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Prévia do material em texto

Filosofia e Educação
JOSÉ SEVERINO DA SILVA
1ª Edição
Brasília/DF - 2021
Autores
José Severino da Silva
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e 
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4
Introdução ............................................................................................................................................................................. 6
Capítulo 1
Filosofia e Filosofia da Educação ............................................................................................................................ 7
Capítulo 2
A Filosofia e a formação do homem à luz do pensamento grego .............................................................22
Capítulo 3
A Filosofia e a educação medieval .......................................................................................................................37
Capítulo 4
A Filosofia e a Educação na Modernidade .........................................................................................................52
Capítulo 5
A Filosofia e a Educação na Contemporaneidade ...........................................................................................71
Capítulo 6
O pensamento filosófico da Educação no Brasil .............................................................................................90
Referências .......................................................................................................................................................................105
4
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e 
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros 
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, 
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Cuidado
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o 
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
Importante
Indicado para ressaltar trechos importantes do texto.
Observe a Lei
Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, 
a fonte primária sobre um determinado assunto.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa 
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. 
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus 
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas 
conclusões.
5
ORgAnIzAçãO DO LIvRO DIDátICO
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Gotas de Conhecimento
Partes pequenas de informações, concisas e claras. Na literatura há outras 
terminologias para esse termo, como: microlearning, pílulas de conhecimento, 
cápsulas de conhecimento etc.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Posicionamento do autor
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o 
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
6
Introdução
Este Livro Didático apresenta uma breve reflexão sobre Filosofia e Filosofia da Educação. 
Tal temática é tratada de modo a promover a formação de professores e atores sociais, 
com visão crítica sobre a história da educação e as contribuições filosóficas no construto 
desta. Além disso, é destacada a importância da reflexão crítica sobre a formação docente 
e seus impactos no ambiente escolar e na formação humana. 
Será abordados, ainda,a filosofia e a formação do homem à luz do pensamento grego; 
a filosofia e a educação medieval; a filosofia e a educação na Modernidade e na 
contemporaneidade e o pensamento filosófico da educação no Brasil.
Dessa forma, o olhar sobre a formação humana nos dias atuais passa a ser o fio condutor 
desta disciplina, que mesmo percorrendo a periodização da Filosofia no contexto da 
educação, serão levadas em consideração as permanências e mudanças para melhor 
preparar o futuro docente.
Objetivos
Fazer com que o leitor seja capaz de:
 » Identificar os princípios teóricos e norteadores de filosofia da educação.
 » Relacionar as correntes filosóficas com as teorias educacionais no processo de 
formação do ser humano. 
 » Compreender o repertório conceitual filosófico apresentado, possibilitando 
melhor análise e entendimento do fenômeno educacional. 
 » Analisar as configurações modernas do pensamento educacional.
 » Identificar os pressupostos teóricos que permeiam o ato de educar.
 » Caracterizar as diferentes concepções e tendências da educação, evidenciando o 
pensamento educacional brasileiro.
7
Introdução do Capítulo 
A proposta desta leitura é reforçar a importância da Filosofia enquanto área do 
conhecimento que agrega, esclarece e direciona ações pedagógicas e métodos de 
ensino no contexto da educação. A busca maior no estudo da Filosofia está relacionada 
à formação humana e à contrução de um pensamento crítico social. 
Nessa perspectiva, o tema Filosofia e filosofia da educação é um dos principais desafios que 
marcam a atualidade, uma vez que o fim das fronteiras do conhecimento, da informação 
e da economia impulsiona as instituições educacionais de ensino básico e superior o 
quanto devem se adaptar e, mais do que isso, reconstruir um novo modelo educacional. 
Para tanto, é necessário refletir a possibilidade de reescrever um modelo de educação que 
atenda a todas as classes sociais levando em consideração a diversidade, as permanências 
e as mudanças, de modo a promover uma educação de qualidade para todos. 
Sendo assim, esta disciplina pretende preparar o docente para a atuação ética e 
democrática no ambiente escolar, despertando o olhar crítico, a inovação e a autonomia. 
Por isso, serão apresentados alguns dos conceitos que norteiam o debate sobre Filosofia 
e filosofia dfa educação.
Objetivos 
 » Conceituar Filosofia e Educação. 
 » Identificar a importância e o impacto da Filosofia e das Ciências no contexto da 
educação e da liberdade. 
 » Apontar a importância da filosofia para a educação e para a formação dos 
professores para a construção do conhecimento pertinente e de uma aprendizagem 
significativa. 
1
CAPÍTULO
FILOSOFIA E FILOSOFIA DA 
EDUCAçãO
8
CAPÍTULO 1 • FILOSOFIA E FILOSOFIA DA EDUCAçãO
1.1 O que é Filosofia? Por que estudar Filosofia?
Figura 1. O que é Filosofia?
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/philosophy-icon-vector-illustration-thinker-man-1322337839. 
Não há professor que em algum momento não tenha sido questionado ou ouvido dos 
seus alunos o que é filosofia e para que serve? Nos dias atuais, estes questionamentos são 
constantes simplesmente pelo fato de estarmos vivendo numa era complexa em todos os 
sentidos, pois o imediatismo, o individualismo e a instantaneidade estão escancarados. A 
liquidez das coisas tem contribuído ainda mais para a fragmentação do pensamento e a 
atrofiação do intelecto humano. 
Sendo assim, vimos, cadavez mais, o pragmatismo voltado para as soluções imediatas 
em todos os espaços. Essa mudança no comportamento social nos leva a refletir sobre os 
desafios que os professores enfrentam para motivar os alunos a exercitarem o olhar crítico 
sobre o seu próprio entorno. Assim, o ensino da Filosofia, em tese, não é formar filósofo, 
mas provocar, aguçar a reflexão crítica sobre o ser e o sobre o cosmo.
O que é filosofia? 
Figura 2. Pitágoras.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/portrait-ancient-greek-mathematician-pythagoras-1277685367. 
Pitágoras no século VI a.C., filósofo que antecedeu Sócrátes, portanto, pré-socrático, 
considerado o pai da Matemática, teria usado pela primeira vez a palavra filosofia 
(philos- sophia), que significa, em grego, “amor à sabedoria”. (philos = amor, sophia 
= sabedoria). Ou seja, com base no auxílio da etimologia, a Filosofia não busca razão 
lógica das coisas, mas a verdade subjetiva, amorosa e humanizada. 
9
FILOSOFIA E FILOSOFIA DA EDUCAçãO • CAPÍTULO 1
Veja o que diz Aristóteles sobre o ato de filosofar:
Figura 3. Aristóteles.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/west-nusa-tenggara-indonesia-august-28-1490389814. 
“[...] se se deve filosofar, deve-se filosofar, deve-se igualmente filosofar; 
em qualquer caso, portanto, deve-se filosofar; se de fato, a filosofia existe, 
somos obrigados de qualquer modo a filosofar, dado, justamente que 
ela existe; se, ao invés, não existe, também neste caso somos obrigados 
a pesquisar como a filosofia não existe; mas pesquisando, filosofamos, 
porque a pesquisa é causa da filosofia.” (fr. 2) (ARISTÓTELES, 2006)
Por que estudar filosofia?
A Filosofia é necessária em todos os aspectos da vida humana. No campo da Educação, 
por exemplo, o filósofo da Educação investiga os fundamentos da Pedagogia, identificando 
conflitos, contradições, desenvolve capacidades, promove discussões sobre diferentes 
teorias pedagógicas e tantas outras.
Embora a Filosofia pareça ter um fim em si mesma, assim como a arte, o que as tornaria 
inúteis, elas nos permitem, por meio da reflexão crítica, o desdobrar-se, o conectar-se e o 
reiventar-se, nos distanciando do objeto de estudo. 
1.2 A Filosofia e as Ciências
Figura 4. Experimentação.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/scientist-equipment-science-experiments-laboratory-
glassware-450321097. 
10
CAPÍTULO 1 • FILOSOFIA E FILOSOFIA DA EDUCAçãO
A Filosofia consiste na busca da verdade, levando em consideração as mudanças e as 
permanências ao longo da história. Embora caminhe de mãos dadas com a ciência, ela 
tende à subjetividade. A ciência consiste em aplicar teorias e métodos já testados pela 
comunidade científica. A utilização da ciência permite resultados conclusivos. 
Embora a Ciência e a Filosofia andem de mãos dadas, a Filosofia lida com argumentos e 
conceitos, enquanto a ciência lida especificamente com a prática.
Figura 5. Escola de Atenas. 
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/rome-italy-october-21-2017-raphael-753294010. 
Para Aristóteles: “A filosofia é a ciência que leva em consideração a verdade” (SKLAR, 
1992, s/p.). Na antiguidade clássica, pode-se encontrar certa separação entre ciência e 
filosofia. Nas obras metafísicas de Aristóteles pode-se encontrar claramente algo que hoje 
seria feito por filósofos; mas em muitas das suas obras de astronomia, física e biologia 
encontram-se métodos de investigação hoje comuns na prática dos novos cientistas.
Figura 6. galileu galilei.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/galileo-galilei-watercolor-vector-portrait-ink-1055471030. 
A partir da revolução tecnológica iniciada por Galileu Galilei no século XVII, as ciências 
delimitaram em seus campos específicos de pesquisas, como por exemplo: a astronomia, 
física, biologia, sociologia, psicologia, economia, antropologia e outras ciências limitaram-se 
a investigar fragmentos da realidade.
11
FILOSOFIA E FILOSOFIA DA EDUCAçãO • CAPÍTULO 1
A era moderna inaugura a especialização das ciências, fragmentando cada vez mais 
o conhecimento e a realidade, embora a filosofia continue o seu percurso em direção 
contrária, superando a fragmentação e o distanciamento das ciências. Apesar de tantas 
transformações e mudanças no campo do conhecimento, a Filosofia ainda se distingue 
da ciência em suas abordagens e reflexões.
