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Recursos em Espécie 06/08/2012 Embargos de Declaração São recurso? Quando se pensa em recurso, pensa-se num instrumento de impugnação para anular ou reformar determinada decisão. A princípio, os ED não tem nenhuma dessas finalidades. Evidente que em algumas circunstâncias o conhecimento e o seu provimento dará ensejo a uma reforma. Mas, não é o objetivo natural dele. Por não ter este objetivo é que surge a reação. Se não tem este objetivo, ele pode ser considerado um recurso? A responsa a esta indagação decorre de um dos princípios da teoria geral dos recursos – princípio da taxatividade. No sistema processual brasileiro somente deve ser considerado recurso aquele meio de impugnação como tal denominado pela lei. Isto é, o que precisa ficar claro é que não há um conceito universal de recurso e a partir dele descubro os meios de impugnação que nele se encaixam. No caso do sistema recursal, a regra é inversa. Não há conceito universal de recursos. Deve verificar quais são os recursos previstos pelo ordenamento e a partir daí se extrai o conceito. Por isto pode considerar, em determinadas legislações, a ação rescisória como recurso, ao passo que em nossa legislação não é recurso. No caso dos ED, a partir de sucessivas reformas do CPC, não há dúvida de que devem ser considerados um recurso, pela simples razão de que, se pegar o CPC – dentre os recursos arrolados estão os ED. Por isto é que no estudo da teoria geral dos recursos – diz-se que o recurso tem por objetivo reformar ou anular decisão, como também aclarar e complementar decisão – estes últimos objetivos dos ED. Segunda questão sobre o tema: qual o objeto dos Embargos? Quais as decisões judiciais que podem ser impugnadas por meio de embargos? O CPC, quando trata do tema, diz que são cabíveis de sentenças ou de acórdãos. Todavia, se nós interpretarmos literalmente essa expressão – chegaremos a um aparente conflito, pelo menos lógico, do sistema. Quando fala-se de sentença, nossa ideia é do ato do juiz ou que extingue o processo, sem exame de mérito, em primeiro grau –art. 267, ou ato que se enquadra nas hipóteses do art. 269 – Em primeiro grau de jurisdição ou são sentença ou decisões interlocutórias. A conclusão que se chega é que – se se diz que cabe ED de sentença, estaria excluindo as decisões interlocutórias. Em contrapartida, quando se fala de decisões de tribunal, em que as decisões colegiadas denominam-se acórdãos – concorda-se que o acórdão pode ter natureza de sentença, mas pode ter natureza de decisão interlocutória. Se a parte interpõe recurso de uma decisão que concede ou nega tutela de urgência – é acórdão, mas de natureza interlocutória. A finalidade dos embargos é aclarar ou complementar uma decisão, que contenha um vício, que se quer aclarar. Numa interpretação literal – se o vício ocorre em primeiro grau – só poderia sanar sentença. No segundo grau, como tudo é acórdão, poderia opor ED também a decisões interlocutórias. Haveria explicação pelo fato de o acórdão ser proferido por três juízes. Mas o que se sabe é queas decisões são, em geral do relator. Doutrina – ED – contra qualquer ato de natureza decisória, pouco importando se é decisão interlocutória ou se é uma sentença. Irrelevante tratar-se de decisão interlocutória, ou decisão monocrática. Assim, se qualquer decisão é passível de ED, como fica a unirrecorribilidade ou unicidade recursal? A única maneira de continuar sustentar estes princípios dentro do nosso sistema é, de certa forma, dar a este termo uma interpretação não literal, no sentido de que devemos entender que estes princípios significam ter para cada decisão um único recurso com determinado objetivo, como determinada finalidade. Se há uma sentença, se ela contém vícios e precisa ser aclarada ou complementada, o recurso são os ED. Mas, se não precisa disso, e o que se busca é anular ou reformar, o recurso cabível é a apelação. A oposição de Embargos interrompe ou suspende o prazo? Tem de tomar cuidado – se tivermos falando de prazo