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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Anatomia Cervical e Propedêutica O pescoço é um segmento de conexão tubular e flexível entre a cabeça e o tórax, sendo composta por 7 vértebras cervicais e por músculos que fazem a sustentação. A base óssea do pescoço é a coluna cervical onde a cabeça se apoia. A disposição e a estrutura das articulações cervicais permitem a rotação da cabeça cerca de 90º para cada lado, em relação ao tronco. O pescoço não é apenas uma área de conexão, mas também contém órgãos próprios como a glândula tireoide, a glândula paratireoide e a laringe. Lesões na região do pescoço são consideradas muito perigosas, porque além da coluna vertebral, diversas estruturas importantes passam pelos tecidos moles, como grandes vasos sanguíneos e tratos nervosos, além de componentes dos sistemas respiratório e digestório. Os limites ósseos do pescoço são a mandíbula e o osso occipital, na junção craniana, e as clavículas e a margem superior das escápulas caudalmente. Importância de conhecer a anatomia cervical para: descrever nódulos, proceder no atendimento de trauma. Espaço virtual: ele existe, mas quando abre a estrutura não está ali (não consegue ver). Anatomia de superfície Músculos cervicais VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Músculo platisma está situado diretamente abaixo da pele e faz parte dos músculos na mímica (expressão facial – inervado pelo nervo facial). O músculo digástrico possui dois ventres: um ventre anterior, mais curto, e um ventre posterior, mais longo, que estão conectados entre si por meio de um tendão. O músculo esternocleidomastóideo constitui o limite entre a região cervical anterior e a região cervical lateral. É inervado pelo nervo acessório Músculo trapézio: é considerado o limite lateral do esvaziamento cervical. Músculo omo-hióide: cruza em cima do veia jugular. Vasos e nervos cervicais Artéria carótida interna: não dá ramo nenhum ao pescoço, seu primeiro ramo é a oftálmica. Artéria carótida externa: seu primeiro ramo é a artéria facial. Veia jugular interna: é profunda em relação ao músculo esternocleidomastoideo. Veia jugular externa: corre atrás do músculo esternocleidomastoideo. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Nervo laríngeo-recorrente: inerva as pregas vocais. Lesão unilateral desse nervo faz com que a pessoa fique rouca e a lesão bilateral faz com que a pessoa não consiga respirar (precisa fazer traqueostomia). Essa lesão bilateral é uma complicação da cirurgia da tireoide. Nervo vago. Nervo frênico. Nervo espinal-acessório: levantamento da escápula. Pode ser lesado em esvaziamento de linfonodos. Plexo braquial nervo axilar. Sua lesão gera perda de movimentos do braço. Punção de veia subclávia esquerda pode lesionar o ducto torácico e gerar um quilotórax. Queixa mais comum para o médico de cabeça e pescoço: linfonodos cervicais aumentados. A segunda mais comum é queixa relacionada a tireoide. Níveis de linfonodos cervicais Do ponto de vista cirúrgico, os especialistas usam a divisão por níveis, que permite maior acerácea no contato do cirurgião com o patologista e a comparação entre os vários serviços. São classificados 6 níveis de cadeias linfáticas, limitadas por reparos anatômicos: VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Nível 1: Subdividido em IA e IB. Entre mandíbula, músculo digástrico e osso hióide. - Músculo digástrico: linfonodos nessa área são nível 1 (dividido em 1A - anterior e 1B – posterior). Nível 2: corresponde ao 1/3 superior, situando-se cirurgicamente entre estilo-hióide e a bifurcação da artéria carótida. - Da cartilagem cricóide até a jugular na base do crânio = nível 2. Nível 3: Abaixo da bifurcação (clinicamente a projeção do hióide) e separado inferiormente no ponto onde o m. omo-hióideo cruza a veia jugular interna (externamente visualizado como a borda inferior da cricóide). - Do osso hioide a cartilagem tireoide = nível 3. Nível 4: os jugulares inferiores, os escalenos e supraclaviculares que estão abaixo do 1/3 inferior do músculo esternocleidomastoideo até clavícula. - Da cartilagem