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Mateus Castro MED 2021 SEMANA 5 CIRURGIA II SÍNDROME DISPÉPTICA E DOENÇAS DO TGI SUPERIOR Dispepsia: presença de dor epigástrica com duração > ou igual 1 mês. OBS 1 Risco de CA: idade > 40 anos, presença de sinais de alarme (perda de peso, anemia, disfagia, odinofagia). OBS 2 Refluxo (DRGE): não é dispepsia, mas confunde (abordagem própria). ABORDAGEM NA DISPEPSIA > 40 anos OU alarme < 40 anos E sem alarme EDA Testa e trata H.pylori +: dispepsia orgânica -: dispepsia funcional Sem Resposta IBP Sem Resposta Tricíclicos Sem Resposta Procinéticos DRGE Fisiopatologia Perda de mecanismos antirrefluxo: • Esfíncter esofagiano inferior • Junção esofagogástrica. Quadro Clínico Manifestações esofagianas: • Pirose (queimação retroesternal). • Regurgitação. Complicações das manifestações esofagianas: • Esofagite. • Úlcera. • Estenose péptica (disfagia). • Esôfago de Barrett. As complicações são identificadas em apenas 50% dos pacientes – não sendo obrigatórias. Manifestações extra-esofagianas: • Faringite. • Rouquidão. • Tosse crônica. • Broncoespasmo. • Pneumonia. Diagnóstico Diagnóstico clínico, diante de manifestações típicas (pirose + regurgitação). Indicações de EDA Sempre que houver risco de CA. • Idade > 40 – 45 anos. • Sinais de alarme. • Refratariedade. SOS: em metade dos pacientes, aparece esofagite, úlcera, estenose, Barrett – complicações de DRGE. Esôfago de Barrett Epitélio típico do esôfago: epitélio escamoso. Diante de uma descarga de ácidos vindos do estômago, o esôfago tende a fazer uma adaptação – trocando o seu epitélio típico por um epitélio mais resistente, epitélio colunar do tipo intestinal. Histologia: metaplasia intestinal. - É uma lesão pré-adenocarcinomatosa. - Barrett é uma lesão que só é possível fechar diagnóstico por biópsia. - Na EDA, pode-se ver uma área sugestiva – área com cor vermelho salmão. - IBP 1x/dia cronicamente. Progressão Esôfago de Barrett Acompanhamento Sem Displasia EDA a cada 3 – 5 anos. Displasia de Baixo Grau Ablação endoscópica (ou EDA 12/12 meses). Displasia de Alto Grau Ablação endoscópica. *Já se trata de um câncer. Adenocarcinoma Invasivo Aula de câncer... SOS: no ponto que o paciente evolui com Barrett, pode ocorrer melhora dos sintomas de refluxo. Tratamento Medidas Antirrefluxo: • Perda de peso. • Elevação da cabeceira da cama. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 5 • Evitar comer 2 – 3h antes de dormir. • Eliminar alimentos que pessoalmente causem sintomas. Tratamento Farmacológico: • Objetivo: reduzir acidez – por 8 semanas. • IBP em dose padrão: Omeprazol 20mg / Panto 40mg / Esome 40mg / Lanso 30mg – usados pela manhã em jejum. • Recorrência: IBP sob demanda ou crônico. • Sem melhora: IBP em dose dobrada (2x/dia). Cirurgia Antirrefluxo – Fundoplicatura Indicações: • Refratário: pacientes com sintomas mesmo com IBP em dose dobrada (2x/dia). • Alternativa ao uso crônico de IBP. • Diante de complicações – estenose/úlcera. Antes da Cirurgia: • pHmetria 24h: padrão-ouro para confirmação. • Esofagomanometria: escolha da técnica. Fundoplicatura Total (Nissen) Evitar em: - < 30mm Hg distal ou < 60% atividade peristáltica por ter o risco de causar um tipo de “acalasia”. Fundoplicatura Parcial (Anterior ou Posterior) Indicada nos casos onde o esôfago não tem uma contratilidade boa – evitando complicações decorrentes de um aperto muito grande no EEI. ÚLCERA PÉPTICA Localização mais comum: estômago e duodeno. Fisiopatologia Ocorrência de mais fatores de agressão do que fatores de proteção da mucosa. Agressão: ácido. Facilitadores: AINEs, H. pylori – criam um ambiente que facilitam a agressão da mucosa pela acidez. Quando não houver AINE nem H. pylori lembrar de Síndrome de Zollinger-Ellison (Gastrinoma) – tumor produtor de gastrina. Fisiologia Gástrica A maior parte de produção de ácido ocorre no fundo gástrico – onde tem a maior concentração de bomba de próton (célula parietal). Estímulos para produção de ácido: 1 – Nervo vago. 2 – Histamina. 