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DOCÊNCIA EM 
SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
CULTURA E A EDUCAÇÃO 
 
 
1 
Copyright © Portal Educação 
2012 – Portal Educação 
Todos os direitos reservados 
 
R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 
Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 
Internacional: +55 (67) 3303-4520 
atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS 
Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil 
 Triagem Organização LTDA ME 
 Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 
 Portal Educação 
P842c Cultura e a educação / Portal Educação. - Campo Grande: Portal 
Educação, 2012. 
 88 p. : il. 
 
 Inclui bibliografia 
 ISBN 978-85-66104-57-8 
 1. Cultura e a educação. 2. Política educacional. 3. Educação – Aspectos 
sociais. I. Portal Educação. II. Título. 
 CDD 370.193 
 
 
 
2 
SUMÁRIO 
 
 
1 A CONSTRUÇÃO DE CULTURAS DE INFÂNCIA .................................................................... 3 
1.1 Introduzindo a conversa: educação e cultura infantil ........................................................... 4 
1.2 Cultura: conceito e significada................................................................................................ 9 
2 UMA BREVE CONVERSA SOBRE INFÂNCIA ........................................................................ 24 
2.1 Infância: desafios e possibilidades ........................................................................................ 25 
2.2 Infância e suas linguagens ..................................................................................................... 27 
2.3 Infância e educação................................................................................................................. 29 
3 MEDIAÇÃO EDUCATIVA E CULTURA .................................................................................... 42 
3.1 Mediação: o resgate educativo de culturas infantis ............................................................. 46 
3.2 Educação e cultura nos dias atuais ....................................................................................... 47 
3.3 Cultura infantil e práticas educativas .................................................................................... 50 
4 RECORDANDO A INFÂNCIA ................................................................................................... 64 
4.1 História do brinquedo ............................................................................................................. 66 
4.2 Segurança do brinquedo ........................................................................................................ 68 
4.3 A criança e a cultura no papel moderno ................................................................................ 70 
4.4 Jogo, brinquedo e brincadeira ............................................................................................... 76 
4.5 Relação educador/educando na educação infantil e desenvolvimento humano ............... 78 
4.6 Brincadeiras tradicionais infantis e seu papel na formação da cidadania ......................... 81 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 84 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
Fonte: Alfabetização sem segredos. Novos Tempos: história. Iemar, 
1999. 
1 A CONSTRUÇÃO DE CULTURAS DE INFÂNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
1.2 Introduzindo a Conversa: educação e cultura infantil 
 
 
Criança com o direito de 
SER... de falar, de agir, de errar, de 
descobrir, de construir... Esses são 
os princípios que norteiam a 
existência das Instituições de 
Educação Infantil. Partindo do 
princípio de que a criança é o centro 
da ação educativa, devemos sempre 
estar atentos ao que se refere às 
especificidades de cada criança: 
seus aprendizados, suas vivências e 
o que realmente nos transmitem no 
seu cotidiano. 
 
As crianças nos remetem à leitura do que constitui a infância: as diferenças entre cada 
criança, o lugar onde vivem as coisas que fazem, dentre outras. Aliás, para a criança o modo de 
ser, de se relacionar, de criar, não são meros coadjuvantes, eles são os mais apurados 
empreendimentos de construção da sua vida, é um novo olhar para uma realidade. Neste 
sentido, as crianças não economizam energia no seu dia-a-dia, elas se expressam pelo olhar, 
pelo toque, pela fala, pelo corpo, até pela "não expressão". É um universo de culturas, onde elas 
criam e recriam seus jogos, brincadeiras e olhares. Aventurar-se neste universo, exige dos 
educadores alguns saberes, convidando-os a aliar à função de educador, a função de 
criançólogos, ou seja, além de educador, também mergulhar no mundo da criança, para poder 
interpretar as diversas culturas, nos seus diferentes papéis e educar de forma completa, com um 
olhar compreensivo. 
Nesta aspiração para encontrar formas adequadas de olhar, ouvir, sentir estas 
crianças, e principalmente em interpretá-las, retorna-se a questão da diversidade, 
compreendendo-a como um eixo central da discussão das culturas infantis. Sendo as culturas 
Fonte: groups.yahoo.com/group/cultura_da_infancia/ 
 
 
5 
infantis plurais, e estando atrelados a elas contextos socioculturais mais amplos que estritamente 
o da infância (Pinto e Sarmento, 1997), não cabe concluir que basta ser criança para produzir 
"cultura infantil". Há que se relativizar a criação das culturas infantis em detrimento de serem 
próprias de infâncias e contextos diversificados. 
Embora em nosso país se fale uma única língua com diferenças dialetais, distinguem-
se variadas identidades culturais constituindo a população brasileira. Há, no entanto, que se ter 
presente a realidade de cada uma dessas pessoas que diferem as mais variadas matrizes, no 
qual a criança faz parte. 
Todas as denominações culturais, que muitas vezes oriundas de troncos comuns, 
permitem reunir características profundamente próprias: da língua, os costumes, das crenças 
aos modos, de significar o mundo em que vive dando sentido peculiar a vida, ao existir. 
Essas diferentes culturas, tanto de cunho científico como de senso comum vão 
construindo a cultura social. O papel da cultura é de codificar o mundo, ou melhor, as culturas 
contendo a trama de signo e significados. A cultura traz vários acontecimentos que envolvem 
códigos que movimentam todo o processo de construção social do homem. 
Muitas transformações vêm ocorrendo, trazendo também mudanças na vida das 
crianças, em especial nos primeiros anos de vida, repercutindo assim nas transformações 
culturais infantis. 
Para se pensar em cultura, devemos pensar que nela estão inseridas crianças de 
todas as temporalidades, e que fazem suas histórias. Elas constroem suas experiências como se 
o seu “mundo” fosse um laboratório, que experimentando vivenciam as diferentes realidades do 
mundo a sua volta. 
É de fundamental importância que os educadores levem em consideração na sua 
práxis educativa a cultura infantil. Se formos pedagogos da infância, como estarmos organizados 
na prática educativa para esta infância? Não se pode ter uma visão adultocêntrica, isto é, não 
podemos pensar a realidade apenas para a cultura adulta, transformando o mundo das crianças, 
num mundo de adulto. 
 
 
 
 
6 
Cabe a escola, bem como ao educador, buscar 
construir relações de confiança para que a criança possa 
perceber-se e viver. Antes de tudo, como ser em 
formação, e para que a manifestação de característicasculturais na qual partilhe com seu grupo de origem, 
possa ser trabalhada como parte de suas circunstâncias 
de vida que não será impeditiva do desenvolvimento de 
suas potencialidades. 
É possível então identificar no 
cotidiano as manifestações que 
permitem trabalhar as diversas 
culturas presentes em sala de 
aula? 
Claro que sim! As 
crianças possuem várias 
linguagens e vão 
construindo ao longo de 
sua existência suas 
próprias histórias e 
culturas. 
No convívio diário, cada 
criança aprende e 
também ensina. Cabe 
ao educador 
proporcionar à criança, 
bem como, construir 
junto com a mesma, um 
ambiente de respeito, 
aceitação e valorização 
da cultura, ou seja, da 
livre expressão cultural. 
Fonte: Alfabetização sem segredos: 4ª série. Iemar, 1999. 
 
 
 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O mundo moderno, fez com que o capitalismo generalizasse a sua essência em 
infinitas variações de formação de classe. As crianças vivem na pele o mundo adulto em toda 
sua articulação. O movimento adulto está presente na vida das crianças. Mas o que devemos de 
fato examinar é a forma como tem sido tratada esta articulação, e como, finalmente, o 
movimento adultocêntrico tem sido vivido por todas as crianças. 
Precisamos estar atentos a todas e quaisquer mudanças. É necessário acompanhar a 
evolução, sem deixar de acompanhar as vivências das crianças, com o objetivo de sempre 
trabalhar o resgate da infância e sua construção social, histórica e cultural, mas que, em 
verdade, quase nunca atendem aos seus reais interesses finalistas. Observamos que na atual 
sociedade a cultura infantil não é priorizada. Tudo é organizado em função do adulto, criando 
 
 
7 
assim uma cultura adultocêntrica. Diante das indagações dos educadores, na medida em que o 
tempo vai passando, precisamos buscar e interiorizar novos olhares para a infância, buscando a 
todo o momento novos aprendizados e conhecimentos. Por isso, uma das questões pertinentes 
dos nossos dias: como os educadores concebem a importância de priorizar a cultura social da 
infância no contexto da educação infantil? Não podemos esquecer-nos da importância de 
trabalhar as diversidades culturais no espaço educativo. Somos mediadores, e precisamos estar 
conscientes para que as crianças usufruam as várias linguagens e obtenham novos 
conhecimentos, possibilitando a elas o crescimento interdisciplinar, isto é, a troca de 
experiências culturais. 
Essa priorização deve estar contida no espaço da educação infantil, na forma de 
direcionar os educandos para uma vida mais ampla de conhecimentos e participativa em 
construir novas histórias de cultura sob um aspecto de que eles já possuem uma bagagem 
culturalista apreendida com seus familiares e no meio social em que vivem. 
Todo o espaço educativo está vinculado com a diversidade cultural das crianças, 
cabendo ao educador aproveitar os momentos para aprimorar e trabalhar estes conceitos no 
intuito de atingir seus objetivos, enquanto mediador de culturas. 
Caracterizando, os educadores que não priorizam a cultura infantil que acontece nos 
espaços educativos, deveriam perceber a importância de se trabalhar essas culturas. Devemos 
sempre estar atentos às construções que as crianças fazem e trazem para as salas de aula, 
dando oportunidades de exporem e juntos explorarem suas vivências e as experiências dos 
outros. É neste sentido que nós educadores desempenhamos um papel muito importante, na 
mediação dos diferentes papéis que as crianças vivem ao reconstruir novos conceitos culturais. 
A construção histórica que as crianças fazem diante do mundo adulto, tem a síntese de 
múltiplas determinações, pois ao universalizar o seu mundo, as crianças constroem suas 
histórias em diversas versões, envolvendo as brincadeiras, o faz-de-conta, a fantasia, 
interpretando os mais variados papéis. 
Salientamos também, que quando uma criança está inserida num grupo étnico, em seu 
cotidiano, vai seguindo culturalmente e construindo novas linguagens, sob ângulos diferentes, 
formando novos conceitos, concepções de vida. Todas essas unidades culturais, apresentam-se 
numa sala de aula, havendo uma multiplicidade de culturas e especificidade infantil. 
O nosso objetivo como educadores da infância, deve ser o de resgatar os fios 
“perdidos” das culturas, que em épocas passadas deixavam as crianças e por que não falarmos 
de nós, quando ouvíamos histórias antigas, canções de ninar, deixando-nos felizes viajando na 
 