tireoide até a clavícula = nível 4. Nível 5: os linfonodos do triângulo cervical posterior, que acompanham o XI e art. cervical transversa. - Entre o musculo trapézio e a carótida e jugular = nível 5. Nível 6: Entre as duas carótidas, com hióide superiormente e fúrcula inferiormente. Engloba prélaríngeos, pré- traqueais, paratraqueais e cadeia do nervo recorrente. - Região próxima a glândula tireoide = nível 6. VI IV VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Zonas de traumatismo cervicais Três zonas são usadas como orientações clínicas comuns sobre a gravidade do traumatismo do pescoço. Elas permitem que os médicos determinem as estruturas do pescoço sob risco no caso de lesões penetrantes: Zona I: inclui a raiz do pescoço e estende-se das clavículas e do manúbrio do esterno até o nível da margem inferior da cartilagem cricóidea. As estruturas sob risco são as cúpulas da pleura, os ápices dos pulmões (risco de hemotórax por lesão e vasos subclávios), as glândulas tireoide e paratireoides, a traqueia, o esôfago, as artérias carótidas comuns, as veias jugulares e a região cervical da coluna vertebral. Zona II (77% dos traumas cervicais): estende-se da cartilagem cricóidea até o nível dos ângulos da mandíbula. As estruturas em risco são os polos superiores da glândula tireoide, as cartilagens tireóidea e cricóidea, a laringe, a parte laríngea da faringe, as artérias carótidas, as veias jugulares, o esôfago e a região cervical da coluna vertebral Zona III: corresponde aos ângulos das mandíbulas superiormente. As estruturas em risco são as glândulas salivares (parótida e submandibular), carótida interna e jugular, as cavidades oral e nasal, as partes oral e nasal da faringe. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Espaços ESPAÇO PARAFARINGEO ESPAÇO PAROTIDEO ESPAÇO CAROTIDEO ESPAÇO MASTIGADOR VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C ESPAÇO VISCERAL ESPAÇO RETROFARINGEO ESPAÇO PERIVERTEBRAL: único espaço que comunica totalmente o pescoço com o tórax; com isso, um processo infeccioso pode descer e gerar uma mediastinite. ESPAÇO SUBMANDIBULAR ESPAÇO SUBLINGUAL ESPAÇO BUCAL Principais causas de abcessos cervicais: procedimentos odontológicos e angina de Ludwig. Trígonos Trigono submentoniano VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C PROPEDÊUTICA CERVICAL 1) Anamnese Identificação. Queixa principal e duração dos sintomas a queixa mais comum relacionada aos pescoço são os linfonodos cervicais aumentados; a segunda mais comum é queixa relacionada a tireoide. História da doença atual no caso de queixas relacionadas aos linfonodos, deve ser pesquisado início, localização, mobilidade, deglutição e fatores associados (dor e sinais flogísticos). Interrogatório por órgãos e sistemas. Hábitos (ex: tabagismo e etilismos). Comorbidades, medicações em uso e internações anteriores. 2) Exame Físico Geral Estado geral, estado de mucosas, nível de hidratação, de consciência e estado psicológico. Sinais vitais . 3) Exame Físico: Inspeção Abaulamento, retrações, cicatrizes, nódulos se presentes, avaliar a mobilidade a deglutição. Os linfonodos podem ser localizados utilizando a classificações em níveis cervicais: - Nível I: submandibular; - Nível II: júgulo-carotídeo superior; - Nível III: júgulo-carotídeo médio; - Nível IV: júgulo-carotídeo inferior; - Nível V: posterior ao músculo esternocleidomastóideo; - Nível VI: anterior ou paratraqueal. 4) Exame Físico: Palpação Estruturas que podem ser palpadas: linfonodos cervicais, osso hióide, cartilagem tireoide, glândula tireoide, cartilagem cricóide e anéis traqueais. A palpação das cadeiaslinfonadais cervicais pode ser realizada com o examinador à frente ou por trás do paciente, com o uso de 2 ou 3 dedos. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Na palpação da tireoide, sempre que para o paciente deglutir (a fim de facilitar a identificação da glândula, que se move junto à traqueia). Deve ser caracterizada quanto ao tamanho, consistência, presença de nódulos ou outras alterações anatômicas. 5) Propedêutica armada: USG. Punção. TC. Biópsia (quando forem encontradas lesões suspeitas de malignidade).