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APG 3 – MUDANÇA NECESSÁRIA Nayara Viana - 3 período - unifipmoc Hipertrofia Hipertrofia é o aumento dos componentes e das funções celulares, o que amplia o volume das células e dos órgãos. Para haver hipertrofia, são necessários: (a) fornecimento de O2 e de nutrientes para suprir o aumento de exigência das células; (b) integridade das células, uma vez que células lesadas não se hipertrofiam; (c) estímulo nervoso, em células musculares. Hipertrofia é uma adaptação à maior exigência de trabalho e pode ser fisiológica ou patológica. Hipertrofia fisiológica ocorre em: (1) útero na gravidez; (2) musculatura esquelética, como acontece em atletas ou em trabalhadores que fazem grande esforço físico. Hipertrofia patológica surge em: (1) miocárdio, quando há sobrecarga do coração por obstáculo ao fluxo sanguíneo ou por aumento do volume de sangue; (2) musculatura lisa de órgãos ocos, quando há obstrução (p. ex., hipertrofia da bexiga, na hiperplasia da próstata); (3) neurônios motores no hemisfério cerebral não lesado em caso de hemiplegia. Os estímulos causadores de hipertrofia induzem genes que codificam fatores de crescimento, receptores de fatores de crescimento e proteínas estruturais. Os órgãos hipertróficos tornam-se aumentados de volume e de peso. As células mostram núcleo, citoplasma e organelas aumentados de volume; em células perenes (p. ex., miocardiócitos), surge poliploidia nuclear. Hipertrofia é reversível. Após o parto, por exemplo, o útero volta às suas dimensões normais. Hipertrofia do ventrículo esquerdo em indivíduo com hipertensão arterial. Adaptações cardíacas por sobrecarga Ao longo da vida, o coração sofre transformações ligadas ao processo natural de crescimento, maturidade e envelhecimento ou como resposta a situações locais ou sistêmicas que requerem alteração na força contrátil (p. ex., se o indivíduo desenvolve hipertensão arterial sistêmica é necessária maior força para impulsionar o sangue). Durante muito tempo, o miocárdio foi considerado um tecido com células permanentes, ou seja, sem capacidade de reposição em caso de morte celular; assim, qualquer aumento da massa celular – e do órgão – seria decorrente de aumento no tamanho das fibras miocárdicas, não de seu número. A exceção seria o período neonatal, após o qual o número de células estaria estabilizado. Atualmente, considera-se que em algumas situações pode haver certo grau de repovoamento celular, a partir de células intersticiais de reserva e/ou de células-tronco circulantes. De todo modo, o acréscimo de sarcômeros por célula é sem dúvida o principal mecanismo de aumento da massa cardíaca, tanto no crescimento normal quanto em situações patológicas. Quando há sobrecarga de pressão (p. ex., por hipertensão arterial ou estreitamento de uma valva; ver adiante), a força contrátil precisa aumentar. Adicionalmente, há aumento da tensão na parede. Os miocardiócitos da parede submetida a maior trabalho se hipertrofiam na tentativa de manter o débito cardíaco e, conforme a lei de Laplace (T = PR/2t, em que T = tensão, P = pressão na cavidade, R = raio da Nayara Viana - 3 período - unifipmoc cavidade e t = espessura da parede), diminuir a tensão. Em consequência, a parede se espessa, enquanto o volume da cavidade fica mantido ou, às vezes, discretamente diminuído. Desse modo, ocorre uma hipertrofia na qual o comprimento de cada célula não se altera muito, mas sim sua espessura, refletindo um aumento dos sarcômeros “em paralelo”. Essa situação é conhecida como hipertrofia concêntrica. Se, após certo tempo, a adaptação não for mais efetiva, ou seja, o miocárdio não consegue ter força para manter o fluxo, fica mais sangue na cavidade, a qual termina sofrendo dilatação. Esta é uma das situações em que há sobrecarga de volume, que acontece também em outras doenças com mau funcionamento do miocárdio, como bombeamento não efetivo (p. ex., miocardite) ou insuficiência valvar (ver adiante). Também nessa situação as células se hipertrofiam, tentando manter o fluxo e diminuir o estresse na parede, mas a espessura desta é normal ou mesmo diminuída, assim como a dos cardiomiócitos, que sofrem aumento do seu comprimento, com predomínio de adição de sarcômeros dita “em série”. Essa forma de adaptação é