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Micoses Superficiais na Dermatologia

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DERMATOLOGIA – MICOSES SUPERFICIAIS 
Thayna Cerqueira Silveira 
Os fungos constituem um reino dos seres vivos (reino Funghi), é dividido 
em filos, baseados no tipo de esporo sexuado: 
▪ Zigomicetos (zigosporos) 
▪ Ascomicetos (ascosporos) 
▪ Basidiomicetos (basidiosporos) 
▪ Clatridiomicetos (oósporos) – não provoca doenças 
 
Estes são os “fungos perfeitos”. O quinto filo, dos deuteromicetos, é 
composto pelos “fungos imperfeitos”, ou seja, sem forma de reprodução 
sexuada conhecida. 
 
Diferentemente das bactérias, os fungos são organismos eucariotas, ou 
seja, possuem um núcleo verdadeiro com uma membrana nuclear, e 
podem ser uni ou multicelulares. Suas paredes celulares estão 
constituídas de quitina; e suas membranas celulares, de ergosterol. São 
seres heterótrofos, pois alimentam-se de nutrientes captados de outros 
seres vivos, como animais ou plantas; portanto, muitos deles vivem em 
parasitismo verdadeiro. 
 
Os fungos geralmente são dimórficos, ou seja, podem se desenvolver 
sob duas formas: leveduras ou micélio. 
 
Levedura→ Unicelulares de reprodução assexuada por brotamento 
 Age nas micoses profundas 
 
Micélio→ é um conjunto de hifas (multicelulares) 
 Reprodução assexuada (conídios e esporangioesporos) 
 Sexuada (zigosporos, ascósporos, basidiósporos e oósporos) 
 Formam esporos para dispensão e resistencia 
 Na natureza formam os bolores, líquens e cogumelos 
 Encontrado nas micoses superficiais 
 
As infecções fúngicas podem ser classificadas de acordo com o nível de 
invasão tecidual em: 
▪ micoses superficiais (dermatofitoses); 
▪ micoses cutâneas (leveduras); 
▪ micoses subcutâneas; 
▪ micoses profundas ou sistêmicas. 
 
MICOSES SUPERFICIAIS 
As micoses superficiais incluem as doenças que não provocam uma 
resposta inflamatória histopatológica significativa no hospedeiro e está 
representado pelas ceratofitoses. Os fungos se proliferam na camada 
córnea e pelos. 
 
Já as micoses cutâneas, representadas pelas dermatofitoses, tem grande 
afinidade pela queratina, infectando a epiderme, unhas e pelos; não são 
capazes de levar a quadros sistêmicos por disseminação. Sempre 
poupam a mucosa. 
 
A candidíase superficial é causada por leveduras e afeta tanto pele 
quanto mucosas. 
 
DERMATOFITOSES 
Embora não invadam diretamente a epiderme e derme, seus antígenos 
são reconhecidos pelas células de Langerhans e estimulam uma resposta 
inflamatória (hipersensibilidade) que atinge a epiderme e derme 
superficial. 
 
Os gêneros englobados são: Trichophyton sp., Epidermophyton sp. 
Microsporum sp. Eles provem do solo (geofílicos), animais (zoofilicos) e 
do homem (antropofílicos), sendo este últimos mais bem adaptado a 
pele humana sendo mais comuns, no entanto, os outros dois 
desencadeiam resposta inflamatórias mais exuberantes. 
 
ANTROPOFILICOS (inter-humano) 
Trichophyton mentagrophytes var. interdigitale. 
Trichophyton rubrum. 
Trichophyton tonsurans. 
Trichophyton schoenleini. 
Epidermophyton floccosum. 
Microsporum ferrugineum. 
Microsporum audouinii. 
GEOFÍLICOS (solo contaminado) 
Microsporum gypseum. 
Microsporum fulvum. 
Trichophyton ajelloi. 
Trichophyton terrestre. 
ZOOFILICOS 
Microsporum canis. 
Microsporum nanum. 
Trichophyton mentagrophytes var. mentagrophytes. 
Trichophyton verrucosum. 
É mais comum no sexo masculino, em crianças observamos mais tinea 
no couro cabeludo e nos adultos micoses do pé e inguinocrural. 
 
O contágio é via contato com humanos, animais e solo contaminados. O 
diagnostico geralmente se dá pela raspagem das lesões e demonstrando 
as hifas em preparação de KOH 10% (exame micológico direto). 
 
❖ Tinea capitis 
O cabelo é invadido pelo fungo, quebrando-o perto da base e deixando 
uma área tonsurada (alopécia focal). Existem dois tipos: tínea tonsurante 
e tínea favosa. O parasitismo pode ser do tipo ectotrix (acometimento 
da cutícula capilar) ou endotrix (acometimento da haste capilar). 
 