para interpor outro recurso, pelo CPC interrompe. Há sentença de 1º grau, quando forem julgados os embargos, terá 15 dias para apelar. Mas, no juizado especial o prazo suspende! Há lei específica – e lá se fala em suspender – corre pela diferença. Poderia perguntar – os ED suspendem os efeitos da decisão? O CPC não trata do tema. Há duas correntes : a. como o CPC não regulamenta, deve-se entender que uma regra geral que todo recurso tem efeito suspensivo, logo os ED suspendem os efeitos de uma decisão. Mas doutrina b. onde está escrito que a regra geral é que os recursos têm efeito suspensivo? Se se fizer uma análise estatística, com o rol de recursos do código: Apelação – em regra – efeito suspensivo Agravo – não tem (em geral) Recurso especial ( não tem) Recurso extraordinário (não tem) Embargos de divergência (não tem) Embargos infringentes (não diz) Como se vê, a maior parte dos recursos não tem efeitos suspensivos. Esta segunda corrente diz que – os ED suspendem ou não os efeitos de determinada decisão, dependendo da natureza do recurso principal contra aquela decisão. Na jurisprudência não há uniformidade de decisões a respeito. 13/08/2012 Prova 01/10/2012 ED – ainda sobre efeitos Efeito Devolutivo – os ED – possibilitam ao órgão julgador sanar eventual omissão, obscuridade e contradição. A partir daí se extrai o limite da devolutividade. Se pensarmos numa sentença, os ED permitem ao julgador a revisão de sua decisão? Sim. Mas nos limites dos ED. Não é porque a parte opôs os ED que pode mudar a torto e a direito. O que pode acontecer, mas nada tem a ver com devolutividade. Quando se trata de decisão interlocutória de 1º grau, os Embagos podem se constituir num vetor para o julgador eventualmente modificar sua decisão, mas não por fazer isto por conta dos embargos, mas sim, porque como os embargos fazem com que materialmente os autos voltem ao julgador e as interlocutórias não precluam para ele – faz com que o juiz revise uma decisão interlocutória. P. ex – juiz prolata decisão e por qualquer razão os autos voltem para ele – situação em que não há preclusão – ele pode alterar a decisão interlocutória. Assim, como pode fazer neste caso de embargos, mas pelo simples fato de os autos voltarem às suas mãos. Em razão desta devolutividade pode acontecer o fenômeno da aparente reformatio in pejus. Sabemos que no nosso sistema não há permissão para esta reformatio in pejus no recurso. No caso dos ED é possível haver aparente reformatio in pejus. O que isto significa? Significa dizer que muitas vezes o resultado em concreto da decisão dos embargos pode ser prejudicial ao embargante. Mas não porque o juiz, ao julgar os ed tinha o poder de reformar para pior, mas sim porque o objetivo dos embargos é sanar eventual vício. Ao fazê-lo, do ponto de vista concreto, o embargante pode estar numa situação pior do que a que ele tinha anteriormente. Exemplo: autor propõe demanda em face do réu, julgada totalmente improcedente. Mas, réu alegou decadência e o juiz não examinou. Para evitar nulidade, o autor pode opor ED – para que a decisão não contenha qualquer vício. Pode o juiz, a partir daí, julgar a decadência em desfavor do autor. Efeito translativo dos recursos – quando se diz que não se pode ter reformatio in pejus – quer dizer sobre a devolutividade. Mas o efeito translativo traz que podem ocorrer efeitos piores, do ponto de vista prático (?) Hipóteses a.Omissão b.Contradição c.Obscuridade Sobre a hipótese a. – dizemos que são cabidos ED sempre que a decisão deixar de examinar questão a respeito da qual tinha que se pronunciar. Isto é, a partir daí, extraímos pontos importantes.: a omissão pode atingir os fundamentos ou o próprio pedido – não só no sentido literal, mas como no sentido de requerimento. Ou seja, se a parte formulou vários pedidos, dentreos quais algum deixou de ser apreciado – houve omissão. Da mesma forma, se, dentre aqueles pedidos, deixou de analisar uma das causas de pedir – o não exame configuraria omissão. Mas, há omissão não somente quando deixa de apreciar, mas