Nessa perspectiva, a Filosofia se preocupa com a totalidade, com o coletivo, analisa todas as 
interfaces do objeto estudado. Assim, para a Filosofia se apresenta de forma interdisciplinar, 
estabelecendo o diálogo entre todas as áreas do conhecimento, contextualizando, agregando 
e estabelecendo elos entre as disversas ciências. Outra diferença entre a Filosofia e a 
ciência está presente nos resultados de suas investigações científicas e em seus métodos 
aplicados. A ciência, por sua vez, trabalha com o real, com juízos de realidade, é objetiva 
em suas ações, estudando como os fenômenos da natureza ocorrem, suas relações, causas 
e consequências. Já o filósofo parte das experiências vivenciadas, uma vez que a Filosofia 
faz juízos de valor do método aplicado nas pesquisas julgando o valor do conhecimento 
e da ação aplicada. 
Diferentemente do senso comum, que se apresenta como pragmático, interassado nas 
aplicações práticas do dia a dia, a ciência se distancia e se preocupa em aprofundar seus 
experimentos, busca conhecer os fenômenos naturais, suas causas e consequêncais.
E mais ainda. A Filosofia e a ciência traduzem um fato interdisciplinar no momento em 
que a Filosofia assume características científicas e, por outro lado, a ciência também 
assume laivos (vestígios) filosóficos. O que não significa que cada uma não mantenha suas 
especificdades em suas respectivas áreas do conhecimento. Segundo Mora (2004, p. 457):
 Sugestão de estudo complementar
Entenda a definição mais complexa da Filosofia e da Ciência:
A filosofia é um modo de agir, pensar e de refletir sobre o ser humano desde a sua gênese, auxilia-o na tarefa de compreender 
o cosmo e o agir sobre ele em todos sentidos.
A ciência se compromete com a objetividade, suas conclusões podem ser verificadas por qualquer outro pesquisador, 
membro da comunidade científica. A ciência utiliza métodos rigorosos, delimita campo de atuação, aplica procedimentos 
específcos e se distancia do objeto estudado. 
Assim, a ciência preocupa-se em tornar a vida humana produtiva, mas não se interessa pelas relações humanas, estuda a 
materialização das coisas, o físico, mas não dialoga com a subjetividade, memória e sentimentos e essas particularidades se 
distanciam da filosofia.
Livro “Entre a Ciência e a Sapiência”. Disponível em: https://www.amazon.com.br/Entre-ci%C3%AAncia-sapi%C3%AAncia-
dilema-educa%C3%A7%C3%A3o/dp/8515019000. Acesso em: 8 dez. 2020.
12
CAPÍTULO 1 • FILOSOFIA E FILOSOFIA DA EDUCAçãO
[...] à relação entre a ciência e filosofia. Três respostas fundamentais são 
possíveis a esse respeito: 1) a ciência e a filosofia carecem de qualquer relação; 
2) a ciência e a filosofia encontram‐se tão intimamente relacionadas entre si 
que, de fato, são a mesma coisa; e 3) a ciência e a filosofia mantêm entre si 
relações muito complexas. 
Vimos que tanto a filosofia quanto a ciência são formas de conhecimento que se opõem 
aos mitos e ao senso comum. Vimos, também, que em plena contemporaneidade, a ciência 
não é infalível, embora busque um conhecimento sistematizado, metódico e seguro. Ao 
longo da história da humanidade, teorias foram refutadas e substituídas, o que só reforçou 
a importância da filosofia da ciência no campo da reflexão crítica.
Veja o mapa mental “Do mito à ciência” abaixo: 
Figura 7. Mapa.
Fonte: Elaborado pelo autor.
1.3 Contribuições da Filosofia da Educação para a formação 
do professor
Figura 8. Professor da educação infantil.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/elementary-school-kids-teacher-sit-cross-388646113. 
13
FILOSOFIA E FILOSOFIA DA EDUCAçãO• CAPÍTULO 1
A formação filosófica não significa se formar em Filosofia, mas percorrer as trilhas do olhar 
filosófico, crítico e social. A dimensão filosófica no contexto da educação é fundamental, 
principalmente na formação do docente, oferecendo-lhe elementos e recursos por meio 
de métodos para analisar, com clareza e profundidade, problemas do cotidiano da escola. 
A Filosofia na formação docente tem contribuído de forma significativa para os debates 
acerca das metodologias aplicadas em sala de aula, as formas de avaliação e o olhar 
diagnóstico sobre os desempenhos do corpo docente e discente.
Na Antiga Grécia, a Pedagogia era uma extensão da Filosofia. Ela tinha uma forte ligação 
com o ato de refletir ou teorizar sobre o papel da educação e os meios para melhor 
alcançá-la. 
Nos dias atuais parece ter se distanciado desse fim. Ouvimos com frequência a ideia de que 
a educação é vista como uma ação. Como podemos pensar numa formação crítica, numa 
prática docente reflexiva sem o auxílio da Filosofia? Esse distaciamento das duas áreas do 
conhecimento tem nos levado a repensar a formação do professor.
Enquanto modo de pensar, refletir e até mesmo postura diante do nosso cosmo, a Filosofia 
não é uma área do conhecimeno acabada ou pronta, mas uma prática de vida que vai 
além das aparências. O construto da identidade de um professor se vincula aos aspectos 
filosóficos, na medida em que este expõe suas concepções epistemológicas, seu olhar 
crítico sobre o ato de planejar, de diagnosticar e de executar suas tarefas no seu ambiente 
de trabalho. 
O dicionário de filosofia de Abbagnano (2012) apresenta a palavra Epistemologia – no 
inglês Epistemology; francês Épistémologie; alemão Epistemologie; italiano Epistemologia 
– como um termo de origem grega com duas acepções: i. como sinônimo de gnosiologia 
ou de teoria do conhecimento; ii. Como sinônimo de Filosofia da Ciência. 
Ambos os significados estão proximamente interligados, “pois o problema do conhecimento, 
na filosofia moderna e contemporânea, se entrelaça (e às vezes se confunde) com o da 
ciência” (ABBAGNANO, 2012, p. 392). Nessa perspectiva, o termo epistemologia (teoria 
do conhecimento) tem vários sentidos em diversas línguas, entretanto, de modo geral, a 
epistemologia se preocupa em estudar a realidade das coisas, de forma crítica e reflexiva. 
Na contemporaneidade, outras questões precisam ser estudadas de forma minuciosa a 
respeito da educação e da crise em seu entorno. A crise da autoridade na educação, ao 
longo das últimas décadas, terminou abrindo caminho para a crise do conhecimento, crise 
esta que vem desde a separação das ciências e do próprio distanciamento da Pedagogia 
em relação à Filosofia. 
14
CAPÍTULO 1 • FILOSOFIA E FILOSOFIA DA EDUCAçãO
Sobre Epistemologia e Educação, reforça Severino (1993, p. 20 ), as temáticas centrais da 
Filosofia da Educação que constituem o âmbito epistemológico são as seguintes:
[...] a questão do estatuto da Filosofia da Educação; a educação e 
a construção do conhecimento; os paradigmas epistemológicos em 
educação; as situações de transmissão e apropriação do conhecimento; a 
questão do estatuto epistemológico da própria educação; a problemática 
da linguagem pedagógica e da clareza 13 conceitual do conhecimento 
educacional; a significação ideológica do discurso pedagógico. 
1.4 A Filosofia da Educação para a Educação e Liberdade
Figura 9. Liberdade.
Fonte: https://www.shutterstock.com/image-illustration/brain-inside-head-shaped-bird-cage-96346388. 
 Observe a lei
Diretrizes Curriculares Nacionais e Base Nacional Comum para a Formação Inicial e Continuada de Professores da Educação 
Básica
A necessidade de uma revisão e atualização do Parecer e da Resolução CNE/CP nº 02/2015 pode ser ainda reforçada com 
base nos seguintes, considerando:
I – A Lei n. 9.394/1996 (LDB) prevê a adequação curricular dos cursos, programas ou ações 
da formação inicial e continuada de professores ao estabelecido na BNCC, quando, no § 
8º do seu artigo 39 dispõe que “os currículos dos cursos da formação de docentes terão por 
referência a Base Nacional Comum Curricular”.
II – A Lei n. 13.005/2014, que instituiu o Plano Nacional de Educação (PNE) prevê a revisão 
e melhoria dos currículos do ensino superior para formação de professores da educação 
básica (meta 13, estratégia 13.4): promover a melhoria da qualidade dos cursos de pedagogia 
e licenciaturas, por meio da aplicação de instrumento próprio de avaliação aprovado pela 
Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior – Conaes, integrando-os às demandas 
e necessidades das redes de educação básica, de modo a permitir aos graduandos a aquisição 
das qualificações necessárias a conduzir o processo pedagógico de seus futuros alunos(as), 
combinando formação geral e específica com a prática didática, além da educação para as 
relações étnico-raciais, a diversidade e as necessidades das pessoas com deficiência.
3ª VERSÃO DO PARECER (Atualizada em 18/09/19)
15
FILOSOFIA E FILOSOFIA DA EDUCAçãO • CAPÍTULO 1
A Filosofia da Educação consiste em acompanhar, de forma crítica, as atividades 
educacionais, explicitando seus fundamentos e esclarecendo a função e a contribuição 
das diversas áreas do conhecimento no contexto da educação. A ausência da filosofia 
no cenário da educação acarreta consequências irreparáveis no sistema educacional, 
dificultando o desenvolvimento do pensamento crítico. 
Figura 10. Immanuel Kant.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/immanuel-kant-cartoon-portrait-vector-1512854321. 
Kant afirma que “o homem é a única criatura que precisa ser educada” (KANT, 1996, p. 