conhecida como hipertrofia excêntrica. Neste caso e apesar de ocorrer hipertrofia dos cardiomiócitos, a cavidade ventricular é dilatada e suas paredes distanciam-se igualmente de seu centro geométrico; a denominação “excêntrica”, portanto, apesar de usada, não é adequada. Há, todavia, situações em que a dilatação e a hipertrofia não se distribuem igualmente por todo o ventrículo – em geral, quando há perda de cardiomiócitos de uma região da parede, como no infarto do miocárdio. Os melhores indicadores de hipertrofia são o tamanho dos núcleos e o peso do órgão, pois se alteram tanto na sobrecarga de pressão quanto na de volume, em comparação com o normal para a idade e o sexo. Ainda assim, quanto ao peso, não há valores bem estabelecidos de normalidade, pois há variação conforme a massa corpórea. Em adultos, peso acima de 350 g em homens e 300 g em mulheres é considerado elevado, mas alguns autores já chamam de hipertróficos corações com pesos um pouco menores que esses. Hipertrofia corresponde a uma alteração no metabolismo celular. Para que tal mudança ocorra, ainda que fatores neuro-hormonais interfiram, o papel principal é do estímulo mecânico, que é de algum modo convertido em sinais bioquímicos. Nas células, ocorre reprogramação, levando à expressão coordenada de genes envolvidos na síntese de mais componentes do sistema contrátil, de modo semelhante ao que ocorre na vida fetal (contração mais lenta e prolongada e aumento do metabolismo anaeróbico). Qualquer que seja o tipo de hipertrofia, a vascularização do órgão também aumenta, mantendo-se em geral a proporção numérica capilar/fibra miocárdica. Mesmo assim, como o volume dos miocardiócitos está aumentado, pode haver carência relativa do aporte de sangue (isquemia relativa). Assim, podem ocorrer morte de pequenos grupos de células e, posteriormente, surgir focos de fibrose intersticial. Quando tais mecanismos adaptativos falham ou se esgotam, estabelece-se o quadro clínico de insuficiência cardíaca. Em oposição à hipertrofia, pode ocorrer a hipotrofia (usualmente chamada de atrofia), quase sempre pela falta de aporte de sangue. As miocélulas ficam mais finas e podem acumular, principalmente sob a forma de material acastanhado chamado lipofuscina, produtos de degradação e dano oxidativo. Nayara Viana - 3 período - unifipmoc Insuficiência cardíaca A insuficiência cardíaca tem sido definida como uma síndrome complexa resultante de qualquer distúrbio funcional ou estrutural do coração que causa e/ou aumenta o risco de desenvolvimento de manifestações de baixo débito cardíaco e/ou congestão sistêmica ou pulmonar. Nos EUA, a insuficiência cardíaca afetou aproximadamente 5 milhões de pessoas em 2007. Esta condição pode afetar qualquer faixa etária, mas é mais frequente em idosos. Embora as taxas de morbidade e mortalidade de outras patologias cardiovasculares tenham diminuído ao longo das últimas décadas, a incidência de insuficiência cardíaca tem crescido a um ritmo alarmante, sendo diagnosticadas, anualmente, cerca de 400 mil a 700 mil pessoas. A síndrome de insuficiência cardíaca pode ser produzida por qualquer condição do coração que reduza sua capacidade de bombeamento. Dentre as causas mais comuns, destacam-se doença arterial coronariana, hipertensão, miocardiopatia dilatada e doença cardíaca valvar. Como muitos dos processos que levamà insuficiência cardíaca vêm se desenvolvendo há muito tempo com progressão gradual, a condição muitas vezes pode ser evitada ou sua progressão retardada por meio de detecção e intervenção precoces. A importância desse tipo de abordagem é enfatizada pelas diretrizes do American College of Cardiology (ACC)/American Heart Association (AHA), que adotam um sistema de classificação da insuficiência cardíaca que inclui quatro etapas: Fase A: alto risco de desenvolvimento de insuficiência cardíaca, mas sem anormalidades estruturais identificadas sem sinais de insuficiência cardíaca Fase B: doença cardíaca estrutural, mas sem histórico de sinais e sintomas de insuficiência cardíaca Fase C: sintomas atuais ou prévios de insuficiência cardíaca com doença cardíaca estrutural Fase D: doença cardíaca estrutural em estágio avançado e sintomas de insuficiência cardíaca em repouso e terapia clínica máxima. Fisiopatologia da insuficiência cardíaca