também quando o julgador tinha de apreciar. Isto porque o julgador não é obrigado a examinar cada ponto que foi alegado pela parte ou cada pedido que ela formulou. É obrigado a examinar os pontos que são essenciais à formação da sua decisão ou da sua convicção. Exemplos: - autor pediu condenação em 10.000, mais juros de 1%. O juiz – examinou as provas – extrai que o réu não tem de pagar o valor ao autor. No momento em que julgou improcedente a demanda, não precisaria apreciar a questão dos juros. Da mesma forma, imaginemos outra situação: Autor diz: réu deve pagar os 10.000 pelos motivos x e y. Os dois serviriam de base para a condenação em 10.000, independentemente. Vem o juiz e diz – o motivo x deve ser acolhido. A sentença é omissa? Não. O fundamento x já levava à procedência da demanda, está resolvido o problema. Quando se diz que há omissão quando o juiz deixa de apreciar determinado fundamento ou requerimento, deve sempre fazer a ressalva: desde que para formar sua convicção, tinha de fazer este exame. A melhor maneira para saber se um fundamentou ou requerimento deixou de ser apreciado, tratando-se de caso de omissão – se ele agora apreciar este ponto, de algum modo pode alterar o resultado? Isto quer dizer que aquele ponto é essencial, sendo relevante para a fundamentação da decisão. Sobre hipótese b. – para fins de ED, só podemos dizer que há contradição quando dentro da mesma decisão existem duas ou mais proposições incompatíveis, inconciliáveis entre si. A ideia de contradição é uma ideia restrita. Deve-se examinar a decisão do juiz e essa decisão traz duas ou mais afirmações que não podem coexistir – que são inconciliáveis entre si. O objetivo dos ED não é reformar uma decisão ou corrigir uma injustiça. Seu objetivo é sanar vício – a contradição está quando num mesmo ato ele afirma duas coisas incompatíveis. Existe uma tendência a uma certa mobilidade, liberalidade dos Embargos de Declaração em situações de flagrante equívoco. Ou seja, a jurisprudência tem admitido uma elasticidade dos Embargos sobre o argumento da contradição, fora dos limites da decisão, nas situações de inequívoco erro. Situações em que a sentença ou a decisão traz afirmação que manifestamente não condiz com a verdade dos autos. P. ex – considerando que o réu citado não contestou, decreta a revelia. Réu em ED diz – em fls. Tais está juntada a contestação. Se a questão for analisada do ponto de vista processual, deveria apelar, havendo anulação da sentença, voltando à primeira instância. Isto para se evitar o absurdo – obrigar a parte apelar numa situação em que há flagrante erro. Sobre hipótese c. – obscuridade. Quando estudamos a sentença – vimos requisitos intrínsecos de uma sentença. Vimos que um deles é a clareza e precisão. Os requisitos da clareza e precisão não são atributos só da sentença, mas de qualquer decisão judicial. A ausência de clareza ou precisão, torna a decisão obscura e, portanto, passível de embargos. O importante é que só é passível de embargos a decisão que objetivamente é obscura e não subjetivamente. Porque se o problema for subjetivo, não estaríamos diante da obscuridade, mas da dúvida. Não se admitem ED em caso de dúvida, mas só de obscuridade. A diferença está na gravidade da situação. Se a ausência de precisão é objetiva, dizemos que a decisão é viciada em razão da obscuridade. Se é subjetiva, interpretação do intérprete, não há vício. Agora, não há dúvida que a distância entre a subjetividade e a objetividade é muito sutil. Na prática, o que se diz é – se tem sentença do juiz, todos leram e não entenderam – isto é obscuridade. Se metade leu e entendeu e a outra metade não, haveria o fenômeno da dúvida. Faltei à aula passada 27/08/2012 Ultima aula – agravo de instrumento e agravo de retiro – Decisões interlocutórias e outras com caráter de sentença, mas que o código previu agravo. Ambos têm o mesmo objeto e finalidade – mas o CPC atual distingue quando pode interpor agravo de instrumento e quando pode interpor agravo retido. Tanto que se interpuser agravo