11). Para o filósofo, é pelo viés da educação que o homem pode se tornar um verdadeiro 
homem. Ainda parafraseando Kant, é ele, o próprio indivíduo, quem define o que quer 
ser por meio da educação. Para Kant, a educação é que possibilitará a sua autonomia, ou 
seja, a definição de sujeito autônomo termina por implicar a sua liberdade. 
A educação implica a liberdade pelo fato de ela possibilitar a felicidade enquanto atributos 
da sabedoria e da moralidade, e não há como o homem se tornar sábio e moral sem passar 
pelo processo educativo, logo é a educação que torna possível libertá-lo do seu estado bruto 
e irracional. Embora o ser humano seja o único animal dotado de razão, também é o único 
dotado de liberdade de escola se libertando dos seus instintos por meio de sua própria razão.
Segundo Kant (1996, p. 27), “a disciplina transforma a animalidade em humanidade”. 
Em sua educação prática, o autor destaca que o ser humano termina por desenvolver 
disciplina e treinamento para melhor domar seus instintos. Nesse sentido, a educação 
tem um papel fundamental para a transformação humana e para a própria Pedagogia.
 Sugestão de estudo complementar
Fonte: https://www.amazon.com.br/Educatica-liberdade-Paulo-Freire/dp/8577531651.
16
CAPÍTULO 1 • FILOSOFIA E FILOSOFIA DA EDUCAçãO
Figura 11. Paulo Freire.
Fonte: https://www.record.com.br/wp-content/uploads/2019/06/paulo-freire.jpg. 
Biografia de Paulo Freire
Paulo Freire nasceu em 19 de setembro de 1921, em Recife, Pernambuco, e faleceu em 
2 de maio de 1997 na cidade de São Paulo. Ele foi um pensador brasileiro, criador do 
método inovador em sua época no ensino da alfabetização para adultos. Seu método 
alcançou diversos países. Filho de Joaquim Temístocles Freire, capitão da Polícia Militar, 
e de Edeltrudes Neves Freire. Morou na cidade do Recife até 1931. Depois desse período, 
foi viver em Jaboatão dos Guararapes, onde permaneceu aproximadamente por 10 
anos. Paulo Freire perdeu seu pai ainda muito jovem, tinha apenas 13 anos, e sua mãe 
assumiu toda a responsabilidade de sustentar os quatro filhos. Sem condições financeiras 
de continuar pagando a escola, sua mãe solicitou ao diretor do Colégio Oswaldo Cruz 
ajuda para que Paulo Freire continuasse estudando. O diretor concedeu-lhe uma bolsa 
de estudos e, em pouco, o transformou em auxiliar dedisciplina, posteriormente, em 
professor de língua portuguesa.
Paulo Freire ingressou na Faculdade de Direito do Recife em 1943. Após sua formação. 
continuou atuando como professor de português no Colégio Oswaldo Cruz e de Filosofia da 
Educação na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco. Não demorou 
muito e recebeu o convite para ser o diretor do setor de Educação e Cultura do Serviço 
Social da Indústria, iniciando uma carreira promissora. Junto com outros professores, 
fundou, em 1955, no Recife, o Instituto Capibaribe, uma escola inovadora para a época, 
atraindo muitos intelectuais. Em seu exílio no Chile, escreveu e publicou alguns livros 
e percorreu diversos países, foi reconhecido por seu método e produção intelectual, e 
após o término da ditadura no Brasil, retorna já consagrado internacionalmente por seus 
escritos e publica outras obras posteriormente. 
Em 1968, do outro lado dos Andes, Paulo Freire escreve uma de suas principais obras 
“Pedagogia do oprimido”, em que podemos encontrar um discurso filosófico da libertação, 
17
FILOSOFIA E FILOSOFIA DA EDUCAçãO • CAPÍTULO 1
embora sua obra dialogasse com um período tenebroso, ditatorial; a Igreja passava por uma 
necessidade em que o pensamento cristão precisava de renovação e a educação enquanto 
prática da liberdade, Paulo Freire solidarizou-se ao escrever essa obra.
A discussão acerca da liberdade que Paulo Freire defendia vai em oposição ao contexto 
histórico das décadas de 1960 e 1970, melhor compreendidos pelos setores humanistas 
cristãos. Vale ressaltar que quando Paulo Freire retorna ao Brasil, já havia construído uma 
sólida carreira no cenário pedagógico mundial. 
Passou por Harvard, MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola). Suas obras: 
“Educação como prática da liberdade”, de 1967, e “Pedagogia do oprimido”, de 1969, reforça 
seu pensamento crítico acerca da educação e pela incorporação da ecologia em seus textos.
Figura 12. Paulo Freire participando dos movimentos populares na áfrica do Sul.
(Paulo Freire concede entrevista a jornalistas na guiné-Bissau, em 1974 – Acervo Oficial – Paulo Freire)
Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2020/11/14/como-paulo-freire-contribuiu-para-a-queda-do-apartheid-na-africa-
do-sul. 
O pensamento crítico de Paulo Freire, suas experiências e reflexões se destacaram nos 
anos de 1980. Após a abertura política, suas obras foram traduzidas no Brasil e mais 
bem divulgadas. Foi nesse momento que Freire aprimorou seu pensamento pedagógico 
sobre o Brasil. Vale ressaltar que o texto “Educação como prática da liberdade”, de 1967, 
finalizado no Chile, confirmou o personalismo de Paulo Freire. Segundo Freire, “é o 
homem, e somente ele, capaz de transcender”. (2000, p. 48).
Paulo Freire, durante seu exílio, desenvolve o método de alfabetização de adultos, momento 
esse que conclui sua obra “Educação como prática da liberdade”, organizada em quatro 
 Sugestão de estudo complementar
Livro “Pedagogia do Oprimido” https://www.amazon.com.br/Pedagogia-do-oprimido-Paulo-Freire/dp/8577534189.
18
CAPÍTULO 1 • FILOSOFIA E FILOSOFIA DA EDUCAçãO
capítulos: no primeiro, o autor tratou de um período transitório da sociedade brasileira 
e das forças políticas que disputavam o poder; no segundo, tratou da inexperiência 
democrática; no terceiro, trata das concepções pedagógicas, contrapondo o modelo 
tradicional da época, e no quarto finaliza apresentando experiências pedagógicas e seu 
novo método.
Figura 13. Cipriano Carlos Luckesi.
Fonte: http://letrasofia.blogspot.com/2013/02/entrevista-comcipriano-carlos-luckesi.html. 
Para Luckesi:
Filosofia e Educação são dois fenômenos que estão presentes em todas 
as sociedades. Um como interpretação teórica das aspirações, desejos e 
anseios de um grupo humano, o outro como instrumento de veiculação 
dessa interpretação. A Filosofia fornece à Educação uma reflexão sobre a 
sociedade na qual está situada, sobre o educando, o educador e para onde 
esses elementos podem caminhar. Nas relações entre filosofia e educação 
só existem realmente duas opções: ou se pensa e se reflete sobre o que 
se faz e assim se realiza uma ação educativa consciente, ou não se reflete 
criticamente e se executa uma ação pedagógica a partir de uma concepção 
mais ou menos obscura e opaca existente na cultura vivida do dia a dia 
– e assim se realiza uma ação educativa com baixo nível de consciência. 
(LUCKESI, 1994, p. 21)
Parafraseando Luckesi, a Filosofia é um corpo de entendimentos e possibilidades que 
comprende e dá significado a todas as coisas existentes. Para o autor, resta saber como 
é que se constitui a Filosofia e como poderemos construir esse corpo de entendimentos 
em sua totalidade. Nesse sentido, a educação é um tipo de atividade fundamentalmente 
necessária para a formação humana e para a construção do conhecimento. As relações 
 Sugestão de estudo complementar
Fonte: https://www.amazon.com.br/Filosofia-Educa%C3%A7%C3%A3o-Cipriano-Carlos-Luckesi/dp/8524902493.
19
FILOSOFIA E FILOSOFIA DA EDUCAçãO • CAPÍTULO 1
entre Filosofia e Educação andam na mesma direção, entretanto, enquanto a Educação tem 
como objetivo desenvolver os indivíduos e a própria sociedade, a Filosofia reflete sobre 
como os indivíduos e a própria sociedade devem se desenvolver. 
A Educação tem como objetivo o desenvolvimento das novas gerações em curso e das 
gerações vindouras, enquanto a Filosofia se interessa e busca aguçar a reflexão e o 
pensamento crítico sobre a sociedade e suas produções. Para Teixeira (1959, p. 14):
As relações entre filosofia e educação são tão intrínsecas que John Dewey 
pôde afirmar que as filosofias são, em essência, teorias gerais de educação. 
Está claro que se referia à filosofia como filosofia de vida. Sendo a educação 
o processo pelo qual os jovens adquirem ou formam “as atitudes e 
disposições fundamentais, não só intelectuais como emocionais, para com 
a natureza e o homem”, é evidente que a educação constitui o campo de 
aplicação das filosofias, e, como tal, também de sua elaboração e revisão. 
Muito antes, com efeito, que as filosofias viessem expressamente a ser 
formuladas em sistemas, já a educação, como processo de perpetuação 
da cultura, nada mais era do que meio de se transmitir a visão do mundo 
e do homem, que a respectiva sociedade honrasse e cultivasse. 
A Filosofia precede a Educação. Seria ela uma teoria geral da educação? Na atualidade, a 
falta de diálogo entre elas tem distanciado e implicado a construção de um conhecimento 
integrado e compartilhado. Não há como construir um conhecimento pertinente se as 
ciências continuarem isoladas, divididas e desconectadas umas das outras. 
Dessa forma, a Educação do futuro precisa estabelecer um novo diálogo priorizando a 
interdisciplinaridade, transformando a periferia em centro, o local em global, conectando 
as partes ao todo, de modo que as gerações vindouras construam um conhecimento com 
base no respeito a todos os elementos que compõem o cosmo. 