 
8 
imaginação. Trabalhar a cultura infantil no espaço da Instituição Escolar envolve as mais 
variadas culturas e para assim analisarmos os mais variados contextos que as crianças 
vivenciam dentro deste espaço. 
Desta maneira, neste querer “olhar” e “escutar” as crianças, nos contextos de 
educação coletiva. Deve o educador ter o interesse de conhecer a produção cultural das 
crianças, em um processo de “educação para o olhar”, na perspectiva de outro modo de olhar a 
infância, caracterizando com isto também, outra maneira de falar de infância. Em contrapartida, 
tal visão conduz a romper com a abordagem “enviesada” das crianças, numa tentativa de tirá-las 
do silêncio, dando voz e vez àqueles que são o objetivo primordial da existência das Instituições 
Educacionais. É necessário que o espaço educativo tenha outros espaços, diversas linguagens 
para que as crianças possam a partir daí, com novas construções, fazer um paralelo entre 
culturas novas e as suas culturas já abstraídas. Olhar as crianças com os nossos olhos é privá-
las de crescerem autônomas e responsáveis. 
Para Arroyo (2000), desta forma, e considerando a criança, de fato, como cidadã de 
direitos e que aprende e desenvolve-se nas relações sociais sob todas as influências históricas e 
culturais do mundo a sua volta é que se justifica tal estudo. Com o objetivo de contribuir para que 
os educadores repensem suas práticas educativas levando em consideração a cultura social da 
infância. 
A nossa prática educativa requer que olhamos com “olhares” voltados à infância, aliás, 
para as crianças todos os papéis que representam são meramente coadjuvantes de uma 
construção histórica. 
Devemos, como educadores, nos policiar sobre as nossas concepções a respeito da 
importância de priorizar a cultura social da infância no contexto da educação infantil; Investigar 
junto às Instituições Educacionais o conceito de cultura infantil presente nestas. Analisar como a 
cultura social da infância interfere na prática educativa da educação infantil. Pesquisar como 
podemos mediar a cultura social das crianças na sala de aula. Trabalhar as diferentes culturas 
na sala de aula, nos mais diversos conceitos. 
A construção cultural na infância se dá a partir da história de vida da criança, história 
de pertencer a inúmeros grupos sociais. São através desses, que questões pertinentes insistem 
em nortear nossas Instituições Escolares em se trabalhar às diversidades culturais. Os métodos 
utilizados no resgate e mediações para se trabalhar as diversidades culturais, possibilitam uma 
contextualização recíproca entre todos(as), ampliando conhecimentos e respeitando outras 
interferências sociais, embora a essência da cultura, a raiz permanece em sua originalidade. 
 
 
9 
Fonte: Alfabetização sem segredos: 4ª série. Iemar, 1999. 
Nossa visão vai de encontro às diferentes culturas infantis, construídas por crianças 
das Instituições de Educação Infantil. Consideramos que este estudo, vem elucidar a importância 
de instigar às crianças as várias formas de vida cultural para valorizar, respeitar as diversidades, 
relacionando e fazendo um paralelo do passado com a realidade, trabalhando as diferentes 
culturas inseridas no espaço educativo, revendo os conceitos que muitas vezes formamos como 
cultura adultocêntrica. 
 
 
1.2 Cultura: conceito e significado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
O que é cultura 
 
Culturaé todo um conjunto de idéias atreladas a um sistema de ciência sociais e suas 
convivências em determinados grupos. Parte de socializações e apropriações, compartilhada de 
idéias, especificidades do comportamento humano. 
Mitos, lendas, costumes, crenças e valores éticos, refletem a forma de agir, de pensar 
e sentir de uma população, definindo seu patrimônio cultural, ou seja, cultura são aptidões, 
costumes, valores e hábitos adquiridos pelo ser humano, como membro de uma sociedade. 
 
A palavra cultura, segundo Fontana (2000), remete a um vasto campo de concepções 
e de pontos de vista; entende-se que essa idéia de cultura surge da criação de alguma coisa, em 
todo o desenvolvimento das faculdades humanas (danças, hábitos, crenças). 
 
Só o homem é 
portador de cultura. Só 
ele cria, transforma e 
transmite. A cultura é 
uma herança que o 
homem recebe quando 
nasce, pois as 
influências do grupo que 
faz parte, a forma de 
vestir, a língua falada, 
acontece desde o 
momento em que a 
criança chega a este 
mundo. 
 
 
Além do contato que tem com o seu grupo, o homem amplia seus horizontes, 
conhecendo outros grupos, outros costumes, enfim, outras culturas, possibilitando a ampliação 
do seu conhecimento e conseqüentemente ocorre a aquisição de alguns costumes, que serão 
incorporados em sua cultura. 
http://www.monica.com.br/mauricio/cronicas/cron008.htm 
 
 
11 
O significado de cultura na história do mundo 
 
 
Antigamente, até o século XVIII, o 
significado predominante, vem do latim 
colere, ligado diretamente à prática agrícola. 
Os Romanos, denominados pensadores, 
utilizaram o termo cultivar como referência 
ao refinamento pessoal à educação de uma 
pessoa, isto é, como nos coloca Fontana 
(2000, p. 63), “No mundo rural, o escravo 
romano e o camponês medieval cultivavam 
a terra, enquanto os proprietários 
cultivavam-se a si próprios”. 
 
Para Fontana (2000), a partir do 
século XVIII, devido às profundas marcas e 
transformações, foram incorporadas novas experiências à palavra cultura que viabilizaram novas 
concepções de mundo e de homem, dando um novo rumo às relações internacionais. Estas 
transformações são associadas às tentativas de perceber aspectos materiais e não materiais da 
vida social, revelando uma relação com a idéia de civilização. Partindo dessas transformações, a 
palavra cultura adquiriu sentido novo e específico, passou a exprimir um conjunto de atributos e 
produtos resultantes de idéias transmissíveis essencialmente à espécie humana. Segundo 
Fontana (2000, p.65) “a) cultura e civilização entendida como autodesenvolvimento universal do 
homem, hierarquizando a vida social; b) cultura-estado natural aos impulsos mais humanos e 
civilização-estado artificial externo do homem na sociedade”. 
 
 
Ainda nos afirma Fontana (2000, p. 65): 
 
A perspectiva evolucionista também marcou o conceito. Ela possibilitou avançar no 
estudo das condições materiais da cultura, serviu para distinguir o homem de outras 
formas animais. (“cultura é o que define o humano”) e para diferenciar as populações 
humanas entre si, situando-as numa escala evolutiva linear. 
Fonte:http://www.ihistory101.net/espanol/Rome/rom
an-slaves.htm 
 
 
12 
Ainda para esta autora, persistindo até hoje, a palavra cultura tomou novas linhas de 
pensamentos, trazendo grandes avanços na construção social e histórica. O homem se 
autodesenvolve e dentro desse processo ocorrem transformações, dicotomizando suas culturas 
e fundamentando suas forças para redimensionar novas concepções de trabalho, de vida 
natural, espiritual e social, fazendo disso, um livro aberto para inclusão decisiva na sociedade. 
Ao falar de cultura, Fontana (2000), coloca que cultura não é simplesmente um 
referente que marca uma hierarquia de civilização, mas a maneira de viver total de um grupo, 
sociedade, país ou pessoa. 
Assim sendo, dentro da idéia de cultura, conforme Fontana frisa acima, é possível 
identificar e falar de culturas, com sentidos específicos. Segundo (ENCICLOPÉDIA BARSA, 
2001, p.205), são quatro os sentidos: 
 
(1) A cultura entendida como modos de vida comuns a toda a humanidade; 
(2) A cultura entendida como modos de vida peculiares a um grupo de sociedades com 
maior ou menor grau de interação; 
(3) A cultura entendida como padrões de comportamento peculiares a uma dada 
sociedade; 
(4) A cultura entendida como modos especiais de comportamento de segmentos de uma 
sociedade complexa. 
 