de instrumento e for considerado caso de retido, será convertido pelo juízo. Agravo de instrumento quando houver risco de dano – mas esta é uma ideia relativa. Mas, existem situações em que a lei coloca que só cabe agravo de instrumento – decisão que não admite apelação – só por meio de agravo de instrumento. Da mesma forma – decisões prolatadas em audiência e que não versam sobre tutelas de urgência – só cabe agravo retiro oral. Se não for interposto em audiência – preclusão. Assim, não há mais em nosso sistema a ideia de que a parte poderá interpor, a critério do recorrente, o de instrumento ou o retido. Não há mais essa liberdade em nosso sistema. Hoje – vamos examinar o processamento do agravo – seja do retido seja do oral. Agravo retido. Quando é escrito – interposto no prazo de dez dias perante o juízo a quo – se for oral será apresentado na própria audiência. Evidentemente – como qualquer recurso, aplica-se a regra da dialeticidade – não basta a parte recorrer, tem de apresentar as razões recursais. Além disso, esse agravo está isento do pagamento de custas. Como se processa? Interposto o agravo, como garantia do contraditório, deve ser ouvida a parte contrária. Se for escrito, a parte contrária apresenta contrarrazões no prazo de dez dias. Se o agravo for oral, as contrarrazões seriam apresentadas na própria audiência. Imaginemos que a parte interpôs o agravo retido. Da leitura do agravo o juiz entende que realmente o agravante tem razão e que portanto tem de reconsiderara a decisão agravada. Só pode reformar sua decisão após a oitiva da parte contrária, como respeito à garantia do contraditório ou teria de se retratar depois? Evidente que o juiz poderia reconsiderar. Ao reconsiderar estaria gerando um gravame para a parte contrária. Portanto para ela vai nascer o direito de agravar. Resultado, não há prejuízo direito em mudar de posição sem ouvir a outra parte. Vc agrava de decisões interlocutórias – a maioria tem caráter processual, logo não precluem para o próprio julgador. Diante da retratação, se aquela decisão gera gravame para a outra parte, ela poderá agravar. Outro detalhe – o CPC estabelece que para o tribunal conhecer do agravo retido é necessário que a parte, na apelação ou nas contrarrazões expressamente requeira o julgamento do agravo. A lei cria outro requisito de admissibilidade do agravo retido – deve expressamente manifestar sua intenção de que aquele agravo seja julgado – como preliminar de apelação. Significa dizer – quando o tribunal for julgar a apelação, previamente será julgado o agravo retido. Se ela não ratifica o agravo na interposição da apelação ou das contrarrazões, significa dizer que renunciou àquele recurso. A parte pode, ao longo do processo, perder o interesse no julgamento daquele recurso. Cuidado !Quando o código diz – o agravo retiro será examinado como preliminar de apelação. Se interpretar esse dispositivo no sentido literal, significaria dizer que em toda hipótese primeiro se julgaria agravo retido e depois a apelação. No entanto, o CPC – traz artigo que parece ao professor plenamente aplicável ao agravo retido e a essa relação com a apelação, parágrafo segundo do art. 249 Art. 249. O juiz, ao pronunciar a nulidade, declarará que atos são atingidos, ordenando as providências necessárias, a fim de que sejam repetidos, ou retificados. § 1o O ato não se repetirá nem se Ihe suprirá a falta quando não prejudicar a parte. § 2o Quando puder decidir do mérito a favor da parte a quem aproveite a declaração da nulidade, o juiz não a pronunciaránem mandará repetir o ato, ou suprir-lhe a falta. No fundo o que quis dizer é que – não se reconhece a nulidade se no mérito puder julgar favoravelmente á parte que se beneficia da nulidade. Parece claro que o dispositivo se aplica ao agravo retido. Vc não reconhece a nulidade se no mérito julgar a favor da parte a quem ela beneficiaria. Em circunstâncias como essas, não pode o tribunal simplesmente julgar o agravo retido e se der provimento a ele esquece a apelação. Assim, o exame de agravo