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RESUMO NEOPLASIA

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PATOLOGIA
JULYA PAVÃO
NEOPLASIA
NEOPLASIA
O câncer é a segunda principal causa de morte nos Estados Unidos; somente as doenças cardiovasculares exigem um tributo mais elevado. Alguns cânceres, como os linfomas de Hodgkin, são altamente curáveis, enquanto outros, como o câncer do pâncreas, são praticamente sempre fatais. São características fundamentais e compartilhadas dos cânceres: 
· O câncer é uma desordem genética causada por mutações do DNA que (em sua maior parte) são adquiridas espontaneamente ou induzidas por agressões do ambiente. Além disso, os cânceres geralmente mostram alterações epigenéticas, como o aumento focal da metilação de DNA e alterações nas modificações da histona, as quais por sua vez se originam de mutações adquiridas em genes que regulam essas modificações. Essas alterações genéticas e epigenéticas alteram a expressão ou função de genes-chave que regulam os processos celulares fundamentais, como crescimento, sobrevida e senescência. 
· Essas alterações genéticas são hereditárias e passadas para as células-filhas na divisão celular. Como resultado, as células que ancoram essas alterações estão sujeitas à seleção darwiniana (sobrevivência da mais ajustada, discutivelmente o conceito científico mais importante já concebido), em que as células que sofrem mutações proporcionam as vantagens de crescimento ou sobrevivência, passando para trás suas vizinhanças e chegando desse modo a dominar a população. A seleção darwiniana também tem um papel na progressão e recorrência dos cânceres, como é discutido em mais detalhes adiante. Como as vantagens seletivas são conferidas a uma única célula que acaba dando origem ao tumor, todos os tumores são clonais (isto é, é a progênie de uma célula). 
· O acúmulo de mutações dá origem a uma série de propriedades chamadas características do câncer. Estas incluem: autossuficiência nos sinais de crescimento, pelos quais o crescimento dos cânceres se torna autônomo e não é regulado por indícios fisiológicos; ausência de resposta aos sinais inibidores de crescimento que controlam as proliferações celulares não neoplásicas, como a hiperplasia; evasão da morte celular, permitindo que as células cancerosas sobrevivam sob condições que induzem apoptose em células normais; potencial replicativo ilimitado tornando, portanto, as células cancerosas imortais; desenvolvimento da angiogênese para sustentar o crescimento das células cancerosas; capacidade de invadir tecidos locais e disseminar-se para locais distantes; reprogramação das vias metabólicas — especificamente, uma alteração para a glicólise aeróbica, mesmo quando há abundante oxigênio; e capacidade de escapar do sistema imune. As alterações genéticas que dão origem a essas características dos cânceres são sustentadas e permitidas pelo desenvolvimento de instabilidade genômica, acrescentando mais combustível à fogueira.
· A compreensão das anormalidades celulares e moleculares nas células cancerosas está levando a uma revolução no tratamento do câncer encontrada na pesquisa básica e é um dos triunfos emergentes da ciência biomédica.
Neoplasia literalmente significa “novo crescimento”. Diz-se que células neoplásicas são transformadas porque continuam a se replicar, aparentemente “desatentas” às influências regulatórias que controlam o crescimento celular normal. As neoplasias, portanto, desfrutam de certo grau de autonomia e tendem a aumentar de tamanho independentemente de seu ambiente local. Sua autonomia, porém, não é absolutamente completa. Algumas neoplasias requerem suporte endócrino, e tais dependências algumas vezes podem ser exploradas terapeuticamente. Todas as neoplasias dependem do hospedeiro para sua nutrição e suprimento sanguíneo. 
No uso médico comum, geralmente uma neoplasia é referida como tumor, e o estudo dos tumores é chamado de oncologia (de oncos, “tumor”, e logos, “estudo de”). Entre os tumores, a divisão de neoplasias em categorias benigna e maligna baseia-se no julgamento do comportamento clínico potencial de um tumor. 
Diz-se que um tumor é benigno quando suas características micro e macroscópicas são consideradas relativamente inocentes, indicando que permanecerá localizado, e é tratável com a remoção cirúrgica; geralmente o paciente sobrevive. Note-se, porém, que os tumores benignos podem produzir mais do que massas localizadas e, algumas vezes, são responsáveis por doença grave. 