1.5 Os princípios do conhecimento pertinente
Figura 14. Conhecimento e aprendizagem.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ideas-thoughts-knowledge-intelligence-learning-
meeting-234372760. 
20
CAPÍTULO 1 • FILOSOFIA E FILOSOFIA DA EDUCAçãO
A transdisciplinaridade e a teoria da complexidade, enquanto teorias pedagógicas, estão 
estreitamente ligadas à busca pelo conhecimento e formas de pensar a contemporaneidade. 
Nessa perspectiva, a complexidade e a transdisciplinaridade não se opõe aos princípios 
cartesianos, mas em agregá-los, possibilitando um diálogo, que para Edgar Morin (2011) 
torna possível a construção do conhecimento pertinente. O pensamento crítico/complexo 
supera as formas descontínuas do fazer pedagógico, possibilitando a religação dos saberes.
Contextualizar é fundamental para que o conhecimento seja pertinente, para Morin, um 
texto sem contexto é insuficiente, pois distancia o leitor do entendimento real que reforça 
ao dizer, “Para ter sentido,a palavra necessita do texto, que é o próprio contexto, e o texto 
necessita do contexto no qual se enuncia” (MORIN, 2011, p. 34). Em seu livro “Os sete 
saberes necessários à educação do futuro”, o autor discute sobre a importância de alguns 
aspectos sobre o conhecimento pertinente, como: o global, o contexto, o multidimensional 
e o complexo. Dessa forma, para se alcançar o conhecimento pertinente é necessário 
que todos estes caminhos sejam percorridos, ou seja, a separação das ciências na era 
moderna só contribuiu para o esgotamento do conhecimento, pois a falta de diálogo e 
conexão entre áreas do saber terminou por atrofiar o intelecto humano. 
Parafraseando Bauman, em uma entrevista à Globo News (2016), ao tratar da “modernidade 
líquida” (2001), cita o biólogo Edward Osborne Wilson, e diz: “estamos nos afogando 
em informações e famintos por sabedoria”. As transformações do atual século, como 
a falência de algumas instituições e a perda do poder delas, têm contribuído para a 
alienação social e os baixos resultados no cenário educacional. 
O historiador inglês Peter Burke (2016, p. 19), em seu estudo sobre o que é história do 
conhecimento, diz:
“Estamos afogados em informações”, por vezes escutamos, mas “famintos 
por conhecimento”. Em sua peça “A rocha” (1934), T. S. Eliot já fazia essas 
perguntas, “Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento? e 
“Onde está o conhecimento que perdemos na informação?”. Tomando 
emprestada a famosa metáfora de Claude Lévi-Strauss, é válido pensar 
na informação como algo cru, e no conhecimento como algo cozido. 
Bauman e Peter Burke dialogam em suas exposições a respeito do conhecimento e da 
própria construção. O século XXI escancara a quarta revolução industrial. A expansão dos 
recursos tecnológicos e das mídias tem ao mesmo tempo contribuído para a disseminação 
de informações como também tem gerado o esgotamento do conhecimento pertinente. 
A velocidade com que chegam as informações e o distanciamento das ciências tem 
prejudicado o diálogo entre elas, levando o indivíduo à alienação social.
21
FILOSOFIA E FILOSOFIA DA EDUCAçãO • CAPÍTULO 1
Para Morin (2011, p. 33), “A era planetária necessita situar tudo no contexto planetário. 
O conhecimento do mundo como mundo é necessidade ao mesmo tempo intelectual 
e vital”. O pensador reforça em sua obra “Os sete saberes necessários à educação 
do futuro” que é preciso reformar o pensamento se quiser chegar ao conhecimento 
pertinente. Alguns paradigmas precisam ser quebrados ou reformados, possibilitando 
a articulação e organização do conhecimento.
A educação do futuro precisa passar por uma reforma de modo que os saberes 
dialoguem com todas as áreas do conhecimento, agregando valor, contribuindo para 
a interdisciplinaridade, a transversalidade, e a multidimensionalidade dos saberes no 
contexto da educação nos dias atuais. 
 Sugestão de estudo complementar
Figura 15. Etapas do conhecimento.
Fonte: Elaborado pelo autor.
 Sintetizando
A Filosofia teve sua origem na Grécia Antiga, num período em que os mitos já não respondiam às dúvidas em sua totalidade. 
Os primeiros filósofos já apresentavam respostas mais precisas das coisas, explicando a origem do cosmo por meio de 
suas substâncias primordiais. O distanciamento entre as ciências ao longo da Idade Moderna, em especial da Filosofia, 
parece não ter sido muito bom, a falta de diálogo entre a filosofia e as ciências gerou um abismo desintegrando as áreas do 
conhecimento.
A Filosofia no contexto da Educação muito contribuiu e ainda contribui no contexto da formação dos professores, tornando-
os mais críticos, ampliando seus olhares sobre seu entorno e sobre suas atribuições na escola, contribuindo para a inclusão 
social, para um ensino democrático, coletivo, ampliando o conceito de liberdade com práticas colaborativas e inovadoras.
Nessa perspectiva, não se pode imaginar, promover a busca pelo conhecimento pertinente de forma segregada, mas 
na unidade e na diversidade, tendo como fio condutor a compreensão do contexto em suas multidimensões, globais e 
complexas.
22
Introdução do Capítulo
A filosofia surge na Grécia na segunda metade do século IV, a. C., e é também apresentada 
como expoente do conhecimento racional e sistemática. Essa nova ciência apresenta 
um novo modo de enxergar e de explicar os fenômenos da natureza, nesse sentido, até 
o seu surgimento, o modo de pensar e conhecer o mundo eram por meio de explicações 
mitológicas, ou seja, pelos mitos. A Paideia era muito mais do que um símbolo para os 
gregos, era muito mais complexa do que imaginamos. Para os gregos, a educação consistia 
em elevar a capacidade humana a um nível superior. Foi nesse período de profunda 
transformação social e cultural que os socráticos (Sócrates, Platão e Aristóteles) se 
dedicaram a investigar o ser humano, diferentemente dos pré-socráticos, que se dedicavam 
a investigar a natureza.
Objetivos
 » Identificar o mito e sua potência filosófica, a partir da análise de narrativas antigas.
 » Conceituar Paideia e estabelecer uma contraposição à concepção utilitarista da 
educação contemporânea.
 » Refletir sobre as possibilidades de utilização do método socrático.
 » Analisar o Mito da Caverna e suas diversas interpretações.
 » Identificar a relação entre política e moral em Aristóteles.
2
CAPÍTULO
A FILOSOFIA E A FORMAçãO DO 
HOMEM À LUz DO PEnSAMEntO 
gREgO
23
A FILOSOFIA E A FORMAçãO DO HOMEM À LUz DO PEnSAMEntO gREgO • CAPÍTULO 2
Figura 16. Sócrates.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/socrates-sketch-style-vector-portrait-1231822303. 
A construção do homem sempre teve a educação como aliada e sua liberdade sempre foi 
condicionada à questão do seu tempo. Nessa busca pela liberdade, muitas vezes abrimos 
mão da segurança e quando buscamos a segurança, abrimos mão da liberdade. É nessa 
dicotomia que a formação do homem à luz do pensamento grego é construída. Parafraseando 
Rousseau, “o homem só pode ser bom numa sociedade racional, portanto a educação tem 
como finalidade a reconstrução do homem”.
A Educação sempre pertenceu à comunidade, não é uma propriedade individual, é peça 
fundamental no construto do caráter da comunidade. Assim, a estrutura dos grupos 
sociais e da sociedade assenta-se em leis, códigos, normas escritas e não escritas, 
unindo seus compatriotas. Toda educação é resultado da consciência coletiva, participa 
da vida e do crescimento social. A Grécia tem uma formação plural, o Helenismo, por 
exemplo, ocupou uma posição singular com uma forte presença dos povos orientais. 
Sofreu diversas influências, as cidades-Estados eram autônomas e divergiam em vários 
aspectos, principalmente no modelo de Educação.
Educação enquanto resultado da consciência humana, também rege a comunidade em 
sua integralidade, seja familiar, profissional, religiosidade, étnica e até mesmo estatal. 
Assim, a educação na Grécia participava da vida e do próprio crescimento econômico, 
cultural, político e espiritual da sociedade. O pensamento grego reflete o espelho do 
pensamento moderno, seja culturalmente, seja historicamente enquanto modelo e símbolo 
da consciência racional. Os gregos adquiriram autoconsciência ao longo do tempo, 
transmitiram a posteridade, sempre se colocaram a serviço da polis.
Na busca pelo desenvolvimento individual do cidadão e sua preparação intelectual 
estreitamente ligado à moral e à política é o que melhor define o modelo de educação da 
Grécia Antiga. Desde a primeira infância, as crianças viviam no âmbito familiar geralmente 
assistidas pela mãe, sob a autoridade do pai. O menino, a partir dos sete anos de idade, era 
inserido em instituições públicas que lhe concediam uma identidade e em que aprendia uma 
profissão. As meninas não recebiam educação formal; limitavam-se a aprenderem os ofícios 
24
CAPÍTULO 2 • A FILOSOFIA E A FORMAçãO DO HOMEM À LUz DO PEnSAMEntO gREgO
domésticos com a mãe ou empregada da casa. Aqui refere-se à maior parte da populaçãogrega, que eram os pobres, pois o modelo de educação oferecido aos filhos da aristocracia 
ateniense era bem diferente. Vale ressaltar que a escola ainda era um privilégio da elite, 
atendendo apenas os filhos de famílias tradicionais ou da antiga nobreza como, também, 
dos comerciantes enriquecidos. 
