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Sheila Prates – 93 Odontopediatria I Odontologia para Gestantes A gestação é um processo dinâmico entre a mãe e o bebê e não podemos utilizar protocolo de atendimento que interfira no processo gestacional, estamos lidando com dois pacientes especiais. Atenção odontológica a gestante: avaliar a necessidade, importância e momento oportuno. O atendimento odontológico demanda cuidados especiais pois existem diversas alterações sistêmicas que a gestante pode enfrentar durante esse período, como hipertensão, diabetes e/ou problemas agravados pela gestação. O tratamento odontológico não aumenta o risco de efeitos adversos à gestante ou ao feto: o cuidado odontológico é seguro e efetivo. Os primeiros mil dias de vida do bebê: GRAVIDEZ (270 DIAS) + 0 A 12 MESES (365 DIAS) + 1 A 2 ANOS (365 DIAS) = 1.000 DIAS. O profissional deve se atentar a essa fase da criança em relação a fatores de risco de doenças crônicas que podem afetar a boa saúde e bem estar do bebê, como obesidade devido a ingestão de má alimentação, hipertensão, diabetes, transtorno psicológico/ depressão por motivo de conturbação familiar, tabagismo/poluente ambiental (inalador passivo). Dessa forma, a intervenção de profissionais nessa fase é de responsabilidade pública para a melhor qualidade de vida dessa criança e também como consequência, diminui o custo para a população, relacionados a problemas/tratamentos futuros. Pré-natal odontológico ou odontologia intrauterina – são estratégias para abordagens precoces odontológica que atuam na vida da gestante e orientações sobre a saúde bucal do bebê como a amamentação, alimentação não cariogênica para o bebê, fase de irrompimento dos dentes, indicação de dentifrício com flúor... com a finalidade de prevenir complicações odontológicas como a cárie de mamadeira, por exemplo, entre outros. O sistema público de saúde dá mais assistência a gestante do que em um consultório particular, ela tem direito aos cuidados de saúde e pode recorrer a qualquer momento à atenção básica. Programa “Meu Bem Querer” → tem a finalidade de cuidar da saúde bucal da gestante. Programa Cl ínica do Bebê → primeira consulta aos 3 meses de idade. Por que poucos cirurgiões-dentistas não prestam atendimento odontológico à gestante? Controvérsias de opiniões Abordagem deficiente – a segurança do bebê é mais importante para a mãe do que o tratamento odontológico. Melhorar a abordagem para a gestante Falta de interação multidisciplinar PRÉ-NATAL ODONTOLÓGICO – ATUAÇÃO NA GESTANTE Analisar se a paciente está passando por alterações sistêmicas na gestação, por isso a anamnese deve ser muito bem realizada, detalhada, e é importante manter contato com o médico da paciente. Deve-se avaliar a frequência cardíaca, se há risco de diabetes gestacional, a interação de medicamentos que ela está utilizando, aspectos psicológicos desenvolvidos no processo, entre outros fatores... Principais Alterações na Cavidade Bucal da Gestante Cárie Dentária Fatores de risco à cárie na gestação Consumo excessivo de açúcares Higiene bucal deficiente – náuseas, vômitos Alimentação fracionada Gengivite Acomete 60 a 75% das gestantes Aumento dos níveis hormonais → vascularização aumentada → respostas inflamatórias mais intensas (frente ao biofilme) Progesterona Aumento do exsudato Influencia na biossíntese de prostaglandina na gengiva Afeta a integridade das células endoteliais Inibe a proliferação de fibroblastos Gengiva inflamada, edematosa, sensível e com tendência ao sangramento Estrógeno Proliferação de vasos sanguíneos Menor queratinização gengival Redução da barreira epitelial protetora Gengivite Gravídica Reversível Localizada ou generalizada Mais comum nos dentes anteriores Início: segundo mês de gestação → pico: 8º mês → progressão após o parto Doença Periodontal É exacerbada pelos níveis hormonais, onde já havia um indício da doença pré-existente. A gravidez é um fator predisponente É um fator de risco de parto prematuro de bebês de baixo peso ao nascer. Há associação, mas não se sabe o fator causal. A inflamação que ocorre na boca pode chegar até a placenta, onde os mediadores inflamatórios ou os próprios microrganismos, por meio da corrente sanguínea chegam até a placenta Fatores de risco de parto prematuro: idade da mãe, peso da mãe, doenças pré-existentes, fumo, histórico de parto prematuro, etnia, doença periodontal, grau de instrução da mãe, diabetes mellitus, cardiopatias, infecções genito-urinárias, tuberculose, anemia. Granuloma Piogênico / Tumor Gravídico Lesão não neoplásica, caracterizada como um processo inflamatório em resposta a irritação ou trauma leve. Acomete 0.2 – 9.6% das gestantes. Etiologia Potencial irritativo do