Débito cardíaco é a quantidade de sangue que os ventrículos ejetam por minuto. O coração tem a incrível capacidade de ajustar seu débito cardíaco para atender às diferentes necessidades corporais. Durante o sono, por exemplo, ele diminui, e durante a prática de exercícios físicos, aumenta acentuadamente. A capacidade para elevar o débito cardíaco durante o aumento de atividade é chamada reserva cardíaca. Por exemplo, nadadores profissionais e corredores de longa distância têm grandes reservas cardíacas. Durante a prática de exercícios físicos, o débito cardíaco destes atletas aumenta rapidamente até cinco ou seis vezes em comparação ao nível de repouso. Em nítido contraste com atletas saudáveis, pessoas com insuficiência cardíaca frequentemente precisam utilizar sua reserva cardíaca mesmo em repouso. Para esses indivíduos, basta subir um lance de escadas para sentir falta de ar, porque ultrapassaram sua reserva cardíaca. Controle do desempenho e do débito cardíacos O débito cardíaco, que é o principal determinante do desempenho cardíaco, reflete a quantidade de batimentos do coração por minuto (frequência cardíaca) e quanto sangue ele bombeia a cada contração (volume sistólico), e pode ser expresso como o produto entre a frequência cardíaca e o volume sistólico (débito cardíaco = frequência cardíaca × volume sistólico). A frequência cardíaca é regulada pelo equilíbrio entre a atividade do sistema nervoso simpático, que produz um aumento na frequência cardíaca, e do sistema nervoso parassimpático, que a retarda; o volume sistólico é uma função da précarga (preload), póscarga (afterload) e da contratilidade do miocárdio. Pré-carga e pós-carga: o trabalho que o coração realiza consiste principalmente em ejetar o sangue que retornou para os ventrículos durante a diástole até a circulação pulmonar ou sistêmica. Ele é determinado em grande parte pelas condições de carga, ou o que é chamado de pré-carga e pós-carga cardíaca. A pré-carga reflete o volume ou as condições de pressão do ventrículo ao final da diástole, pouco antes do início da sístole. Representa o volume de sangue que causa o estiramento do músculo cardíaco ao final da diástole e normalmente é determinado pelo retorno venoso para o coração. Durante qualquer ciclo cardíaco, o volume máximo de sangue que preenche o ventrículo ocorre ao final da diástole. Conhecido como volume diastólico final, provoca um aumento no comprimento das fibras musculares do miocárdio. Dentro de certos limites, à medida que o volume diastólico final ou précarga Nayara Viana - 3 período - unifipmoc aumenta, o volume sistólico aumenta de acordo com o mecanismo de FrankStarling. A pós-carga representa a força que o músculo cardíaco em contração deve gerar para ejetar o sangue do coração preenchido. Os principais componentes da pós-carga são a resistência vascular sistêmica (periférica) e a tensão da parede ventricular. Quando a resistência vascular sistêmica é elevada, como nos casos de hipertensão arterial, deve ser gerado um aumento da pressão intraventricular esquerda para primeiramente abrir a valva aórtica e, em seguida, mover o sangue para fora do ventrículo até a circulação sistêmica. Este aumento da pressão equivale a um aumento no estresse ou tensão da parede ventricular. Como resultado, uma póscarga excessiva pode prejudicar a ejeção ventricular e aumentar a tensão na parede. Contratilidade do miocárdio: também conhecida como inotropismo, diz respeito à capacidade de contração do coração. Representa a capacidade dos elementos contráteis (filamentos de actina e miosina) do músculo cardíaco de interagir e se encurtar contra determinada pressão. A contratilidade aumenta o débito cardíaco independentemente da pré-carga e pós-carga. Disfunção sistólica e disfunção diastólica A classificação separa a fisiopatologia da insuficiência cardíaca na insuficiência ou disfunção sistólica e diastólica com base na fração de ejeção ventricular. A fração de ejeção é a porcentagem de sangue bombeado para fora dos ventrículos a cada contração. Uma fração de ejeção dentro da faixa de normalidade fica aproximadamente entre 55 e 70%. Na disfunção sistólica ventricular, a contratilidade miocárdica é prejudicada, levando a uma diminuição da fração de ejeção e do débito cardíaco. Caracterizada por uma fração de ejeção inferior a 40%. Um coração normal ejeta aproximadamente 65% do sangue encontrado no ventrículo ao final da diástole. Com a diminuição da fração de ejeção, consequentemente ocorre aumento do volume diastólico final (précarga), da dilatação ventricular, da tensão da parede ventricular e da pressão diastólica final do ventrículo. 