Os tumores malignos são coletivamente referidos como cânceres, termo derivado da palavra em latim “caranguejo” — ou seja, eles aderem a qualquer parte onde se agarram e de maneira obstinada, semelhante ao comportamento do caranguejo. O termo maligno aplica-se a uma neoplasia indicando que a lesão pode invadir e destruir estruturas adjacentes e disseminar-se para locais distantes (metástases) para causar morte. Nem todos os cânceres prosseguem em um curso tão mortal. Os mais agressivos também são alguns dos mais curáveis, mas a designação maligno constitui uma bandeira vermelha. 
Todos os tumores, benignos e malignos, têm dois componentes básicos: o parênquima, constituído por células neoplásicas ou transformadas, e o estroma, constituído por tecido conectivo, vasos sanguíneos e células inflamatórias derivadas do hospedeiro. O parênquima da neoplasia determina principalmente o seu comportamento biológico, e é desse componente que deriva o seu nome. O estroma é crucial para o crescimento da neoplasia, uma vez que contém o suprimento sanguíneo e dá suporte ao crescimento das células parenquimatosas. Embora o comportamento biológico dos tumores reflita principalmente o comportamento das células parenquimatosas, existe uma percepção crescente de que as células estromais e as neoplásicas mantêm uma “conversação” em mão dupla que influencia o crescimento do tumor.
As células transformadas em uma neoplasia, seja benigna ou maligna, quase sempre são assemelhadas, como se todas tivessem derivado de uma única progenitora, compatível com a origem monoclonal dos tumores. Em alguns casos incomuns, porém, as células tumorais sofrem diferenciação divergente, criando os chamados tumores mistos. O melhor exemplo é o tumor misto de glândula salivar. Esses tumores têm componentes epiteliais óbvios dispersos pelo estroma fibromixoide, algumas vezes ancorando ilhas de cartilagem ou osso. Acredita-se que todos esses elementos diversos derivem de células epiteliais ou mioepiteliais, ou de ambas, e a designação preferida para essas neoplasias é adenoma pleomórfico.
CARACTERÍSTICAS DAS NEOPLASIAS BENIGNAS E MALIGNAS
Em geral, os tumores benignos parecem ser geneticamente “simples”, abrigando menos mutações que os cânceres, e geneticamente estáveis, com poucas alterações no genótipo com o tempo. A última característica provavelmente explica por que os tumores benignos, como os lipomas e leiomiomas, raramente se transformam em malignidades, se isso ocorrer. Na prática, a determinação de benigno versus maligno é efetuada com notável acurácia usando critérios clínicos e anatômicos bem estabelecidos, mas algumas neoplasias desafiam a fácil caracterização. Certas características podem indicar inocência e outras podem indicar malignidade. Tais problemas não são a regra, contudo, e há quatro características fundamentais pelas quais se podem distinguir tumores benignos e malignos: diferenciação e anaplasia, velocidade de crescimento, invasão local e metástase.
DIFERENCIAÇÃO E ANAPLASIA
A diferenciação e a anaplasia são características observadas apenas em células parenquimatosas que constituem os elementos transformados das neoplasias. A diferenciação das células tumorais parenquimatosas refere-se à extensão em que se assemelham aos seus antepassados normais morfológica e funcionalmente. 
· Neoplasias benignas são compostas por células bem diferenciadas que se assemelham estreitamente a suas contrapartes normais. Um lipoma é constituído por células adiposas maduras carregadas com vacúolos lipídicos, e um condroma é constituído por células de cartilagem maduras que sintetizam sua matriz cartilaginosa — evidência de diferenciaçãofuncional e morfológica. Em tumores benignos bem diferenciados, normalmente as mitoses são raras e sua configuração é normal. 
· Neoplasias malignas caracterizam-se por ampla gama de diferenciações celulares parenquimatosas, desde as bem diferenciadas até as completamente indiferenciadas.