Conforme citação acima podemos então definir cada um dos sentidos culturais. O 
primeiro refere-se aos elementos de cultura comuns a todos os seres humanos, como a 
linguagem(todos falam), o dormir, o comer, o beber, ou seja, todos que são comuns a toda a 
humanidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
Tradução da charge: "Peça-lhe apenas dois litros de leite e uma caneca de 
creme, Will - isto não tem que ser um soneto." 
Fonte://www.sonetos.com.br/arte.php?t=70 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O segundo refere-se aos elementos comuns a um grupo da sociedade. Por exemplo, a 
Língua Inglesa que é falada por vários países, como a Inglaterra, a Austrália, os Estados Unidos, 
etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:http://afixe.weblog.com.pt/arquivo/dormir.png 
Fonte:http://pipocaecompanhia.blogs.s
apo.pt/arquivo/comer_bem2.gif 
 
 
14 
Dialeto Fluminense: é um dialeto do português 
falado no Rio de Janeiro. A letra "s" com o som 
de z é trocado pelo "x" no dialeto Fluminense. 
Veja o exemplo abaixo: 
Norma Culta Dialeto Fluminense 
nós nóix 
mesmo meixmo 
coisas coisaix 
 
Fonte:http://www.canalkids.com.br/central/jornal/imagens/br_030410.jpg 
O terceiro sentido refere-se ao conjunto de padrões de uma determinada sociedade, 
por exemplo: os padrões culturais que caracterizam o comportamento da sociedade do Rio de 
Janeiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O quarto refere-se aos modos especiais de comportamento de grupos pertencentes à 
sociedade citada no terceiro sentido. Por exemplo: dentro da sociedade do Rio de Janeiro, 
existem vários grupos, como os moradores de Copacabana, onde cada qual possui seus 
elementos culturais restritos, diferenciados. 
A partir destes conhecimentos, destes sentidos culturais, verificamos as diferenças 
entre os diversos grupos humanos. Esta diversidade acontece devido às descobertas, 
invenções, que são passadas de grupos para grupos, sofrendo modificações e 
conseqüentemente, recriando a cultura. 
A cultura está presente em nossa família, sociedade, país e mundo, permeando 
também em nossos espaços educativos, dentro dos mais variados contextos. Permitindo-nos 
entender as diferenças e relações entre os conceitos formulados, aproximando-nos das 
 
 
15 
Fonte: Alfabetização sem segredos: Novos tempos. Iemar, 1999. 
leituras/elaborações iniciais feitas pelas crianças, permitindo ao educador interpretar e mediar 
todo o processo histórico-cultural. 
 
 
Cultura e seu significado na infância 
 
 
 
 
 
 
 
Ao acreditarmos que a inteligência se constrói frente a uma constante interação entre o 
sujeito e o meio, vemos que a criança pode beneficiar-se quando tem a possibilidade de viver em 
um ambiente educacional que lhe ofereça a oportunidade de agir com liberdade, bem como 
manipular materiais adequados. Assim, ela poderá estabelecer relações com as pessoas, com 
os objetos, enfim, com o mundo! 
As relações sociais em que as crianças estão envolvidas no seu dia-a-dia, o seu 
processo de desenvolvimento e aprendizagem, incluindo suas diferenças individuais, resultam de 
dois processos básicos e complexos: O primeiro, o potencial genético manifesta-se sob forma de 
maturação ou transformações neurofisiológicas e bioquímicas. O segundo fator é cultural, que 
cria condições favoráveis ou não para a explicitação do primeiro. 
Para Vygotsky, Leontiev (1988) e Mukhina (1995), em suas contribuições davisão 
histórico-cultural, destacam a natureza plástica do comportamento humano, organizado em 
condições histórico-culturais. “[...] A criança que nasce como “ser natural", e se converte em 
membro da sociedade, capaz de ver o mundo através do prisma da experiência humana”. 
(MUKHINA 1998, p.10) 
 
 
16 
Esta concepção traz inúmeras contribuições no sentido de perceber a criança sob uma 
perspectiva dialética, de movimento, de ação em transformação. 
Vygotsky sobre isso nos traz contribuições. Para este, todas as funções superiores têm 
as suas origens em processos sociais. Só conseguimos compreender a qualidade humana 
destas funções se compreendermos os instrumentos e os sinais que as mediam. Estes meios 
são sempre culturais e históricos. 
Coincidem em sua totalidade com as etapas de desenvolvimento biológico e sua 
origem. Nesta concepção, Mukhina (1995) afirma: "As etapas de desenvolvimento por idade não 
histórica [...] A duração da infância, o período preparatório até que a criança comece a realizar 
um trabalho socialmente útil e as formas dessa preparação dependem das condições históricas, 
culturais e sociais". (p. 59) 
Sobre isso ainda, Leontiev (1988), afirma que a criança nasce com órgãos em 
desenvolvimento durante toda sua vida e derivam da sua apropriação da experiência histórica 
dos homens. As relações das crianças com o mundo que as rodeia são mediadas pelas suas 
relações com as pessoas, comunicando-se com elas no dia-a-dia por meio de discursos. 
É através da interação social (adultos e crianças) que a criança desde o nascimento 
vai construindo suas características (seu modo de agir, de pensar, de sentir) e sua visão de 
mundo (seu conhecimento). Portanto, é na relação dialética com o mundo que o sujeito constitui-
se e liberta-se. “A extraordinária plasticidade, a capacidade de aprender, é uma das qualidades 
mais importantes do cérebro humano e que o diferencia do cérebro animal”. (MUKHINA, 1995, p. 
39). O cérebro do animal, logo após o nascimento, acaba seu processo, enquanto no ser 
humano inicia seu auge de formação. 
Vygotsky também nos diz que o cérebro humano é condição necessária, mas é preciso 
processar fatos nele, para que se desenvolva e aperfeiçoe. O que faz a diferença neste processo 
são as condições em que a criança se desenvolve e aprende. E aí entra as influências sociais, 
culturais e educativas propiciadas a elas, ou seja, as crianças assimilam o mundo a sua volta, 
adquirem heranças sociais e aí vão se integrando com a ajuda dos adultos e crianças de mais 
idade no processo de educação e ensino. 
 
 
 
 
17 
 
Todas estas afirmações 
acima vêm justificar a importância da 
criança freqüentar turmas, ter acesso 
à educação infantil. Esta participação 
exerce influência na vida da criança, 
como meio de descoberta do mundo 
a sua volta através da mediação 
científica dos educadores, variando e 
dosando as influências educacionais. 
E estas influências devem levar em 
consideração a cultura da criança e 
não somente a cultura do adulto. 
Cada grupo é formado por peculiaridades humanas que criam conjuntos ligados à vida humana 
em todos os aspectos, como fator primordial da cultura. 
Quando uma criança está inserida num grupo étnico, em seu dia-a-dia, vai seguindo 
culturalmente e construindo novas linguagens sob ângulos diferentes, formando novos conceitos, 
concepções de vida. Todas essas unidades culturais apresentam-se numa sala de aula, de 
diferentes formas: há uma multiplicidade de culturas e fatores ambientais. 
O professor é um mediador intencional do processo de elaboração conceitual da 
criança e relações entre todos, na forma de preservar, respeitar outras culturas. 
 
Forquin (1993, p.14) sobre isso afirma: 
 
A ênfase posta sobre a função de conservação e de transmissão cultural da 
educação não deveria impedir-nos de prestar atenção ao fato de que toda a 
educação e em particular toda a educação de tipo escolar, supõe sempre na 
verdade uma seleção no interior da cultura. E uma reelaboração dos conteúdos da 
cultura destinado a serem transmitidos às novas gerações. É na cultura que o ser 
humano vive uma vida verdadeiramente humana. Esta dupla exigência de seleção 
na cultura e de reelaboração didática faz com que não se possa apegar-se à 
afirmação geral e abstrata de uma unidade da educação e da cultura: é 
Fonte:http://ww
w.ced.ufsc.br/~
zeroseis/cotidia
n4.html 
 
 
18 
necessário matizar e especificar, isto é, construir uma verdadeira 
problemática das relações entre escola e cultura. 
 
 
Trazendo para o contexto da educação infantil, nesta citação pode-se falar nas 
relações entre as Instituições Educacionais e a cultura. Todo o contexto histórico-cultural, 
construído em toda sua trajetória, quer seja cultural, quer seja educacional, estão intimamente 
ligados ao processo de desenvolvimento e aprendizagem de cada indivíduo, isto é, vivificando e 
aprofundando sua construção histórica ao longo de toda sua bagagem de aprendizado. 
O prazer de viver a convivência e até a sua formação é resultado de todo um processo 
adquirido ao longo das informações repassadas e apreendidas pelo ser humano. 
Ao defrontarmos com a modernidade cheia de atributos, que influenciam nossas vidas, 
fica no ar a questão pertinente: Como será a educação, frente a tantas diversidades culturais? A 
primeira questão que se coloca é a importância de se entender a relação cultura e educação. É 
relação individual e ao mesmo tempo coletiva, que nutre o processo educacional para a 
formação de consciência para uma convivência que dará bons frutos no futuro, nas interações, 
trocas de idéias, aprendizados e descobertas que fazem da atual realidade muito mais 
prazerosa. 
 
O trabalho do homem é a sua parte no diálogo que deveria ser o fundamento de 
todos os atos humanos. Com o trabalho livre e solidário sobre a natureza, o homem 
cria a sua cultura, transforma o mundo, faz a história e dá sentido ä vida. 
(BRANDÃO, 1981, p. 103) 
 
A construção de cultura se dá a partir de idéias já prontas, preestabelecidas; visão 
essa, do que está presente nos monumentos do passado, presente nos arquivos, é o que 
permitiu toda uma construção histórica patrimonial que resulta de um valor global e universal. 
Toda essa historicidade vem dentro de um sistema de elites discriminatórias, econômicas e que 
são também elites culturais. 
Diante disso, a própria criança vai construindo sua cultura, vivenciada pelo passado em 
que esteve inserida e aperfeiçoando o presente, fazendo um elo entre os dois ângulos, levando 
em consideração sua cultura, seu modo de ser, despreocupando-se com o futuro. A criança é 
fruto de culturas que vem descortinando o passado cultural e construindo novos horizontes. 
 