Na Grécia Antiga, o modelo de educação, também chamado de Paideia, objetivava a 
formação do indivíduo em sua totalidade. Será que todos os cidadãos tinham acesso a 
esse modelo de educação? Pensamos nesse modelo de forma dualista, pois a forma como 
eram passados esses conhecimentos era diferenciada entre o povão e a elite. A educação 
oferecida aos pobres era inferior, geralmente voltada para o trabalho, enquanto os jovens 
aristocratas tinham acesso a retórica, oratória, filosofia e outras. 
Se compararmos ao modelo de educação de hoje, não há muita diferença. Esse modelo 
ainda se perpetua nos dias atuais, a elite continua tendo acesso a um modelo de educação 
mais elaborado, sofisticado, com recursos tecnológicos atualizados às necessidades do 
mercado, e a maior parte da população continua recebendo um modelo de educação 
engessado e desconectado do mundo atual. Atenas e Esparta possuíam o mesmo conceito 
de paideia; entretanto, sua aplicabilidade era bem diferente; em tese, a educação em 
Atenas era voltada para a formação do cidadão consciente, enquanto Esparta privilegiava 
o físico, o corpo, deixando para segundo plano o intelecto. 
A educação espartana era totalmente militarizada, a força, a disciplina e a obediência 
eram os pilares do deu modelo de educação. Seu objetivo era a formação do cidadão 
para defender a sua pólis, seu território e, por fim, o seu povo, sempre focados na guerra, 
servidores do estado. As crianças, desde os sete anos de idade, eram tiradas de seus familiares 
e incorporadas à escola militar. A formação do cidadão soldado começava desde cedo. 
Figura 17. A pólis.
 
Pólis Significa cidade-estado. Na antiga Grécia, 
a pólis era um pequeno território localizado 
geograficamente no ponto mais alto da região, e 
cujas características eram equivalentes a uma 
cidade. 
Fonte: https://www.shutterstock.com/image-photo/north-view-parthenon-acropolis-athens-greece-80231839. 
25
A FILOSOFIA E A FORMAçãO DO HOMEM À LUz DO PEnSAMEntO gREgO • CAPÍTULO 2
A cultura grega marca a origem da civilização ocidental, influenciou as artes, a ciência, 
a política e tantas outras, e destacou a ideia de que a natureza opera obedecendo às 
leis e princípios universais conhecidos pelo nosso pensamento. Vale ressaltar que o 
aparecimento das cidades-estados constitui, na história do pensamento grego, um 
acontecimento decisivo no plano intelectual. 
Os símbolos materiais e culturais, desde o surgimento das primeiras civilizações, sempre 
foram passados de geração para geração, os elementos simbólicos sempre fizeram parte da 
vida humana. Os hábitos, as tradições e os costumes herdados ao longo da história também 
representam marcas identitárias de povos e civilizações que demarcam a geograficidade 
e a pertença dos indivíduos. A história da arte e da arquitetura grega está estreitamente 
ligada à mitologia e à própria filosofia enquanto elementos simbólicos e representativos 
das primeiras civilizações. 
2.1 Do mito à filosofia: as bases do pensamento grego
Figura 18. Mito e Filosofia.
Fonte: https://www.shutterstock.com/image-vector/plato-philosophy-allegory-cave-1341680912. 
O nascimento da filosofia na Grécia é marcado pela passagem da cosmogonia para a 
cosmologia. A cosmogonia, típica do pensamento mítico, é descritiva e explica como do 
caos surge o cosmos, a partir da geração dos deuses, identificados às forças da natureza. 
Na cosmologia, as explicações rompem com a religiosidade: a arché (princípio) não se 
encontra mais na ordem do tempo mítico, mas significa princípio teórico, enquanto 
fundamento de todas as coisas. Daí a diversidade de escolas filosóficas, dando origem a 
fundamentações conceituais (e, portanto, abstratas) muito diferentes entre si. (ARANHA; 
MARTINS, 1993, p. 93).
O mito, enquanto narração e experiência vivida, desde os primórdios, apresenta-se 
como um saber que justifica o ser humano e o mundo, dando-lhes sentido global 
26
CAPÍTULO 2 • A FILOSOFIA E A FORMAçãO DO HOMEM À LUz DO PEnSAMEntO gREgO
inquestionável fundado no intemporal. Os mitos são formas de justificar o ser humano 
em sua totalidade, criando uma base de compreensão em forma de mapas mentais. 
Os mitos têm a função de restaurar uma desordem numa situação de ameaças e de 
incertezas, diferente dos mitos da origem que partiam do pressuposto da compreensão 
da origem humana resultante de uma dimensão sapiencial.
O mito teria surgido em virtude das incertezas, do medo e da angústia do homem diante 
da natureza hostil e impiedosa. Essa força exterior do mundo natural, misteriosa de 
difícil interpretação sempre esteve no controle de tudo. Os fenômenos naturais e seus 
impactos contribuíram para a construção do imaginário humano sobre sua incapacidade 
de autocontrole e de domínio sobre a própria natureza. Assim, o mito baseia-se em um 
tempo indeterminado, no imaginário humano estreitamente ligado aos fenômenos naturais.
A religião e os mitos sempre fizeram parte do imaginário social da antiguidade oriental, 
ancorado na natureza das coisas. Diferentemente dos gregos, que a partir do século IV a.C., 
já buscavam suas respostas por meio das questões científicas.
Figura 19. Pensamento mítico e filosófico.
 
* Não tem justificativa
PENSAMENTO * Sua transmissão é oral
MÍTICO * Fechado a críticas 
* É cultural
* Tem origem cronológica indeterminada
* Sua transmissão é escrita
PENSAMENTO * É natural
FILOSÓFICO * É individual
* Aberto a críticas
* Tem origem cronológica determinada
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/lightning-during-night-12490615; https://www.shutterstock.com/
pt/image-photo/statue-ancient-greek-philosopher-socrates-athens-1567155661. 
 Para refletir
Veja a tirinha “do mito à Filosofia”. Disponível em:http://www.pensamentoradical.com/2012/12/diferenca-entre-mito-e-
filosofia.html.
27
A FILOSOFIA E A FORMAçãO DO HOMEM À LUz DO PEnSAMEntO gREgO • CAPÍTULO 2
2.2 Paideia: a formação do homem grego
Figura 20. Escola de Atenas.
Fonte: https://www.shutterstock.com/image-photo/vatican-sept-22-2014-school-athens-1783942580. 
A origem da paideia está estreitamente ligada ao nascimento da filosofia. A compreensão 
de pelos gregos, seja por meio do mito ou da religião, subjazem os problemas filosóficos e 
educacionais. Os primeiros pensadores investigaram o mundo da physis, ou seja, a ordem 
causal ou a substância primordial de todas as coisas, como, por exemplo, os fenômenos da 
lua, das estrelas, do sol, sobretudo a origem do cosmo.
A paideia homérica forma o homem em dois períodos distintos, o primeiro período reflete 
sobre a formação do guardião da pólis, para a guerra, e o segundo período corresponde 
à formação intelectual, para exercer a política e governar com virtude. Foram esses 
processos pedagógicos que direcionaram a formação do homem na Grécia, processo 
lento e contínuo. É na Grécia aristocrática que nasce o ideal de homem superior. Sobre 
a importância dessa temática, Nunes (1987) diz: O homem sempre foi questão central 
no mundo e desde a Antiguidade clássica Sócrates e seus discípulos Platão e Aristóteles 
já se interessavam em especial pela temática. Platão e Aristóteles debruçam-se sobre a 
racionalidade e a existência social do homem. 
Colocar os conhecimentos como força formativa a serviço da educação e 
formar por meio deles verdadeiros homens, como o oleiro modela a sua 
argila e o escultor as suas pedras [...] com a educação ser um processo de 
construção consciente do ser humano. ( JAEGER, 2003, p. 13).
O conceito de areté é virtude moral e refere-se a um ideal de excelência humana. Vale 
ressaltar que esse ideal era restrito apenas à nobreza aristocrática grega. A virtude 
como um ideal moral resultava de uma educaçãoque a ela competia controlar e 
administrar os impulsos da alma, pois a busca de tornar os homens melhores dependia 
do aprimoramento de si e da excelência da educação. 
28
CAPÍTULO 2 • A FILOSOFIA E A FORMAçãO DO HOMEM À LUz DO PEnSAMEntO gREgO
O termo areté está estreitamente ligado à formação do “aristos”, ou seja, homem bom, 
excelente, superior/melhor, também chamado de “aristoi”, termo que representava os 
aristocratas/nobreza. Enquanto expressão de força, coragem e bravura, o areté simbolizava 
o heroísmo também fruto da união bravura militar e nobreza. 
A paideia grega era um sistema de educação e formação ética do cidadão na Grécia Antiga 
e tinha como objetivo formar um cidadão completo, e perfeito e para o cidadão chegar 
a esse estágio, era precisa pela formação em diversas áreas do conhecimento, como: 
Gramática, Matemática, Geografia, Ginástica, Retórica, Música, História e Filosofia. A 
paideia diz respeito ao ser humano e somente a ele, ou seja, a história da Grécia antiga é 
fundamentada à luz do sistema educacional paidêutico, processo abrangente da formação 
humana que contempla a imagem do ser humano ideal.
A história da Educação sempre esteve condicionada pela transformação dos valores 
humanos, por meio de uma educação participativa na vida social e no desenvolvimento 
espiritual. Para os gregos, a paideia não é um aspecto exterior da vida, o conhecimento 
pressupõe uma estrutura espiritual também. É nesse contexto que surge como princípio 
a valorização do homem, homem este que pouco se afasta das ideias difundidas pelo 
Cristianismo séculos depois, como exemplo: o valor infinito de cada alma humana.
Vale ressaltar que os gregos tiveram o senso inato referente ao que se trata da “natureza”, 
como, também, a visão artística, como talento estético e a oratória com os princípios 
formais presentes na escultura e na arquitetura. De fato, muito aprendemos com os gregos, 
sobretudo sobre as formas de pensamento, a oratória, a arte humanista, as mudanças da 
natures e da natureza humana, os códigos e as leis e até a poesia.