· Diz-se que as neoplasias malignas compostas por células indiferenciadas são anaplásicas. A falta de diferenciação, ou anaplasia, é considerada uma característica de malignidade. O termo anaplasia significa literalmente “formação retrógrada” — sugerindo desdiferenciação ou perda de diferenciação estrutural e funcional das células normais. Sabe-se agora, contudo, que pelo menos alguns cânceres surgem de células-tronco nos tecidos; nesses tumores, a falha na identificação, em vez de desdiferenciação de células especializadas, é a responsável por sua aparência indiferenciada. Estudos recentes também indicam que, em alguns casos, a desdiferenciação de células aparentemente maduras ocorre durante a carcinogênese. As células anaplásicas mostram acentuado pleomorfismo (isto é, variação de tamanho e forma). Muitas vezes, os núcleos são extremamente hipercromáticos (coloração escura) e grandes, resultando em aumento da proporção nuclear para a citoplasmática que pode se aproximar de 1:1 em vez do normal 1:4 ou 1:6. Células gigantes que são consideravelmente maiores que suas vizinhas podem se formar e têm um núcleo enorme ou vários núcleos. Os núcleos anaplásicos são variáveis e têm tamanho e forma bizarros. A cromatina é grosseira e grumosa, e os nucléolos podem ter tamanho surpreendente. O mais importante é que as mitoses com frequência são numerosas e distintamente atípicas; múltiplos fusos anárquicos podem produzir figuras mitóticas tripolares ou quadripolares. Além disso, células anaplásicas normalmente falham em desenvolver padrões reconhecíveis de orientação para um outro padrão (isto é, elas perdem a polaridade normal). Elas podem crescer em lâminas, com perda total de estruturas comunais, como glândulas ou arquitetura escamosa estratificada.
· Quanto mais diferenciada é a célula tumoral, mais ela retém de forma completa as capacidades funcionais de suas contrapartes normais. Neoplasias benignas e até cânceres bem diferenciados de glândulas endócrinas geralmente elaboram os hormônios característicos de sua origem. Os carcinomas de células escamosas bem diferenciados produzem queratina, assim como os carcinomas hepatocelulares bem diferenciados secretam bile. Em outros casos, emergem funções imprevistas. Alguns cânceres podem elaborar proteínas fetais não produzidas por células comparáveis no adulto. Os cânceres de origem não endócrina podem produzir os chamados hormônios ectópicos. Por exemplo, certos carcinomas pulmonares podem produzir hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), hormônio do tipo hormônio paratireóideo, insulina, glucagon e outros. Apesar das exceções, quanto mais depressa crescer e mais anaplásico for um tumor, menos probabilidade haverá de que tenha atividade funcional especializada. 
· É relevante, na discussão da diferenciação e anaplasia, a displasia, referindo-se à proliferação desordenada, mas não neoplásica. A displasia é encontrada principalmente em lesões epiteliais. É a perda de uniformidade de células individuais e em sua orientação arquitetural. As células displásicas exibem considerável pleomorfismo e, com frequência, possuem núcleos hipercromáticos que são anormalmente grandes para o tamanho da célula. O número de mitoses é mais abundante que o normal e frequentemente aparecem em localizações anormais dentro do epitélio; as mitoses não estão confinadas às camadas basais, onde normalmente ocorrem, mas podem ser vistas em todos os níveis e até nas células de superfície. Há considerável anarquia arquitetural. Por exemplo, a maturação progressiva usual das células altas na camada basal para escamas achatadas na superfície pode se perder e ser substituída por uma desordenada mistura de células escuras que parecem basais. Quando as alterações displásicas são acentuadas e envolvem toda a espessura do epitélio, a lesão é referida como carcinoma in situ, um estádio pré-invasivo de câncer. Embora alterações displásicas geralmente sejam encontradas adjacentes aos focos de transformação maligna e estudos a longo prazo de fumantes mostrem que a displasia epitelial quase invariavelmente antecede o aparecimento do câncer, o termo displasia não é sinônimo de câncer; displasias leves a moderadas que não envolvem toda a espessura do epitélio algumas vezes regridem completamente, em especial se as causas incitantes forem removidas.
TAXA DE CRESCIMENTO
Muitos tumores benignos crescem lentamente, e a maioria dos cânceres cresce muito mais depressa, eventualmente disseminando-se localmente e para sítios distantes (por metástase) e causando morte. Mas há muitas exceções a essa generalização, e alguns tumores benignos crescem com mais facilidade do que alguns cânceres. Por exemplo, a taxa de crescimento dos leiomiomas (tumores benignos da musculatura lisa) do útero é influenciada pelos níveis circulantes de estrógenos. Eles podem aumentar rapidamente de tamanho durante a gravidez e então cessar o crescimento, tornando-se em grande parte fibrocalcificados após a menopausa. Outras influências, como a adequação de suprimento sanguíneo ou restrições de pressão, também podem afetar a taxa de crescimento dos tumores benignos. Observa-se que os adenomas da hipófise encerrados na sela túrcica encolhem-se subitamente. Presumivelmente, eles sofrem uma onda de necrose, à medida que o aumento progressivo comprime seu suprimento sanguíneo. Apesar dessas advertências e da variação na taxa de crescimento de uma neoplasia para outra, geralmente é verdadeiro que muitos tumores benignos aumentam de tamanho lentamente no período de meses a anos. 