 
19 
Oi, 
Chiquita! Oi, Pedrinho! 
Qui bão que 
ocê veio! 
Pedrinho, minha mãe 
fez uma surpresinha 
procê! 
Bolo di fubá! 
As crianças são condutoras das heranças culturais vivificadas com as próprias famílias, 
são também construtoras de novas culturas, seja individual, coletiva ou na busca de mesclarem 
conhecimentos, transformando estas culturas, no seu modo de ser, de crescer e viver. 
 Texto Complementar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
Procê! 
Humm! Qui dilícia 
di bolo que sua 
mãe feiz! 
Tenho outra 
surpresa procê, 
Pedrinho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
Quindim! 
Bejinho! 
Doce di abóbra! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pudim di Mio! 
Tenho mais surpresa! 
 
 
23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ai, Chiquita!De 
tanto agrado... 
To inté 
passando mar 
danado! 
Todo o pessoar que vem 
visitá ocês... são tratados 
Anssim? 
Sabe.... gostei por 
dimais....Posso vortá... Pra ripiti? 
Fonte: Alfabetização sem segredos: 2ª série. Iemar, 1999 
 
 
24 
2 UMA BREVE CONVERSA SOBRE INFÂNCIA 
 
 
A noção de infância tal 
como se conhece hoje, está 
caracterizada com um conceito 
relativamente novo. É historicamente 
construída e conseqüentemente vem 
mudando ao longo dos tempos. 
A infância começa com o 
nascimento da criança, 
compreendendo todo o processo de 
desenvolvimento e aprendizagem da 
criança e de sua personalidade, 
desde o início da vida até as 
primeiras manifestações que 
marcam o início da adolescência. 
 
Segundo Brasil (1991) que se refere ao Eca (Estatuto da Criança e do Adolescente) 
quando cita sobre as crianças de 0 a 6 anos, afirma que são os primeiros anos primordiais da 
fase em que acontece todo o processo de desenvolvimento e aprendizagem no que se refere a 
“primeira infância” tendo como objetivo atender às necessidades psicossociais da criança, criar 
condições adequadas para o seu desenvolvimento global - estimular a criatividade, a autonomia, 
a cooperação e a criticidade - considerando, para isto, a história de vida de cada um, suas 
experiências e sua individualidade. 
A infância é a primeira fase de vida básica, aonde vai, gradativamente contribuindo em 
suas várias linguagens, exercendo capacidades extraordinárias para um futuro adulto através da 
construção de valores culturais. 
 
Segundo o estudo etimológico da palavra infância, a partícula latina in 
significa não, usada como prefixo, e do latim fans, fantis, particípio 
presente de fãri, correspondente a falar, ter a faculdade da fala, 
forma-se o adjetivo latino infans, infantis, aquele que não fala, que 
Fonte:http://www.sasu
l.pt/servicos/?infancia 
 
 
25 
tem pouca idade e que ainda é criança [...] Esse termo infância 
apareceu em épocas diferentes nos idiomas europeus. No italiano, 
infante é do século XII - XIII, no francês, enfant surge no século XI. Na 
península Ibérica, no entanto, o surgimento da palavra infante, que se 
documenta ser no século XII, significa como nome de nobre jovem e, 
no século XIII, significa o “filho do rei”. O sentido de “criança 
pequena”, ao que parece, só se vai fixar no século XV - XVI. Por outro 
lado, é também no século XVI a acepção de soldado da infantaria, 
tomada ao italiano fante, que era rapaz ou moço e também, servidor, 
criado. Equivalente das línguas latinas, os termos de língua anglo-
saxão o Childhood do inglês e o Kindheid, do alemão traduzem o 
português infância. [...] (VANTI, 2001, p.04) 
 
 
2.1 Infância: desafios e possibilidades 
 
 
Segundo Fontana (2000), as crianças são seres sociais, têm uma história, pertencem a 
uma classe social, estabelecem relações segundo seu contexto de origem, têm uma linguagem, 
ocupam um espaço geográfico e são valorizadas de 
acordo com os padrões do seu contexto familiar e 
com a sua própria inserção nesse contexto. Elas 
são pessoas, enraizadas num todo social que as 
envolve e que nelas imprime padrões de autoridade, 
linguagem, costumes. Essa visão de quem são as 
crianças - cidadãos de direitos, sujeitos sociais e 
históricos, criadores de cultura - é condição para 
que se atue no sentido de favorecer seu 
desenvolvimento e constituição. Buscando 
alternativas para a educação infantil que 
reconhecem o saber das crianças (adquirido no seu meio sociocultural de origem), ou melhor, a 
cultura infantil em todo o seu contexto envolvendo os campos de saberes. Seja no brincar, no 
desenhar, no interagir com outras crianças, formando e adaptando as novas linguagens, sendo 
Fonte:http://eduardo.macan.eng
.br/2006/08/17/de-volta-a-
infancia/ 
 
 
26 
que, cada uma constrói dentro daquilo que sabe, com sua especificidade, e oferecem atividades 
significativas, onde adultos e crianças têm experiências culturais diversas, em diferentes 
espaços de socialização. 
As crianças têm suas características pessoais, dizem o que sentem e pensam de um 
jeito próprio. São seres que estabelecem suas limitações e espaços, esforçam-se para poder 
entender e compreender o mundo que as circundam, através de brincadeiras. Transformam as 
coisas de uma maneira mais agradável, explicitando as condições de vida em que estão 
submetidos, seus anseios e desejos. 
Um exemplo de diferenciação de espaços educativos, é que não se pensa em espaços 
próprios para crianças e sim, dentro de uma visão adulta. Elas usam os mesmos objetos, 
banheiros, talheres, etc., que os adultos usam. Isso é fazer da criança um adulto em miniatura, é 
fazer a criança ingressar em um mundo que não é dela. 
As crianças precisam ser entendidas e compreendidas 
pelo que estão vivendo e diante do mundo delas, para 
não descaracterizar a infância como momento presente. 
Resgatar a infância é priorizar nos dias de hoje, 
os espaços da criança. Trazer para elas a chance de 
poderem construir e desconstruir suas próprias vivências, 
no sentido de não serem esquecidas pelos adultos. As 
crianças fazem parte do mundo adulto, e nem por isso 
devem viver como adultos. 
A educação moderna está hoje nos espaços, 
onde as próprias crianças vivem vários papéis, diferentes daqueles que na história da educação 
brasileira estavam acostumadas a ver; as crianças não brincam com brinquedos que 
culturalmente eram fabricados pelos pais, avôs, transmitidos com emoção e afetividade. Vários 
são os pólos da educação moderna no espaço educativo: os brinquedos estão prontos para 
serem comprados e manuseados em qualquer loja; as crianças brincam, mas não com tanta 
emoção, pois se quebrarem fica fácil de repor; os pais são tão ocupados que para não verem 
seus filhos sem ocupação esperando por algo, decoram os quartos com tantos brinquedos e 
aparelhos eletrônicos da moda, que quando se dão conta seus filhos já estão entrando na fase 
adulta. 
É espantoso ver nossas crianças sendo induzidas para uma vida adulta. Nós adultos, 
estamos expondo, muitas vezes sem perceber, as crianças no mundo preconizado pelo 
Fonte:http://www.plenarinho.gov.br/noticias/agencia_pl
enarinho/jogos-eletronicos-podem-ser-perigosos 
 
 
27 
Fonte:http://64.233.169.104/search?q=cache:ACZ4o5sEBacJ:www.ced.ufsc.
br/~nee0a6/pangela.PDF+Loris+Malaguzzi&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=2&gl=br 
modismo, pela mídia, etc. Repassamos assuntos onde só o adulto tem problemas, depressão, 
solidão, enfim, as nossas crianças ingressam por caminhos tortuosos perdendo a sensibilidade, 
perdendo a verdadeira infância. 
 
 
 
2.2 Infância e suas linguagens 
 
 
 
 “A I INFÂNCIA E AS “CEM LINGUAGENS” 
 
A criança é feita de cem... 
A criança tem cem linguagens 
(e depois cem cem cem) 
mas roubam-lhe noventa e nove. 
A escola e a cultura 
lhe separam a cabeça do corpo... 
Dizem-lhe enfim: 
Que o cem 
As frases selecionadas do poema de Loris Malaguzzi são propositais, com o intuito de 
demonstrar que a infância persiste em seu modo de ser. Cada criança em suas especificidades 
transforma sua rotina num verdadeiro espaço, num mundo imaginário, querendo sempre 
transpor o que sente em um emaranhado de fantasias. O criar, o brincar, o sonhar, o estar com o 
outro, e tantas outras expressões contínuas das crianças esbarram em muitas ideologias do 
adulto: “agora não pode”, “agora não é hora”, “este não é um lugar para isto”, no entanto elas 
persistem. Querer que as crianças esqueçam que são crianças, que o seu universo é rodeado de 
 