7 O aumento do volume, juntamente com o retorno venoso normal, resulta no aumento da précarga no ventrículo. Acreditase que o aumento da précarga represente um mecanismo compensatório para ajudar a manter o volume de ejeção por meio do mecanismo de FrankStarling, apesar da queda na fração de ejeção. Embora funcione como um mecanismo de compensação, o aumento da précarga pode também conduzir a uma das consequências mais deletérias da disfunção ventricular sistólica: o acúmulo de sangue nos átrios e no sistema venoso (que desemboca no átrio), causando edema pulmonar ou edema periférico. A disfunção sistólica comumente é o resultado de condições que comprometem o desempenho contrátil do coração (p. ex., doença cardíaca isquêmica e no miocardiopatia) produzem sobrecarga de volume (p. ex., insuficiência valvar e anemia); ou geram uma sobrecarga de pressão (p. ex., hipertensão e estenose valvar) no coração. O grau de disfunção ventricular sistólica pode ser estimado pela medição do débito cardíaco e da fração de ejeção e pela avaliação de manifestações de insuficiência cardíaca do lado esquerdo, particularmente congestão pulmonar. A disfunção ventricular diastólica se caracteriza por uma fração de ejeção normal, mas com comprometimento do relaxamento ventricular diastólico, que conduz a uma redução no enchimento do ventrículo que, em última análise, provoca diminuição na pré-carga, no volume sistólico e no débito cardíaco. O enchimento anormal do ventrículo compromete o débito cardíaco, especialmente durante a prática de exercícios físicos. Para qualquer volume ventricular determinado, as pressões ventriculares se mostram elevadas, conduzindo a sinais de congestão venosa pulmonar e sistêmica, idêntica à que é observada em pessoas com um coração dilatado e problemas de contração do músculo cardíaco. A prevalência de insuficiência diastólica aumenta com a idade e é maior em mulheres do que os homens e em pessoas com hipertensão e fibrilação atrial. Entre as condições que causam uma disfunção diastólica encontram-se aquelas que impedem a expansão do ventrículo (p. ex., derramepericárdico, pericardite constritiva); aumentam a espessura da parede e reduzem o tamanho da câmara (p. ex., hipertrofia do miocárdio, miocardiopatia hipertrófica); e que retardam o relaxamento diastólico (p. ex., envelhecimento, doença isquêmica do coração) A função diastólica é ainda mais influenciada pela frequência cardíaca, que determina o tempo disponível para o enchimento ventricular. Um aumento na frequência cardíaca encurta o tempo de enchimento diastólico. Assim, a disfunção diastólica pode ser agravada por taquicardia ou arritmia e melhorada por uma redução na frequência cardíaca, que possibilita o enchimento do coração por um período mais longo. Nayara Viana - 3 período - unifipmoc Nos casos de disfunção diastólica, o sangue é incapaz de se mover livremente no interior do ventrículo esquerdo, causando aumento da pressão intraventricular em qualquer volume determinado. As pressões elevadas são transferidas do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo e para o sistema venoso pulmonar, causando uma diminuição da complacência pulmonar, o que aumenta o trabalho da respiração e evoca sintomas de dispneia. O débito cardíaco se apresenta reduzido não por causa de uma redução na fração de ejeção ventricular, como acontece com a disfunção sistólica, mas devido a uma diminuição do volume (précarga) disponível para proporcionar um débito cardíaco adequa Muitas pessoas com insuficiência cardíaca apresentam elementos combinados tanto de disfunção ventricular sistólica quanto diastólica, e a divisão entre um tipo e outro de disfunção pode ser um pouco artificial, especialmente no que se refere às manifestações e ao tratamento. É importante observar que disfunção ventricular não é sinônimo de insuficiência cardíaca. Entretanto, é uma condição que pode levar à insuficiência cardíaca. Tanto nos