É mais comum na faixa dos 4-14 anos, estados de imunossupressão, 
como a DM, HIV e transplantados causam aumento de incidência de 
contaminação. 
Tinha tonsurante→ T. tonsuras e M. audoinii 
Tinha favorosa→ T. schoenleinii 
Kerion Celsi→ M. canis e T. violaceum 
 
Não é necessária uma porta de entrada para haver contagio por esses 
fungos já que as enzimas produzidas pelos fungos digerem a ceratina e 
são capazes de propagar o agente na epiderme e anexos. Alguns fatores 
sanguíneos são capazes de proteger o hospedeiro: transferrina e alfa-2-
macroglobulina. A imunidade mediada por Th1 é essencial ao combate. 
 
São manifestações clinicas da tinea capitis tonsuraste: 
 
Placas descamativas 
+ 
Alopécia 
+ 
Cotos pilosos 
 
Uma variante mais infecciosa e exuberante é o Kerion celsi, 
normalmente associado a fungo zoofilicos e geofilicos: 
 
Placa elevada bem delimitada e dolorosa 
+ 
Eritema 
+ 
Pústulas e microabscessos que drenam pus na compressão 
 
 
O exame micológico (hidróxido potássio) dos pelos arrancados ou pelos 
e escamas obtidos por raspagem ou escovação. O tamanho do esporo e 
sua aparência dentro (endotrix) ou fora (ectotrix) do pelo distingue o 
organismo, auxiliando na escolha do tratamento. 
 
Fluorescência azul-esverdeada durante um exame com luz de Wood é 
diagnóstica para infecção por M. canis e M. audouinii, podendo também 
distinguir tinha de eritrasma. 
Cultura fúngica dos pelos arrancados pode ser feita quando necessário. 
Lesão do couro cabeludo em uma criança similar a um abcesso pode ser 
um quérion; se necessário, culturas podem ajudar a fazer a distinção. 
 
TRATAMENTO ORAL 
 
Griseofulvina 
micronizada 
20-25 mg/kg VO, 1 vez/dia 
<2 anos: 5 a 10 mg/kg (máximo 750 mg/dia) MID 
Tratamento por 6-8 semanas 
ou 
Até lesão desaparecer 
 
Terbinafina 
< 20 kg 62,5 mg, VO, MID 
20 a 40 kg 125 mg, VO, MID 
> 40 kg 250 mg, VO, MID 
Fluconazol 6 mg/kg/dia em 6 semanas 
Itraconazol 3-5 mg/kg/dia em 6 semanas 
TRATAMENTO TÓPICO 
Xampu Sulfeto de selênio 2,5% > 2 vezes/semana 
TRATAMENTO DE KERION 
Predinisolona 40 mg VO, 1 vez/dia (1 mg/kg em crianças) e 
diminuído dose por 2 semanas 
 
A Tinea Favorosa é a mais grave de todas e pode causar alopecia 
cicatricial irreversível e geralmente relaciona-se com o T. schoenleinii. 
Tem caráter crônico e se apresenta com pequenas lesões: 
 
Lesões crostosas (escútula fávica ou godet) PATOGNOMONICO 
+ 
Descamação e supuração 
+ 
Alopecia cicatricial 
 
 
No exame da luz de Wood, observa-se fluorescência verde-palha. O 
exame micológico confirma o diagnóstico. O tratamento é idêntico ao da 
tínea tonsurante. 
 
❖ Tinea barbae 
Agentes etiológicos principais: Trichophyton rubrum; 
 Trichophyton mentagrophytes; 
 Microsporum gypseum. 
Existem três tipos clínicos: 
▪ tipo inflamatório: idêntico ao quérion do couro cabeludo; 
▪ tipo herpes circinado: lesões anulares circinadas eritemato 
papulo escamosas, com vesículas nas bordas; 
▪ tipo sicose da barba: idêntico à foliculite bacteriana 
estafilocócica. 
 
 
Para o diagnóstico, o exame micológico direto (raspagem da lesão para 
analise em microscopia após a clarificação com hirdroxido de potássio) 
é rápido e tem boa acurácia. 
 
O tratamento pode ser feito apenas com cremes de imidazólicos nos 
casos localizados: 
Cetaconazol 
Isoconazol 
 
Medicações sistêmicas nos disseminados: 
Terbinafina 
Itraconazol 
 
❖ Tinea corporis 
Agentes etiológicos principais: Trichophyton rubrum; 
 Microsporum canis. 
 Trichophyton mentagrophytes; 
 Trichophyton verrucosum;Epidermophyton flocossum. 
 
É a tínea da pele glabra (pele sem cabelo), conhecida como “impingem”. 
O reservatório está em animais (cães e gatos). 
 
Modo de transmissão: de animais contaminados para o homem, de 
pessoa a pessoa, por contato direto ou indireto através de máquina de 
cortar cabelo e artigos de toucador. 
 
Período de incubação: 10 a 14 dias. 
 
Período de transmissibilidade: enquanto houver lesão habitada, o fungo 
vive em material contaminado por longo período de tempo. 
 
Podem acometer qualquer tronco, membros e face (tínea da face). 
Temos três formas clínicas: vesiculosa, anular e em placas. Tem caráter 
pruriginoso. 
 
Complicações: pode surgir uma forma aguda com intensa reação 
inflamatória e formação de pústulas e microabcessos - o chamado 
Kerion Celsi. 
 