A taxa de crescimento dos tumores malignos normalmente correlaciona-se inversamente com o seu nível de diferenciação. Em outras palavras, tumores mal diferenciados tendem a crescer mais rapidamente do que os tumores bem diferenciados. Entretanto, há ampla variação na taxa de crescimento. Alguns crescem lentamente durante anos e então entram em fase de crescimento rápido, significando a emergência de um subclone agressivo de células transformadas. Outros crescem de forma relativamente lenta e uniforme; em casos excepcionais, o crescimento pode chegar quase a parar. De forma ainda mais excepcional, alguns tumores primários (particularmente coriocarcinomas) podem se tornar totalmente necróticos, deixando apenas implantes metastáticos secundários. Apesar dessas raridades, a maioria dos cânceres aumenta progressivamente de tamanho com o tempo, alguns lentamente, outros rapidamente, mas a noção de que eles “são completamente inesperados” não é verdadeira. Muitas linhas de evidência experimentais e clínicas documentam que a maioria dos cânceres, se não todos, leva anos e às vezes décadas para evoluir em lesões clinicamente manifestas. Isso é verdadeiro mesmo nas leucemias “agudas” da infância, que muitas vezes começam durante o desenvolvimento fetal, apesar de se manifestarem anos depois. Os tumores malignos de crescimento rápido geralmente contêm áreas centrais de necrose isquêmica, porque o suprimento sanguíneo tumoral, derivado do hospedeiro, falha em manter o mesmo ritmo para atender às necessidades de oxigênio da massa celular em expansão.
INVASÃO LOCAL
Uma neoplasia benigna permanece localizada em seu sítio de origem. Não tem capacidade de se infiltrar, invadir ou metastatizar-se para locais distantes, como as neoplasias malignas. Por exemplo, como os adenomas apresentam lenta expansão, a maioria desenvolve uma cápsula fibrosa envoltória que os separa do tecido hospedeiro. Essa cápsula provavelmente deriva do estroma do tecido hospedeiro, uma vez que as células parenquimatosas se atrofiam sob a pressão do tumor em expansão. O estroma do próprio tumor também pode contribuir para a cápsula. Note-se, porém, que nem todas as neoplasias são encapsuladas. Por exemplo, o leiomioma do úteroé nitidamente demarcado da musculatura lisa circundante por meio de uma zona de miométrio normal comprimido e atenuado, mas não há uma cápsula bem desenvolvida. Apesar disso, existe um plano de clivagem bem definido em torno dessas lesões. Alguns tumores benignos não são encapsulados nem nitidamente definidos; essa falta de demarcação é especialmente provável de se observar em algumas neoplasias vasculares benignas da derme. Essas exceções são ressaltadas apenas para enfatizar que, embora a encapsulação seja a regra nos tumores benignos, a falta de cápsula não significa que um tumor seja maligno. 
Os cânceres crescem por meio de infiltração, invasão, destruição e penetração do tecido circundante. Não desenvolvem cápsulas bem definidas. Há, porém, situações ocasionais em que um tumor maligno de crescimento lento parece ser enganosamente envolvido pelo estroma do tecido hospedeiro circundante, mas o exame microscópico normalmente revela diminutos pedículos cancerosos que penetram a margem e infiltram as estruturas adjacentes. O modo infiltrativo de crescimento torna necessária a remoção de ampla margem de tecido normal circunjacente, quando se tenta a excisão cirúrgica de um tumor maligno. Patologistas cirúrgicos examinam cuidadosamente as margens dos tumores ressecados para assegurar que elas são desprovidas de células cancerosas (margens livres). Além do desenvolvimento de metástases, a invasividade local é a característica mais confiável que distingue os tumores malignos dos benignos.
METÁSTASE
As metástases são implantes secundários de um tumor, as quais são descontínuas com o tumor primário e localizadas em tecidos remotos. Mais do que qualquer outro atributo, a propriedade da metástase identifica uma neoplasia como maligna. Entretanto, nem todos os cânceres têm capacidade equivalente de se metastatizar. Em um extremo, estão os carcinomas de células basais da pele e a maioria dos tumores primários do sistema nervoso central, que têm alta invasividade local, mas raramente se metastatizam. No outro extremo estão os sarcomas osteogênicos (ósseos), que normalmente se metastatizam para os pulmões no momento da descoberta inicial. 
