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Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda Infecção fúngica OBJETIVO 1) CONHECER AS CARACTERÍSTICAS GERAIS E ESPECIFICAS DOS FUNGOS Os fungos (leveduras e fungos filamentosos) são organismos eucariotos. Possui 2 estruturas importantes na área clínica: 1. A PAREDE CELULAR É DE QUITINA (polissacarídeo) Isso confere aos fungos a característica de serem insensíveis a alguns antibiológicos. Exemplo: penicilina, inibindo a síntese do peptideoglicano. A célula fúngica também possui outros polissacarídeos, mais importante: beta-glicano, é o local de atuação do fármaco antifúngico caspofungina. 2. A MEMBRANA CELULAR DOS FUNGOS CONTÉM ERGOSTEROL, ao contrário da membrana da célula humana, que contém colesterol. Os fármacos antifúngicos mais efeitos, anfotericina B e vários azóis, exploram o ergosterol presente na membrana celular dos fungos. → A anfoterecina B, por exemplo, rompe a membrana celular fúngica no local do ergosterol e os azóis inibem a síntese do ergosterol, um componente essencial das membranas fúngicas. EXISTEM 2 TIPOS MORFOLÓGICOS DE FUNGOS: 1. LEVEDURAS: Crescem de forma unicelular; Se reproduzem por brotamento; 2. FUNGOS FILAMENTOSOS: Crescem como longos filamentos (hifas) e formam um emaranhado (micélio); Reprodução: esporos Fungos de interesse clínico: são os dimórficos – são os fungos que possuem diferenças morfológicas em temperaturas diferentes. Na temperatura ambiente são filamentos, e nos tecidos humanos na temperatura corporal são leveduras. Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda Algumas hifas possuem septos transversais (hifa septada) e outras não, hifa asseptada – são multinucleadas (cenocíticas). O crescimento das hifas ocorre por elongação da sua extremidade e não por divisão celular do filamento. →A maioria dos fungos são AERÓBICOS OBRIGATÓRIOS, porém alguns são anaeróbios facultativos, mas não existe anaeróbio obrigatório. →Todos eles NECESSITAM DE UMA FONTE DE CARBONO ORGÂNICO PRÉ-FORMADO (encontrado na matéria orgânica em decomposição): ❖ Os fungos são quimio-heterotróficos e, assim como as bactérias, absorvem nutrientes, em vez de ingeri-los como fazem os animais. →HABITAT NATURAL DOS FUNGOS: MEIO AMBIENTE. Exceção: cândida albicans, faz parte da microbiota normal humana. →Alguns SE REPRODUZEM DE FORMA SEXUADA por produção de ESPOROS SEXUADOS (exemplo: zigósporos, ascósporos e basidiósporos) ✓ Zigósporos: esporos simples e extensos de parede espessa; ✓ Ascósporos: formados no interior de sacos, são os ascos; ✓ Basidiósporos: formados externamente na extremidade de um pedestal, é o basídio. ❖ Fungos que não formam esporos sexuados são chamados de fungos imperfeitos. Um esporo sexuado fúngico resulta da reprodução sexuada que tem 3 etapas: 1. Plasmogamia: um núcleo haploide de uma célula doadora (+) penetra no citoplasma de uma célula receptora (-). 2. Cariogamia: os núcleos (+) e (-) fundem-se formando um núcleo zigótico diploide. 3. Meiose: o núcleo diploide origina um núcleo haploide, esporos sexuados dos quais alguns podem ser recombinantes genéticos. →A MAIORIA DOS FUNGOS DE INTERESSE CLÍNICO SE PROPAGAM DE FORMA ASSEXUADA, eles formam os conídios (são os esporos assexuados). A forma, cor e arranjo dos conídios ajudam na identificação desses fungos. Conídios importantes: 1. Artrósporos: produzidos por fragmentação da extremidade da hifa e representam a forma de transmissão da espécie Coccidioides immitis; Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda 2. Clamidósporos: arredondados, com parede espessa e resistentes; 3. Blastósporos: formados pelo processo de brotamento, pelo qual as leveduras se reproduzem assexuadamente; 4. Esporangiósporos: formados no interior de uma estrutura sacular (esporângio) na extremidade de colunas produzidas por fungos filamentosos dos gêneros Rhizopus e Mucor. Curiosidade na medicina: Esteroides e hormônios para crescimento vegetal são oriundos também de metabólitos desses organismos. Um dos exemplos notáveis da utilização dos metabólitos fúngicos na medicina é a administração de ciclosporina em pessoas submetidas a transplantes – evitar a rejeição do órgão transplantado. Essa substância foi isolada a partir de fungos de solo. As toxinas produzidas pelos fungos são denominadas micotoxinas, podendo causar um quadro clínico de intoxicação. Micose: infecção causada pela presença de fungo. FUNGOS DIFERENCIAM-SE DAS BACTÉRIAS EM: 1. Os fungos normalmente crescem melhor em ambientes em que o pH é próximo a 5, que é muito ácido para o crescimento da maioria das bactérias comuns. 2. Quase todos os fungos filamentosos são aeróbios. A maioria das leveduras é anaeróbia facultativa. 3. A maioria dos fungos é mais resistente a pressão osmótica do que as bactérias, muitos, por conseguinte, podem crescer em concentrações relativamente altas de sal ou açúcar. 4. Os fungos podem crescer em substâncias com baixo grau de umidade, geralmente tão baixo que impede o crescimento de bactérias 5. Os fungos são frequentemente capazes de metabolizar carboidratos complexos, como a lignina, que a maioria das bactérias não pode utilizar como nutrientes. Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda FUNGOS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA Zigomicetos ou fungos de conjugação: são filamentosos saprofíticos que apresentam hifas cenocíticas. Exemplo: Rhizopus Stolonifer, é o mofo preto do pão. Microsporídios: são eucariotos incomuns, pois não possuem mitocôndrias. Eles não têm microtúbulos e são parasitos intracelulares obrigatórios. Ascomycota: os ascomicetos incluem fungos com hifas septadas e algumas leveduras. Seus esporos assexuados normalmente são conídios produzidos em longas cadeias a partir do conidióforo. Flutuam no ar como poeira. Basidiomycota: os basidiomicetos, ou fungos em clava, também possuem hifas septadas. Este filo inclui fungos que produzem cogumelos. OBJETIVO 2) CLASSIFICAR AS INFECÇÕES FÚNGICAS Micoses cutâneas Sua localização anatômica é camada morta da pele, epiderme, pelos e unhas. DERMATOFITOSES Elas são causadas por fungos, os dermatófitos, que infectam APENAS estruturas queratinizadas superficiais e não tecido profundo. ➢ Os mais importantes são classificados em três gêneros: Trichophyton, Epidermophyton e Microsporum. Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda Eles são transmitidos por pessoas infectadas pelo contato direto. ➢ O Microsporum também é transmitido por animais como cachorros e gatos, ou seja, os animais também devem ser tratados para prevenir reinfecções. As dermatofitoses (tíneas): são infecções crônicas frequentemente localizadas em áreas quente e úmidas do corpo. Exemplo: pé de atleta e comichão. Suas típicas lesões: possuem borda circular + sinais de inflamação + contém pápulas e vesículas circundadas por uma zona clara de pele normal. Em geral, as lesões são pruriginosas. Também pode ser observado pelos quebradiços, e unhas partidas e espessas. Em geral a doença é identificada pela parte do corpo afetada. Exemplo: ➢ Tínea do couro cabeludo → cabeça; ➢ Tínea do corpo → corpo; ➢ Tínea crural → coxas; ➢ Tínea do pé → pés. Trichophyton tonsurans: é a causa mais comum da proliferação de tínea do couro cabelo em crianças e a principal causa de infecções tipo endótrix (no interior do pelo). ➢ Trichophyton rubrum: agente comum também causador do couro cabeludo. Trichophyton shoenleinii: é o causador do favo, uma forma de tínea do couro cabeludo em que uma crosta pode ser observada no escalpo. Espécies de Trichophyton também causam lesão pustular infamada, no escalpo, denominada Kerion; Lâminas contendo raspados de pele ou de unhas, tratados com hidróxido de potássio a 10% (KOH), revelam hifas septadas a microscopia. O tratamento: envolve uso de cremes antifúngicos locais ou via oral, como griseofulvina.Prevenção: pele seca e fresca. TÍNEA VERSICOLOR Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda É uma infecção cutânea superficial apenas de importância estética. É a pitiríase versicolor, causada por Malassezia furfur. Lesões gerais observadas: áreas hipopigmentadas, sobretudo na pele bronzeada no verão. Infecção pode ser levemente escamosa ou com coceira, em geral assintomática. ➢ Ocorre com frequência em climas quentes e úmidos. ➢ As lesões contêm células leveduriformes e m brotamento e hifas. Diagnótico: observar a mistura em preparações de KOH de raspagem de pele. O tratamento: uso do miconazol, porém as lesões apresentam tendência de recorrer, podendo ser usado, para isso, fluconazol e itraconazol. TÍNEA NEGRA É uma infecção de camadas queratinizadas da pele. Ocorre como uma mancha marrom, causada por um pigmento similar a melanina presente nas hifas. Agente causador encontrado no solo e transmitido para as lesões, é o Cladosporium Werneckii. Diagnóstico: exame de microscopia direta e pelo isolamento da cultura utilizando raspagens da pele. Tratamento: agente queratolítico tópico (ácido salicílico). Micoses subcutâneas Micoses causadas por fungos que crescem no solo e sobre vegetais, são introduzidas no tecido subcutâneo por meio de um trauma. ESPOROTRICOSE O Sporothrix schenckii é um fungo dimórfico. A forma filamentosa ocorre sobre vegetais e a forma leveduriforme ocorre nos tecidos humanos. Quando os esporos do fungo filamentoso são introduzidos na pele, normalmente por um espinho, é formada uma pústula local ou úlcera, com nódulos ao longo dos vasos linfáticos. ➢ Lesões em geral são indolores e ocorre uma pequena doença sistêmica. ➢ Lesões sem tratamento podem aumentar e diminuir durante os anos. Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda Pacientes infectados pelo HIV que apresentam baixa contagem de células CD4, podem apresentar esporotricose disseminada. Ocorre com mais frequência em jardineiros (principalmente quem lida com rosas, já que pode se furar nos espinhos). CROMOMICOSE Infecção granulomatosa progressiva e lenta causada por vários fungos do solo (Cladosporium, Fonsecaea) quando estes são introduzidos na pele através de um trauma. São coletivamente chamados de dematiáceos, pois seus conídios ou hifas são escuros, tanto nas cores cinza quanto preta. Lesões semelhantes a verrugas com abscessos incrustados se entendem pelos vasos linfáticos → a doença ocorre principalmente nos trópicos e são observadas nos pés e nas pernas. MICETOMA Fungos do solo (Petriellidium, Madurella) → penetram através de ferimentos nos pés, mãos ou nas costas, causando abscessos com pus que escorre pelos sínus. O pus contém grânulos compactos coloridos. Micoses sistêmicas Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda Elas resultam da inalação de esporos de fungos dimórficos que ocorrem em sua forma filamentosa no solo. ❖ Nos pulmões, os esporos se diferenciam em leveduras ou outras formas especializadas, como esférulas. ❖ A maioria das infecções nos pulmões é assintomática e limitada. Porém em algumas pessoas a doença se dissemina e os organismos desenvolvem-se em outros órgãos, o que causa lesões destrutivas que podem resultar em morte. Pessoas infectadas não transmitem micoses sistêmicas para outras pessoas. COCCIDIOIDES A coccidioides immitis causa coccidioidomicose; É um fungo dimórfico que ocorre como filamento no solo e como esférula nos tecidos. TRANSMISSÃO E EPIDEMIOLOGIA: ele é endêmico em regiões áridas do Sudeste dos EUA. No solo, o fungo forma hifas com artróspotos que se alternam com células vazias. Os artrósporos são muito leves e carregados pelo vento → eles podem ser inalados e infectam os pulmões. PATOGÊNESE: nos pulmões, os atrósporos vão formar grandes esférulas (30nm de diâmetro), com parede dupla, espessa e refratária, sendo preenchida com endósporos → A ruptura da parede faz os endósporos serem liberados e diferenciaram-se em novas esférulas → O organismo pode se disseminar no interior do indivíduo por extensão direta ou via corrente sanguínea. Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda Lesões granulomatosas podem ocorrer praticamente em qualquer órgão, mas são encontradas a princípio nos ossos e no SNC (meningite). A DISSEMINAÇÃO a partir dos pulmões para outros órgãos ocorre em diversas pessoas com deficiência na imunidade celular → a maioria dos indivíduos infectados com C. immitis desenvolve uma resposta imune celular, a hipersensibilidade tardia, que restringe o desenvolvimento do organismo. Um modo para determinar se uma pessoa produziu resposta imune celular adequada para o organismo é a realização de teste cutâneo. Se for positivo, significa que a pessoa desenvolveu imunidade suficiente para prevenir a disseminação da doença. HISTOPLASMA O histoplasma capsulatum causa a Histoplasmose. É um fungo dimórfico que ocorre como filamentoso no solo e levedura nos tecidos. Possui 2 tipos de esporos assexuados: macroconídios tuberculados e microconídios. PATOGÊNESE: os esporos inalados são fagocitados por macrófagos e transformados em leveduriformes, nos tecidos, ocorre uma levedura oval no interior dos macrófagos → as leveduras sobrevivem nos fagolisossomas dos macrófagos por meio da produção de substâncias alcalinas como bicarbonato e amônia, as quais elevam o pH e inativam enzimas degradativas dos fagolisossomos. Os organismos vão se disseminar por todo o corpo, sobretudo no fígado e baço, mas a maioria das infecções permanece assintomática. OBJETIVO 3) CONHECER AS INFECÇÕES FÚNGICAS OPORTUNISTAS As MICOSES OPORTUNISTAS são infecções causadas por fungos pouco patogênicos em hospedeiros com imunidade comprometida, ou pelo uso de medicações (p. ex., corticoide, quimioterapia, imunossupressores), ou por doenças como a Aids. Os fungos que causam as micoses oportunistas estão presentes no ambiente. A principal porta de entrada desses agentes no organismo humano é a via inalatória, de onde podem ser eliminados sem ocasionar doença em indivíduos imunocompetentes. Não é comum a transmissão de fungos entre indivíduos. Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda Fungos oportunistas não são capazes de causar doenças na maioria das pessoas imunocompetentes, mas podem causá-las em pessoas com as defesas imunes debilitadas. Cinco gêneros importantes na medicina: 1. Candida; 2. Cryptococcus; 3. Aspergillus; 4. Mucor; 5. Rhizopus. Candida Candida albicans, a espécie mais importante de Candida, causa a candidíase, vaginite, esofagite, assaduras e candidíase mucocutânea crônica. Também é capaz de causar infecções disseminadas, como: endocardite (usuários de drogas intravenosas), infecções na corrente sanguínea (candidemia) e endoftalmite. CARACTERÍSTICAS C. albicans é uma levedura oval com um broto simples. A fermentação de carboidratos diferencia as espécies de Candida (exemplo: tropicalis, paopsilosis, kuresei, glabrata). Faz parte da microbiota normal das membranas mucosas do trato respiratório superior, sistema gastrintestinal e trato genital feminino. Nos tecidos, pode ocorrer na forma leveduriforme ou como pseudo-hifas, que são leveduras alongadas que se assemelham as hifas, mas não são hifas verdadeiras. Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda As hifas verdadeiras também são formadas quando o C.albicans invade tecidos. TRANSMISSÃO Ele já está presente na pele e nas membranas mucosas. O C. albicans na pele predispõe infecções envolvendo instrumentos que penetram na pele, como agulhas (uso de drogas intravenosas) e cateteres. PATOGÊNESE E ACHADOS CLÍNICOS Elevada proliferação de C. albicans na boca produz manchas, chamadas de candidíase. A vaginite com coceira e secreção é favorecida por um pH elevado, diabetes ou uso de antibióticos. Os antibióticos suprimem os Lactobacillusda microbiota normal, os quais mantêm o pH baixo → resultado: pH aumenta e favorece a proliferação da cândida. Invasão da pele ocorre em áreas quentes e úmidas, ficando elas vermelhas e danificadas. Dedos e unhas se tornam envolvidos no processo de invasão quando são repetidamente imersos em água → como consequência, espessamento ou perda da unha. As assaduras em crianças ocorrem quando as fraldas úmidas não são trocadas imediatamente. EM PESSOAS IMUNOSUPRIMIDAS, Candida pode se disseminar para muitos órgãos ou causar candidíase mucocutânea crônica (CMC), que é uma infecção prolongada da pele, das mucosas oral e genital e das unhas que ocorre em indivíduos com baixa imunidade de células T. Pacientes predispostos a CMC, possuem mutações no gene codificador de interleucina 17 e o receptor de IL- 17 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Em exsudatos ou tecidos, leveduras com brotamentos e pseudo-hifas ocorrem como gram-positivas e podem ser visualizadas por meio da utilização do corante branco calcoflúor. Já em cultura, colônias de leveduras típicas são formadas, são semelhes as grandes colônias dos estafilococos. Os tubos germinativos são formados em soro a 37ºC, os quais distinguem C.albicans da maioria das outras espécies de Candida. Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda Os testes cutâneos com antígenos de Candida são uniformemente positivos em adultos imunocompetentes e utilizados como indicador de que uma pessoa pode apresentar resposta imune celular. • Quem não apresenta essa resposta contra os antígenos de Candida provavelmente tem imunidade celular deficiente, é o indivíduo anérgico. Cryptococcus Cryptococcus neoformans causa criptococose, sobretudo a meningite criptocócica. A criptococose é a doença fúngica invasiva que apresenta risco a vida. Notadamente importante em pacientes com AIDS. O C.neoformans é uma levedura oval com brotamentos envolvida por uma proeminente cápsula de polissacarídeo. NÃO É DIMÓRFICO. TRANSMISSÃO: cresce abundantemente em solos contendo fezes de aves (sobretudo de pombos). Os pássaros não são infectados. A infecção humana resulta da inalação do organismo, não ocorrendo transmissão de pessoa a pessoa. PATOGÊNESE E ACHADOS CLÍNICOS: A infecção pulmonar é normalmente assintomática ou pode produzir uma pneumonia branda. A doença causada pelo C. neoformans ocorre principalmente em pacientes com baixa imunidade celular, sobretudo os com Aids, nos quais o organismo se dissemina para o SNC (meningite) e outros órgãos. Os nódulos subcutâneos são em geral observados na doença disseminada. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL No líquido espinal misturado com tinta nanquim, a célula leveduriforme é visualizada microscopicamente envolvida por uma proeminente cápsula não corada. A coloração de Gram para o organismo não é viável; As colônias são altamente mucoides – reflexo da grande quantidade de polissacarídeo capsular produzido pelo organismo. Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda Os testes sorológicos podem ser realizados para anticorpos e antígenos → no líquido espinal infectado, o antígeno capsular ocorre em elevada titulação e pode ser detectado por teste de aglutinação com partículas de látex (crag). Aspergillus As espécies de Aspergillus, sobretudo Aspergillus fumigatus, causam infecções na pele, nos olhos, nas orelhas e em outros órgãos, bola fúngica nos pulmões e aspergilose alérgica bronco pulmonar. Essas espécies ocorrem somente como fungos filamentosos. NÃO SÃO DIMÓRFICOS. Possuem hifa septada e formam ramificações em forma de V (dicotômicas). As paredes das hifas são mais ou menos paralelas, diferente da Mucor e Rhizopus. Os conídios foram cadeias radiais. TRANSMISSÃO: Desenvolvem-se em vegetações em decomposição, produzindo cadeias de conídios. A transmissão ocorre pelos conídios presentes no ar. PATOGÊNESE E ACHADOS CLÍNICOS: Aspergillus fumigatus é capaz de colonizar e depois invadir regiões danificadas da pele, de feridas, de queimaduras, da córnea, da orelha externa e dos seios paranasais. É a causa mais comum de sinusite fúngica. Em pessoas imunocomprometidas, sobretudo com neutropenia (nível baixo dos neutrófilos), o fungo invade os pulmões e outros órgãos, produzindo hemoptises e granulomas. Pacientes neutropênicos também estão predispostos a infecções em cateteres intravenosos causadas por esse organismo. Os apergilos tem uma CAPACIDADE DE CRESCER EM CAVIDADES DOS PULMÕES, principais as derivadas da tuberculose. No interior dessas cavidades eles produzem a bola fúngica, a aspergiloma, que pode ser observada na radiografia de tórax como uma estrutura radiopaca que muda sua posição quando o paciente se move da posição ereta para a supina. Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda A aspergilose broncopulmonar alérgica (ABPA) é uma reação de hipersensibilidade a presença de Aspergillus nos brônquios. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: as amostras de biópsia revelam hifas ramificas e septadas invadindo o tecido. As culturas apresentam colônias com cadeia de conídios dispostas radialmente. Mucor e Rhizopus A mucormicose (zigomicose, ficomicose) é uma doença causada por fungos filamentosos saprofíticos amplamente encontrados no meio ambiente. NÃO SÃO DIMÓRFICOS. São transmitidos por esporos presentes no ar e invadem tecidos de paciente com baixa resistência → proliferam nas paredes dos vasos sanguíneos nos seios paranasais, nos pulmões ou no intestino, e causam infarto e necrose do tecido distal pelo entupimento das veias. Pacientes suscetíveis: quem apresenta cetoacidose diabética, queimaduras, transplantes de medula óssea ou leucemia. Pacientes diabéticos são suscetíveis a mucormicose rinocerebral. Em amostras de biópsia, são observadas hifas asseptadas, com paredes espessas, irregulares e ramificadas. Pneumocystis Pneumocystis jiroveci é classificado como uma levedura com base em análises moleculares, mas clinicamente ainda é considerado um protozoário ou organismo “não classificado” OBJETIVO 4) COMPREENDER OS MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA DOS FUNGOS Quando ocorre uma infecção causada por um fungo → Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda forma-se GRANULOMAS. São produzidos nas principais micoses sistêmicas (exemplo: coccidioidomicose, Histoplasmose, blastomicose e outras). A resposta imune celular está envolvida na formação de granulomas. Os fungos não possuem endotoxinas em suas paredes celulares, e não produzem exotoxinas similares as das bactérias. PELE ATIVAÇÃO DO SISTEMA IMUNE CELULAR → resulta em uma resposta de hipersensibilidade tardia cutânea para certos antígenos fúngicos injetados de forma intradérmica. Teste cutâneo positivo → indica exposição a antígeno fúngico. Porém o teste positivo não implica uma infecção atual, pois a exposição do antígeno pode ter ocorrido anteriormente. Devido a presença de Candida como parte da microbiota normal em seres humanos, o teste cutâneo com seus antígenos pode ser usado para determinar se a resposta imune celular está normal. A PELE INTACTA É UMA DEFESA EFETIVA DO HOSPEDEIRO contra alguns fungos (exemplo: cândida, dermatófitos), mas se a pele estiver danificada, esses organismos podem se estabelecer. Ácidos graxos presentes na pele inibem o crescimento de dermatófitos. E hormônios associados a pele que ocorre na puberdade, limitam o aparecimento de tinhas no couro cabelo, causadas por Trichophyton. A MICROBIOTA NORMAL DA PELE, ASSIM COMO A MEMBRANA MUCOSA, É CAPAZ DE SUPRIMIR O DESENVOLVIMENTO DOS FUNGOS. Quando a microbiota normal é inibida, (no uso de antibióticos, por exemplo), o crescimento excessivo de fungos, como a C. albicans, pode ocorrer. TRATO RESPIRATÓRIO Uma importante defesa do hospedeiro são as membranas mucosas da parte nasal da faringe, são capazes de capturar esporos fúngicos inalados,bem como os macrófagos alveolares. As imunoglobulinas circulantes IgG e IgM são produzidas em resposta as infecções fúngicas, mas seu papel na proteção contra essas doenças ainda não é claro. Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda A RESPOSTA IMUNE CELULAR É PROTETORA; SUA SUPRESSÃO PODE LEVAR A REATIVAÇÃO E A DISSEMINAÇÃO DE INFECÇÕES FÚNGICAS ASSINTOMÁTICAS E A DOENÇAS CAUSADAS POR FUNGOS OPORTUNISTAS. As infecções causadas pelos fungos são muitas vezes resultado da inalação de esporos ou até mesmo da infecção oportunista, ou seja, aquela que se manifesta quando o sistema imunológico da pessoa contaminada se encontra debilitado, tornando o indivíduo mais suscetível e consequentemente vulnerável a uma infecção. Pode-se ramificar a ação imunológica em duas vertentes: IMUNIDADE INATA E IMUNIDADE ADAPTATIVA. Como existe uma variedade de tipos de fungos, a maneira como estes atingem o organismo não é igual, pois existem fungos que podem agir de maneira extracelular ou pode até mesmo agir dentro de fagócitos (células do sangue que realizam fagocitose de partículas estranhas). IMUNIDADE INATA: Trabalha sobre a ação dos neutrófilos e macrófagos. Os macrófagos reconhecem os fungos através dos TLR (são proteínas transmembrânicas do tipo 1 que fazem parte do sistema inato) e dos receptores chamados dectinas. Já os neutrófilos liberam substâncias que facilitam a fagocitose para posterior morte intracelular do microrganismo. IMUNIDADE ADAPTATIVA: Mecanismo mais importante na defesa do corpo contra patologias fúngicas. Em pacientes imunossuprimidos, ao se infectarem com fungos a resposta imunológica desencadeada será com base na ação de células TCD4 e CD8, método semelhante ao de defesa a bactérias intracelulares. Além disso em muitos casos, as respostas TH1 são benéficas e as respostas TH2 são prejudicais para o organismo. Etapas da defesa do sistema imunológico contra os fungos: ETAPA 1: é formando o complexo MHC/TCR-CD3; ETAPA 2: Após o reconhecimento e o contato com as citocinas (INF-gama e Il2) ocorre a ativação intrínseca dos linfócitos, mediado pelo CD3; Etapa 3: Com liberação de enzimas como a perforina, ocorre a formação de poros na membrana da célula-alvo. A toxina celular é também liberada. Etapa 4: "Desligamento do LTc"O LTc se desliga da célula-alvo e se afasta. Etapa 5: A célula alvo contendo poros em sua membrana vai sofrer tumefação osmótica seguido de lise celular e morte. Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda Fonte: file:///C:/Users/POSITIVO/Downloads/2114-8779-1-PB.pdf #CURIOSIDADE# Um estudo publicado na revista Science Immunology traz revelações sobre como as formas benigna e infecciosa de Candida albicans ditam diferentes respostas imunes, um processo muito pouco compreendido. ✓ C. albicans é um fungo dimórfico, apresentando a forma comensal de levedura e a forma de hifa, que é invasiva e causa dano aos tecidos do hospedeiro → As hifas são estruturas longas e ramificadas que penetram e danificam células epiteliais orais ao redor → Pessoas com o sistema imunológico comprometido – como indivíduos com Aids ou submetidos a quimioterapia – são especialmente vulneráveis ao risco de infecção. Pesquisadores ingleses e americanos investigaram a infecção fúngica em roedores que, diferentemente dos humanos, não são hospedeiros naturais de C. albicans e, portanto, representam uma oportunidade única de observar a primeira resposta imune ao fungo Os cientistas descobriram uma proteína secretada pelas hifas, chamada de candidalisina, que é imediatamente reconhecida pelo sistema imunológico como um sinal de perigo, ativando células que combatem os fungos. Os autores também identificaram que a candidalisina aumentou a expressão de moléculas pró-inflamatórias, ajudando a conter a infecção. Ao contrário, camundongos infectados com cepas de C. albicans deficientes de candidalisina, exibiram uma ação reduzida das células imunes que combatem fungos. Fonte: https://sbmicrobiologia.org.br/como-o-corpo-reage-quando-um-fungo-inofensivo- resolve-atacar/ OBJETIVO 5) ENTENDER O PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO A cicatrização de feridas consiste em uma coordenada cascata de eventos que culminam com a reconstituição tecidual. ✓ O processo cicatricial é comum a todas as feridas, independe do agente que a causou. O COLÁGENO é a proteína mais abundante no corpo humano e é o principal componente da matriz extracelular dos tecidos. ✓ Estrutura-se numa rede densa e dinâmica resultante da sua constante deposição e reabsorção. ✓ O tecido cicatricial é resultado da interação entre sua síntese, fixação e degradação. Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda O processo de cicatrização é dividido didaticamente em TRÊS FASES: INFLAMATÓRIA, PROLIFERAÇÃO OU GRANULAÇÃO e REMODELAMENTO OU MATURAÇÃO. A LESÃO TECIDUAL - estímulo inicial para o processo de cicatrização - coloca elementos sanguíneos em contato com o colágeno e outras substâncias da matriz extracelular, provocando degranulação de plaquetas e ativação das cascatas de coagulação e do complemento → Com isso, há liberação de vários mediadores vasoativos e quimiotáticos que conduzem o processo cicatricial mediante atração de células inflamatórias para a região da ferida. FASES DA CICATRIZAÇÃO 1. Fase inflamatória Esta fase SE INICIA IMEDIATAMENTE APÓS A LESÃO, com a liberação de substâncias vasoconstritoras, principalmente tromboxana A2 e prostaglandinas, pelas membranas celulares. As plaquetas têm papel fundamental na cicatrização. O ENDOTÉLIO LESADO e as PLAQUETAS vão estimular a cascata da coagulação → Essa cascata é iniciada e GRÂNULOS são liberados das PLAQUETAS, as quais contêm fator de crescimento de transformação beta - TGF-β (e também fator de crescimento derivado das plaquetas [PDGF], fator de crescimento derivado dos fibroblastos [FGF], fator de crescimento epidérmico [EGF], prostaglandinas e tromboxanas), que atraem neutrófilos à ferida. Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda O COÁGULO É FORMADO por colágeno, plaquetas e trombina, que servem de reservatório protéico para síntese de citocinas e fatores de crescimento, aumentando seus efeitos. Desta forma, a resposta inflamatória SE INICIA COM VASODILATAÇÃO e AUMENTO DA PERMEABILIDADE VASCULAR, PROMOVENDO A QUIMIOTAXIA (migração de neutrófilos para a ferida). NEUTRÓFILOS são as primeiras células a chegar à ferida, com maior concentração 24 horas após a lesão → São atraídos por substâncias quimiotáticas liberadas por plaquetas → Os neutrófilos aderem à parede do endotélio mediante ligação com as selectinas (receptores de membrana) e produzem radicais livres que auxiliam na destruição bacteriana e são gradativamente substituídos por macrófagos. Os MACRÓFAGOS migram para a ferida após 48 - 96 horas da lesão, e são as principais células antes dos fibroblastos migrarem e iniciarem a replicação → Têm papel fundamental no término do desbridamento iniciado pelos neutrófilos e sua maior contribuição é a secreção de citocinas e fatores de crescimento, além de contribuírem na angiogênese, fibroplasia e síntese de matriz extracelular, fundamentais para a transição para a fase proliferativa. 