retido, apelação e contrarrazões deve ser concomitante. Nestes casos o agravo retido restará prejudicado. Processamento do agravo de instrumento Ao contrário do agravo retido, o agravo de instrumento é interposto diretamente perante o tribunal. Há o processo tramitando em primeiro grau de jurisdição. Dentro dele há decisão interlocutória. Parte inconformada interpõe agravo de instrumento direito no tribunal. Regra da dialeticidade, contrarrazões. Pq agravo de instrumento? Como a demanda prosseguirá em primeira instância, os autos do agravo será intruído com cópias de pelas que tramitam em primeiro grau de jurisdição. CPC divide essas peças em dois grupos: 1º peças obrigatórias – se elas não estiverem juntadas, o agravo não é conhecido. Significa dizer – não será admitido. Quais são essas? Cópia da decisão, certidão de intimação, procuração do agravante e agravado. A certidão é pra saber da tempestividade. Procuração. Se alguma dessas peças não estiver presente, não passa pelo juízo de admissibilidade. Mas, só com essas peças dá pra julgar o agravo? Por isso, deve juntar documentos que fazem provas de suas alegações. Essas peças não são essenciais, mas são necessárias para julgar o agravo. Mas, se não estiverem presentes, o caso não é de não conhecimento, mas não provimento. Vc ultrapassou o juízo de admissibilidade, contudo, no mérito, se não fez prova que a decisão agravada está errada, o agravo será improvido. Interposto o agravo, ele será distribuído incontinenti ao relator. O que ele pode fazer? Já foi falado que o sistema processual tem aumentado os poderes do relator. Neste caso, nota-se claramente isto. Antes de ser julgado pelo colegiado, inúmeras medidas podem ser tomadas pelo relator. Pode converter o agravo de instrumento em agravo retido, pois não haveria risco. Segunda possibilidade: pode não conhecer do agravo – faltou peça essencial, intempestivo, não pagou as custas. Em todos esses casos, pode simplesmente não admitir o agravo, posto que não passou pelo juízo de admissibilidade. Terceiro caminho: relator pode conceder uma tutela de urgência – aquilo que denominamos efeitos suspensivo ou ativo do agravo. Efeito suspensivo – normalmente o agravo não suspende a decisão agravada – se houver risco de dano, pode o relator suspender os efeitos da decisão. Efeito ativo – efeito substitutivo. O que pode acontecer em primeiro grau? Pode estar agravando decisão do juiz em que nega tutela a favor da parte. Se o juiz negou a tutela, sua decisão não gera efeitos. Pode ter prejuízos por causa de outras questões. O negar não gera efeito por si. Quando a parte interpõe agravo contra decisão que negou algo, precisa que seja concedido o que foi negado. Por isso efeito ativo – dará ao agravante aquilo que foi negado em primeiro grau. Quarta medida que o relator pode tomar – requerer informações ao juízo de primeiro grau. Apesar de os documentos refletirem o que ocorreu em primeiro grau, pode requisitar informações ao juízo de primeiro grau. Quer esclarecimentos o que está acontecendo no processo. Última medida – mandar ouvir o agravado – e, se for o caso, encaminhar ao MP para parecer. Negar ou dar provimento sem ouvir o agravado – viola o contraditório. Art. 557 – é aplicável ao agravo, depois que o agravado exercer o contraditório. É prematuro conceder o 557 antes de ouvir a outra parte, principalmente para dar provimento ao agravo. Interposto o agravo no tribunal, em três dias tem de informar o juízo aquo da interposição. Possibilitar o juízo de retratação. Possibilitar ao agravado o conhecimento da interposição. A única diferença – para o relator saber deste fato, o agravado tem de alegar e provar – certidão. A partir daí, será julgado pelo colegiado, salvo hipótese do art. 557. Regra interessante, segundo o professor – art. 528 Art. 528. Em prazo não superior a 30 (trinta) dias da intimação do agravado, o relator pedirá dia para julgamento. Em 30 dias, contado os dez dias que o agravado tinha para se manifestar, vai estar com o voto pronto pendido julgamento do agravo. Não há consequência alguma se isto deixar de ocorrer. Parte agravou e em primeiro grau comunicou em três dias esse agravo. E se o juiz se retrata? Prejudicado! Só que o outrora agravado está prejudicado pela decisão de primeiro grau – poderá agravar daquela decisão. Prejudicado o agravado do agravante, e o outrora agravado poderá interpor novo agravo, tornando-se agravante. Próxima aula – apelação! 