 
28 
“inocências”, é querer que sejam pensantes como adultos, é queimar suas fases, no objetivo de 
substituir o mundo delas pelo mundo próprio de adultos. 
As “cem linguagens” que a criança insiste em afirmar que existem, são pelas 
Instituições de Educação pouco consideradas. Como justificativa se atribui os mais diversos 
motivos, como: falta de formaçãoprofissional, pouco recurso material e pessoal, uma cultura 
massificante, as influências de concepções desenvolvimentistas que por algum tempo 
determinaram o foco da educação das crianças. Faz-se necessário um resgate da cultura infantil 
para que tenhamos em nosso meio, mais propriamente dito, nas Instituições Educacionais 
espaços onde as crianças possam ser elas mesmas. Sem em algum momento preocupar-se 
com o mundo adulto, (mídia, moda, linguagens diferenciadas...), mas sim tendo um 
desenvolvimento sadio no meio em que se encontram, crescendo e sendo mediadas pelos 
adultos, porém estes adultos permitindo que desenvolvam o psíquico-social, de maneira 
agradável e feliz. No momento em que emergem, as discussões sobre a educação na infância, a 
necessidade de nos “alfabetizarmos” nas múltiplas linguagens das crianças, para podermos 
então pensar numa educação voltada para elas, que respeite seu direito de viver sua infância 
plenamente; nessas discussões também se inclui as culturas infantis que são vistas como “o 
desconhecido” ou até mesmo, pouco conhecido, as quais são essenciais aos nossos saberes. 
Assim sendo, é necessário observarmos como educadores, alguns pontos que são primordiais 
para que nos tornemos alfabetizados nas múltiplas linguagens das crianças, são elas: 
 
 A sensibilidade de ouvir e entender as crianças; 
 Momentos de interação, em que possamos viver e reviver a criança existente 
dentro de nós; 
 Pedagogicamente, sempre avançar para uma educação voltada à infância do que 
em querer alfabetizar adultocentricamente; 
 Transformar o nosso mundo em universo infantil para assim, compreendermos as 
nossas crianças; 
 Entender as cem linguagens das crianças, não podando suas capacidades de ver 
um mundo mais harmonioso e sem tantas dificuldades; 
 Despertar nas crianças a compreensão de suas culturas para que vivenciem a 
sua infância. 
 
 
29 
 
Espera-se que as crianças bem como o educador 
saibam que o Brasil, comporta a existência de 
diferentes grupos sociais, cada um com suas 
singularidades – e eles próprios têm histórias e um 
modo de vida específico. Espera-se também que 
relacionem a isso o conhecimento de diferentes 
formas de habitação, de organização espacial, de 
vestimentas e outros itens da vida cotidiana, assim 
como de expressões culturais diversas, e 
compreendam que diferentes grupos humanos 
produzem diferentes formas de organização político-
social e econômica a que correspondem diferentes 
modos de organizar o trabalho e a 
produção de conhecimentos. 
 
Fonte: Alfabetização sem segredos: Novos tempos. Iemar, 1999. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.3 Infância e educação 
 
 
A cultura infantil perdeu-se no 
tempo e espaço. Ficou tão fácil acreditar 
numa infância moderna, e ao mesmo 
tempo comprada, que nós mesmos 
Fonte:http://uei2005.blogs.sapo.pt/
arquivo/648458.html 
 
 
30 
deixamos de perceber o que muitas vezes deveríamos contestar na aceitação desta infância. A 
infância está sendo roubada, manipulada bem diante de nossos olhos por políticas ideológicas, 
que vem e vão e cada vez mais a cultura moderna alarga-se, tirando a beleza do brincar, do faz-
de-conta, da fantasia e o de ser criança. 
Seguindo a idéia de Arroyo(1999, p.08), somos nós educadores pedagogos da 
infância, que temos o papel importante de descobrir por qual fio condutor nossas crianças vão. 
Não ocultar a realidade vigente, e sim trazer às crianças e adolescentes a luz. A todo o momento 
as crianças almejam nossa atenção, pedem que os reconheçamos como sujeitos sociais e 
culturais. 
As relações sociais são tão vazias no sentido de resgatar as culturas (o diálogo, o 
contar histórias, construção de brinquedos) que se tornam vítimas do modernismo. Observa-se 
que as crianças de hoje, acreditam mais na vida do consumo, do que na vida da brincadeira. 
Criam novas culturas, novas brincadeiras envolvendo objetos de consumo, conversam sobre 
novelas, cantam as músicas das paradas e principalmente querem ser adultos. 
 
Para Arroyo (1996, p. 36); 
 
A educação moderna vai configurando nos confrontos sociais e políticos, ora como um 
dos instrumentos de conquista da liberdade, da participação e da cidadania. Ora como 
um dos mecanismos para controlar e dosar os graus de liberdade, de civilização, de 
racionalidade e de submissão suportável pelas novas formas de produção industrial e 
pelas novas relações sociais entre os homens. Percebe-se uma constante: a 
educação passa a ser encarada como um santo remédio, capaz de tornar súditos 
cidadãos livres, como de controlar a liberdade dos cidadãos [...]. 
 
É nesse sentido que nos reportamos aos cuidados que devemos ter em relação às 
crianças quando deixamos de “cobrar” um pouco mais sobre o ser criança. Devemos resgatar do 
sótão, “velhos” brinquedos, brincadeiras, histórias e a essência da verdadeira infância. Trabalhar 
com elas o verdadeiro sentido de viver e construir uma sociedade humana, fraterna, 
transformando-se em Ser, e não em Ter. 
 
Conforme Muniz (1999, p. 244-245): 
 
 
31 
 
 
O conceito de infância utilizado hoje pela 
pedagogia vem na esteira dessa evolução, possuindo 
ainda marcas que nos remetem a sua formulação 
original. Essas marcas são visíveis, principalmente, no 
que diz respeito à idéia de uma natureza infantil, que 
define a criança com um ser abstrato e universal, 
desvinculando de suas reais condições de existência. 
Dessa forma, a infância é pensada como um tempo à 
parte na vida do homem, época da vida em que ele 
guarda sua inocência original. A educação aparece 
como a possibilidade de transformar esse ser, 
moldando-o de acordo com os princípios da sociedade 
da qual virá a participar. 
 
Muitos estudos criticam a dominação que ainda 
está presente na infância; o adultocentrismo marca as 
produções teóricas e as Instituições Educacionais. 
Reconhecer na infância sua especificidade - sua 
capacidade de imaginar, fantasiar e criar exige que 
muitas medidas sejam tomadas. Entender que as 
crianças têm um olhar crítico que vira pelo avesso a ordem das coisas, que subverte o sentido 
da história, requer que se conheça a criança, o que faz, de que brinca, como inventa, de que 
fala. Nesta concepção de infância, história e linguagem são dimensões importantes de 
humanização: há uma história a ser contada porque há uma infância do homem. 
Segundo Benjamin (1984), a infância é, conseqüentemente, um momento de 
apropriação de imagens e de representações culturais que transitam por diferentes canais. Cada 
cultura dispõe de um “banco” de imagens consideradas como expressivas dentro do contexto 
cultural associada às criações e interpretações feitas pelas crianças. 
 
 
 
Fonte:http://w
ww.ced.ufsc.b
r/~zeroseis/co
tidian4.html 
 
 
32 
Infância, educação e cultura 
 
 
A cultura sob ótica discutida acima, assume diferentes configurações, de modo a nos 
fazer compreender a infância em um sentido plural. Para tanto, diferentes culturas imputam 
diferenças particulares, sobretudo, relacionadas à inserção de gênero, classe, etnia e história 
que nos permitem reconhecer que a infância não é uma categoria universal. As crianças são 
seres imersos, na sociedade e através dela conhecem o mundo da mídia, revistas, histórias e 
conversas que ouvem. Através da abstração que fazem em seu modo de ver esse mundo é que 
começam a construir sua própria história. Fazendo história, fazem surgir culturas diferenciadas, 
classificam as linguagens fazem o intercâmbio com a sua realidade e tentam modificar o mundo 
através das brincadeiras, faz-de-conta deixando de lado o preconceito do mundo adulto. 
Contudo, podemos demarcar que, diferentes culturas determinam diferentes formas de 
ser e pensar a infância, permitindo concluir que há culturas infantis e que estas devem ser 
escritas também no plural. 
Acreditamos que a cultura da criança precisa, com urgência, serresgatada pela 
educação, sem contudo, ser abarcada pela pedagogia, transformando-se em método 
Fonte: http://saudealternativa.wordpress.com/tag/crianca/ 
 
 
33 
pedagógico. 
Para iniciar esse processo, é necessário que o educador esteja pronto para escutar as 
crianças; a partir daí, o caminho é longo em direção a uma ampla mudança. Como nos afirma 
Fontana (2000), quem assume a cultura da criança como viés educacional precisa abrir mão de 
certos pressupostos já consagrados pela pedagogia. 
Os educadores modernos conhecem e se interessam pelas diversas áreas de 
conhecimento (estão se tornando mais generalistas, propagam a interdisciplinaridade). Buscam 
informar-se técnica e estruturalmente acerca dos diversos conteúdos no intuito de ensiná-los de 
maneira interessante, didática, lúdica, prazerosa às suas crianças. Mas poucos se interessam 
em escutar as crianças, conhecer seus segredos e suas invenções. 
Segundo Benjamim (1984) se compreendermos as crianças, entenderemos melhor 
nossa época, nossa cultura, a barbárie e as possibilidades de transformação. Para a educação 
infantil desempenhar seu papel no desenvolvimento humano e social é preciso que a criança não 
seja vista como filhote ou semente, mas como cidadã criadora de cultura, o que tem implicações 
profundas para o trabalho em espaços educativos, de caráter científico, artístico ou cultural, já 
que: 
 
As crianças se sentem irresistivelmente atraídas pelos destroços que surgem da 
construção, do trabalho no jardim ou em casa, da atividade do alfaiate ou do 
marceneiro. Nestes restos que sobram elas reconhecem o rosto que o mundo das 
coisas volta exatamente para elas, e só para elas. Nestes restos elas estão menos 
empenhadas em imitar as obras dos adultos do que em estabelecer entre os mais 
diferentes materiais, através daquilo que cria em suas brincadeiras, uma nova e 
incoerente relação. Com isso, as crianças formam seu próprio mundo das coisas, 
mundo pequeno inserido em um maior. (BENJAMIN, 1984, p. 77). 
 