2. Fase PROLIFERATIVA A fase proliferativa é constituída por quatro etapas fundamentais: epitelização, angiogênese, formação de tecido de granulação e deposição de colágeno. Esta fase tem início ao redor do 4º dia após a lesão e se estende aproximadamente até o término da segunda semana. A epitelização ocorre precocemente. Se a membrana basal estiver intacta, as células epiteliais migram em direção superior, e as camadas normais da epiderme são restauradas em três dias. Se a membrana basal for lesada, as células epiteliais das bordas da ferida começam a proliferar na tentativa de restabelecer a barreira protetora. A angiogênese é estimulada pelo fatorde necrose tumoral alfa (TNF-α), e é caracterizada pela migração de células endoteliais e formação de capilares, essencial para a cicatrização adequada. A parte final da fase proliferativa é a formação de tecido de granulação. Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda Os fibroblastos e as células endoteliais são as principais células da fase proliferativa. Os fibroblastos dos tecidos vizinhos migram para a ferida, porém precisam ser ativados → O fator de crescimento mais importante na proliferação e ativação dos fibroblastos é o PDGF12 → Em seguida é liberado o TGF-β, que estimula os fibroblastos a produzirem colágeno tipo I e a transformarem-se em miofibroblastos, que promovem a contração da ferida. Entre os fatores de crescimento envolvidos no processo cicatricial podem ser citados o: ❖ PDGF → que induz a proliferação celular; quimiotaxia e a síntese matricial; ❖ O fator epidérmico → que estimula a epitelização; ❖ Fator transformador alfa → responsável pela angiogênese e pela epitelização; ❖ O fator fibroblástico → que estimula a proliferação celular e angiogênese; ❖ O fator transformador beta → responsável pelo aumento da síntese matricial. 3. FASE DE MATURAÇÃO OU REMODELAMENTO A característica mais importante desta fase é a DEPOSIÇÃO DE COLÁGENO DE MANEIRA ORGANIZADA, por isso é a mais importante clinicamente. O COLÁGENO produzido inicialmente é mais fino do que o colágeno presente na pele normal, e tem orientação paralela à pele. Com o tempo, o colágeno inicial (colágeno tipo III) é reabsorvido e um colágeno mais espesso é produzido e organizado ao longo das linhas de tensão → estas mudanças se refletem em aumento da força tensil da ferida → A reorganização da nova matriz é um processo importante da cicatrização. Fibroblastos e leucócitos secretam colagenases que promovem a lise da matriz antiga. A cicatrização tem sucesso quando há equilíbrio entre a síntese da nova matriz e a lise da matriz antiga, havendo sucesso quando a deposição é maior. Mesmo após um ano a ferida apresentará um colágeno menos organizado do que o da pele sã, e a força tensil jamais retornará a 100%, atingindo em torno de 80% Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda após três meses. FATORES QUE INFLUENCIAM A CICATRIZAÇÃO FATORES LOCAIS: Vários fatores podem influenciar negativamente a cicatrização, dentre eles os principais são: isquemia, infecção, técnica cirúrgica, corpo estranho e edema / pressão tecidual elevada. FATORES SISTÊMICOS: Sistemicamente, diversos fatores podem afetar de alguma maneira a cicatrização, dentre eles pode-se citar: ➢ diabete melito; ➢ deficiências vitamínicas; ➢ hipotiroidismo; ➢ Doenças hereditárias (síndrome de Ehler-Danlos); ➢ Alterações da coagulação; ➢ Idade, trauma grave, queimaduras, sepse, insuficiência hepática e renal, insuficiência respiratória, tabagismo, radioterapia, desnutrição e o uso de corticosteróides, drogas antineoplásicas, ciclosporina A, colchicina e penicilamina. Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-67202007000100010 A sua digestão ocorre em ambiente extracelular e é mediada por colagenases específicas. São conhecidos quatro tipos de colagenases: as séricas (elastase, catepsina C e proteinase neutra) e as metaloproteinases. A atividade das colagenases é controlada por citocinas liberadas principalmente por células inflamatórias, endoteliais, fibroblastos e queratinócitos. A formação da matriz extracelular é, pois, resultante de um balanço entre a deposição (síntese) e degradação de colágeno. O colágeno tipo I é o mais frequente, é sintetizado pelos fibroblastos, e é mais predominante em ossos e tendões. O tipo III é mais comumente encontrado em tecidos moles, como vasos sanguíneos, derme e fáscia. A derme sã contém aproximadamente 80% de colágeno tipo I e 20 % de colágeno tipo III. Já o tecido de granulação expressa 30 a 40 % de colágeno do tipo III, sendo considerado colágeno imaturo. Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda OBJETIVO 6) APONTAR AS CARACTERÍSTICAS DA APNC (VIA DE INFECÇÃO, SINTOMATOLOGIA, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO) A ASPERGILOSE PULMONAR NECROTIZANTE CRÔNICA é uma das formas de aspergilose pulmonar usualmente encontrada em pacientes com imunossupressão leve. ➢ A aspergilose é uma doença causada por fungos filamentosos do gênero Aspergillus. Estes organismos podem ser facilmente encontrados no solo, na água e em diversos materiais orgânicos em decomposição. Existem aproximadamente 200 espécies de Aspergillus, porém somente uma minoria é patogênica ao ser humano, sendo A. fumigatus, A. flavus e A. niger os mais comuns. A aspergilose pulmonar pode apresentar-se de várias formas de acordo com a arquitetura do pulmão adjacente, da resposta imune do hospedeiro e do grau de inóculo inalado, sendo classificada em: ✓ saprófita ou aspergiloma; ✓ aspergilose broncopulmonar alérgica; ✓ aspergilose pulmonar necrotizante crônica (APNC) ou semi-invasiva; aspergilose invasiva. aspergilose pulmonar necrotizante crônica (APNC) Também é chamada de aspergilose pulmonar semi-invasiva. Caracteriza-se por ser uma infecção subaguda, indolente e que leva a um processo destrutivo do pulmão. Seu MODO DE TRANSMISSÃO ocorre pela inalação de esporos de Aspergillus sp. (geralmente A. fumigatus), que após serem transportados pelo ar, oriundos de um reservatório inanimado, são depositados nos pulmões de um hospedeiro com redução local ou sistêmica da imunocompetência. Diferentemente de outras formas, NÃO HÁ NECESSIDADE DE UMA CAVIDADE PRÉ- EXISTENTE NOS PULMÕES PARA A INSTALAÇÃO DA APNC, ocorrendo invasão fúngica local no parênquima pulmonar, NÃO HAVENDO INVASÃO VASCULAR E NEM DISSEMINAÇÃO PARA OUTROS ÓRGÃOS. Dentre as CAUSAS DE REDUÇÃO DA IMUNOCOMPETÊNCIA LOCAL encontram-se as doenças intersticiais pulmonares, ressecções pulmonares, sequelas de TB pulmonar, fibrose cística, pneumoconioses e DPOC. Já entre as CAUSAS DE REDUÇÃO DA IMUNOCOMPETÊNCIA SISTÊMICA, destacamos o uso de Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda corticoterapia-mesmo em baixas doses-quimioterapia, radioterapia, etilismo, desnutrição e diabetes mellitus. Esta doença acomete indivíduos de meia-idade e idosos. A grande maioria dos pacientes apresenta sintomas pulmonares ou sistêmicos precocemente, e esta sintomatologia tem duração que varia de um a seis meses. Dentre as queixas, estão SINTOMAS inespecíficos como tosse, expectoração, dor torácica, febre e emagrecimento. Hemoptise e dispnéia, apesar de raros, podem ser relatados. O QUADRO RADIOLÓGICO MAIS COMUM é caracterizado pela presença de consolidações segmentares uni- ou bilaterais, com ou sem presença de cavitação ou espessamento pleural adjacente. T ✓ Tais lesões acometem preferencialmente os lobos superiores ou os segmentos superiores dos lobos inferiores. ✓ Micetomas são observados em metade dos casos. ✓ Estes achados tendem a progredir lentamente durante meses. ✓ Lesões endobrônquicas podem estar presentes na APNC. A CONFIRMAÇÃO DIAGNÓSTICA é feita através da demonstração de invasão do tecido pulmonar por hifas septadas típicas de Aspergillus sp., associada à presença de culturas positivas destas amostras. Este material, em geral, é OBTIDO ATRAVÉS DE biópsias transbrônquicas ou punções transtorácicas, apesar de haver relatos de baixo rendimento destes procedimentos. Metade dos diagnósticos não possui confirmação histopatológica, sendo realizados com base em achados clínico-radiológicos compatíveis, associados ao crescimento de Aspergillus sp em cultura de escarro e/ou amostras broncoscópicas e/ou punções transtorácicas, além da exclusão de outras doenças, como TB, histoplasmose crônica e neoplasias, e resposta clínica a terapia antifúngica específica.(1-4,9) A dosagem de anticorpos séricos (IgG) e teste cutâneo com antígenos para Aspergillussp., apesar de não serem diagnósticos, podem auxiliar.(2) NO CAMPO TERAPÊUTICO, o antifúngico triazólico itraconazol é uma boa opção atualmente disponível devido a sua ótima eficácia, baixa toxicidade e facilidade de administração. Problema 3- Modulo 2 – Kawanny Arruda ✓ Seu mecanismo de ação ocorre através da sua atuação sobre as enzimas do citocromo P450 dos fungos, bloqueando a desmetilação do lanosterol e a síntese do ergosterol, alterando desta forma a permeabilidade da membrana e, consequentemente, a viabilidade fúngica. ✓ Essa medicação possui uma melhor absorção e solubilização quando administrada com pH gástrico menor que 3, atingindo boas concentrações nos pulmões, fígado e ossos. Sua metabolização é feita no fígado, e é excretado pelas vias biliares. Dentre os principais efeitos colaterais estão a intolerância gastrointestinal, hepatotoxicidade e hipersensibilidade. Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806- 37132009000100014 A terapêutica padrão-ouro da APN é um antifúngico, sendo o voriconazol ou o itraconazol os mais frequentemente utilizados como terapêutica de primeira linha → As indicações da American Thoracic Society (ATS)) são o tratamento inicial com voriconazol ou itraconazol para doença leve a moderada, até resolução ou estabilização clínica e radiológica, e anfotericina B ou voriconazol por via endovenosa, em doentes com doença grave. A duração ideal do tratamento não está definida; depende da extensão da doença, da resposta à terapêutica, da doença de base e do estado imunológico do doente, podendo ser necessária terapêutica para toda a vida https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132009000100014 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132009000100014
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