10/09/2012 Apelação – contra sentença – seja de mérito ou sem resolução de mérito. Decisão que julga liquidação teria natureza de sentença – mas o CPC diz que dessa decisão o recurso cabível é o agravo de instrumento. Exceto este caso, decisão com natureza de sentença, extinguindo o processo, o recurso cabível é a apelação. Art. 269 – interpretação teleológica – não basta se enquadrar neste artigo para caber apelação. Sobre o cabimento – efeitos da apelação. Dentre eles – os dois mais importantes a serem examinados são os efeitos SUSPENSIVO e DEVOLUTIVO. SUSPENSIVO A regra geral do CPC é que a apelação tem efeito suspensivo. Isto é – quando a parte interpõe a apelação, a regra geral é que, naquilo em que apelou, a sentença não gerará efeitos até o julgamento da apelação. Matéria de que não se apelou, houve preclusão, trânsito em julgado – poderá ser executado. A regra do efeito suspensivo é geral, mas não absoluta. No CPC e na legislação extravagante, encontramos vários casos em que a apelação não tem efeito suspensivo e que, portanto, a parte vencedora poderá dar início à fase de cumprimento, em execução provisória. Art. 520 CPC Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973) I - homologar a divisão ou a demarcação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973) II - condenar à prestação de alimentos; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973) Essa regra só se aplica à ação de alimentos pura – condenado a pagar alimentos. Contra esta sentença que condena pagar alimentos, o apelo não tem efeito suspensivo. P. ex – ação reducional, de exoneração – essas ações o apelo tem sim efeito suspensivo. Só a ação de alimentos que condena a pagar é que não teria efeito suspensivo. III - (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005) IV - decidir o processo cautelar; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973) Urgência – se eventual apelo contra a sentença tivesse efeito suspensivo, perder-se-ia a noção de urgência. Muitas vezes há processo cautelar e principal, autônomos. Mas, se houve uma única sentença julgando os dois. Com que efeitos se recebe a apelação – doutrinariamente – em relação ao principal, a apelação deve ter efeito suspensivo, em relação á cautelar, sem efeito suspensivo. V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 1994) Proposta execução de título extrajudicial e devedor oferece embargos. Se esses embargos são rejeitados liminarmente ou julgados improcedentes, eventual apelo contra essa decisão não tem efeito suspensivo. ***Cuidado – Ex – execução – parte embargou – sentença que julga os embargos. Se ela indeferiu liminarmente os embargos ou se foram julgados improcedentes – o apelo não tem efeito suspensivo – significa dizer que a sentençados embargos pode ser executada. A sentença dos embargos vai ser executada PROVISORIAMENTE. Mas, pergunta-se – e a execução? Se os embargos tinham efeitos suspensivos – a execução prossegue de forma DEFINITIVA! A sentença é executada provisoriamente. Se a sentença de embargos condenou em honorários, a sua execução é provisória. Mas a execução do título segue em definitivo. VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. (Incluído pela Lei nº 9.307, de 1996) Essa hipótese é lógica do sistema. Muitas vezes a parte é obrigada a interpor a medida judicial de acordo com a lei de arbitragem, para compelir a parte contrária a se submeter a arbitragem. Essa sentença que condena o réu a se submeter à arbitragem não tem efeito suspensivo. Se o sujeito para instituir a arbitragem tiver que se submeter a duplo grau de jurisdição,´é melhor abrir mão da arbitragem e ir para o