Aqui não tratamos apenas de uma soma de observações abstratas ou particulares a respeito 
do que herdamos do modelo de educação grega, mas reforçamos suas contribuições 
para a construção de um modelo de educação que aspire a uma formação integral do ser 
humano e que coloque esse conhecimento a serviço de uma educação que privilegie os 
princípios naturais da vida humana e as leis imanentes que a regem.
Nessa perspectiva, a educação grega revela o homem enquanto homem político, a serviço 
da pólis, da comunidade, extremamente vinculado a “ser do homem”. Ou seja, exercia uma 
função social a própria trindade, não santa, mas a trindade grega do poeta, do homem de 
estado e do sábio que a partir.
29
A FILOSOFIA E A FORMAçãO DO HOMEM À LUz DO PEnSAMEntO gREgO • CAPÍTULO 2
2.3 Sócrates: da aparência à essência e a maiêutica
Figura 21. Sócrates.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/ancient-greek-philosopher-talking-students-1779577568. 
Sócrates, considerado o pai da filosofia ocidental, viveu entre os anos (470 a.C.-399 a.C.). 
O princípio de sua filosofia estava na frase “Conhece-te a ti mesmo”. Sócrates não deixou 
obra escrita, mas outros filósofos como Platão, Xenofonte, Aristófanes e Aristóteles. Foram 
esses filósofos e discípulos que se encarregaram de propagar seus ensinamentos e o seu 
método de investigação do conhecimento induziu a busca da verdade última.
O método e a dialética de Sócrates também estão ligados a sua descoberta 
da essência do homem como psyché, porque tendem de modo consciente 
a despojar a alma da ilusão do saber, curando-a dessa maneira a fim de 
torná-la idônea a acolher a verdade. Assim, as finalidades do método 
socrático são fundamentalmente de natureza ética e educativa, e apenas 
secundária e mediatamente de natureza lógica e gnosiológica. (REALE, 
2003, p. 100)
Sócrates foi condenado à morte simplesmente por defender e manter-se fiel a seus 
princípios. Filho de uma parteira e de um escultor, homem de uma sabedoria ímpar, ficou 
conhecido pela história ocidental como o homem mais sábio entre todos de sua época. 
O seu grande legado foi o seu método, também conhecido como diálogo Socrático. Sua 
busca incessante pela verdade custou sua vida, mas era por meio do diálogo que Sócrates 
se dirigia a todos, provocando-os a exercícios do autoconhecimento, analisando suas 
supostas certezas. Sócrates era um homem comum, até o oráculo de Delfos indicar que 
ele era o homem mais sábio de seu tempo. 
A ironia e a maiêutica definem melhor sua busca pela verdade, ou seja, a “arte de trazer à 
luz”. Enquanto a ironia consiste em demonstrar aos interlocutores o quanto suas certezas 
são frágeis e infundadas, a maiêutica consiste em fazer com que os interlocutores elaborem 
suas próprias ideias e entendam como as adotaram e sua autenticidade. Assim, o parto 
das ideias foi uma forma carinhosa de representar sua mãe “parteira”, só que ao invés do 
parto da vida, a maiêutica representava o parto das ideias. Para Sócrates, a ignorância ou 
30
CAPÍTULO 2 • A FILOSOFIA E A FORMAçãO DO HOMEM À LUz DO PEnSAMEntO gREgO
o não conhecimento era preferível ao mau uso do conhecimento, ou seja, o conhecimento 
em mãos erradas é uma ameaça. 
A ironia representa a primeira parte do método socrático, que significa “perguntar, fingindo 
não saber”. Por ter um caráter negativo, nega os prejulgamentos e as preconcepções. Assim, 
por meio das perguntas proferidas ao interlocutor, evidenciava que o conhecimento que 
julgava possuir não passava de mera opinião. 
A dialética de Sócrates coincide com o seu próprio dialogar (diálogos), 
que consta de dois momentos essenciais: a “refutação” e a “maiêutica”. Ao 
fazê-lo, Sócrates valia-se da máscara do “não saber” e da temida arma da 
“ironia”. Cada um desses pontos deve ser adequadamente compreendido. 
(REALE, 2003, p. 101)
Sócrates sem sua maiêutica tentava guiar o interlocutor em seus discursos de modo a 
reproduzir novos conceitos e ideias despojando-se de tudo que se supõe saber. O ato de 
partejar seria etimologicamente o conceito de maiêutica. Em tese, o método socrático que 
se divide em ironia e maiêutica tem como objetivo afastar a doxa – a opinião – e alcançar 
a episteme, ou seja o verdadeiro conhecimento. Sócrates, em sua dialética, tinha como 
objetivo fazer o interlocutor perceber a sua ignorância e a partir desse reconhecimento do 
saber, o indivíduo sentia-se desafiado a produzir um novo conhecimento
Veja o que diz Mondin (2015, p. 127). 
Como é a mãe que gera o filho e o obstetra somente a ajuda a trazê-lo ao 
mundo, assim também o verdadeiro educador não comunica a “verdade”, 
mas coloca o educando em condição de encontrar a resposta por si só. 
Antes de tudo, com efeito, a educação é autopromoção da personalidade 
do sujeito que se educa. Nessa perspectiva, o conhecimento resulta de 
buscas, indagações e experiências vividas o que termina enriquecendo o 
diálogo e a construção do conhecimento. 
2.4 Platão: “A República” e a Alegoria da Caverna
O mito da Caverna de Platão nos convida a uma reflexão acerca do conhecimento. Nos 
Afastamo-nos da essência quando prestamos atenção apenas nas aparências, o que nos 
leva a acreditar que as sombras sejam a realidade.
31
A FILOSOFIA E A FORMAçãO DO HOMEM À LUz DO PEnSAMEntO gREgO • CAPÍTULO 2
Figura 22. Platão.
Fonte: https://www.shutterstock.com/image-vector/plato-engraved-vector-portrait-ink-contours-1164523306. 
No mito da caverna, Livro VII, da obra “A República”, Platão (428-347 a.C.) descreve uma 
caverna em que os indivíduos estão acorrentados desde a infância, de tal forma que não 
podendo se voltar para a entrada, onde há uma fogueira, apenas enxergam o fundo da 
caverna. A luz da fogueira projeta, no fundo da caverna, sombras das coisas que passam as 
suas costas. Assim, se um desses homens se libertasse das correntes e chegasse à luz do dia, 
voltariacontando aos outros o que são realmente os verdadeiros objetos. Entretanto, seus 
companheiros o tomariam por louco, pois não acreditariam em suas palavras. 
O mito da caverna, também conhecido como alegoria da caverna, foi escrito no século 
IV antes de Cristo, esta metáfora tem uma intenção filosófico-pedagógica, e, por 
sua complexidade, pode nos levar a diversas interpretações ao longo da história da 
humanidade, seja epistemológica ou política.
Entretanto, vimos com clareza a nossa própria condição de prisioneiros de nossas 
convicções, pelo fato de quase sempre valorizarmos as aparências, deixando de lado a 
essência das coisas a nossa volta. 
A alegoria da caverna é uma metáfora da condição humana diante da realidade do 
mundo, reforçando a importância do conhecimento filosófico e da educação como 
forma de superação da ignorância humana. Para Platão, o processo de construção 
do conhecimento ou da consciência abrange dois elementos ou domínios, o mundo 
sensível e o mundo das ideias. Segundo Platão, a realidade das coisas está no mundo 
das ideias, entretanto, a parte da humanidade vive na ignorância, ou seja, no mundo 
das coisas sensíveis.
Nessa alegoria, o diálogo realizado em primeira pessoa é de Sócrates e seus interlocutores, 
Glauco e Adimanto, irmãos mais novos de Platão, apresenta um modelo metafórico 
dando ênfase ao processo de conhecimento, mostrando a visão de mundo do ignorante, 
que vive de senso comum, e do filósofo, amante da verdade.
32
CAPÍTULO 2 • A FILOSOFIA E A FORMAçãO DO HOMEM À LUz DO PEnSAMEntO gREgO
Sócrates – Em seguida – continuei – imagina a nossa natureza, relativamente 
à educação ou sua falta. De acordo com a seguinte experiência. Suponhamos 
uns homens numa habitação subterrânea, em forma de caverna, com uma 
entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e 
pescoços acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão 
o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; 
a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por 
detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. 
Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, 
semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante 
de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas.
Glauco – Eu os Vejo – disse ele.
Sócrates – Veja também ao longo deste muro, homens que transportam 
objetos de toda espécie, que os transpõem: estatuetas de homens e animais, 
de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses 
transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio.
Glauco – Estranho quadro e estranhos prisioneiros são esses de que tu falas.
Sócrates – Assemelham-se a nós – continuei. – Em primeiro lugar, pensas 
que, nestas condições, eles tenham visto, de si mesmos e dos outros, mais 
do que as sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica 
defronte?
Glauco – Como não – respondeu ele –, se são forçados a ficar de cabeça 
imóvel durante toda a vida?
Sócrates – E os objetos transportados? Não se passa o mesmo com eles?
Glauco – Sem dúvida.
Sócrates – Então, se eles fossem capazes de conversar uns com os outros, não 
achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam?
Glauco – Realmente.
Sócrates – De qualquer modo – afirmei –, pessoas nessas condições não 
pensavam que a realidade fosse senão a sombra dos objetos. 
Glauco – Sim – disse ele.
Sócrates – Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às 
sombras dos objetos fabricados?
Glauco – Assim terá de ser.
33
A FILOSOFIA E A FORMAçãO DO HOMEM À LUz DO PEnSAMEntO gREgO • CAPÍTULO 2
Sócrates – Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem 
libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte um 
desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se imediatamente, 
a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao fazer todos 
estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os 
objetos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se alguém 
lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais 
perto da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? 
Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que passam, o obrigar, à força 
de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as 
sombras que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos 
que lhe mostram agora?
Glauco – Sem dúvida – afirmou.
Sócrates – Portanto, se alguém o forçasse a olhar para a própria luz, os seus 
olhos não ficarão magoados? Não desviará ele a vista para voltar às coisas 
que pode fitar e não acreditará que estas são realmente mais distintas do 
que as que se lhe mostram?
Glauco – Seria assim – disse ele.
Sócrates – E se o arrancassem dali à força e o fizessem subir o caminho rude 
e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, 
não sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver 
chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir 
uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras?
Glauco – Não poderia, pelo menos de início.
Sócrates – Precisava de se habituar, julgo eu, se quisesse ver o mundo 
superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, 
as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; 
por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a 
claridade dos astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, 
os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o Sol e sua luz.
Glauco – Pois não!
Sócrates – Finalmente – julgo eu, seria capaz de olhar para o sol, e não as 
suas imagens refletidas nas águas ou em qualquer outra coisa, mas o próprio 
Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá ver e contemplar tal qual é.
Glauco – Necessariamente.
34
CAPÍTULO 2 • A FILOSOFIA E A FORMAçãO DO HOMEM À LUz DO PEnSAMEntO gREgO
Sócrates – Depois já compreenderia, acerca do Sol, que é ele que faz as 
estações e os anos, que governa tudo no mundo visível e que, de certa maneira, 
é a causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna.
Glauco – É evidente que depois chegará a essa conclusão.
Sócrates – Então? Quando ele se lembrasse de sua primeira morada, da 
sabedoria que aí se professa e daqueles que foram seus companheiros de 
cativeiro, não achas que se alegrará com a mudança e lamentará os que lá 
ficaram?
Glauco – Com certeza, Sócrates.
Sócrates – E as honras e louvores, se tivessem recompensas para aquele 
que se apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras, 
que melhor se recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou 
em último lugar, ou virem juntas, e que por isso era o mais hábil em 
adivinhar a sua aparição, e que provocasse a inveja daqueles que, entre 
os prisioneiros, são venerados e poderosos? Ou então, como o herói de 
Homero, não preferirá mil vezes ser um simples lavrador, e sofrer tudo 
no mundo, a voltar às antigas ilusões e viver como vivia?
Glauco – suponho que seria assim – respondeu – que ele sofreria tudo a ter 
de viver dessa maneira.
Sócrates – Imagina ainda o seguinte – prossegui – se um homem volta à 
caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: Não ficará com os olhos cegos 
pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol?
Glauco – Com certeza.
Sócrates – E se lhe fosse necessário julgar daquelas sombras em competição 
com os que tinha estado sempre prisioneiro, no período em que ainda estava 
ofuscado antes que seus olhos se tenham recomposto, pois habituar-se à 
escuridão exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros se riam à 
sua custa e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo 
que não vale a pena tentar subir até lá? E se alguém tentar libertar e conduzir 
para o alto, esse alguém não o mataria, se pudesse fazê-lo?
Glauco – Matariam, sem dúvida.Sócrates – Deve agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar, ponto por 
ponto, esta imagem ao que dissemos atrás e comparar o mundo que nos 
cerca com a vida da prisão na caverna, e a luz do fogo que a ilumina com 
a força do Sol. Quanto à subida à região superior e à contemplação dos 
seus objetos, se a considerares como a ascensão da alma para a mansão 
35
A FILOSOFIA E A FORMAçãO DO HOMEM À LUz DO PEnSAMEntO gREgO • CAPÍTULO 2
inteligível, não te enganarás quanto à minha ideia, visto que também tu 
desejas conhecê-la. Só Zeus sabe se ela é verdadeira. Quanto a mim, a 
minha opinião é esta: no mundo inteligível, a ideia do bem é a última a ser 
apreendida, e com dificuldade, mas não se pode apreendê-la sem concluir 
que ela é a causa de tudo o que de reto e belo existe em todas as coisas; 
no mundo visível, ela engendrou a luz; no mundo inteligível, é ela que é 
soberana e dispensa a verdade e a inteligência; e é preciso vê-la para se 
comportar com sabedoria na vida particular e na vida pública.
Glauco – Concordo com a tua opinião, até onde posso compreendê-la.
Texto adaptado (José Silva) – (Platão, “A República”, Livro VII)
2.5 Aristóteles: educação, ética da virtude e política
Figura 23. Aristóteles.
Fonte: https://www.shutterstock.com/image-vector/aristotle-watercolor-vector-portrait-ink-contours-1110672491.
A educação e a política estão estreitamente ligadas na Antiga Grécia. Na obra “Política”, 
de Aristóteles, o homem enquanto ser cível é condicionado a viver em sociedade e a 
pólis, também como organismo vivo, tem como função assegurar o atendimento às 
necessidades materiais para melhor atender o homem, inclusive em sua vida intelectual. 
Assim, a educação torna-se capaz de conduzir e assegurar o regime e a saúde da pólis, 
fornecendo a unidade orgânica, ocupando a vida de cada cidadão desde o seu nascimento. 
Para Aristóteles, o homem bem instruído, educado, estaria apto para legislar e governar 
a si próprio e as necessidades da pólis; é no exercício da virtude e na ação perfeita 
das coisas que encontramos a felicidade e a felicidade está estreitamente ligada ao 
conhecimento do cidadão. Entretanto, Aristóteles observa que não existe um consenso 
a respeito do conceito de felicidade e destaca três modos de vida: a vida política; a vida 
guiada pelo prazer e vida contemplativa e que cada modo de vida por ele apresentada 
tem uma percepção distinta a respeito do que é a felicidade.
36
CAPÍTULO 2 • A FILOSOFIA E A FORMAçãO DO HOMEM À LUz DO PEnSAMEntO gREgO
A política, para Aristóteles, está associada à moral. Entretanto, a finalidade última 
do estado é a virtude e, para que isso ocorra, a formação moral do cidadão se torna 
necessária. Segundo Aristóteles (apud SILVEIRA, 2001, p. 46), “o estado é um organismo 
moral, condição e complemento da atividade moral individual, e fundamento primeiro 
da suprema atividade contemplativa”. Para Carlota Boto, professora da Faculdade de 
Educação da Universidade de São Paulo, “Em suas reflexões sobre ética, Aristóteles 
afirma que o propósito da vida humana é a contemplação da vida boa. Isso significava 
ao mesmo tempo vida ‘do bem’ e vida harmoniosa”. Para Aristóteles, a educação é um 
caminho para a vida pública e cabe à educação a formação do caráter do aluno. E, aindade 
acordo com Aristóteles, todas as coisas têm uma finalidade; é isso que leva todos os seres 
vivos a desenvolverem um estado de imperfeição para outro de perfeição.
Diferente de Platão, que é um crítico da sociedade democrática ateniense, Aristóteles 
compreendia a educação enquanto prática democrática a ser construída por meio 
da disciplina. A educação do cidadão integral deveria alcançar todos os campos do 
conhecimento alinhado ao desenvolvimento moral e cívico e preparar o indivíduo para 
os desafios da vida.
Para Aristóteles, será apenas por meio da educação que o homem alcançará o bem-estar 
comum, a política. Essa educação será coordenada por um conjunto de atividades pedagógicas 
que possibilitará a cidade e o cidadão feliz e o governante tem como função primeira: 
ocupar-se da educação dos jovens, guiá-los à prática das virtudes, criar leis que promovam 
a educação, estabelecendo o equilíbrio moral e político. 
 Sintetizando
A formação do homem à luz do pensamento grego sempre esteve associada à educação como aliada condicionada à questão 
do seu tempo. Nessa busca pela liberdade, muitas vezes abrimos mão da segurança, e quando buscamos a segurança 
abrimos mão da liberdade, sendo impossível ter as duas a seu favor. O modelo de educação, também chamado de paideia, 
objetivava a formação do indivíduo em sua totalidade, mas de qual indivíduo, pois sabemos que a Grécia era uma cidade-
estado escravocrata.
Vale ressaltar que a religião e os mitos sempre fizeram parte do imaginário social dos gregos, ancorados na natureza das 
coisas. A mitologia teria surgido em virtude das incertezas, do medo e das angústias do homem diante da natureza hostil e 
impiedosa. Em seu método, Sócrates apresenta a Ironia e Maiêutica, e a sua busca pela verdade. Enquanto a ironia consiste 
em demonstrar aos interlocutores o quanto suas certezas são frágeis e infundadas, a maiêutica, consiste em fazer com que os 
interlocutores elaborem suas próprias ideias e entendam como as adotou e sua autenticidade.
A alegoria da caverna enquanto metáfora da condição humana diante da realidade do mundo reforça a importância do 
conhecimento filosófico e da educação como forma de superação da ignorância humana. Essa alegoria nos convida a uma 
reflexão acerca do conhecimento nos alertando sobre o perigo quando nos afastamos da essência e prestamos mais atenção 
nas aparências. 
Aristóteles associa a política à moral; entretanto, a finalidade última do estado é a virtude. Para ele, o homem educado estaria 
apto para governar as necessidades da pólis, e no exercício da virtude encontra-se a felicidade, estreitamente ligada ao 
autoconhecimento do cidadão.
http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/aristoteles-307025.shtml
http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/aristoteles-307025.shtml
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http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/aristoteles-307025.shtml
http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/aristoteles-307025.shtml
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Introdução do Capítulo
O pensamento medieval desde suas origens no século V até o século XIV, muito interferiu na 
produção do conhecimento científico, embora haja quem diga que nesse longo período da 
História, que corresponde a dez séculos, pouco tenha sido produzido no campo da ciência. 