 
 
 
TRATAMENTO ORAL 
 
Griseofulvina 
15mg/kg de peso/dia 
Período de 30 a 60 dias 
ou 
Até a regressão das lesões 
 
Terbinafina 
< 20kg dar 62,5mg/dia (metade de cp de 125mg) 
20 a 40 kg dar 125mg ao dia 
>40kg, 250mg/ dia. 
Em adultos a dose é de 250mg por dia 
TRATAMENTO DE KERION 
Griseofulvina 
+ 
Compressas de permaganato de potássio 1:40.000 
 
❖ Tinea Cruris (Coceira de Dhobi) 
Agentes etiológicos principais: Trichophyton rubrum; 
 Epidermophyton flocossum. 
 Trichophyton mentagrophytes. 
 
É a tínea da região perineal ou inguinocrural, acometendo a partir da 
dobra, o períneo, a coxa proximal e o abdome. O acometimento 
geralmente é bilateral e a doença é extremamente pruriginosa. É mais 
comum nos homens adultos, nos obesos e diabéticos. As lesões são 
eritematoescamosas, por vezes com vesículas. 
Ao contrário da candidíase inguinal, poupa a bolsa escrotal e não 
apresenta lesões satélites. O diagnóstico e tratamento são semelhantes 
ao descrito na Tinea corporis. 
 
❖ Tinea do pé (pé de atleta) 
Os agentes são os mesmos da Tinea cruris. Existem três formas: 
intertriginosa (T. rubrum: agente mais comum), vesicobolhosa e 
escamosa (crônica). 
 
A formar intertrigosa é mais comum entre o 2º-3º ou 3º-4º artelhos, 
sendo manifestações: 
Descamação 
+ 
Maceração e fissura dos espaços interdigitais 
± 
Infecção bacteriana 2ª (presença de secreção purulenta) 
 
Já nos quadros vesicobolhosos temos um quadro agudo com vesículas 
associadas as características anteriores. A forma escamosa (crônica), 
apresentando eritematodescamação. 
É mais comum em 
homens jovens, durante o verão, e em diabéticos. É uma importante 
porta de entrada para o Streptococcus pyogenes e pode ser 
responsável por episódios de erisipela de repetição. Diagnóstico: 
exame micológico direto e cultura. 
TRATAMENTO TÓPICO 
Antifungico imidazólico creme 1% por 2-3 semanas 
TRATAMENTO INFECÇÃO BACTERIANA 2ª 
Compressa permanganato 1:10000 
± 
Antibiotico sistemico (macrolídeo ou tetraciclina) 
 
❖ Tinea manuum 
Causada pelo T. rubrum. Bem mais rara que a Tinea pedis. Acomete 
sempre uma das mãos e geralmente vem associada ao 
comprometimento ungueal (tínea ungueal). Há escamação dos sulcos da 
palma das mãos. 
 
O tratamento deve ser feito com antifúngicos sistêmicos (cetoconazol, 
terbinafina, itraconazol, fluconazol) por 6 semanas (semelhante à tínea 
ungueal). 
 
❖ Tinea ungeal 
Agentes etiológicos principais: Trichophyton rubrum; 
 Epidermophyton flocossum. 
 Trichophyton mentagrophytes. 
A infecção da lâmina ungueal (rica em queratina) e que frequentemente 
progride para o leito ungueal. Muito frequente na população idosa 
devido à diminuição na taxa de crescimento da unha e nas unhas dos 
pés. As unhas tornam-se: 
Manchas brancas superficiais 
+ 
Espessamento e escurecimento das pontas das unhas 
+ 
Tonalidade amarelo esverdeada 
+ 
Frágeis com sulcos e irregularidades 
 
A situação é mais complicada em imunossuprimidos/HIV, afetando a 
região subungueal (onicomicose). 
 
 
Quando afetadas as bordas, deve-se suspeitar de infecção por Candida. 
Os diagnósticos diferenciais incluem psoríase e líquen plano. O exame 
micológico direto é indispensável para instituir o tratamento. 
 
O tratamento é longo e com potencial de hepatotoxicidade, sendo 
necessária a monitorização das enzimas hepáticas. 
TRATAMENTO MANCHAS BRANCAS (TÓPICOS) 
Amorolfina 5% esmalte para unhas (Loceryl) 1 vez por semana 
Tioconazol 28% solução para unhas (Tralen) 
Ciclopirox olamina 8% em esmalte (Loprox, Micolamina) 
TRATAMENTO SISTEMICO 
Terbinafina 250 mg/dia 1 vez/semanas (suspender por 3 semanas) 
Itraconazol 200 mg/dia 2 vezes/semanas (suspender por 3 semanas) 
6 semanas para mãos e 3-4 meses para os pés 
Tratamento em pulsoterapia 
 
❖ Tinea Imbricata 
Agentes etiológicos principais: Trichophyton concentricum. 
 
Também denominada tokelau ou chimberê. É encontrada em algumas 
ilhas do pacífico e em alguns países da América Central e no Brasil 
Central. São lesões escamosas que se imbricam e têm crescimento 
excêntrico. 
 
 
CERATOFITOSES

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