casos de disfunção ventricular sistólica quanto diastólica, os mecanismos compensatórios geralmente são capazes de manter a função cardíaca adequada no estado de repouso até estágios tardios da insuficiência cardíaca. Disfunção ventricular direita e esquerda Disfunção ventricular direita A insuficiência cardíaca do lado direito compromete a capacidade de mover o sangue desoxigenado da circulação sistêmica para a circulação pulmonar. Consequentemente, quando o ventrículo direito falha, há redução do volume de sangue movido para a circulação pulmonar, em seguida, para o lado esquerdo do coração, provocando, em última análise, uma diminuição do débito cardíaco do ventrículo esquerdo. Além disso, se o ventrículo direito não mover o sangue para frente, ocorre acúmulo ou congestão no sistema venoso sistêmico, provocando elevação das pressões diastólica final do ventrículo direito, do átrio direito e venosa sistêmica. Um efeito importante da insuficiência cardíaca direita é o desenvolvimento de edema periférico. Devido aos efeitos da força da gravidade, o edema é mais pronunciado em áreas do corpo mais baixas. A insuficiência cardíaca do lado direito também produz congestão das vísceras. À medida que a distensão venosa progride, o sangue retorna para as veias hepáticas, que drenam na veia cava inferior e o fígado fica túrgido. Isso pode causar dor no quadrante superior direito e hepatomegalia. A congestão da circulação porta também pode conduzir a edema do baço e desenvolvimento de ascite. A congestão do sistema digestório pode interferir na digestão e na absorção de nutrientes, causando anorexia e desconforto abdominal. As veias jugulares, localizadas acima do nível do coração, normalmente não são visíveis quando a pessoa está de pé ou quando sentada com a cabeça elevada em um ângulo maior que 30°. Nos casos graves de insuficiência do lado direito, as veias jugulares externas ficam distendidas e podem ser visualizadas quando a pessoa está sentada ou em pé. As causas da disfunção ventricular direita incluem as condições que impedem o fluxo de sangue para os pulmões ou que comprometem a eficácia de bombeamento do ventrículo direito. Insuficiência ventricular esquerda é a causa mais comum de insuficiência ventricular direita, também causada por hipertensão pulmonar sustentada. Desenvolvese hipertensão pulmonar em pessoas com doença pulmonar crônica, pneumonia grave, embolia pulmonar, ou estenose mitral ou aórtica. Quando a insuficiência cardíaca direita ocorre em resposta à doença pulmonar crônica, é denominada cor pulmonale. Disfunção ventricular esquerda A insuficiência cardíaca do lado esquerdo compromete o movimento de sangue da circulação pulmonar de baixa pressão para o lado arterial de alta pressão da circulação sistêmica. Com o comprometimento da função cardíaca esquerda, há a diminuição do débito cardíaco para a circulação sistêmica. O sangue se acumula no ventrículo esquerdo, átrio esquerdo e circulação pulmonar, o que provoca uma elevação da pressão venosa pulmonar. Quando a pressão dos capilares pulmonares (normalmente de aproximadamente 10 mmHg) excede a pressão osmótica capilar (normalmente de aproximadamente 25 mmHg), ocorre um deslocamento do líquido intravascular para o interstício pulmonar e o desenvolvimento de edema. As causas mais comuns de disfunção ventricular esquerda são hipertensão arterial e infarto agudo do miocárdio. Estenose ou regurgitação da valva mitral ou aórtica também cria o nível de retorno do lado esquerdo que resulta em congestão pulmonar. À medida que a pressão pulmonar aumenta como resultado da congestão, pode evoluir para produzir insuficiência cardíaca do lado direito. Nayara Viana - 3 período - unifipmoc De acordo com o ventrículo primariamente afetado, a IC pode ser direita, esquerda ou global (ICC). Na IC direita, a repercussão inicial é congestão sistêmica, e as primeiras manifestações clínicas são hepatomegalia congestiva e aumento da pressão venosa central (PVC); em seguida, surge edema dos membros inferiores. Na IC esquerda, a consequência inicial é congestão pulmonar, cuja primeira manifestação é dispneia. Na insuficiência cardíaca congestiva, os sinais e sintomas de congestão venosa periférica – edema de membros inferiores e dispneia – aparecem simultaneamente ou em intervalo