, sendo estas enzimas utilizadas inclusive para auxiliar no diagnóstico da doença. Já a teoria que envolve o ácool como fator etiológico, seria que este leva a um aumento da secreção pancreática por estimular a gastrina e secretina, associado a espasmo e/ou edema do esfícter de oddi. Logo, o estímulo da secreção associado à obstrução da passagem desta pelo edema ou espasmo do esfíncter de Oddi, gera pancreatite. Classificação A Pancreatite pode ser classificada em AGUDA ou CRÔNICA. Pancreatite Aguda A Causa mais comum são os cálculos biliares Outras causas incluem: Traumática: trauma abdominal, pós operatória, CPRE Doença pancreática: pâncreas divisum, câncer de pâncreas, ascaridíase ductal(colédoco ou Wirsung), pancreatite crônica Metabólica:alcoolismo, hipertrigliceridemia, hipercalcemia, obesidade, gravidez, hiperparatireoidismo (pelo ↑ cálcio) Infecciosa: caxumba, peritonite, hepatite B, Herpes Simples, citomegalovirus Medicamentosa: diuréticos, corticoesteróides, azatioprina, tetraciclina, metronidazol, sulfassalazina. Tóxica: arsênico, chumbo, histamina, tetracloreto de carbono Outras: excessos alimentares, veneno de escorpião, LES, queimaduras, insuf. Hepática grave, pós Tx renal Idiopática: causa desconhecida Avaliação Nutricional do Paciente (Dan 09) Uma vez que a desnutrição é um achado freqüente em pacientes com pancreatite, torna-se fundamental a realização da avaliação nutricional para traçar a conduta mais adequada. A avaliação consiste em uma abordagem geral, baseada em dados antropométricos, bioquímicos e imunológicos além de avaliação metabólica: Antropometria: peso, PCT, CB e CMB devem ser utilizados para avaliar reservas de proteína e gordura Dados Bioquímicos: índice de creatinina/altura (avaliação das proteínas somáticas) + albumina e transferrina (avaliação das proteínas viscerais) Dados imunológicos: contagem total de linfócitos + teste de hipersensibilidade cutânea avaliam a competência imunológica do paciente, já que sabe-se que a desnutrição a prejudica. Avaliação metabólica: realizada pelo balanço nitrogenado, que reflete a quantidade de massa protéica consumida para gerar energia. Terapia Nutricional O cuidado nutricional na pancreatite aguda tem o objetivo de colocar a glândula “em repouso”, já que a dor está parcialmente relacionada aos mecanismos de secreção de enzimas pancreáticas e bile. Abaixo segue um esquema contemplando as diferentes condutas nutricionais diante dos diferentes “ataques” na pancreatite aguda. 1. Pancreatite aguda leve (comum a todos os autores) Dieta zero + hidratação venosa + analgesia (Dan) Além da tríade acima, ainda recomenda descompressão gástrica (sonda nasogástrica em sifonagem) (Dan) Retorno da alimentação: deve ocorrer após desaparecerem vômitos, dor, distensão abdominal e íleo, além de se PANCREATITE Alcoolismo crônico Cálculos biliares Dç do trato biliar Trauma hipertrigliceridemia hipercalcemia Algumas drogas Infecção viral Nos casos de pancreatite crônica, devido à destruição celular maciça e substituição do tecido pancreático (funcional) por fibrose (ñ funcional), a síntese de enzimas está diminuída e a amilase e lipase séricas podem parecer normais. Prof. Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br 3 normalizarem os exames laboratoriais (amilase, lípase, cálcio e glicose). Isto normalmente ocorre em 5 a 7 dias. Características da dieta: dieta por via oral ou enteral, atentando para possível retorno da sintomatologia que mostra refratariedade à essas vias. No caso de enteral, esta pode ser por sonda nasoentérica ou jejunostomia, com dieta hiperproteica, moderada em carboidratos e suplementada com TCM 2. Pancreatite aguda grave (Dan 2009) – Não recomenda a NPT como padrão de Terapia Nutricional na pancreatite aguda, como fazia na edição anterior. Sabe-se agora que não usar o trato digestivo pode ocasionar problemas. Promovetranslocação bacteriana e aumento nas complicações tardias de infecção nosocomial, sepse e insuficiência de órgãos. Assim, a alimentação precoce na pancreatite aguda é importante para manutenção da função intestinal e prevenção de complicações. È indicado o uso de 2 sondas simultaneamente. Uma para a alimentação, pós ligamento de Treitz ( 40 – 60 cm além do ligamento) e a outra para descomprimir o estômago. Fórmulas com baixo teor de lipídios ou sob a forma de TCM e proteínas sob a forma de pequenos peptides estimulam menos o pâncreas e são melhores toleradas. Atenção! Fórmulas isentas de lipídios tendem a ter alta osmolaridade > estimulação do pâncreas e < tolerância. Preferência: Fórmulas elementares ou semielementares. (Chemin 2010) - recomenda via enteral pós ângulo de Treitz com fórmula oligo ou monomérica, iniciando com 10 a 15ml/h e evoluindo volume e fórmula para polimérica de acordo com tolerância. - Assim como Dan2009 também recomenda 2 sondas simultaneamente. Uma para a alimentação, pós ligamento de Treitz e a outra para descomprimir o estômago. - INICIALMENTE as fórmulas devem ser isentas de fibras para evitar distensão abdominal - Não recomenda uso de probióticos até que os estudos demonstrem segurança em sua utilização - Em caso de a Nutrição enteral não ser suficiente para atingir as necessidades, deve-se ter a parenteral como base e somente descontinuá-la se a aceitação da nutrição enteral for de, pelo menos, 50% do VET previsto SEM INTERCORRENCIAS. - Lipídios tanto em enteral quanto em parenteral podem ser usados desde que triglicerídeos < 300mg/dl (Chemin 2010) Recomendações na Pancreatite aguda GRAVE VET 25 – 30kcal/kg/peso Carboidratos 35 a 65% Proteínas 1,5 a 2,0 – desde de que não haja ↑ ureia sérica Lipídios 1,0 a 1,5 – optando por formulas com TCM ou oliva Micronutrientes Não estabelecidas as doses Nos casos de uso de NP, deve-se monitorar atentamente a glicose, os TG, cálcio e o estado hidroeletrolítico, pois a tolerância não é tão boa quando os nutrientes são administrados via enteral. Complicações da NPT (Dan) Infecciosas: a mais comum é a infecção de cateter, e os pacientes com pancreatite crônica são mais acometidos do que os com pancreatite aguda. Metabólicas: a mais comum é a hiperglicemia moderada, acometendo aproximadamente 80% dos pacientes. Uma glicemia > 200mg% é de difícil controle e sinal de mau prognóstico. Monitoração do paciente em NPT (Dan) Diária: glicemia, lipase, amilase, peso e balanço hídrico 2x/semana: cálcio e albumina séricos 1x/ semana: hemograma, hemocultura, CB, PCT e balanço nitrogenado A conduta clínica para esses pacientes inclui: Correção da hipovolemia com reposição hidroeletrolítica + cuidados cardiorrespiratórios Tratamento da dor. A morfina está contra-indicada por causar edema do esfíncter de Oddi, sendo a meperidina a melhor escolha Devido à gastroparesia,quase sempre é necessário a passagem de uma sonda gástrica de descompressão. Monitorização rigorosa de glicose devido à possibilidade de prejuízo endócrino + relativa resistência à insulina pela condição de estresse metabólico presente. Redução da produção de ácido clorídrico (já que este é um estímulo para secreção pancreática) com a utilização de antagonistas do receptor de H2 (antiácido) e somatostatina que é considerada o melhor inibidor da secreção pancreática, além de poder ser adicionada à NPT Atenção com os níveis séricos de cálcio que estão freqüentemente baixos nesses pacientes ( lembrem que o cálcio na pancreatite é tão importante que é até um parâmetro avaliado nos critérios de Ranson) . As prováveis causas são: 1.Hipoalbuminemia: já que parte do cálcio é carreado na corrente sanguínea ligado à albumina, se ocorre redução dos níveis dela, conseqüentemente o cálcio será reduzido Prof. Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br 4 2.Necrose de gordura: Ocorre um “seqüestro” do cálcio pela área de necrose gordurosa para a formação de sabão com os ácidos graxos livres ali gerados. Para saber o real cálcio disponível deve-se determinar os níveis de cálcio ionizado, que não é nem ligado à albumina nem aos ácidos graxos Pancreatite Crônica Causa mais comum é o álcool A pancreatite crônica, em contraste ao que ocorre na aguda, usualmente evolui de forma insidiosa durante muitos anos. É caracterizada por ataques recorrentes de dor abdominal que pode ser precipitada pelas refeições. Além disto, ocorrem alterações estruturais e funcionais do pâncreas como fibrose, calcificações e cistos, resultando em insuficiência exócrina e endócrina com intolerância à glicose. Patogenia O evento inicial é a formação de tampões protéicos dentro dos ductos pancreáticos, que funcionam como matrizes para deposição de sais de cálcio (carbonato de cálcio), formando verdadeiros cálculos. Uma vez formados, esses cálculos obstruem os ductos gerando inflamação com destruição do parênquima pancreático. A destruição das ilhotas de Langerhans (produtoras de insulina) ocorre mais tardiamente. Sintomas Dor abdominal contínua ou recorrente + desnutrição progressiva + má absorção + diabetes secundário Causas da desnutrição na Pancreatite Crônica Náusea/ vômitos Esteatorréia (gordura > 7g nas fezes em 24h) anorexia Dor ao se alimentar que gera sitofobia (medo de se alimentar) Icterícia Aumento do GER (devido à inflamação pancreática) Anemia Hemorragia gastrointestinal Objetivos da Terapia Nutricional Prevenir dano posterior ao pâncreas ↓ esteatorréia ↓ crises e inflamação aguda corrigir desnutrição aliviar a dor Conduta Clínica e Nutricional na Pancreatite Crônica Tratamento geral da PC Interrupção da ingestão de Álcool + Analgésicos (Dan 2009) LIPÍDEOS São os macronutrientes mais preocupantes nos pacientes com pancreatite crônica, pois são os que mais estimulam a secreção pancreática, podendo contribuir com a dor aos se alimentar. Além disso, sua absorção está, na maioria das vezes, prejudicada, levando a quadros frequentes de esteatorréia. - (Dan 2009) pacientes que já tenham atingido a dose máxima de enzimas devem receber dieta hipolipídica com 40 a 60g/dia ou substituição de parte da gordura por TCM. Por outro lado, aqueles que não estiverem recebendo a dose máxima de enzimas, deve-se ofertar a quantidade máxima de lipídio tolerada (conduta individualizada), pois essa medida auxilia no ganho de peso. (Dan 2009) embora a esteatorréia esteja presente em 1/3 dos pacientes com PC, a DESNUTRIÇÃO É RARA! ENZIMAS PANCREÁTICAS (Dan) O uso de cápsulas de enzimas pancreáticas (lipase + proteases) junto às refeições pode fornecer alívio da dor pela redução da secreção exócrina. Entretanto a reposição de enzimas deve ser cogitada somente se houver perda ponderal importante ou insuficiência enzimática comprovada por estudos funcionais. ANTIÁCIDOS - devido à produção pancreática de bicarbonato ser freqüentemente ineficaz, pode-se utilizar antiácidos (Inibidores de bomba de prótons e antagonistas dos receptores de H2) ou bicarbonato para manter o pH intestinal ótimo para atuação das enzimas, além de inibir a secreção ácido-gástrica que é um importante estimulador da secreção pancreática. ÁLCOOL - Está proibido! DISFUNÇÕES ENDÓCRINAS - Deficiência de insulina: Paciente desenvolve intolerância à glicose e o tratamento é feito com administração de insulina exógena, similarmente ao que se faz com um paciente diabético. Segundo DAN 2009, Diabetes pode ocorrer de 7 a 15 anos depois do diagnóstico inicial de PC em 20 – 30% dos pacientes. - Deficiência de glucagon: Gera hipoglicemia refratária, pois sem o glucagon há prejuízo na mobilização dos estoques de glicogênio. O tratamento deve focar o controle dos sintomas e não a normoglicemia. Segundo DAN 2009, mais pacientes morrem por HIPOglicemia do que por HIPERglicemia, devido à ausência do contrarregulador Glucagon. A deficiência hormonal ocorre em conseqüência à destruição das células beta e alfa pancreáticas, produtoras de insulina e glucagon respectivamente.Nutrição enteral X parenteral na PC NE: nos casos de dor refratária com ingestão de alimentos, pode-se indicar dietas enterais, até mesmo poliméricas por via oral, já que estimulam menos o pâncreas comparadas aos alimentos in natura. NP: reservada para os casos de dor persistente até mesmo à NE oral ou casos de ascite pancreática e/ou cisto pancreático, Prof. Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br 5 onde a NP torna-se indicação formal e precisa na tentativa de estabelecer repouso pancreático máximo. Nos pacientes em regime de NP que não apresentam melhora do estado geral e da dor, há suspeita de neoplasia, principalmente nos idosos. CIRURGIA NO CÂNCER DE PÂNCREAS O adenocarcinoma do ducto pancreático é extremamente agressivo e, no momento do diagnóstico, a maioria dos pacientes apresenta perda de peso importante e apresenta-se num estágio que não é possível realizar tratamento curativo. Os sintomas principais desta neoplasia são: dor abdominal, anorexia, náuseas, vômitos e perda de peso, sendo parte desta náusea e vômito, associados à obstrução duodenal. Alimentar-se pode piorara a dor. Quando o câncer obstrui o ducto pancreático, pode ocorrer má absorção devido à deficiência enzimática e, este fato, combinado à anorexia, contribui ainda mais para a perda de peso. Se ocorrer obstrução biliar, pode ocorrer má absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis. TRATAMENTO CIRÚRGICO CURATIVO (Chemin) É a única chance de cura, sendo a pancreatoduodenectomia (cirurgia de Whipple) o procedimento de escolha. Nesta cirurgia é retirada a metade distal do estômago, a cabeça e quantidades variáveis do pâncreas, todo o duodeno e alguns centímetros do jejuno. Problemas no pós operatório (Chemin) - insuficiência exócrina e a má absorção de gorduras - saciedade precoce, diarréia e anorexia - rápido esvaziamento gástrico, úlcera marginal (minimizada pelo uso de bloqueadores de H2) e gastrite com refluxo de bile. Uma modificação para preservar o piloro reduz o refluxo biliar e o esvaziamento rápido (ver figura abaixo, foto A), mas seu uso em pacientes com câncer de pâncreas é problemático. Após o procedimento a sobrevida é baixa (4% em 05 anos) e aproximadamente 10 a 12% são diabéticos e 10 a 35% apresentam glicosúria ou hiperglicemia assintomáticas. Terapia Nutricional no Pós Operatório (Dan) Lipídios: Recomenda-se dieta hipogordurosa e nos casos de má absorção deve-se usar TCM. Carboidratos: 60 a 70% do VET Devido ao jejum digestivo GÁSTRICO prolongado no pós operatório desta cirurgia, recomendam-se dietas elementares eriquecidas com TCM administradas por sonda nasoenteral ou jejunostomia (Chemin) fornecer calorias e nutrientes suficientes para compensar a má absorção; Se as secreções digestivas forem inadequadas após a cirurgia, pode ser necessária a reposição enzimática junto às refeições; Devido aos oligossacarídeos não necessitarem de enzimas pancreáticas para sua hidrólise seu uso pode favorecer uma melhor absorção do que o uso de carboidratos de cadeia longa; Avaliar individualmente a questão da intolerância à glicose; Refeições pequenas e freqüentes podem auxiliar a ingestão devido à saciedade precoce; Se for necessário tanto para pacientes com ou sem ressecção curativa pode ser usado um tubo de jejunostomia para suplementação da nutrição oral através de nutrição enteral noturna. TRATAMENTO CIRÚRGICO PALIATIVO (Chemin) Pacientes com tumores não passíveis de ressecção são submetidos a um desvio duplo, que é realizada para aliviar uma obstrução já presente ou iminente do duodeno e do ducto biliar. A cirurgia consiste em uma gastrojejunostomia e de uma coledocojejunostomia. Apesar desta cirurgia, os pacientes continuam queixando-se de saciedade precoce, dor abdominal após a refeição, distensão e falta de apetite. Estes pacientes apresentam perda de peso grave, debilidade física, dor e anorexia. FÍGADO O fígado é a maior glândula do corpo humano, pesando aproximadamente 1.500g e tem a capacidade de se regenerar. Ele é suprido com sangue vindo da artéria hepática (1/3 do total) + o vindo da aorta e veia porta, que supre os outros 2/3 e leva para o fígado o sangue drenado do TGI. Apesar de somente 10 a 20% de fígado funcional serem necessários para manutenção da vida, a sua remoção completa causa óbito em 24h. Isto demonstra claramente o papel metabólico chave desempenhado pelo fígado, cujas principais funções são mostradas na tabela 4. Tab.4: Principais funções do fígado SUBSTÂNCIA FUNÇÃO HEPÁTICA Carboidratos transforma em glicose os produtos da digestão de carboidratos armazena glicose na forma de glicogênio (glicogênese) disponibiliza glicose dos estoques de glicogênio (glicogenólise) quando é necessário (p. ex. em hipoglicemia) sintetiza glicose a partir de precursores não glicídicos (ácido lático, AA, ácido tricarboxílico), processo denominado gliconeogênese Fig. 4: Cirurgia com preservação do piloro (A) e cirurgia de Whipple padrão (B) Prof. Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br 6 Proteínas conversão de AA em substratos energéticos síntese de AA não essenciais síntese de fatores de coagulação (fibrinogênio e protrombina) síntese de proteínas séricas (albumina, globulinas, transferrina, ceruloplasmina e lipoproteínas) Lipídios faz beta oxidação de ácidos graxos gerando energia sintetiza corpos cetônicos que servirão de substrato energético no jejum sintetiza e hidrolisa triglicerídeos, fosfolipídeos e colesterol Vitaminas armazena todas as vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) armazena vitamina B12 sintetiza as proteínas transportadoras de Vit A. converte caroteno em Vit A ativa o folato ativa a vit D Minerais armazena zinco, ferro, cobre e magnésio sintetiza as proteínas carreadoras de ferro, zinco e cobre Amônia Transforma amônia (produto tóxico resultante do metabolismo de proteínas) em uréia, que pode ser excretada pelos rins Hormônios esteróides São inativados e excretados (aldosterona, glicocorticóides, estrógeno, progesterona e testosterona) Álcool e drogas Detoxificação destas substâncias pelo sistema enzimático que possui Bactérias e detritos no sangue São removidos do sangue pela ação fagocítica das células de Kupffer, presentes nos sinusóides hepáticos (ação de filtro) AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA FUNÇÃO HEPÁTICA No caso de suspeita de doença hepática,podem ser utilizados marcadores bioquímicos como: Níveis séricos de bilirrubina: quando aumentados, podem indicar produção excessiva ou captação hepática prejudicada. Fosfatase alcalina: níveis aumentados sugerem colestase, mas também podem aumentar com distúrbios ósseos, gravidez e alguns tipos de câncer, já que não é uma enzima produzida apenas pelo fígado. Enzimas hepáticas: elevação dos níveis séricos de aspartato aminotransferase (AST), uma enzima mitocondrial e alanina aminotransferase (ALT), uma enzima citoplasmática, denota dano ao hepatócito. Albumina sérica: como é produzida apenas pelo fígado, no caso de doença hepática pode ser um marcador de função do fígado, denotando dano hepático frente a uma síntese reduzida. CIRROSE HEPÁTICA Na cirrose hepática, ocorre destruição dos hepatócitos e substituição do tecido hepático funcional por tecido cicatricial (fibrose), fazendo com que haja além de perda funcional, alteração estrutural do fígado (ver fig. 7). É uma doença irreversível e só é curada com o transplante hepático. Figura 7: Contorno externo = normal | contorno interno = cirrose Etiologias da cirrose (Chemin) Metabólicas: decorrentes de erros congênitos como, galactosemia, tirosinemia, doença de Wilson, hemocromatose, deficiência de alfa 1 antitripsina e esteato hepatite não alcoólica Virais: ocasionada pelos vírus B (associado ou não ao D ou delta) e C da hepatite Alcoólica: ocorre após ingestão média de 80g (homens) e 60g (mulheres) de palcool/dia por um período de 5 a 10 anos. Induzida por fármacos: metrotrexato, isoniazida, oxifenisatina e alfa-metildopa Auto imune: afeta caracteristicamentemulheres jovens ou pós menopausa e é conseqüente à evolução da hepatite ou colangite auto imune Biliares: cirroses biliares primária e secundária Criptogenica: de etiolgia indeterminada (10 a 15% dos casos) Manifestações clínicas (Chemin + Dan 2009) (Chemin) Os pacientes são classificados em compensados ou descompensados (presença de ascite, encefalopatia e/ou icterícia). Prof. Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br 7 (Dan) Cirrose hepática compensada Pobre em sinais e sintomas. Suspeita da doença por alterações ao exame físico. Alguns pacientes podem manter- se nesta fase por toda vida, outros, em poucos meses ou anos, evoluem para falência hepatocelular e hipertensão portal. Cirrose hepática descompensada Presença de complicações da cirrose – ascite, encefalopatia e HDA, e sinais característicos como fraqueza, perda ponderal, hálito hepático, icterícia e circulação colateral. Causas da desnutrição no hepatopata Como o fígado é um órgão chave para o metabolismo de forma geral, um prejuízo importante em sua função, como se observa na cirrose, acarreta uma série de conseqüências inclusive nutricionais, sendo a desnutrição extremamente prevalente. Entretanto, quando a terapia nutricional é fornecida, a desnutrição pode ser revertida e o prognóstico clínico melhorado. 1. Ingestão oral inadequada: é o principal contribuinte para desnutrição e é acarretada por um conjunto de fatores: - anorexia - disgeusia: estes pacientes podem apresentar deficiência de zinco, que está associada à disgeusia - saciedade precoce: a ascite aumenta a pressão intra-abdominal, comprimindo o estômago - dietas muito restritas e não saborosas 2. Esteatorréia é comum de ocorrer na cirrose, especialmente se houver lesão ou obstrução do ducto biliar. - drogas utilizadas no tratamento que podem causar má absorção (lactulose, sequestrantes de sais biliares) 3. Metabolismo alterado ocorre alteração no metabolismo de macro e micronutrientes, com possível elevação do GEB. 4. Ingestão alcoólica Apesar de não estar envolvida em 100% dos casos de cirrose, a ingestão alcoólica é muito freqüente e é uma importante causa de desnutrição devido a fatores como: - substituição do alimento pelo álcool - o álcool possui efeito negativo sobre a digestão e absorção, levado à deficiência de tiamina e folato, principalmente - promove aceleração da peristalse e redução da lactase da borda em escova, favorecendo diarréia e esteatorréia. 5. sangramento digestivo (melena) pode ocorrer pela ruptura de varizes esofagianas e gástricas e é necessário que o paciente fique em dieta zero, de forma que se isto ocorrer com freqüência pode levar a desnutrição 6. alterações neurológicas: dependendo da gravidade, podem impossibilitar uma ingestão por via oral segura. Conseqüências da desnutrição (Chemin) A desnutrição pode contribuir com o aparecimento do ascite (pela redução ainda maior das ptns totais), encefalopatia (pela proteólise que o paciente faz) e peritonite bacteriana (pela redução da imunidade e risco de colonização bacteriana no líquido ascítico que é nutritivo para bactéria). Quanto maior for a gravidade da cirrose, pior é a desnutrição, ou seja, pacientes Child B e C são mais desnutridos do que Child A (Chemin) AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO HEPATOPATA (Dan) Diante de todas as causas de desnutrição presentes no paciente hepatopata, e considerando que a desnutrição é uma achado bastante freqüente, torna-se fundamental a realização da avaliação nutricional. Entretanto, ainda não há um “padrão ouro” para avaliação do hepatopata e portanto esta deve ser feita utilizando-se métodos antropométricos, bioquímicos e clínicos, conforme descritos abaixo: 1. História clínica: deve-se considerar o início, duração, e etiologia da doença hepática, bem como a