Em geral, quanto mais anaplásica e maior a neoplasia primária, mais provável será a disseminação metastática, mas, como na maioria das regras, há exceções. Sabe-se que alguns cânceres extremamente pequenos metastatizam-se; por outro lado, algumas lesões de aparência ameaçadora podem não fazer isso. A disseminação prejudica muito e pode obstar a possibilidade de cura da doença; assim, obviamente, junto com a prevenção do câncer, nenhum progresso seria de maior benefício aos pacientes do que a prevenção das metástases. 
As neoplasias malignas disseminam-se por uma de três vias: semeadura nas cavidades corporais, disseminação linfática ou disseminação hematogênica. 
· A disseminação por semeadura ocorre quando as neoplasias invadem uma cavidade corporal natural. Esse modo de disseminação é particularmente característico dos cânceres de ovário, que muitas vezes cobrem amplamente as superfícies peritoneais. Literalmente, os implantes podem comprometer todas as superfícies peritoneais e, ainda assim, não invadir os tecidos subjacentes. Há aqui uma situação em que a capacidade de se reimplantar em outra parte parece ser distinta da capacidade de invadir. As neoplasias do sistema nervoso central, como o meduloblastoma ou o ependimoma, podem penetrar nos ventrículos cerebrais e ser transportadas pelo líquido cefalorraquidiano para se reimplantar nas superfícies meníngeas, dentro do cérebro ou na medula espinhal. 
· A disseminação linfática é mais típica dos carcinomas, enquanto a disseminação hematogênica é favorecida pelos sarcomas. Há numerosas interconexões, contudo, entre os sistemas linfático e vascular; assim, todas as formas de câncer podem se disseminar através de um ou ambos os sistemas. O padrão de envolvimento do linfonodo depende principalmente do local da neoplasia primária e das vias naturais de drenagem linfática local. Os carcinomas pulmonares que surgem nas passagens respiratórias metastatizam-se primeiro para os linfonodos bronquiais regionais e depois para os linfonodos traqueobronquiais e hilares. O carcinoma da mama surge normalmente no quadrante externo superior e dissemina-se primeiramente para os linfonodos axilares. Entretanto, as lesões mamárias mediais podem drenar através da parede torácica para os nodos ao longo da artéria mamária interna. Em seguida, em ambos os casos, os linfonodos supraclaviculares e infraclaviculares podem ser semeados. Em alguns casos, as células cancerosas parecem atravessar os canais linfáticos dentro dos linfonodos imediatamente próximos para serem capturadas em linfonodos subsequentes, produzindo as chamadas metástases saltadas. As células podem atravessar todos os linfonodos, alcançando finalmente o compartimento vascular por meio do ducto torácico. Um “linfonodo-sentinela” é o primeiro linfonodo regional que recebe o fluxo linfático de um tumor primário. Pode ser identificado por injeção de corantes azuis ou radiotraçadores próximos do tumor. A biópsia do linfonodo-sentinela permite a determinação da extensão da disseminação do tumor e pode ser usada para planejar o tratamento. 
· A disseminação hematogênica é a via favorecida para os sarcomas, mas os carcinomas também a utilizam. Como seria de esperar, as artérias são penetradas menos prontamente que as veias. Com a invasão venosa, as células sanguíneas seguem o fluxo venoso drenando o local da neoplasia, com as células tumorais frequentemente parando no primeiro leito capilar que encontram. Como a drenagem de toda a área portal flui para o fígado e todos os fluxos sanguíneos cavais fluem para os pulmões, o fígado e os pulmões são os locais secundários envolvidos com mais frequência na disseminação hematogênica. Os cânceres que surgem próximos da coluna vertebral quase sempre embolizam-se através do plexo paravertebral; essa via provavelmente está envolvida nas frequentes metástases vertebrais dos carcinomas da tireoide e da próstata. 
· A incidência de câncer varia com idade, raça, fatores geográficos e antecedentes genéticos. Os cânceres são mais comuns nos dois extremos de idade. A variação genética resulta, principalmente, de diferentes exposições ambientais.
· A maioria dos cânceres é esporádica, mas alguns são familiares. A predisposição aos cânceres hereditários pode ser autossômica dominante ou autossômica recessiva. A primeira normalmente está ligada à herança de mutação de linhagem germinativa de genes supressores do câncer, enquanto a última está tipicamente associada a defeitos herdados no reparo do DNA. 