juízo estatal. VII – confirmar a antecipação dos efeitos da tutela; (Incluído pela Lei nº 10.352, de 2001) Antecipação de tutela – é provisória – quando o juiz prolata a sentença deve decidir se mantem ou não a antecipação da tutela. Quando ratificada pela sentença – quando a sentença caminhou no mesmo sentido da antecipação de tutela.... A antecipação de tutela pode ser total ou parcial. Se for parcial, o efeito não suspensivo aplica- se a esta parte da sentença e não ao todo. P. ex – reintegração de com perdas e danos. Na parte que reitegra na posse – sem efeitos suspensivo – na parte em que há perdas e danos – com efeito suspensivo. Outra questão interessante – embora este tema tenha trazido divergência no passado, está pacificado que o juiz pode conceder antecipação de tutela na própria sentença. Se antecipa a tutela na própria sentença, óbvio que a antecipação está prevista na sentença – óbvio que a antecipação neste caso não tem efeito suspensivo, senão não haveria utilidade na antecipação de tutela. Ações locatícias – legislação extravagante – apelo sem efeito suspensivo. MS – também sem efeito suspensivo. EFEITO DEVOLUTIVO. Quando estudamos devolutividade, vimos que ela nasce de um binômio: extensão e profundidade! Extensão – no caso do apelo – o apelo só devolve ao tribunal aquilo que foi pedido – objeto do apelo. Se a parte apelou só de parte da sentença, o que é devolvido para o tribunal é só aquele capítulo. Se apelou de toda a sentença, a devolução é integral. Mais importante do que isso é a ideia de profundidade. Quando a parte recorre deve apresentar as razões recursais. Quando a parte contrarrazoa apelo, deve apresentar seus argumentos. Apesar disso – o tribunal, para formar sua convicção, pode se valer de toda a matéria de fato e de direito, ainda que não tenha sido alegada na apelação. Como no nosso sistema, quando a parte apela, os autos como um todo irão para o tribunal, evidentemente poderá valer-se de tudo o que está nos autos para formar sua convicção. Em relação ao pedido do recurso, fica limitado ao que a parte pediu. Em relação aos fundamentos, poderá se valer de tudo o que foi alegado na inicial até o fim do processo. Art. 515 – Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. § 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro. O juiz prolata a sentença – o CPC trata da hipótese – ainda que a sentença não tenha julgado por inteiro – sentença incompleta – sentença omissa em relação a algum ponto. Se a sentença é omissa em relação a algum ponto – deveria ter se valido de embargos de declaração. Mas, imaginemos que embargou e foram rejeitados. Ou só percebeu a omissão depois – mas não dá para embargar. Se houvesse oposto embargos – poderia pedir a nulidade por negativa da prestação jurisdicional. Pode, em vez disso, recorrer direto – pedindo ao tribunal que complemente aquilo que deixou de ser julgado. Situações residuais – esqueceu de examinar juros, deixou de condenar em honorários. Neste tipo de situação é que o tribunal complementaria a decisão. § 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. O juiz, quando prolata a sentença, não é obrigado a se pronunciar sobre todos os pontos. Quando falamos de sentença, damos exatamente esse exemplo. Autor propõe demanda em face do réu – com dois fundamentos. Eles são independentes entre si e alicerçam a sentença – para o professor – basta que um deles seja acatado – para o juiz dar ou não provimento. Ao prolatar a sentença acolhe o argumento X e julga a demanda procedete – ele era obrigado a examinar o outro fundamento. O tribunal pode chegar e dizer o seguinte – este argumento que vc usou está furado, para tanto, o tribunal pode examinar o outro argumento. § 3o Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 2001) Estiver em condições de imediato julgamento! ---- O juiz prolatou sentença e extinguiu o processo sem exame do mérito. A partir daí, o autor apelou – o tribunal, ao julgar esta apelação, viu que não era caso de extinguir sem exame de mérito. Mas, o tribunal viu duas