presença de comorbidades (nefropatia, DM, cardiopatia) 2. exame físico: observar edema, ascite e sinais de deficiências nutricionais (dermatites por carência de zinco ou de ácidos graxos essenciais; pelagra por deficiência de niacina e queilose ou queilite por deficiência de complexo B) 3. Avaliação subjetiva global (ASG): - Dan É considerado um método impreciso por alguns autores por subestimar a DPC em 50% na cirrose ou superestimar em 60%. - Chemin Ainda é controverso para hepatopatas 4. indicadores bioquímicos: - proteínas séricas (albumina; pré-albumina; transferrina; proteína ligadora do retinol) devem ser usadas com cautela pois já que são produzidas pelo fígado, níveis baixos podem refletir a disfunção hepática e não necessariamente desnutrição - índice creatinina/altura (Chemin) o índice creatinina/altura é um bom indicador de massa magra, exceto em doença renal Atenção: A Chemin diz que é um bom indicador no texto,mas coloca em uma tabela como sendo um fator que afeta o índice de creatinina altura, a síntese hepática reduzida de creatina - balanço nitrogenado pode ser usado para avaliar a adequação da terapia nutricional através do grau de retenção de nitrogenio. - contagem total de linfócitos: reduzida em alcoolistas durante ingestão alcoólica, mas voltam ao normal em abstinência 5. Antropometria - é usada utilizando-se os mesmos parâmetros que se utiliza para qualquer indivíduo. Prof. Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br 8 - Nos casos de edema ou ascite, deve-se dar preferência a PCT, PC biciptal , subescapular e CMB pois sofre menor interferência na retenção hídrica. Não se recomenda uso de IMC nestes casos (Chemin) - em estudo com cirróticos ambulatoriais viu-se que a CMB estava mais reduzida em homens e a PCT em mulheres (chemin) - deve-se avaliar circunferência abdominal e peso periodicamente para acompanhar a progressão ou remissão da ascite. - (Dan 2009) Circunferência da panturrilha não se deve utilizar em casos de edema. 6.Força muscular - pode ser utilizada para avaliar a eficácia da terapia nutricional. Entretanto em casos de encefalopatia não pode ser usada pois não se sabe se é devido à redução muscular ou às alterações bioquímicas (Chemin) 7. impedância bioelétrica (Chemin) tem valor limitado na presença de ascite e edema pois superestima a massa gorda e subestima a magra (atenção: essa informação de superestimar massa gorda está errada, mas é assim que está na Chemin) (Dan 2009) Pode ser utilizada em pacientes com DHC compensada ou descompensada sem grandes alterações na sensibilidade do método. Identificação do risco prognóstico através do ângulo de fase. Deve ser usada em casos de ascite e edema e naqueles em uso de diuréticos para acompanhamento da retenção hídrica. Como já visto, o paciente hepatopata requer um conjunto de parâmetros para avaliá-lo de forma mais correta, uma vez que as alterações metabólicas presentes geram dificuldades na interpretação destes parâmetros, como mostra a tabela abaixo. Além dos parâmetros antropométricos, bioquímicos e clínicos já vistos, é importante classificar a gravidade da insuficiência hepática para estimar de forma mais correta as necessidades do paciente. Para tal, utiliza-se a classificação de Child – Pugh, demonstrada abaixo: TERAPIA NUTRICIONAL NO CIRRÓTICO Energia os percentuais devem ser distribuídos normalmente entre os macronutrientes (Chemin) Os pacientes hepatopatas tendem a ser hipermetabólicos e desnutridos Em geral os pacientes em estágio terminal sem ascite apresentam 120 a 140% do GEB. (Dan 2009) 25 – 35 Kcal/Kg/dia Manter ou restaurar o EN. 40Kcal/Kg/dia Ganho de peso mais acentuado. Sem Ascite: Usar peso atual Com Ascite: Usar peso adequado (teórico) ou seco. Carboidratos Preferencialmente carboidratos complexos, mas os simples podem ser usados desde que a glicemia esteja controlada (a maioria dos cirróticos apresenta resistência à insulina). (Chemin) ver percentual recomendado para cada doença na tabela 6. Proteínas Dan 2009 1g/Kg atual ou ideal/dia Dç hepática estável p/ BN+ 1,2 – 1,8g/Kg/dia Para retenção nitrogenada – preferir Ptn vegetal. Mín. 1,5g/Kg/dia Em indicações cirúrgicas. Chemin - olhar recomendaçõesna tab 6 Lipídios máximo de 30% do VET(Dan) (Chemin) ver tab 6 Tab 6: Recomendações para hepatopata (Chemin) Tab.7: Resumo das recomendações de Macronutrientes segundo McCULLOUGH (Dan) Vitaminas e minerais (Chemin) - complexos vitamínicos são importantes especialmente para alcoolistas Prof. Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br 9 - pacientes em uso de diurético para tratar edema e ascite podem apresentar cãibras por depleção de potássio e magnésio - casos prolongados de colestase há disabsorção de vitaminas lipossolúveis e deve-se fazer esquema de reposição de vit A (2.500 UI/dia); vit D (50.000 UI/dia); vit E (400 UI/dia) e vit K (sem recomendação) Minerais Pode ocorrer Zinco e magnésio principalmente pelo alcoolismo e em parte pela terapia diurética freqüentemente utilizada para redução de ascite e edema (Dan 2009) Suplementação com Zinco favorece a disponibilidade da Glicose, melhora a evolução clínica da cirrose, da encefalopatia hepática e sinais neurológicos da desnutrição. A recomendação é Sulfato de zinco 220mg para aqueles com zinco plasmático reduzido. cálcio pode estar pela esteatorréia, podendo ser necessária suplementação com cálcio efervescente ou carbonato de cálcio (Chemin) restrição de sódio é necessária apenas se houver retenção hídrica TERAPIA NUTRICIONAL NA PRESENÇA DE COMPLICAÇÕES DA CIRROSE Hipertensão Portal A hipertensão da veia porta ocorre devido à compressão das suas ramificações intra-hepáticas pelo fígado fibrosado e de menor tamanho. Com a compressão das ramificações, o sangue não consegue fluir adequadamente, ficando “retido” na veia porta aumentando sua pressão (fig.8) Fig. 8: sistema porta hepático. As setas largas mostram as ramificações da veia porta que estão comprimidas. As setas finas brancas mostram a direção do fluxo sanguíneo. Como resultado da hipertensão portal, ocorre aumento do fluxo sanguíneo na circulação colateral (pequenos e finos vasos antes colabados, ou seja, sem fluxo), na tentativa de reduzir a pressão no sistema porta. Com isso, formam-se as varizes no TGI que com freqüência sangram causando emergência clínica. Além da circulação colateral ocorre hepatoesplenomegalia (a esplenomegalia ocorre pois o sangue fica congesto no baço já que não flui adequadamente pelo fígado) e ascite. Tratamento médico (Chemin) - reposição de sangue e derivados em grande volume Terapia Nutricional - dieta zero durante sangramento Ascite - A hipertensão portal + hipoalbuminemia + obstrução linfática + maior estímulo do sistema renina, angiotensina, aldosterona que promove maior retenção de água e sódio, contribuem para o aparecimento dela. - eleva o GEB em 10% por ser um compartimento metabolicamente ativo Tratamento médico - paracentese - terapia diurética (furosemida + espironolactona) – devem ser monitorados sódio urinário, nitrogênio ureico sérico, creatinina, albumina, ácido úrico e eletrólitos, peso e circunferência abdominal. Terapia Nutricional (Chemin) - deve-se iniciar dieta em associação com diuréticos poupadores de potássio (Chemin) - a restrição hídrica só deve ser implementada em casos avançados de ascite (Chemin) - restrição de sódio a 2g/dia (80 mEq). Não devem ser feitas restrições exageradas pois levam a menor ingestão e comprometimento nutricional (Chemin) Hiponatremia Ocorre devido à capacidade reduzida de excretar água por liberação persistente do hormônio antidiurético (o sangue fica diluído causando uma hiponatremia dilucional), perdas de sódio na paracentese e com a terapia diurética. Entretanto, uma ingestão moderada de sódio deve ser continuada a fim de evitar maior retenção hídrica, gerando um circulo vicioso. Segundo Chemin, valores de sódio < 130 mEq/L exigem restrição hídrica para 800ml/dia de líquidos no total (não apenas água) Osteopenia (Dan) Tem sido identificada em pacientes com hepatopatia alcoólica, entretanto a suplementação com cálcio e vitamina D são ineficazes. A conduta deve ter como meta evitar o álcool e monitorar esteatorréia, para que não haja perda fecal de cálcio. Encefalopatia Hepática Sua etiologia é multifatorial e apesar de ser uma complicação freqüente nos cirróticos (50 a 70% apresenta), apenas em 7 a 9% dos casos ela é precipitada por ingestão protéica excessiva. Ela pode ser classificada do estágio 1 ao 4 Prof. Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br 10 (menos grave para mais grave – ver tab. 11) e as principais teorias envolvidas na sua precipitação são: Amônia: a amônia é um produto neurotóxico, formado no metabolismo das proteínas, que necessita ser transformado em uréia pelo fígado para poder ser excretada. Como o fígado está doente, esta transformação não ocorre, levando a um acúmulo de amônia na corrente sanguínea que irá causar toxicidade ao SNC. Tratamento médico: como a maior fonte de amônia é a produção pelas bactérias intestinais a partir de proteínas da dieta ou do sangramento de varizes do TGI, um dos tratamentos médicos é a esterelização da flora com neomicina, um antibiótico não absorvido. Associado a neomicina, utiliza-se o laxante lactulona, que age por dois mecanismos: - alteração do pH intestinal resultando em menor absorção de amônia por retenção intestinal dela na forma de íon amônio. - estimula eliminação de amônia nas fezes pelo efeito laxante. Teoria do neurotransmissor: O paciente cirrótico apresenta uma redução de aminoácidos de cadeia ramificada (AACR) e elevação dos aminoácidos de cadeia aromática (AACA), metionina, glutamina, asparagina e histidina. Isto se dá porque os AACA são degradados pelo fígado e como o fígado está doente, esta degradação é menor, resultando em maiores concentrações séricas deles. Já os AACR são preferencialmente consumidos pelos músculos, coração, e cérebro, fornecendo 30% da energia quando há redução da gliconeogênese e cetogênese, exatamente como ocorre na cirrose. Desta, forma as concentrações de AACR se reduzem. A relação disso com a encefalopatia hepática, está no fato de ambos os tipos de Aminoácidos competirem pelo mesmo transportador na barreira hematoencefálica, de maneira que conseguirá atravessar aquele que estiver em maior concentração, neste caso os AACA. Ao atravessarem a barreira hematoecefálica os AACA conseguem gerar falsos neurotransmissores que irão levar a alterações neurológicas, como as vistas na encefalopatia Teoria do “Cavalo de tróia” (Dan 2009): A amônia que entra no cérebro é metabolizada nos astrócitos (céls responsáveis pela nutrição e proteção dos neurônios) a glutamina. Em condições normais, essa glutamina sai do astrócito por difusão passiva. Entretanto, com o aumento de amônia no sangue, ocorre alteração de pH e prejuízo da saída de glutamina dos astrócitos, promovendo seu acúmulo. Este acúmulo gera metabolismo da glutamina nas mitocôndrias em glutamato + AMÔNIA. Logo, a glutamina em excesso vira um “cavalo de tróia” que leva amônia para o interior do astrócito. Estágios da encefalopatia Hepática Terapia Nutricional na EH Restrição desnecessária de proteína pode piorar a perda protéica (Dan 2009) Cirrose hepática e encefalopatia são beneficiados com dietas NORMO ou HIPER protéicas modificadas (aumento de proteínas lácteas e proteínas vegetais). Os pacientes toleram bem até 1,8g ptn/Kg/dia. 95% dos cirróticos pode tolerar até 1,5g/kg/dia de proteína mista (Chemin) Energia: 25 – 40 kcal/kg/dia Carboidratos: 60 – 70% VET Lipídios: 25 – 30% VET Proteínas (Chemin) - encefalopatia grau 1 e 2: ofertar 1 – 1,5g/kg peso IDEAL/dia (10 a 30g/dia de ptn animal + vegetal para completar quantidade) - encefalopatia grau 3 e 4: usar nutrição enteral exclusiva rica em AACR na proporção 3:1 (AACR: AACA) até atingir 1 – 1,5 g/kg peso IDEAL/ dia Atenção: A recomendação de PTN na encefalopatia da Chemin no texto é a descrita acima, porém na tabela 6 ela recomenda 0,5 – 1,5 g/kg/dia, sem especificar o grau de encefalopatia, observem! - encefalopatia crônica: oferecer suplementos ricos em AACR ou leite de soja (Dan 2009) Com relação aos AACR paraos encefalopatas: Indicada para pacientes com encefalopatia grave ou persistente; Em cirróticos desnutridos previne o catabolismo endógeno, sem sobrecarregar a função hepática; Competem com AACA, minimizando a entrada de aminas tóxicas no SNC; * aminoácidos essenciais Prof. Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br 11 Útil para atingir necessidades protéicas naqueles com intolerância à proteína-padrão (0,25g AACR/Kg + 0,75g de ptn/Kg) A longo prazo, melhora a qualidade de vida e favorece evolução clínica. Probióticos (Dan 2009): São Indicados no tratamento da EH. Nos cirróticos, os probióticos podem melhorar alguns sintomas de disfunção GI e reduzir conteúdo de amônia no sangue portal. Alto teor de fibras é benéfico por aumentar a excreção de compostos nitrogenados TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E PARENTERAL NO CIRRÓTICO A via oral deve ser sempre a via preferencial para estes pacientes, entretanto no caso de impossibilidade ou ingestão insuficiente, deve-se indicar nutrição enteral (2ª escolha) ou parenteral dependendo do caso. Nutrição Enteral A presença de varizes no esôfago NÃO contra-indica o uso de sondas nasoenterais de material macio e de fino calibre. Na presença de confusão mental deve-se posicionar a sonda em jejuno, para reduzir o risco de broncoaspiracao. Ostomias estão contra-indicadas nos pacientes com ascite volumosa pelo risco de peritonite Recomenda-se o uso de bomba infusora para melhorar a tolerância a dieta, especialmente nos pacientes com ascite volumosa. Não infundir grandes volumes As formulas devem ter densidade calórica > 1 cal ml, para favorecer o ganho de peso sem infundir grandes volumes. Teor de sódio deve ser < 40mEqdia A formula deve conter todos os aminoácidos essenciais. As formulas suplementadas com AACR estão indicadas quando houver intolerância à proteína animal. Nutrição Parenteral Esta indicada quando não for possível usar o TGI, como ocorre, por exemplo, em sangramentos não controlados. A nutrição parenteral periférica pode ser útil para suplementar a nutrição enteral oral ou por sonda. Na presença de Em pacientes estáveis usar emulsão lipidica padrão (a base de TCL), perfazendo de 25 a 40% das calorias não protéicas. Presença de colestase ou esteatorreiausar emulsões com TCL e TCM Presença de hipertrigliceridemia restrição lipidica, ofertando apenas o mínimo para evitar deficiência de ácidos graxos essenciais (1000ml de TCL a 10% - 1x por semana) (Chemin) oferecer 2 frascos ao dia com 40g de AA em cada, em uma solução de glicose a 50%. Parece que suplementação de AACR na parenteral não traz benefícios comparada à solução padrão DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOOLICA – DHGNA ou EHNA (Chemin + Dan) Definição: Acúmulo de triglicerídeos em mais de 5% dos hepatócitos (Chemin). A evolução da DHGNA é normalmente benigna, com função hepática preservada por vários anos, entretanto pode evoluir para doença crônica se não tratada. Segundo DAN 2009, Já pode ser considerada uma manifestação hepática da Síndrome metabólica, associada à ingestão excessiva de açúcar simples e gordura saturada. Classificação (Chemin) 1. DHGNA primária: observados em pacientes obesos, diabéticos, hiperlipidemicos 2. DHGNA secundária:doenças familiares, agentes ambientais, hipotireoidismo e medicamentos ATENÇÃO: Ela só será classificada em primária ou secundaria após exclusão de Hepatite C ou alcoólica que são as principais causas de esteatose. Prevalência (Chemin) - ainda não conhecida no Brasil - apesar de ser mais comum em obesos e diabéticos, pode também ser encontrada em magros não diabéticos Tratamento médico (Chemin) - nenhum é ainda universalmente aceito; - a resistência à insulina apresenta papel importante no surgimento e evolução da DHGNA, logo tem sido empregadas drogas que melhorem a sensibilidade à insulina (metformina e glitazonas) Tratamento Nutricional (Chemin) 1. Avaliação Nutricional – utilizam-se parametros bioquímicos, antropometricos (circunferencia da cintura, IMC, % gordura), dados do consumo alimentar (recordatório de 24h e registro de 3 dias) 2. Necessidades de energia e nutrientes Energia - restringir de 500 a 1000 Kcal do consumo habitual baseado nos dados de consumo alimentar (Chemin) - dieta hipocalórica com 25 – 30 kcal/kg/dia (Dan 2009) - 6h/semana de atividade física aeróbia (Dan 2009) - o objetivo é a perda de 10% do peso inicial em 6 meses, pois pacientes que perdem peso rapidamente podem piorar a inflamação hepática pelo aumento do afluxo (chegada) de ácidos graxos livres para o fígado.