· Os cânceres familiares tendem a ser bilaterais e surgem em fase mais precoce na vida do que suas contrapartes esporádicas. 
· Sabe-se que algumas doenças adquiridas, conhecidas como desordens pré-neoplásicas, estão associadas a aumento de risco de desenvolvimento de câncer.
CARCINOGÊNESE: A BASE MOLECULAR DO CÂNCER 
A partir deste tópico coloquei parte do resumo anterior para o resumo de neoplasia ficar completo, porém o tópico carcinogênese (especificamente), pode ser encontrado no resumo anterior, que está no Classroom.
CARACTERÍSTICAS DO CÂNCER
Nos últimos 30 anos, descobriram-se centenas de genes associados ao câncer. Alguns, como o TP53 geralmente sofrem mutação; outros, como o ABL, são afetados somente em certas leucemias. Cada gene do câncer tem uma função específica, cuja desregulação contribui para a origem ou a progressão da malignidade. É melhor, portanto, considerar os genes relacionados ao câncer no contexto de várias alterações fundamentais na fisiologia celular, as chamadas características do câncer, que em conjunto ditam o fenótipo maligno. Seis delas são: 
· Autossuficiência nos sinais de crescimento; 
· Insensibilidade aos sinais inibidores de crescimento;
· Evasão da morte celular; 
· Potencial ilimitado de replicação;
· Desenvolvimento de angiogênese sustentada;
· Capacidade de invadir e metastatizar. 
Acrescente-se a essa lista duas características“emergentes” de câncer, reprogramação do metabolismo de energia e evasão ao sistema imune, e duas características capacitantes, instabilidade genômica e inflamação promotora de tumor. 
ASPECTOS CLÍNICOS DA NEOPLASIA
· A importância das neoplasias está, finalmente, em seus efeitos sobre os pacientes. Embora os tumores malignos sejam, é claro, mais ameaçadores que os benignos, morbidade e mortalidade podem ser associadas a qualquer tumor, até os benignos. De fato, tanto os tumores malignos como os benignos podem causar problemas decorrentes de localização e compressão de estruturas adjacentes, atividade funcional, como síntese de hormônio ou desenvolvimento de síndromes paraneoplásicas, sangramento e infecções quando o tumor se ulcera através das superfícies adjacentes, sintomas que resultam da ruptura ou infarto e caquexia ou consunção. 
· A caquexia, definida como a perda progressiva de gordura e massa magra corporal, acompanhada por profunda fraqueza, anorexia e anemia, é causada pela liberação de citocinas do tumor ou do hospedeiro. 
· As síndromes paraneoplásicas, definidas como sintomas sistêmicos que não podem ser explicados pela disseminação tumoral ou pelos hormônios apropriados ao tecido, são causadas pela produção ectópica e secreção de substâncias bioativas, como ACTH, PTHRP ou TGF-a. 
· A graduação dos tumores é determinada pela aparência citológica e baseia-se na ideia de que o comportamento e a diferenciação estão relacionados, tendo os tumores mal diferenciados um comportamento mais agressivo. 
· O estadiamento, determinado por exploração cirúrgica ou imagens, baseia-se no tamanho, local e disseminação para linfonodos regionais e metástases distantes. O estadiamento tem maior valor clínico que a graduação.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DO CÂNCER
· Existem várias abordagens à amostragem para o diagnóstico dos tumores, incluindo excisão, biópsia, aspiração com agulha fina e esfregaços citológicos. 
· Estudos de imuno-histoquímica e fluxocitometria ajudam no diagnóstico e na classificação dos tumores porque diferentes padrões de expressão da proteína definem diferentes entidades. 
· As proteínas liberadas pelos tumores no soro, como PSA, podem ser usadas para a triagem do câncer em populações e para monitorar a recorrência após o tratamento. 
· As análises moleculares são usadas para determinar o diagnóstico, o prognóstico, a detecção de doença residual mínima e o diagnóstico da predisposição hereditária ao câncer. 
· O perfil molecular do tumor por séries de DNAc e o sequenciamento podem determinar a expressão de grandes segmentos do genoma e catalogar todas as mutações do genoma tumoral, sendo, portanto, úteis na estratificação molecular de tumores idênticos sob outros aspectos ou daqueles com histogênese distinta que compartilham uma mutação, para fins de tratamento e prognóstico. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Robbins – Patologia Básica, 9ª ed, Elsevier, Rio de Janeiro, 2013.

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