situações ao mesmo tempo: a matéria é exclusivamente de direito; e o processo já está em condições de ser julgado. O que é ser exclusivamente de direito – não há controvérsia a respeito dos fatos. Os fatos admitidos por uma parte também o são pela parte contrária. É aquela situação que não depende de prova. Como outro requisito – processo esteja em condições de ser julgado – causa madura – não depende mais de provas. Causa que julgar desde logo não significa violar contraditório. Esse dispositivo merece interpretação extensiva? Exemplo – fatos são controvertidos, todavia o tribunal entende que a prova produzida já é suficiente – em sentido lato, a partir do momento em que os fatos estão provados, seria apenas a aplicação do direito ao fato. Seria o caso de aplicação do parágrafo 3º do art. 515? O entendimento que vem predominante é de que se houve debate suficiente e a prova está nos autos, não haveria necessidade de devolução dos autos à primeira instância. Se houve extinção sem exame de mérito e os elementos existentes nos autos são suficientes para o julgamento de mérito, sem haver ofensa ao devido processo legal, o tribunal pode desde logo julgar a causa. Há supressão de instâncias nesse caso? Sim. Se defender que a regra do duplo grau de jurisdição é de natureza constitucional, deverá defender que o parágrafo 3º do art. 515 é inconstitucional, pois julgará o mérito diretamente na segunda instância. Mas, o que prevalece é que o duplo grau não tem natureza constitucional. O tribunal pode aplicar de ofício o parágrafo 3ª do art. 515? O autor apelante, no seu recurso, pediu para anular o julgamento e devolver para o primeiro grau. Pode o tribunal aplicar de ofício o parágrafo 3º do art. 515 – decisão extrapetita – essa regra do parágrafo 3ª é uma norma de direito processual? Sim. E as normas de natureza processual são normas cogentes – isto é – de ordem pública. A matéria de ordem pública pode ser conhecida de ofício, a qualquer tempo ou grau de jurisdição. Parte da doutrina e jurisprudência sustenta que este dispositivo é decorrência do efeito translativo. Ao recorrer vc devolve a matéria de ordem pública ao tribunal, não precisa requerer, pois o tribunal reconhecerá de ofício. Mas, antes de o tribunal decidir de ofício, o tribunal deverá provocar o contraditório sobre este aspecto. O apelante não pedido, o apelado não contra-arrazoou. Ao que parece, a aplicação de ofício estaria sujeita à necessidade de provocar o prévio contraditório. § 4o Constatando a ocorrênciade nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realização ou renovação do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre que possível prosseguirá o julgamento da apelação. (Incluído pela Lei nº 11.276, de 2006) Art. 516. Ficam também submetidas ao tribunal as questões anteriores à sentença, ainda não decididas. Questões que a princípio o juiz deveria ter resolvido antes, por decisão interlocutória, muitas vezes no saneamento. Por exemplo – parte previu provas e nem viu o requerimento e já julgou a prova. Na sentença não indeferiu a prova. Anterior à sentença, mas que para a qual não houve decisão. Tradicionalmente deveria anular tudo, voltar para a primeira instância. Ao examinar a questão, a conclusão a que teria que chegar é de anulação. Como não houve decisão – não houve preclusão. Deve ter cuidado se com alguma petição houve preclusão lógica – parte requereu produção de provas mas em seguida peticionou concordando com julgamento antecipado da lide. Art. 517. As questões de fato, não propostas no juízo inferior, poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior. Possibilidade do fato novo em segundo grau de jurisdição – fato superveniente, não alegado e não julgado pelo juiz. Só é possível quando se tratar de fato novo – a parte não pode alegar em primeiro grau por força maior. O fato pode ser até anterior, mas uma força impedia a parte de fazê-lo – como o desconhecimento do fato. A parte não pode inovar a causa em segundo grau –
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