(Chemin + Dan 2009) - a perda de peso (5 a 10%) aumenta a sensibilidade à insulina Carboidratos (Chemin) - substituir grãos refinados por cereais integrais, frutas e vegetais - reduzir consumo de CHO com alto índice glicemico ( > 85) Encefalopatia grau 1 e 2 = solução padrão de aminoácidos Encefalopatia grau 3 e 4= solução enriquecida com AACR Prof. Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br 12 (Dan 2009) Normoglicídica com 55 – 60% VET Lipídios (Chemin) - dietas hiperlipidicas levam a resistência insulínica - redução das gorduras saturadas e aumento das insaturadas poderá elevar a sensibilidade à insulina Proteínas (Dan 2009) Ptn vegetal e Ptn de AVB Antioxidantes - (Chemin) estudos mostram que o baixo consumo de vit antioxidantes (A, C e principalmente E) contribui para gênese da DHGNA. Entretanto, o potencial terapêutico da Vit E não está comprovado. Suplementos (Dan 2009) - w-3 é um componente dietético importante nos pacientes com DHGNA e EHNA. - Soja: Indicada devido ao alto teor de ptn de AVB, fibras e isoflavonóides. Confere mobilização da gordura localizada nos hepatócitos. Vinho tinto (Dan 2009) Recomenda estimular o consumo de 1 cálice no jantar, pois favorece redução do colesterol e triglicerídeos. ATENÇÃO: Apesar do Dan recomendar isto, sabe-se que é contra indicado o estímulo ao consumo de álcool para pacientes!! TRANSPLANTE HEPÁTICO ATENÇÃO: Em função da enorme divergência de recomendações inter e intra autores, as recomendações deste capítulo serão separadas por autores, para minimizar a dificuldade no estudo. O transplante hepático se tornou um tratamento estabelecido para a hepatopatia terminal e por tudo que já foi visto até aqui, a desnutrição é um achado bastante freqüente nesses pacientes candidatos ao transplante. Entretanto, a ingestão dietética pode ser intensificada tomando-se medidas como: Refeições pequenas e freqüentes Elevada densidade calórica Uso de suplementos orais O transplante destina-se ao paciente portador de doença aguda ou crônica terminal, como já dito, que atenda a requisitos fundamentais como: (Chemin) Diagnóstico específico da doença Provas documentadas inequívocas da gravidade Identificação de possível complicação que poderá prejudicar a sobrevida do paciente Atenção: No capitulo de hepatologia a Chemin considera HIV positivo como contra indicação absoluta e no capítulo de transpante, relativa. No caso de alcoolismo ativo, de um modo geral a equipe exige 6 meses de abstinência alcoólica. Fase Pré-transplante (Chemin) Objetivos - identificar subnutridos ou em risco nutricional - definir o tipo de terapia e determinar o tempo de sua manutenção - avaliar a eficiência da conduta nutricional deve-se realizar exame físico, balanço nitrogenado e ASG, considerada por autores como o método de escolha para candidatos a transplante Atenção: apesar da maioria dos candidatos a transplante ser desnutrido, uma pequena porcentagem é obesa. Apesar deles apresentarem resultados de sobrevida pós transplante semelhantes a não obesos, recomenda-se restrição calórica utilizando-se peso ajustado para os cálculos. A nutrição deve ser otimizada nesta fase, especialmente nos pacientes com estado nutricional precário (carcinoma hepatocelular, colangiocarcinoma) (Chemin) Prof. Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br 13 PRÉ TRANSPLANTE CHEMIN (capítulo tx hepático) CHEMIN (capítulo de hepatologia) CHEMIN (capítulo tx hepático):de acordo com sintomas (DAN 2009): capítulo de Tx hepático Energia : 30 – 35 Kcal / Kg/ dia Proteína Mínima: 1,2 g Ptn / Kg Pode ser aumentada progressivamente até alcançar 1,8 a 2 g Ptn/Kg Recomenda-se o uso de Proteínas Vegetais CHO: 60 a 70% de simples e complexos ATENÇÃO! Apesar de o texto apresentar essas recomendações, é apresentado também uma figura no capítulo, que mostra recomendações distintas, conforme abaixo: Kcal/kg PTN CHO LIP Prof. Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br 14 (DAN 2009) Capítulo de tx de órgãos: parte de fígado Objetivo Pré – Transplante: Melhorar ou manter o EN. Recomenda-se oferta calórica que varia de 1,3 a 1,5 x GEB ou 30 a 35 Kcal/Kg. PTN Para encefalopatia 0,5 a 0,7g/kg/dia de PTN, até 1,5 de acordo com tolerância Suplementar AACR e restringir AAA e metionina PÓS TRANSPLANTE Fase aguda pós- transplante Necessidades de nutrientes aumentada para promover cicatrização, deter infecção e reabastecer as reservas esgotadas. As necessidades de proteína são elevadas na fase aguda pós transplante e podem ser atingidas por sonda pós operatória precoce. As medicações usadas causam efeitos colaterais como anorexia, transtornos no TGI (diarréia), hipercatabolismo, hiperglicemia, hiperlipidemia, retenção de sódio, hipertensão, hipercalemia e hipercalciúria. As tabelas abaixo mostram as diferenças nas recomendações dos autores. CHEMIN - macronutrientes Tab 18: CHEMIN - micronutrientes Nutrientes Pós transplante imediato* Pós transplante tardio sódio 2 – 4 g 2 – 4g Cálcio 800 – 1200 mg 1000 – 1500 mg Vit A, D e E Seguir RDA Seguir RDA potássio Medir niveis sericos Medir niveis sericos magnésio Manter equilibrio Manter equilibrio água 1000 -1500 ml 1000 -1500 ml * até 2 meses de pós operatório (DAN 2009) Capítulo de tx hepático Não está indicada a TNE ou TNP no pós-operatório de pacientes bem nutridos ou com desnutrição leve, desde que sejam capazes de se alimentar por VO. Geralmente se inicia VO líquida a partir do 3º ou 4º dia pós- op. Pacientes bem compensados: testar via Oral em no mín. 24 horas pós-transplante. As recomendações de proteínas são semelhantes a qualquer cirurgia, em torno de 1 a 1,5g Ptn / dia. ATENÇÃO! A figura a seguir mostra recomendações diferentes da mencionadas do texto em relação às proteínas. (DAN 2009) Capítulo de tx de órgãos: parte de fígado Objetivo Pós-transplante(fase aguda): Promover a cicatrização adequada e prevenir infecções. O catabolismo protéico (devido a altas doses de corticóide) permanece por até 2 semanas, necessitando de aporte proteico de 1,75g/Kg/dia. A TN no período pós-op deve ser instituída, preferencialmente, nas primeiras 24 a 36 horas, até que a função do enxerto hepático esteja totalmente estabelecida, o que ocorre, geralmente, em torno do 5º dia após o transplante. A sobrecarga calórica, sobretudo de CHO, deve ser evitada pelo risco de causar esteatose hepática. Recomenda-se 30 a 50% do VET na forma de lipídios, desde que não tenham hiperlipidemia. Pós – Transplante Tardio A Obesidade pode atingir até 66% dos transplantados. A maior parte do excesso de peso é adquirida no primeiro ano pós-transplante. A instituição de Hábitos alimentares saudáveis com redução calórica + atividade física leve ou moderada apresenta efeito positivo para evitar ou controlar a obesidade. Energia PTN CHO(%) LIP(%) Prof. Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br 15 Recomendações: EXERCÍCIOS 1) Pacientes com cirrose hepática apresentam um equilíbrio de nitrogênio negativo, mas o fornecimento de proteínas deve ser cuidadoso para não precipitar a encefalopatia hepática, sendo recomendado: (Governo do Estado do Piauí - NCE/UFRJ) (A) 0,3g proteína/Kg peso (B) 0,5 g proteína/Kg peso (C) 1 g proteína/Kg peso (D) 2g proteína/Kg peso (E) 2,5g proteína/Kg peso 2) A pancreatite é uma inflamação no pâncreas caracterizada por edema, exudato celular e necrose gordurosa. O tratamento nutricional de pacientes com pancreatite aguda grave deve ser, inicialmente composto de: (PETROBRAS - Cesgranrio) (A) dieta oral zero associada a hidratação endovenosa (B) dieta oral fracionada com restrição de lipídeos (C) nutrição enteral hidrolisada por sonda nasogástrica (D) nutrição enteral hidrolisada, por sonda nasojejunal após ângulo de Treitz (E) Nutrição parenteral total sem emulsão lipídica 3) As hepatopatias podem ser classificadas de várias maneiras. Na encefalopatia costuma ocorrer um desequilíbrio no metabolismo de aminoácidos de cadeia ramificada e de aromáticos. Um exemplo de aminoácido de cadeia ramificada é: (PETROBRAS - Cesgranrio) (A) valina (B) tirosina (C) fenilalanina (D) metionina (E) triptofano 4) A recomendação de proteínas para o paciente hepatopata estável é: (Prefeitura Municipal de Águas de Lindóia - SP - São Paulo) (A) 1,2 a 1,8 g/kg de peso/dia (B) 1,0 a 1,5 g/kg de peso/dia (C) 0,6 a 0,8 g/kg de peso/dia (D) 1,8 a 2,0 g/kg de peso/dia 5) Na doença do fígado a função hepática pode mudar drasticamente e o cuidado nutricional deve ser ajustado de acordo com o estado dessa função. A terapia Nutricional nesse caso tem entre seus objetivos: (Prefeitura Municipal de Altamira - PA – Pará) (A) normalizar o metabolismo do colesterol e manter seus níveis sericos (B) prevenir lesão adicional das células hepáticas e aumentar sua regeneração (C) melhorar a absorção dos carboidratos (D) prevenir a destruição das células das ilhotas de Langerhans (E) melhorar a produção de insulina 6) O suporte Nutricional enteral na cirrose hepática deverá apresentar as seguintes características: (Prefeitura Municipal de Barra do Garças – MT - Mato Grosso) (A) hipocalórico, hipolipídico, hiperproteico, normoglicídico e reposição de vitaminas hidrossolúveis (B) normocalórico, hiperlipídico, normoproteico, hipoglicídico e reposição de ácido Pantotênico (C) normo ou hipercalórico, normolipídico, normoproteico, normoglicídico e reposição de vitamina B (D) hipercalórico, normolipídico, hiperproteico, normoglicídico e reposição de ácido fólico (E) normocalórico, hiperlipídico, hipoproteico, hiperglicídico, reposição de vitamina C 7) Com relação à formação da bile é correto afirmar: (Prefeitura Municipal de Campinas - São Paulo - SP) (A) É sintetizada pela vesícula biliar (B) É sintetizada e armazenada no fígado (C) É sintetizada no hepatócito e armazenada na vesícula biliar (D) É sintetizada pelo pâncreas (E) É sintetizada pelo pâncreas e armazenada na vesícula biliar 8) Para pacientes com quadros de encefalopatia hepática sistêmica portal, o tipo de proteína usada deve ser: (Prefeitura Municipal de Campinas - São Paulo - SP) (A) restrita a 0,3g/kg/dia (B) sem alteração (C) de fonte vegetal (D) de fonte animal (E) de fonte animal e vegetal 9) São alterações clínicas comuns nas hepatopatias: (Prefeitura Municipal de Carambeí - PR - Paraná) Prof. Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br 16 (A) Degeneração hepática pela deficiência de vitamina B6 e C (B) altos níveis de hematócrito e de ferro sérico (C) Deficiência de zinco (D) O armazenamento do ferro sob a forma férrica (E) O ferro gerado na hemólise feita pelo baço, não é recuperado pelo fígado gerando anemia ferropriva 10) Na cirrose sem encefalopatia hepática a quota de proteínas (g/Kg/peso) e lipídeos (% VET) a ser dada para o paciente deve ser respectivamente: (Prefeitura Municipal de Ipanguaçu - RN - Rio G. do Norte) (A) 0,8 e 25 (B) 1,2 e 33 (C) 1,5 e 30 (D) 1,5 e 25 (E) 1,5 e 35 11) A pancreatite é uma inflamação no pâncreas que ocorre nas formas aguda e crônica. Portanto deve ser evitado (as/os) na fase crônica: (Prefeitura Municipal de Laranjal do Jarí - AP – Amapá) (A) preparações cozidas, grelhadas e assadas (B) preparações gordurosas, leite integral e queijos amarelos (C) suplementação de vitaminas lipossolúveis A,D,E,K (D) chás claros (E) hortaliças e frutas não flatulentas 12) Na pancreatite, saindo da fase aguda, a formula enteral mais recomendada é: (Maricá) (A) normoproteica, hiperglicídicae hipolipidica (TCM) (B) hiperproteica, normoglicidica e hipolipidica (TCM) (C) hipoproteica, hipoglicídica e hipolipídica (TCM) (D) normoproteica, hipoglicídica e normolipídica (TCM) (E) hipoproteica, normoglicídica e hipolipidica (TCM) 13) Quanto à pancreatite crônica, é correto afirmar que: (Pinhais –Paraná) (A) como o pâncreas é um órgão fundamental, cerca de 20% de comprometimento funcional já implica uma administração medicamentosa de enzimas, a fim de viabilizar a dieta oral (B) pacientes com estatorréia merecem preocupação adicional com a reposição protéica, pois as proteínas são perdidas em doses maciças pelas fezes (C) em situação de destruição intensa do órgão, comumente pode ocorrer intolerância à glicose, que acarretará mudanças adaptativas na dieta (D) O nutriente menos comprometido nos casos mais graves é a gordura, que comumente é bem digerida e absorvida 14) Paciente 56 anos, operado devido à abdome agudo; durante laparotomia evidencia-se quadro de pancreatite aguda extensa. Qual o tipo de terapia nutricional pós operatória a ser instituida? (Pinheiral –RJ) (A) enteral por sonda no inicio e, posteriormente, parenteral por via central (B) enteral por jejunostomia quando for possível (C) enteral por gastrostomia e via oral assim que possível (D) parenteral periférica e, posteriormente enteral por sonda gástrica (E) sem terapia nutricional 15) Na pancreatite aguda é correto afirmar que: (Secretaria Estadual de administração – TO) (A) A NPT com via oral zero é sempre indicada (B) A pancreatite aguda grave resulta em estado hipometabólico, no qual é indicada a dieta zero (C) A monitorização rigorosa da glicose não é relevante (D) Não há restrições para nutrição enteral e percentual de lipídeos (E) Na NPT os lipídios podem ser dados a pacientes com triglicerídeos < 300mg/dl 16) Não faz parte do tratamento nutricional para pancreatite aguda: (Secretaria Estadual de saúde) (A) uso de alimentos facilmente digeríveis (B) uso de alimentos com baixo teor de gordura (C) aumento da ingestão calórica (D) ingestão protéica adequada (E) aumento da ingestão de carboidratos simples 17) O fígado desempenha papel central no metabolismo de nutrientes. Representa uma reação hepato-específica: (Secretaria Estadual de saúde) (A) síntese do colesterol (B) síntese de glicogênio (C) síntese de corpos cetônicos (D) síntese das proteínas séricas (E) síntese da bilirrubina 18) O tratamento da desnutrição na hepatopatia não tem como objetivo: (Secretaria Estadual de saúde) (A) diminuir a ingestão calórica (B) dieta normoproteica em cirrose estável (C) adequar a ingestão protéica em encefalopatia (D) substituir TCL por TCM na esteatorréia (E) suplementar vitaminas e minerais 19) Nas hepatopatias ocorrem alterações nos níveis séricos de aminoácidos. Assinale a alternativa correta em relação à esta condição: (Secretaria Estadual de saúde) (A) valina alto e tirosina baixo (B) leucina alto e fenilalanina baixo (C) tirosina alto e triptofano livre baixo (D) leucina alto e valina baixo (E) fenilalanina alto e isoleucina baixo 20) Com relação à terapia nutricional na pancreatite aguda, assinale a alternativa incorreta. (Secretaria Estadual de saúde - adaptada) Prof. Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br 17 (A) Suspender alimentação enteral e parenteral nas crises agudas leves (B) Nos casos graves pode-se iniciar terapia nutricional enteral abaixo do ligamento de Treitz usando uma dieta de fórmula definida (C) Na pancreatite aguda grave, a nutrição deve ser iniciada quando triglicerídeos forem < 400mg/dl, usando solução 3:1 e monitorando níveis de triglicerideos (D) Uma vez iniciada a nutrição oral fornecer: alimentos facilmente digeríveis, dieta hiperlipídica, seis refeições pequenas, ingestão protéica adequada e calorias aumentadas. 21) Na pancreatite crônica associada ao alcoolismo crônico, é freqüente a deficiência da seguinte vitamina: (Secretaria Estadual de saúde ) (A) riboflavina (B) tiamina (C) piridoxina (D) niacina (E) biotina 22) Paciente masculino, 51 anos, desnutrido, com edema e ascite, com diagnóstico de cirrose alcoólica foi internado no hospital X. O nutricionista deverá adotar tratamento nutricional com as seguintes características: (UFRJ) (A) 25 a 35 kcal/ kg peso atual e distribuição normal de macronutrientes energéticos (B) 1,2 a 1,5g de proteínas /kg peso/dia e suplementação de Zinco (C) 50 a 60% do VET de carboidratos e 10g de sal de adição/dia (D) 35 a 40% do VET de lipídios e redução do ferro dietético (E) substituição de proteína animal por vegetal e 6g de sal de adição/dia 23) Indivíduo do sexo masculino é internado na emergência do hospital com náuseas, vômitos, diarréia fétida e gordurosa e forte dor abdominal, sendo diagnosticada pancreatite aguda leve. Nesse caso, das alternativas abaixo qual apresenta a conduta dietoterápica adequada para o início do tratamento? (Universidade Federal de Santa Catarina) (A) nenhuma alimentação por via oral e hidratação venosa (B) dieta hipoproteica, hipolipídica, com restrição hídrica e suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada (C) nutrição enteral com sonda em posição gástrica e fórmula oligomérica e isosmolar (D) dieta líquida completa, hipolipídica, sem irritantes gástricos e reidratação oral 24) O tratamento nutricional para pacientes com esteatose hepática não alcoólica, para normalizar as enzimas hepáticas, reverter a resistência à insulina e minimizar o quadro de esteatose, deve ter as seguintes características: (adaptada de Pref. RJ) (A) dieta hipercalórica, rica em fibras e em ácidos graxos poliinsaturados (B) dieta hipercalorica, rica em antioxidantes e ácidos graxos saturados (C) dieta hiperproteica, rica em AACR e ácidos graxos saturados (D) dieta hiperglicídica, rica em monossacarídeos e AACR (E) dieta hipocalórica, rica em antioxidantes e gordura insaturada 25) Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) quanto a alternativa relacionada às alterações no metabolismo intermediário por disfunção hepática (INCA): ( ) Grandes quantidades de glicogênio são armazenadas dentro do hepatócito com efeitos significativos sobre a pressão osmótica intracelular ( ) A degradação de ácidos graxos fornece uma fonte alternativa de energia, juntamente com a glicose, durante o jejum ou na inanição ( ) A síntese protéica no fígado é influenciada pelo estado nutricional, por hormônios, em particular insulina, glucagon e glicocorticóides ( ) Ácidos graxos liberados, ligados à albumina sangüínea, são lentamente removidos pelo hepatócito e transportados para a mitocôndria A seqüência CORRETA é: (A) F,F,V,F (B) F,V,F,F (C) V,F,F,V (D) V,V,F,F 26) A conduta nutricional para pacientes obesos portadores de esteatose hepática não alcoólica inclui (Marinha): (A) Perda ponderal rápida de aproximadamente 20% do peso inicial (B) Manutenção do peso inicial para evitar descompensação do órgão (C) Redução calórica de 300kcal/dia, baseado no consumo alimentar habitual (D) Redução calórica de 500 a 1000kcal baseado no recordatório alimentar de 3 dias (E) Perda ponderal de aproximadamente 15% do peso inicial 27) Marque a opção que apresenta um fator predisponente para encefalopatia hepática no paciente portador de cirrose hepática (adaptada de residência HUPE): a) Desnutrição b) Hiperhidratação c) Hipertensão arterial d) Constipação intestinal 28) A fim de atingir um balanço nitrogenado equilibrado, em paciente com cirrose hepática sem encefalopatia, a quantidade de proteínas na dieta será (adaptada de FIOCRUZ) (A) 0,5 a 08 g/kg de peso corporal seco/dia. (B) 0,8 a 1,0g/kg de peso corporal seco/dia. (C) 1,2 a 1,5g/kg de peso corporal seco/dia. (D) 1,5 a 2,0g/kg de peso corporal seco/dia. (E) acima de 2,0g/kg de peso corporal seco/dia. Prof. Fernanda Osso fernandaosso@nutmed.com.br 18 29) O tratamento nutricional tradicionalmente utilizado na pancreatite leve durante a fase aguda consiste em (Residencia UFRJ): a) dieta zero, com o objetivo de remover o estímulo da função secretória do pâncreas por meiodo repouso gastrintestinal b) interrupção da ingestão oral, com o objetivo de reduzir o volume plasmático circulante em decorrência da perda de líquidos colóides pela lesão pancreática c) dieta enteral elementar pela via nasoduodenal, com o objetivo de redução da concentração da amilase e lípase séricas d) dieta hipolipídica rica em triglicerídeo de cadeia média, com o objetivo de redução da concentração sérica de amilase e cálcio 30) Marque a alternativa que preenche as lacunas corretamente (Residencia UNIRIO) . A esteatose hepática consiste no acúmulo de_______________ nos tecidos hepáticos. A razão desse acúmulo não está esclarecida, mas a causa básica é um desequilíbrio entre a _________________ e a exportação dos _________________ na forma de ______________________________. A) triglicerídeos/ síntese enxógena/ triglicerídeos/ lipoproteínas de baixa densidade (LDL) B) diacligliceróis/ síntese exógena/ diacligliceróis/ lipoproteínas de alta densidade (HDL) C) toxinas /transaminação/ triglicerídeos/ lipoproteínas de baixa densidade (LDL) D) triglicerídeos/ síntese endógena/ triglicerídeos/ lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL) E) diacligliceróis/ síntese endógena/ triglicerídeos/ lipoproteínas de alta densidade (HDL) GABARITO 1C 2D 3A 4B 5B 6C 7C 8E 9C 10B 11B 12B 13C 14B 15E 16E 17C 18A 19E 20C 21B 22B 23A 24E 25A 26D 27D 28C 29A 30D Tab. 1: Consideraç ões Nutricionai s na Colecistite aguda e Crônica Classificação da colecistite Considerações Nutricionais AGUDA Via oral ZERO durante ataque agudo – Pode-se indicar NPT em caso de desnutrição ou previsão de VO zero prolongada Retorno da VO: dieta com 30 a 45g de gordura/dia Sem associação de colesterol dietético com formação de cálculos na vesícula. CRÔNICA Pode haver necessidade de dieta hipolipídica por longo prazo 25 a 30% do VET de lipídeos. Não se recomenda restrição maior pois o lipídio é importante para o escoamento da bile Flatulência é queixa freqüente. Deve-se avaliar caso a caso para identificar o alimento envolvido Nos casos de suspeita de má absorção de gordura, é benéfico reposição de vitaminas lipossolúveis na forma hidrossolúvel Colecistite É caracterizada pela inflamação da vesícula biliar podendo ser classificada como aguda ou crônica e quanto à presença ou não de cálculos (calculosa e acalculosa). A forma mais comum é a colecistite calculosa cujos cálculos levam à obstrução dos ductos biliares. Esta obstrução faz com que a bile fique estagnada na vesícula levando à inflamação de suas paredes além de icterícia, pois já que a bile não flui normalmente acaba extravasando para a corrente sanguínea. A colecistite acalculosa pode ocorrer em condições graves como trauma, sepse, queimaduras e choque onde há tendência à estagnação de bile na vesícula. Colangite Pode ser classificada como colangite aguda e colangite esclerosante. Colangit e aguda: Ocorre APENAS Inflamaç ão nos ductos biliares e o paciente necessita Após a colecistectomi a a bile é secretada diretamente pelo fígado no intestino. coledocolitíaseObstrução da passagem da bile colecistite↓Abs lipAcolia fecal*Prof. Fernanda Osso fernandaosso @nutmed.co m.br
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