 
Percebemos assim, que o desafio não é só de 
conhecer “a imagem do outro, criança", e sim, conseguir 
desvencilhar nos modos de ver a nossa cultura adulta. 
Devemos pensar a infância partindo dela mesma. 
Precisamos refletir urgentemente sobre a importância de 
repensar a educação infantil levando em consideração a 
cultura da infância e não somente a cultura do adulto. Fonte:http://anavera.blogspo
t.com/2005/02/miss-
thing.html 
 
 
34 
Contemplar a criança em suas várias etapas da infância, reconhecê-la em suas especificidades 
e globalizá-las em sua própria construção de culturas. 
Então percebemos que na infância , formam-se conceitos de vida em todo o seu 
desenvolvimento. É preciso deixar que as crianças vivam sua infância no espaço educativo, pois 
muitas vezes em casa tornam-se adulta nos afazeres domésticos, ajudam o pai na roça, cuidam 
do(a) irmãozinho (a), vão às ruas para ganhar dinheiro, são exploradas pelos adultos, por isso no 
espaço escolar a prioridade deve ser o direito que elas têm de serem crianças. Se tirarmos isso 
delas, para que serve a educação Infantil? 
Nas Instituições Educacionais, por poucos brinquedos que possuem, ou parque, os 
educadores devem proporcionar momentos de prazer às crianças, mediando todas as 
linguagens e explorando a capacidade de criar, recriar, inventar, deixando que as crianças se 
manifestem em cada uma, seu modo de viver. Cada momento torna-se mágico, acontecem 
histórias, registradas ou não, para elas são etapas muito importantes para seu processo de 
desenvolvimento de aprendizagem. 
O importante nesta relação é construir um espaço de confiança, para podermos 
penetrar e deixar fluir toda intimidade, e através do jogo construir um saber de forma prazerosa. 
Se observarmos crianças jogando...brincando...conversando, teremos uma imagem 
nítida do pensar infantil. A criança pensa alto e assim nos dá dicas sobre como lidar com elas. 
É tão interessante a construção de culturas na infância, pois relata pólos de vivências 
de tempo e espaço, situacional e também de marco histórico. As fases de construção vem 
ocorrendo e ocorrem de situações vividas pelas crianças, de fatos corriqueiros, abstraidos de 
todo o meio social. 
Quando se fala em crianças, estamos diante de seres em desenvolvimento. Pessoas 
em formação, inseridos numa sociedade com visões distorcidas do que é criança. Não podemos 
associar a criança com aquilo que desejamos, que queremos que fossem, no entanto 
transgredimos as leis do vir a ser, colocando traços de visão adultocêntrica nelas, pelo que 
gostaríamos que fossem e não pelo que são no momento, na infância. 
Portanto, devemos refinar o olhar para percebermos as produções culturais das 
crianças, ato que requer ir à procura de algo diferente, deixar-se guiar pelo desejo de encontrar o 
novo, o inusitado. Permitir que as crianças desenvolvam seu potencial criativo, mergulhar nas 
individualidades das crianças, estar convivendo, estabelecer uma adesão profunda a esta 
maneira particular de ver o mundo a que as crianças são possuidoras. 
Segundo Arroyo (2000), nos coloca que “a infância que conduzimos não é categoria 
 
 
35 
natural, mas uma imagem projetada, um projeto profundamente enraizado em idéias e sonhos, 
em deveres e valores”. (p.35 ) 
É necessário ver as crianças com os olhos da alma, observando todo o seu 
desenvolvimento. Adaptar seus conhecimentos como vínculo em nosso mundo adulto para que 
cresçam em sociedade sem perder o gosto da infância. Ressignificar todos esses olhares de 
forma a inserí-las num mundo adulto, sem tirar as suas expectativas enquanto ser humano 
capaz de criar, recriar e opinar no mundo do adulto. 
Segundo Fontana (2000), no entanto, a partir do momento que se tem esta referência, 
de se pensar as educações infantis pelos saberes próprios da infância terão a certeza de que a 
criança parte de pressupostos peculiares de sua capacidade e autonomia. Os pesquisadores 
têm buscado produzir “ensaios” neste sentido, estudando o mundo infantil e mesclando com toda 
uma realidade transformadora de conceito, e com o esforço de aproximar nossas percepções às 
múltiplas expressões das crianças e reconhecendo-as como produtoras de histórias e culturas. 
As crianças em seu mundo infantil 
encaram toda e qualquer realidade, 
como instantes mágicos e 
brincadeiras, por isso devemos 
sempre acreditar na produção desses 
conhecimentos que legitimem uma 
Pedagogia da Educação Infantil. 
 
As crianças precisam criar, 
construir e desconstruir, precisam de 
espaços com areia, água, terra, 
objetos variados, brinquedos, livros, jornais, revistas, discos, panos, cartazes, e também espaços 
nos quais os objetivos sejam as experiências com a cultura, a arte e a ciência. Infelizmente, a 
maior parte dos locais está longe de contemplar as necessidades das crianças. Faltam em 
alguns municípios valorização de espaços de arte, história e cultura; faltam brinquedos, praças e 
parques; brinquedotecas e locais para crianças pequenas em clubes, museus, bibliotecas, 
hospitais, postos de saúde, bancos, enfim, locais onde as crianças possam brincar por longos 
períodos de tempo, acompanhadas pelos adultos. Ainda, as próprias Instituições Educacionais, 
precisam oferecer estes espaços de brincar, garantindo o direito das crianças e o seu 
desenvolvimento pleno como educando. 
Fonte:http://www.terrabrasileira.net/folclore/manifesto/jo
gos/j-cabra.html 
 
 
36 
Conforme Kramer (1999, p. 271-272) nos diz: 
 
As crianças são sujeitos históricos marcados pelas contradições da sociedade em que 
vivemos. A criança não é filhote do homem, ser em maturação biológica; ela não se 
resume a ser alguém que não é, mas que se tornará (adulto, no dia em que deixar de 
ser criança!). Contra essa percepção, que é infantilizadora do ser humano, tenho 
defendido uma concepção na qual reconhece o que é específico da infância – seupoder de imaginação, fantasia, criação -, mas entende as crianças como cidadãs, 
pessoas que produzem cultura e são nela produzidas, as quais possuem um olhar 
crítico, virando pelo avesso a ordem das coisas, subvertendo essa ordem. Esse modo 
de ver as crianças pode ensinar não só a compreender as crianças, mas também a ver 
o mundo do ponto de vista da criança. 
 
 
É preciso que o adulto compreenda o olhar da criança, para poder compreender o 
mundo que as encara, tendo a sensibilidade de perceber a criança como uma produtora de 
cultura, que sempre na esperança provoca e transforma o dia-a-dia. 
Para Benjamin (1984), muitos são os desafios das políticas sociais para a infância. 
Questões relativas à situação política e econômica e à pobreza das nossas populações, 
questões urbanas e sociais, problemas educacionais específicos assumem proporções graves e 
exige respostas firmes e rápidas, nunca fáceis. Muitas são também as possibilidades de 
enfrentar a questão. Hoje, vivemos o paradoxo de ter um conhecimento teórico avançado sobre 
a infância, enquanto assistimos com horror a incapacidade da nossa geração de lidar com as 
populações infantis e juvenis. De que modos às pessoas percebem as crianças? Qual é o papel 
social da infância na sociedade moderna? Que valor é atribuído à criança por pessoas de 
diferentes classes e grupos sociais? O que significa ser criança em diferentes culturas? Como 
trabalhar com crianças pequenas, considerando seu contexto de origem, seu desenvolvimento e 
os conhecimentos, direito social de todos? Como assegurar que, diante da diversidade das 
populações infantis e das contradições da sociedade contemporânea, a educação cumpra seu 
papel social? Este estudo não responde a essas questões, mas se sente comprometido com 
elas e com uma sociedade fundada no reconhecimento do outro, nas diferenças (de cultura, 
etnia, religião, gênero, classe, idade) e na superação da desigualdade. 
 
Segundo Brasil (1998, p. 11), obteve por organização da sociedade uma das maiores 
conquistas da educação infantil: 
 
 
37 
 
 
“[...] atendimento às crianças de 0 a 6 anos fosse reconhecido na Constituição Federal 
de 1988. A partir de então, a educação infantil em creches e pré-escolas passou a ser, 
ao menos do ponto de vista legal, um dever do Estado e um direito da criança (artigo 
208, inciso IV)”. 
 
A questão da formação de educadores da Educação Infantil foi levantada pela primeira 
vez em 1994, quando foi formulado um documento organizado pelo MEC intitulado: “Por uma 
política de formação do profissional de educação infantil”, que conforme Lanter (1999, p. 131) 
nos afirma: 
 
A questão da formação dos professores representa uma educação infantil, dentre 
outros aspectos, questão fundamental para o reconhecimento desse seguimento como 
instância educativa e também para sua qualidade. Sendo assim, percebemos que a 
ausência de políticas voltadas para o profissional de educação infantil favorece e 
acelera o descompromisso do poder público com o atendimento da criança de 0 a 6 
anos no país, bem como despolitiza a ação dos profissionais de educação infantil. 
 