biofilme e cálculo dental, trauma como mordidas Invasão de micro-organismos: infecção secundária Aspecto clínico Localização: gengiva, língua, lábios e mucosa julgal Massa nodular Crescimento lento e indolor Coloração avermelhada Pediculado ou séssil Superfície lisa ou lobulada Tamanho de 0,5 a 2,0mm Mole a palpação Tendência a hemorragia → espontânea ou após irritação leve Tratamento Raspagem e alisamento – primordial Excisão cirúrgica Cirurgia a laser Eletrocauterização Criocirurgia Tratamento: anestesia e enucleação da lesão. Prognóstico: favorável, desde que remova o agente causal. Recidiva não é recorrente Minimizar o sangramento e facilitar a hemostasia. Erosão Dental Perimólise → origem endógena Superfície palatina dos dentes anteriores superiores – por motivos de náuseas e vômitos. Prevenção de danos ao esmalte em casos de vômito: Evitar escovar os dentes imediatamente após Utilizar escova macia Utilizar bicarbonato de sódio Utilizar fluoreto de sódio Por que as gestantes não buscam atendimento odontológico? Mitos sobre os efeitos da gravidez na saúde bucal – no geral, é difícil quebrar mitos que são tidos como verdade por muitos anos, a abordagem para desfaze-los é importante para fornecer atendimento à gestante. Questionamentos sobre a segurança do tratamento odontológico para o feto Não reconhecem os problemas bucais Poucos recursos financeiros Intervenções odontológicas na gestante Época oportuna para o tratamento odontológico – qual o melhor período da gestação? 1º TRIMESTRE DA GESTAÇÃO 2º TRIMESTRE DA GESTAÇÃO 3º TRIMESTRE DA GESTAÇÃO Organogênese – risco de aborto e teratogenia (malformação). Maiores números de células se proliferando em alta velocidade. Maior frequência de náuseas/ vômitos. Atender em casos de urgência/ dor. Período mais estável da gestação. Realizar as intervenções eletivas nesse período. Dificuldade no atendimento. Aumento da frequência urinária, edema nas pernas, desconforto em posição decúbito dorsal, Hipotensão postural (compressão da veia cava inferior) Casos de urgência devem ser atendidos em qualquer período da gestação!! Hipotensão postural, o que fazer? Colocar um travesseiro embaixo das costas para descomprimir a veia cava inferior ou atender a paciente virada para o lado esquerdo Êmese e Hiperêmese Evitar consultas pela manhã e bebidas ácidas ou alimentos gordurosos. Em caso de vômito lavar a boca com água fria ou enxaguatório bucal fluoretado. Exame Radiográfico A abordagem deve ser de que a radiografia não causa problemas ao bebê, pois a dose de radiação é baixa. Dose estimada recebida pelo feto Radiografia periapical: 0.00000005 Gy A dose de risco é 0,20 Gy, ou seja, precisaria de 4 milhões de radiografias periapicais para ocorrer um risco ao bebê. Clorexidina Solução de digluconato de Clorexidina a 0,12$ Dentifrício (0,12 a 0,20%) Verniz de clorexidina a 40% Gel de clorexidina a 1% Não deve ser utilizado flúor sistêmico por não terefeito nenhum, não causa fluorose no bebê. Somente apl icações tópicas Orientações relacionadas à higiene bucal: Escova dentária Uso de dentifrício fluoretado Uso do fio dental Consultas periódicas Medicamentos Diversos medicamentos causam indução de parto prematuro, aborto espontâneo, teratogenia... por isso é importante saber a indicação e as condições/ necessidades da gestante. Classificação da FDA: medicamentos classificados com A, B, C, D, e X em relação ao risco de causar aborto. A e B podem ser utilizados com tranquilidade durante a gestação, C e D prescritos com cautela, ponderando risco x benefício. A categoria X é proibido durante a gestação pois provoca parto e abortos. Anestésicos Locais - Risco B → São seguros e não teratogênicos Lidocaína e Prilocaína → preferenciais! Vasoconstritor: Adrenalina e noradrenalina → são mais seguros e uso preferencial: Lidocaína com Adrenalina Felipressina (categoria B) → dificulta a fixação do óvulo, induz cntrações uterinas e diminui a circulação placentária Antibiótico de escolha: amoxicilina ou clindamicina. Não deve prescrever tetraciclina, pois pode causar manchas nos dentes e malformações Em casos de doença periodontal, não deve ser indicado metronidazol no primeiro trimestre de gestação. Analgésicos de escolha: acetoaminofeno – paracetamol. Paciente com muita dor: corticóide. Antiinflamatórios não-esteroidais → Efeitos prejudiciais na circulação fetal. Não indicar principalmente nos 1º trimestres. Segunda Fase do Pré-Natal Odontológico – Orientações Sobre a Saúde Bucal do Bebê A importância da amamentação Hábitos de sucção nutritivos e não nutritivos Avaliação do freio lingual – teste da linguinha Uso racional de fluoretos Erupção dentária e sintomatologia associada
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