3 – Gastrina (produzido no antro). Tratamentos: 1 – Bloqueador histamínico (ranitidina): atuam no estímulo da histamina na produção de ácido. 2 – IBP: atua inibindo a bomba de próton que fica no fundo gástrico. É mais eficaz. 3 – Vagotomia: cortar o nervo vago para parar o estímulo do nervo vago. 4 – Antrectomia: retira o antro gástrico, pois é onde é produzido a gastrina – principal estimulo para produção de ácido. Ação dos AINEs Inibe COX (ciclo-oxigenase): - COX 1: prostaglandinas do bem – barreira mucosa. - COX 2: prostaglandinas do mal – inflamação. Tipos de AINEs: - Inibidor não-seletivo: inibem as 2 COX – diminuindo a inflamação, mas também inibe a produção da barreira mucosa, deixando um ambiente favorável para as úlceras. - Inibidor seletivo de COX 2 (coxibe): uso controlado devido à efeitos negativos da medicação. Ação da H. Pylori Fases da Infecção: 1 – Infecção do antro (aumento da produção de gastrina): HIPERCLORIDRIA. 2 – Infecta tudo: HIPOCLORIDRIA + DIMINUIÇÃO DA BARREIRA DE PROTEÇÃO DE MUCOSA. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 5 • Essa diminuição grande da barreira de proteção permite que mesmo o pouco ácido cause danos na mucosa – causando úlcera. Quadro Clínico e Diagnóstico Úlcera Gástrica Úlcera Duodenal Dispepsia pior com a alimentação. Dispepsia pior 2 – 3 h após alimentação e à noite. Abordagem Diagnóstica: • < 40 anos e sem alarme: presuntivo. • > 40 anos ou alarme: diagnóstico por EDA. Se for úlcera gástrica – pode ser CÂNCER: - Biópsia ao diagnóstico. - Controle de cura (nova EDA). Tratamento 1 – Reduzir acidez: IBP por 4 – 8 semanas. 2 – Questionar o uso de AINE (suspender se possível). 3 – Pesquisar e erradicar H. pylori. Pesquisa de H. Pylori EDA: teste rápido da urease / histologia. SEM EDA: urease respiratória / antígeno fecal / sorologia. Tratamento de H. Pylori Duração do tratamento: 14 dias. - Claritromicina 500mg 2x/dia. - Amoxicilina 1g 2x/dia. - Omeprazol 20mg 2x/dia. *O IBP deve ser mantido por 4 – 8 semanas, tendo o seu uso para cicatrização da úlcera. Controle de Cura Úlcera gástrica (EDA) e H. pylori (4 semanas depois e sem usar sorologia). Tratamento Cirúrgico Indicações: • Refratariedade / recidiva. • Perfuração. • Hemorragia refratária. • Obstrução. Ambientes de Úlceras Pépticas Tipos de Úlceras Pépticas HIPERcloridria - Duodenal. - Gástrica tipo II (corpo gástrico) - Gástrica tipo III (pré-pilórica). HIPOcloridria - Gástrica tipo I (pequena curv baixa). - Gástrica tipo IV (pequena curv alta). Abordagem cirúrgica: • Se hipercloridria: vagotomia +/- antrectomia. • Se úlcera gástrica: retirar a úlcera (risco CA?). Úlcera Duodenal Vagotomia Troncular - O nervo vago emite um ramo que vai direto para o piloro e é por meio desse ramo que ocorre o relaxamento do piloro. Com a vagotomia troncular, esse estímulo ao relaxamento se perde, assim, uma alternativa ao se realizar essa cirurgia é: Vagotomia troncular + Piloroplastia - Relaxa o piloro, pois ele agora perdeu o estímulo vagal. Outra opção terapêutica é: Vagotomia troncular + Antrectomia - O piloro faz parte do antro, ao retirar o antro + piloro, mantém o relaxamento do estômago. • Essa cirurgia tem um maior risco de complicações. • Por retirar o antro (produção de gastrina) tem menor risco de recidiva. Ao realizar essa abordagem cirúrgica, é preciso fazer uma reconstrução do trânsito intestinal: - BillrothI: gastroduodenostomia. - Billroth II: gastrojejunostomia + alça aferente. Vagotomia Superseletiva (Gástrica Proximal) Realiza o corte de apenas alguns ramos do nervo vago. Por manter a inervação do piloro – não é necessária outra abordagem. • Tem menos complicações. • Pode ter maior risco de recidiva associada. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 5 Úlcera Gástrica Tipo Abordagem Tipo I Gastrectomia distal + reconstrução a Billroth I. Tipo II e Tipo III Vagotomia troncular + Gastrectomia distal + reconstrução a BI (ou BII). Tipo IV Gastrectomia subtotal + reconstrução em Y de Roux. Hipocloridria: Tipo I e IV. Hipercloridria: Tipo II e III. Complicações Cirúrgicas Após Gastrectomia + reconstrução. Síndrome de Dumping Perda da barreira pilórica → alimento derramado direto ao duodeno. Dumping Precoce Distensão intestinal: - Gastrointestinal: dor, náuseas, diarreia. - Vasomotores: taquicardia, palpitação, rubor. - Clínica iniciada 15 – 20 min após alimentação. Dumping Tardio Manifestações de hipoglicemia: - Clínica iniciada 2 – 3 hrs após alimentação. Devido a perda da barreira pilórica, o alimento chega todo junto – o pâncreas que até então liberava pequenas quantidades de insulina, ao ver esse tanto de alimento junto é obrigado a liberar quantidades exageradas de insulina para dar conta do trabalho – inicialmente por ter muita comida, tudo ok, mas com o passar do tempo, ocorre alteração na balança – tem muita insulina e pouca glicose, assim o paciente desenvolve as manifestações. Tratamento de Dumping: - Fracionar as refeições. - Comer e deitar logo: retarda a chegada do alimento no duodeno. Gastrite Alcalina Refluxo biliar e pancreático → gastrite. - Mais comum: Billroth II. - Clínica: dor contínua, sem melhora com vômitos (podem ser biliosos). - Terapêutica: nova abordagem cirúrgica, com uma reconstrução em Y de Roux. *Uma opção medicamentosa é a Colestiramina (quelante de bile) – mas tem baixa eficácia. Síndrome da Alça Aferente Angulação da alça aferente → semi-oclusão. - Só ocorrem em: Billroth II. - Clínica: dor melhora com vômito (bilioso e em jato – não precedido de náuseas). - Tratamento: Y de Roux. NEOPLASIA ENDÓCRINA MÚLTIPLA 1 – SÍNDROME DE WERMER Lembrar os 3 Ps: - Pâncreas. - Pituitária. - Paratireoide. Anotações: Mateus Castro MED 2021 SEMANA 5 CIRURGIA III HEMORRAGIA DIGESTIVA Abordagem Inicial 1° - Estabilização Hemodinâmica: • Acessos Periféricos Calibrosos. • Coleta de exames. • Cristaloides inicialmente. • Hemácias: > 30% de perda sanguínea. • Plasma: se INR > 1,5. • Plaquetas: se < 50.000. Observações: - Nas primeiras 24 – 48h não se deve confiar no hematócrito. Ele não se altera inicialmente, devendo confiar no número de hemácias. 2° - Buscar a causa: Hemorragia digestiva alta: 80% dos casos e + mata. Ângulo de Treitz (duodeno x jejuno) Hemorragia digestiva baixa: 20% dos casos. Hemorragia Digestiva Alta Clínica: hematêmese, melena, hematoquezia. *Melena: aspecto de borra de café e fedorento. *Diante de um volume muito grande de sangue, o paciente pode evacuar sangue vivo. Cateter nasogástrico (CNG): sangue / borra de café. Exame: EDA nas primeiras 24 hrs. Hemorragia Digestiva Baixa Clínica: hematoquezia, enterorragia. *Diante de um paciente com trânsito intestinal mais lento, ele pode ter a clínica de melena. Cateter nasogástrico (CNG): bile sem sangue. Exame: colonoscopia / outros exames. O uso do CNG atualmente é mais usado para fazer uma lavagem para facilitar a EDA do que para dar a topografia da hemorragia. 3° - Tratar e prevenir sangramentos. Principais Causas de Hemorragia Digestiva Alta 1° - Úlcera péptica. 2° - Varizes esofágicas. 3° - Laceração (Mallory – Weiss). Ú Vu LA Úlcera Péptica As 3 principais complicações das úlceras pépticas são: • Perfuração. • Obstrução. • Sangramento: complicação mais comum e a que mais mata. Diante do sangramento: 1 – Terapia clínica: Iniciar IBP, suspender AINE e tratar H. pylori. 2 – Terapia endoscópica. Classificação de Forrest Classe Aspecto Risco de Sangramento I A: jato. B: babando. Alto (90%). II A: vaso visível. B: coágulo. C: hematina. A: alto (50%). B: intermediário (30%). C: baixo (10%). III Base clara. Baixo (< 5%). Forrest I: está sangrando. Forrest II: não está sangrando. Forrest III: já está cicatrizando. Classificação Forrest Conduta I / IIa / IIb (?) - IBP IV - Endoscopia (epinefrina + eletrocoagulação). Tratamento Cirúrgico Indicações Cirúrgicas: • Falha endoscópica: 2 tentativas. • Choque: refratário (> 6U hem) ou hemorragia recorrente. • Sangramento pequeno e contínuo: transfusão > 3U/dia. Qual Cirurgia Indicar: • Se úlcera duodenal = 4 etapas – Pilorotomia + Ulcerorrafia + Vagotomia troncular + Piloroplastia. • Se úlcera gástrica = gastrectomia + B1, B2 ou Y. Varizes Esofágicas Risco: pressão portal > 12 mmHg. Tratamento: • Estabilização hemodinâmica. • Terlipressina, octreotide, somatostatina EV. • EDA: ligadura elástica ou escleroterapia. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 5 • Casos refratários: Balão, TIPS, cirurgia. Nos pacientes onde conhecidamente tem varizes e chega no atendimento com hemorragia digestiva, as medicações (terlipressina, octreotide ou somatostatina) devem ser feitas antes mesmo da EDA. Para esses pacientes, a medicação é conduta inicial, junto com a estabilização hemodinâmica. Profilaxia primária: BBloq ou ligadura elástica. Paciente nunca sangrou. Profilaxia secundária: BBloq + ligadura elástica. Paciente que já sangrou. Laceração de Mallory-Weiss História: vômitos vigorosos (etilista, gestante). Diagnóstico: EDA com achado de laceração na junção esofagogástrica, pequena curvatura). Tratamento: suporte (90% dos casos são autolimitados). HDA – Outras Causas Hemobilia Sangue saindo pela ampola de Vater. História: trauma, cirurgia hepatobiliar, neoplasia hepática. Clínica: Tríade de Sandblom (hemorragia + dor em hipocôndrio direito + icterícia). Diagnóstico e tratamento: arteriografia. Ectasia Vascular Estômago em melancia – dilatação vascular importante dos vasos da mucosa gástrica. Qualquer trauma ou esforço, pode levar ao sangramento. História: mulher, cirrose, colagenose. Clínica: anemia ferropriva a esclarecer. Não é o padrão ter um sangramento importante agudo. Diagnóstico e tratamento: ferro, transfusão, EDA com coagulação. Lesão de Dieulafoy Representa uma artéria dilatada na submucosa, com sangramento na pequena curvatura gástrica. História: homem, sangramento maciço, indolor e recorrente. Diagnóstico e tratamento: EDA com coagulação. Abordagem Hemorragia Digestiva Baixa 1° Estabilização hemodinâmica. 2° Toque retal / anuscopia. 3° EDA: afastar hemorragia alta. Negativos Sangramento Leve a Moderado Sangramento Maciço - Colonoscopia. - Angiografia (0,5 – 1 ml/min). Diante de uma colonoscopia que não é possível visualizar a lesão → realiza a angiografia. Outra opção de tratamento, onde é menos invasivo, pode-se realizar Cintilografia (0,1 ml/min) – sendo o mais sensível de todos, mas tem como desvantagem ser imprecisa e não ser tratamento. Se nada resolver... COLECTOMIA! Principais Causas de Hemorragia Digestiva Baixa 1° - Divertículo. 2° - Displasia. 3° - CA colorretal (Denocarcinoma). Doença Diverticular Pontos principais: • Doença de idoso. • Mais comum no cólon esquerdo. • Constipado crônico. • Dieta sem fibra por longos períodos. • A maioria dos pacientes é assintomática. Complicações da doença diverticular: • Diverticulite: mais comum no cólon E. • Sangramento:mais comum no cólon D. Colono, embolização, cirurgia. Atenção: Jovens (< 30 anos) – Divertículo de Meckel - Considerado um divertículo verdadeiro (tem todas as camadas intestinais). - Origem no ducto onfalomesentérico. No divertículo, ao invés de ter tecido intestinal, pode ter a presença de tecido ectópico gástrico (especialista em secreção de ácido clorídrico), podendo levar a uma erosão de tecido ileal e por fim, levar ao sangramento. Diagnóstico: cintilografia / Tratamento: ressecção. Mateus Castro MED 2021 SEMANA 5 Angiodisplasia Má-formação vascular intestinal (ectasia submucosa). Associação: estenose aórtica, doença renal, doença de Von Willebrand. Localização mais comum: CECO (principal causa de HDB do delgado). Principal causa de sangramento obscuro do TGI: diagnóstico por cápsula endoscópica. Tratamento: colonoscopia, inibidor VEGF (?), embolização, cirurgia. Anotações:
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