 
Os profissionais da Educação Infantil devem ver a educação infantil como uma 
preparação para o ingresso, para a vida adulta. Porém, devem ter cuidado para não forçar a 
criança a ser aquilo que querem. O processo de conhecimento de uma criança é diferente do 
nosso, por isso, gradativamente a criança vai adentrando no mundo adulto. Ela vai conhecendo 
seu mundo exterior e transformando seu mundo interior, associando tudo o que está a sua volta. 
Precisam trabalhar a criança com o seu mundo, na qual está inserida e conhecedora daquilo que 
faz. O mundo da criança é objetivo, passando paulatinamente para subjetivo, na medida em que 
vai adquirindo conhecimento e sendo aperfeiçoado pelas aprendizagens. 
Essas concepções de infância ou criança, repassam uma imagem cordial e que tudo é 
perfeito e puro. Afinal de contas lidam com crianças. Nesse contexto, percebem muitas vezes, 
que criança ou infância não têm seus valores e tudo passa despercebido. 
A ênfase educacional sobre a função de conservação, de construção cultural e da 
educação não deveria impedir de prestar atenção ao fato de que toda educação, e em particular 
 
 
38 
toda educação de tipo “escolar”, fossem desmistificada desta educação escolarizante, que tem 
intuito de formar cidadãos alienados para uma realidade mais ampla e com cunho 
profissionalizante. 
Educadores da infância, são todos os dias bombardeados por problemas, que 
aparentemente aos olhos das pessoas, são fáceis de lidar, porém, os que são profissionais da 
educação, devem quebrar os paradigmas de que infância é como um sujeito adulto em 
miniatura, não esquecendo toda bagagem histórica que a criança possue, que se desenvolve 
desde a sua concepção até o fim de suas vidas. A cultura adultocêntrica vê a infância, a criança, 
“como um cidadão do futuro e não é vista com olhos do presente”, sendo que na infância 
desabrocha seus desejos, pensamentos, opções de mudanças, noção dos seus direitos e 
deveres. A criança não deve ser “vista” como um espectador, mas sim um sujeito ativo do 
processo. 
 
Segundo Freire (1992, p. 170): 
 
O gosto da liberdade e o respeito dos outros; a vontade de ajudar seu povo a ajudar-
se, a mobilizar-se, a organizar-se para reperfilar a sociedade. Um claro sentido da 
oportunidade histórica, oportunidade que não existe fora de nós próprios, num certo 
compartimento do tempo, à espera que vamos a seu enlaço, mas nas relações entre 
nós e o tempo 
, na intimidade dos acontecimentos, no jogo das contradições. Oportunidade que 
vamos criando, fazendo na própria história. [...] 
 
Mas, a fim de que a educação infantil de qualidade seja de fato direito de todos, 
coloca-se como desafio urgente, a formação profissional de todos os professores: formação 
como direito à educação, de todos (crianças, jovens, adultos e dentre eles os educadores); 
formação nas áreas básicas do conhecimento (língua, matemática, ciências naturais e ciências 
sociais); e formação cultural, com oportunidade de se discutir valores, preconceitos, experiências 
e a própria história. 
 
Ainda para Freire (1999, p. 79), 
 
[...] almejar uma educação de qualidade para crianças, que contribua para a formação 
de sua cidadania (sujeitos críticos, criativos, autônomos, responsáveis, cooperativos, 
participantes) é estar permanentemente voltado para a formação das educadoras que 
com elas interagem. 
 
 
39 
Compreende-se formação como qualificação, na melhoria da qualidade do trabalho 
pedagógico, e de profissionalização, garantindo avanço na educação, carreira e salário. 
Formação que implica em constituir identidades, ponto crucial frente à crescente evasão de 
educadores. Formação que – seja continuada (com novas propostas pedagógicas), seja inicial 
(em escolas de formação de magistério e na universidade) - garanta espaço para a pluralidade e 
para que educadores narrem suas experiências. Reflitam sobre práticas e trajetórias vividas, 
compreendam a sua própria história, redimensionem o passado e o presente, ampliem seu saber 
e seu saber fazer. Formação permanente exercida com condições dignas de vida e de trabalho e 
concebida no interior de uma política cultural sólida e consistente. 
No entanto, existe a necessidade de ampliarem a previsão orçamentária ou dotação de 
recursos financeiros específicos para a educação infantil. Se as crianças são cidadãs e a 
educação infantil é assegurada como direito, não destinar recursos, ou destinar o mínimo, é abrir 
mão de concretizá-la; é negar esse direito às populações infantis. E o custo social deste descaso 
será inestimável. A formação cultural das crianças e seus educadores são direitos de todos, pois, 
todas as crianças e adultos, são sujeitos históricos e sociais, cidadãos produzidos na cultura e 
criadores de cultura. Cidadãosque têm direitos sociais, entre eles o direito à educação. 
Cada ser humano tem seu jeito de expressar-se. Cada um faz de seu dia mais 
produtivo ou menos. Somos responsáveis pelos nossos atos e construção de saberes. É assim 
que passamos nossos dias. Sim, vivemos a cada minuto construindo e reconstruindo histórias. 
Essas histórias são construídas no “habitat” de nascença, portanto o que se consegue 
são influências dos lugares aonde vamos passar ou até 
morar. A raiz cultural está fixada no lugar de origem, a 
cultura é entendida e aprendida na base da família: 
costumes, crenças, hábitos, comidas, tudo isso são 
culturas adquiridas na terra onde nascemos. 
E as crianças fazem parte desta construção 
histórica. Os aprendizados e as experiências dão 
continuidade para um vasto campo, campo que abrange 
todas as áreas de conhecimento e aperfeiçoamento da 
vida humana. Toda historicidade construída, 
reconstruída pelas crianças, tem como base central as 
experiências vividas com os adultos, tendo como 
resultado as múltiplas culturas existentes nas 
www.klickeducacao.com.br 
 
 
40 
Instituições Educacionais. 
 
 
Texto Complementar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Alfabetização sem Segredos - 1997 
 
 
 
42 
3 MEDIAÇÃO EDUCATIVA E CULTURA 
 
 
Estamos vivendo momentos históricos 
marcados por transições modernas tecnológicas, 
científicas e ético-sociais, e uma delas é a grande 
avalanche de mudanças na área da educação da 
criança, enquanto sujeito social, legitimando-a como 
competente e sujeito de direitos. Segundo grandes 
estudiosos e o que já se sabe por pesquisas como 
educadores da infância, devem buscar "infância 
recuperada". Precisamos desmistificar nossa concepção 
de crianças reprimidas, adulto em miniatura, criança-
aluno, criança-filho fazendo renascer uma criança 
verdadeira, reconhecida, pela grandeza de seu tempo ao construir também a história. 
O espaço que a educação ocupa hoje é um espaço de esperança, de reascender na 
sociedade a dinâmica de se conviver: família, escola e sociedade são chamadas a compor uma 
unidade em prol deste desafio, que é a nossa criança nas Instituições de Educação, que requer 
um rever contínuo de crenças, valores, princípios e ideais. É reservada a escola em parceria 
com a família e à sociedade o papel de promover a formação da criança para a cidadania. 
Envolvendo conhecimentos, atitudes, habilidades, valores, formas de pensar e agir 
contextualizadas ao social para que possa participar de sua transformação, atrelado ao grande 
papel que o educador ocupa na realidade das crianças. É preciso que nós possamos estar 
sempre diante do tempo real dos educandos para também podermos compreender seus mundos 
e contemplar para o nosso aprendizado as mudanças que acontecem todos os dias. 
Segundo Pinto e Sarmento, (1997), na história da infância, nunca houve tanta 
preocupação com as crianças como acontece hoje. Constata-se, no entanto, que a criança com 
suas agendas cheias de compromissos. Os quais muitas vezes a própria família cria seus 
vínculos, baseado naquilo que gostariam ou que não puderam fazer enquanto “novos”, jogando 
toda responsabilidade para a criança, e por isso, ela não dispõe mais de tempo para vivenciar 
suas brincadeiras e fantasias, tão benéficas ao seu desenvolvimento mental e emocional. 
Fonte:http://tecedu.wikispaces.com/?f
=print 
 
 
 
43 
Queremos um “futuro promissor”, idealizando uma perfeita harmonia com o real e o 
mundo da criança, valorizando por um lado sua espontaneidade e expressão infantil. Ao passo 
que, por outro, bloqueamos suas manifestações naturais, ou seja, cortamos algumas fases, 
podando a mesma de ser o que elas quiserem em seu momento presente. Sabemos que é na 
família que as crianças recebem suas primeiras lições para a vida e que os pais são os primeiros 
agentes socializadores; os educadores muito importantes para as crianças, pois aprendem com 
os exemplos ao longo de sua educação institucional, os educadores são para elas, o espelho 
vivo de sua formação da pureza1, apesar dessa afirmação, os pais não assumem a 
responsabilidade que devem ter sobre estas crianças. 
Da mesma forma, acredita-se que as crianças devem viver e comportar-se dentro do 
que lhe é próprio, porém suas “infantilidades” são criticadas e bloqueadas pelos adultos. 
Defendemos a importância do brincar na construção do desenvolvimento e aprendizado infantil, 
mas quando ordenamos, em determinadas circunstâncias, que parem de brincar e elas resistem, 
não compreendemos essa rebeldia e repreendemos com “a autoridade de adulto”, perdendo de 
certa forma nossa paciência. Incentivamos as crianças a criar e se expressar só que da maneira 
que idealizamos para elas. 
Discursamos, também, sobre respeito ao ritmo de desenvolvimento, interesses, 
possibilidades, características e espaço infantil e em contrapartida, limitamos a vida das crianças 
a longos períodos em “carteiras” realizando atividades sem significado, rotineiras e que não 
conduzem à promoção. Esperamos que as crianças desvendem o mundo, e se fechamos a porta 
da descoberta, da curiosidade, e da experiência tateante2, com encaminhamentos definidos e 
impostos. 
Ao mesmo tempo em que incentivamos as crianças à autonomia, à livre expressão e à 
comunicação, no cotidiano elas não podem fazer escolhas, manifestar seus sentimentos e expor 
suas idéias e desejos. Outro sim, se faz necessário a mediação do educador perante as 
manifestações culturais que as crianças fazem e devem ser educadas para a liberdade e para a 
democracia. Não em prol do controle e da disciplina, mas sim, aos ajustes que possam torná-las 
capazes de construir suas histórias de vida para o presente/futuro. 
 