Os pensadores da Idade Média, em sua maioria, estão estreitamente ligados à Igreja e os 
pensadores que mais se destacaram foram: Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. 
Objetivos
 » Conhecer os conceitos da filosofia patrística e escolástica.
 » Distinguir as principais correntes filosóficas na Idade Média, buscando nelas as 
raízes do pensamento moderno.
 » Apontar a necessidade de uma formação filosófica permanente à luz do binômio 
Filosofia-Teologia.
Figura 24. Cathedral of the Resurrection of Christ in Podgorica.
Fonte: https://www.shutterstock.com/image-photo/cathedral-resurrection-christ-podgorica-
montenegro-0919-1927144874. 
3
CAPÍTULO
A FILOSOFIA E A EDUCAçãO 
MEDIEvAL
38
CAPÍTULO 3 • A FILOSOFIA E A EDUCAçãO MEDIEvAL
No capítulo anterior discutimos sobre a paideia, e sua concepção de formação integral do 
homem que, abrangeria a mente e o corpo, no entanto sabe-se que a mente humana não é 
algo tão simples. Os gregos já diziam que a mente humana possuía cinco faculdades, que 
corresponde a: pensar, valorar, sentir, decidir e fazer. Postas essas faculdades, a paideia 
tinha como função resolver também os aspectos cognitivos. Assim, estes vários aspectos da 
mente humana nos permitem imaginar estados de coisas que existem e que não existem, 
como, também, desejá-los e até criá-los.
A Idade Média, embora conhecida pejorativamente como “Idade dastrevas” entre os 
séculos, período histórico que corresponde do século V ao XV, a Igreja Católica, vista 
como a maior instituição da época, interferiu na produção do conhecimento científico, 
deixando suas contribuições. A Filosofia foi uma área do conhecimento que muito 
representou esse período por meio das produções de Santo Agostinho e São Tomás 
de Aquino, atualmente conhecidos como os maiores doutores da filosofia medieval e 
representantes do alto clero da Igreja.
A filosofia patrística e escolástica moldaram o sistema filosófico teológico tendo como 
os principais representantes Agostinho de Hipona, cuja doutrina preconiza o triunfo da 
cidade de Deus e Tomás de Aquino, a contemplação de Deus como a única contemplação 
que pode exaurir todas as exigências do pensamento.
3.1 As influências ideológicas da cultura greco-romana no 
sentido de educação na Idade Média
Figura 25. Antigo teatro greco-Romano.
Fonte: https://www.shutterstock.com/image-photo/top-view-magnificent-roman-ruins-famous-1944234031. 
Os germânicos, ao conquistarem o Império Romano do Ocidente, em 476, foram 
responsáveis por duas consequências no âmbito cultural, como o declínio da escola 
clássica greco-romana e as escolas religiosas cristãs duplas como a escola do clero secular 
39
A FILOSOFIA E A EDUCAçãO MEDIEvAL • CAPÍTULO 3
e a escola do clero regular. Quando o Império Romano do Ocidente cai no final do 
último quartel do século V, O Cristianismo já estava se tornando uma instituição 
religiosa pronta para assumir o seu lugar no mundo: Os primeiros padres da Igreja, 
no intuito de converterem os pagãos e combater os hereges, fortaleceram ainda mais 
a filosofia cristã, justificando suas práticas a partir da fé, momento esse em que se 
desenvolveu a apologética, que consistia em um discurso religioso e racional em 
defesa do Cristianismo.
[...] Educar implica em reconhecer que a condição humana é aprendida, 
que é historicamente produzida, que a educação é um projeto definido 
no tempo e no espaço humano e natural. Significa formar o homem, 
engendrar, isto é, fazer produzir, a pessoa humana, para a vida em 
sociedade. Implica em reconhecer que a tarefa de fazer-se homem, a 
hominização de si, renova-se a cada nascimento, a casa geração, a cada 
criança. (BORTOLINI, 2018, p. 23)
A formação plena do homem, presente na paideia, demarca um período que vai além 
da Antiguidade clássica. A essa paideia os invasores romanos serão submetidos; ela vai 
permanecer como modelo por muito tempo, inclusive substituiu até helenístico. As escolas 
helenísticas como, por exemplo: o estoicismo, o epicurismo e o ceticismo florescem 
justamente nesse período de transição e de profundas transformações sociais, que estão 
estreitamente associadas a uma lógica, e ética que se interligam às questões materiais da 
vida e problemas relacionadas à própria existência.
É nessa passagem do período helenístico, também chamado de antiguidade clássica, 
que ocorre o surgimento do Cristianismo. O declínio das estruturas imperiais do período 
contribuiu para a expansão do Cristianismo e nesse cenário a pregação de Jesus nutre 
o desejo de promoção da justiça e da paz. Assim, o crescimento do Cristianismo está 
estreitamente ligado às condições sociais, políticas e históricas promovidas pelo Império 
Romano do Ocidente. 
[...] o êxito histórico do Cristianismo [deu-se] no crítico momento da 
decadência do mundo antigo, configurada na decadência dos grandes 
impérios dos quais o império romano é síntese e principal exemplo. 
Contudo, para entender como se passa esta transformação é preciso recuar 
ainda mais e captar o “espírito” da crise que já se anunciava no epígono 
da grande civilização grega dominada pelos romanos. Podemos dizer que 
este período de crise se inicia por volta do século II a.C. e estende-se até o 
século V d.C. quando já estão consolidadas as sínteses estruturais básicas 
que sustentarão toda a Idade Média. Podemos dizer que efetivamente, é a 
partir do século V que se inicia um novo tempo e um novo mundo, mundo 
no qual a igreja organiza tudo e produz um imaginário social que lhe garante 
o real domínio tanto ideológico quanto real político. (NUNES, 1987, p. 38)
40
CAPÍTULO 3 • A FILOSOFIA E A EDUCAçãO MEDIEvAL
O diálogo entre o pensamento grego e o cristianismo contribuiu para um novo modelo 
pedagógico, configurando uma nova noção de paideia que durante a Idade Média vai 
se estabelecer por meio de uma experiência cristã. Foram os primeiros padres da Igreja 
que iniciaram os pilares da formação cristã intelectual e a espiritual. A Igreja enquanto 
palco fixo que se moveu durante toda a Idade Média colocou-se no centro de todas as 
manifestações, inclusive no âmbito cultural.
3.2 A Patrística (séculos II d.C-vII d.C)
Os primeiros representantes e fundadores da Patrística foram:
 » São Justino de Roma (século II), considerado o primeiro filósofo cristão, São Justino 
chegou a afirmar que o Cristianismo era a única e verdadeira filosofia.
 » São Clemente de Alexandria e Orígenes (séculos II e III).
 » São Gregório de Nissa, São Basílio de Cesaréia e São Gregório Nazianzeno, 
conhecidos como os três capadócios.
 » São Policarpo de Esmirna, discípulo de São João Evangelista.
 » Santo Agostinho de Hipona, que não foi o primeiro, mas foi o mais importante de 
todos os representantes da Patrística. 
A Patrística se caracteriza como a primeira fase da filosofia medieval cristã. Este período, 
embora citado como “Idade das Trevas” ou como se acreditava, foi um período de grandes 
transformações no campo do conhecimento, pois a filosofia clássica, ao se manter confinada 
dentro dos mosteiros, sob proteção da Igreja, possibilitou que a Filosofia continuasse viva 
até os dias atuais. 
A Patrística se destaca como a gênese da Era Cristã, representa a expressão da fé dos 
primeiros padres da Igreja ou denominados Santos Padres, sábios teólogos de reconhecida 
santidade. Construtores da teologia católica e mestres da doutrina cristã, desenvolveram 
entre os séculos II e VIII. Tratando do conceito, alguns autores restringem a Patrística 
até a época do Concílio de Calcedônia (451), já outros a prolongam até os séculos VII e 
VIII. Costuma, portanto, distinguirem-se. Patrística divide-se em três períodos:
 » Do século I ao Concílio de Nicéia (325); 
 » Daí, fase do apogeu, até o Concílio de Calcedônia (451); 
 » Período de transição para a Escolástica (Séculos VII e VIII).
41
A FILOSOFIA E A EDUCAçãO MEDIEvAL • CAPÍTULO 3
Em 13 de junho de 313, Constantino, o imperador, promulga o Édito de tolerância de 
Milão, legalizando o Cristianismo. Esse decreto foi visto como uma guinada inesperada 
após um grande período de perseguição. O Édito de Milão suspendeu as perseguições 
e interdições que pesavam sobre a comunidade cristã. Foram devolvidos os bens 
sequestrados às igrejas locais, até mesmo aqueles que haviam sido vendidos a particulares.
A partir do Édito de Constantino, em 313, a Igreja concentrou suas atividades nas próprias 
doutrinas. O arianismo, o gnosticismo, o maniqueísmo e pelagianismo, donatismo e o 
nestorianismo, vistos como heresias, possibilitaram o despertar dos apologistas.
Quadro 1. Heresias Cristológicas.
Algumas heresias Cristológicas
O Arianismo: é uma doutrina filosófica que surgiu no século Iv a.C. e que colocava em xeque a Santíssima trindade, um 
dos principais dogmas da Igreja Católica. Proposta por ário (272-337), um professor de Alexandria, a doutrina questiona 
a divindade de Jesus Cristo, que, por ser criado pelo Pai, Deus, seria, então, um semideus.
O Gnosticismo: é um pensamento religioso anterior a Jesus Cristo e que propõe a existência de dois deuses, um a 
serviço do bem e outro a serviço do mau.
O Maniqueísmo: fundado em 210-276 d.C., por Maniqueu, era uma seita dualista afirmando que o bem e o mal são 
igualmente poderosos, e que as coisas materiais são más.
O Pelagianismo: nomeado após Pelágio (354 d.C.-420 d.C.), diz respeito à crença de que o pecado original não 
contaminou

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