curto. Depois de certo tempo, a IC esquerda compromete o ventrículo direito e vice- versa, razão pela qual IC direita e esquerda isoladas não se mantêm ao longo do tempo, convergindo para insuficiência cardíaca global. Insuficiência cardíaca pode ser causada por inúmeras agressões: (1) lesão do miocárdio (infarto do miocárdio, miocardites); (2) condições que levam a sobrecarga de pressão ou de volume sobre os ventrículos (hipertensão arterial sistêmica ou pulmonar, estenose ou insuficiência de valvas cardíacas); (3) aumento da rigidez miocárdica (hipertrofia miocárdica, amiloidose e sarcoidose); (4) alterações no ritmo cardíaco; (5) aumento das necessidades de oxigênio e nutrientes pelo organismo. O Quadro 9.2 relaciona as principais doenças que podem se associar à insuficiência cardíaca. Se a causa da insuficiência cardíaca não é eliminada, o quadro de falência tende a progredir em círculo vicioso, pois a capacidade de compensação é limitada. Os mecanismos acionados para adaptar o coração a maior exigência de trabalho podem levar à exaustão da capacidade contrátil do miocárdio (atividade simpática) e/ou aumento da volemia (retenção de sódio e água), que agravam o próprio quadro de IC. Chegado um certo ponto crítico, a IC torna-se descompensada e, depois de algum tempo, termina com a morte do indivíduo. Quando se instala a fase descompensada da IC, os pacientes apresentam hiperemia passiva e edema sistêmicos, razão pela qual edema dos membros inferiores e dispneiaprogressivos são as manifestações predominantes. Oligúria com nictúria (urinar à noite) é sinal de redução do fluxo renal: durante o dia, com maior atividade corporal, diminui a produção da urina, que se torna mais concentrada; à noite, com o repouso, melhora o fluxo renal e o paciente urina em maior quantidade. Ou seja, o coração não é mais capaz de bombear o sangue para todo o organismo (defeito de irrigação) nem de permitir o retorno venoso sistêmico. Nayara Viana - 3 período - unifipmoc Síndromes de insuficiência cardíaca aguda As síndromes de insuficiência cardíaca aguda (SICA) são definidas como uma alteração gradual ou rápida nos sinais e sintomas da insuficiência cardíaca, resultando na necessidade urgente de tratamento. Estes sintomas são principalmente o resultado de edema pulmonar grave, devido à elevação da pressão de enchimento do ventrículo esquerdo, com ou sem baixo débito cardíaco. 14 Estas síndromes estão entre as doenças mais comumente observadas nos serviços de emergência, e casos de insuficiência cardíaca crônica, muitas vezes complicados por episódios agudos de agravamento, são a causa mais comum da síndrome. Acredita-se que SICA possa abranger três diferentes tipos de condições: Agravamento da disfunção crônica sistólica ou diastólica, que parece responder ao tratamento em aproximadamente 80% dos casos Nova manifestação de insuficiência cardíaca aguda que ocorre secundariamente a um evento precipitante, como um grande infarto do miocárdio ou um aumento súbito da pressão arterial sobreposto a um ventrículo esquerdo não complacente Agravamento de quadros avançados/em estágio terminal de insuficiência cardíaca refratária ao tratamento, com disfunção sistólica ventricular esquerda predominantemente associada a um estado de baixo débito cardíaco. Entender o diagnóstico e exames relacionados a hipertrofia cardíaca O ecocardiograma desempenha um papel fundamental na avaliação do movimento da parede ventricular direita e esquerda (normal, acinesia ou hipocinesia), espessura da parede, tamanho da câmara ventricular, funcionamento da valva, defeitos cardíacos, fração de ejeção e doenças do pericárdio. As radiografias torácicas fornecem informações sobre o tamanho e a forma do coração e sobre a vasculatura pulmonar. A silhueta cardíaca pode ser utilizada para detectar hipertrofia e dilatação cardíaca. A radiografia de tórax pode indicar a gravidade relativa da insuficiência ao revelar se o edema pulmonar é predominantemente vascular ou intersticial, ou se avançou para o estágio alveolar e brônquico. Ressonância magnética cardíaca (RMC) e tomografia computadorizada cardíaca (TCC) são empregadas para documentar a fração de ejeção, a précarga ventricular e o movimento da parede regional.
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