1 As crianças seguem muito os exemplos dos educadores, e a segurança em aprender e a abertura de vida é para elas um 
conforto absoluto, enquanto com os pais tornam-se mais reservadas. 
2 A aproximidade com as crianças, fica muito aquém da amizade e afetividade. Pensamos nos currículos, nos objetivos propostos 
e esquecemos de compreender a construção histórica que vivenciam todos os dias. Deveríamos aprender com as crianças a 
simplicidade de viver. 
 
 
44 
Segundo Forquin (1993) diversas 
culturas estão mescladas na sala de aula, 
múltiplas linguagens acerca da realidade 
envolvendo um emaranhado de conceitos 
sobre a cultura infantil. Diz ainda que ancorada 
na concepção de cultura como produção 
humana, como trabalho, o educador deverá 
destacar elementos identificáveis em situações 
reais. Fazer análises do cotidiano, tendo como 
referência situações da própria realidade, 
transformando num conjunto de informações 
que possibilitará o processo educativo 
adequados à realidade vindoura. 
As atividades devem ser trabalhadas 
de forma que todas as crianças expressem suas opiniões, criatividade, interesses e 
necessidades. Tudo o que a criança faz, seja em casa, na sociedade, na escola, está produzindo 
cultura. 
Em se tratando de costumes, crenças, hábitos, cada criança vai modificando e 
recriando coletivamente ou individual, novos conceitos de cultura. São nas atividades propostas 
pelo educador, que desencadeiam idéias centrais, que como conseqüência, a significação 
aparece através de uma expressão material. 
As mediações que se devem fazer nos espaços educativos, aproveitando as culturas 
infantis, vêm de certa forma abranger todas as formas de ingressar a criança em vários mundos. 
Fazer destas mediações o momento oportuno para que elas possam vivenciar seus 
diversificados papéis, oportunizando a exporem suas idéias, suas falas da maneira que for 
deixando que viva sua verdadeira infância. 
Seguindo as idéias do autor Brandão (1981) o educador, também faz cultura, sendo a 
originalidadedas atividades que se atrelam a própria capacidade de criação, isto é, ele media 
com segurança e as crianças produzem sem intervenções de preconceitos ou desrespeito com 
os colegas. 
Fonte:http://www2.uol.com.br/JC/sites/kids/monstrinhos.ht
m 
 
 
45 
A inter-relação entre o sujeito 
humano, sujeito-educador, que subjaz3 as 
nossas proposições oferecidas no espaço 
educativo, no qual faz acontecer um 
intercâmbio de idéias culturais e na 
medida em que agimos, interferimos na 
realidade que nos envolve e somos por 
ela afetados. 
As crianças vivem seus papéis 
de maneira a acreditarem num suposto 
mundo todo colorido, contrário ao que os 
adultos vivem. Portanto, tudo já é adulto 
para criança. Desde a convivência, 
objetos dos adultos, assim, muitas vezes interpretam papéis de adulto. A relação entre o mundo 
infantil e o mundo adulto está justamente na mediação que o educador deverá fazer para pelo 
menos mostrar a diferença existente entre os dois mundos, objetivando proporcionar às crianças 
viverem sua infância de maneira feliz. 
A felicidade, às vezes, mostra-se um pouco longe, diante da modernidade invadindo a 
vida das crianças com brinquedos prontos, jogos eletrônicos, moda adultocêntrica, e ainda, 
espaços criados pensando nos adultos. Portanto, quando nos defrontamos com crianças agindo 
como adultos ao nosso meio, ficamos perplexos e, logo as afastamos de nossa volta, por que 
queremos conversar com adulto, sem crianças por perto. 
Ficamos abismados quando vemos crianças a nossa frente, em questões de mídia, 
moda, gírias, músicas. E ao querermos mediar o mundo infantil, para que vivam como crianças. 
Interpretamos como “adultas” demais para regressar no passado. 
Faz-se necessário romper com o conceito de infância adultocêntrica, isto é, devemos 
olhar as crianças como criança em suas especificidades, para que aconteça no presente, uma 
infância cheia de vida e que a criança viva suas etapas conforme sua idade. 
As crianças são seres integrantes desse processo educativo. Sem elas não haveria 
como traçar os objetivos; são a partir delas que se desencadeiam as idéias de se trabalhar as 
culturas. 
 
3 O que muitas vezes deixamos de compreender, porque julgamos necessário e correto; que está subentendido, mas não se 
manifesta. 
Fonte:jangadabrasil.com.br/.../imagem/pap
agaio.jpg 
 
 
 
46 
A ação educativa do educador brota de sua prática, sendo responsável pela teorização 
que surge na vida das crianças, bem como, por uma formação político-cultural, que pode ser 
nomeada como ato dinâmico e processual. 
 
Portanto, segundo Fontana (2000): 
 
[...] cabe ao professor, como adulto que supostamente elabora 
“conceitos verdadeiros, facilitar os processos de elaboração da 
criança e acompanhar o curso de seu desenvolvimento, ouvindo suas 
elaborações e situando-as em termos das possibilidades lógicas da 
representação” (p. 163) 
 
 
Nossas Instituições de Educação deveriam ser mais abertas e preparadas para 
receber todo o tipo de realidades infantis, sendo que com isso, emergissem as linguagens 
culturais embutidas na face do esquecimento. 
A educação infantil é uma etapa promissora para o resgate da cultura infantil. É 
necessário que todos os educadores falem a mesma língua, para formar a vertente educativa 
com os objetivos de formar novas culturas com a essência verdadeiramente infantil, junto aos 
inúmeros conceitos que se tem de cultura infantil nos olhares adultos. Transformar todos os 
espaços infantis e lares pedagogicamente culturais, mediando família, sociedade, mídia, 
educador e educando, juntos priorizando a construção cultural de infância. 
 
 
3.1 Mediação: o resgate educativo de culturas infantis 
 
 
Resgatar as culturas é promover novos conhecimentos, novas linguagens e 
especificamente acolher a infância dentro desses contextos, para que não fiquem submersos a 
um mundo vazio e sem vida. A diversidade cultural é construída de idéias e pesquisas, 
 
 
47 
emergindo toda a historicidade do passado e automaticamente compartilhando com o presente, 
construindo a partir dessas descobertas, nexos para o futuro. Instigar as próprias crianças a 
conversarem com suas famílias, antepassados a fim de trazer essas culturas escondidas 
refazendo outras histórias na construção de mundos apropriados a elas. 
São através das mediações que o educador torna significativa as ações das crianças 
no espaço educativo nos seus mais diversos temas em questão, são dados culturais que 
internalizam todas as experiências vividas seja no contexto das Instituições Educacionais, em 
suas casas, sociedade, com outras crianças na rua. 
As crianças vivem seus papéis interagindo com outras crianças, pessoas adultas, com 
o meio, e na seqüência, interpretam por meios de ações o que aprenderam e o que lhes foi 
ensinado para depois viverem o mundo dos adultos. São nessas perspectivas que o educador 
deverá mediar todos os contextos, para desenvolver na criança sua capacidade de raciocínio, no 
intuito de viverem sua infância, a fim de serem capazes de diferenciarem o mundo infantil do 
mundo adulto. 
É importante que o educador entenda que todas as experiências vividas entre criança 
e adulto/educador, ou seja, troca de experiências, deverão ser mediadas e não impostas. O 
educador deve trabalhar a infância da criança, sua cultura e não meramente incorporar nelas, 
suas ações levando-as ao adultocêntrismo. 
A observação que as crianças fazem, espelhando-se nos adultos levam-nas a 
adquirirem conhecimentos para mais tarde se tornarem em experiências quando começarem a 
ingressar no mundo adulto. 
 
 
3.2 Educação e cultura nos dias atuais 
 
 
A realidade da nossa educação, enquanto formadores de cidadãos, faz parte da 
realidade vivenciada por educadores que possuem concepções diferentes sobre a cultura, mais 
propriamente cultura de infância. Os educadores participantes das convivências infantis têm 
 
 
48 
suas consciências voltadas a uma tradição, aonde foram repassadas de geração em geração e 
isso está diretamente ligada nas diversas realidades e meios sociais, diferentes da realidade de 
nossas crianças. Cabe esclarecer que todas as informações aprendidas de culturas passadas 
estão diretamente vivenciadas cotidianamente com as crianças no espaço educacional. Priorizar 
as interações sociais entre educador/educando e educando/educando é voltar para nosso 
interior, centrando o olhar para percebê-las como sujeitos ativos no processo pedagógico, 
cultural e cidadão de direitos nas ações relacionadas às discussões de infância. 
As influências das culturas infantis no espaço educativo mediam na própria 
ação/prática do educador, pois ao se programarem para uma tarefa rotineira e até diversificada, 
no momento em que as crianças acabam inseridas no plano pedagógico. A conversação toma 
outro rumo e o educador deverá (junto com as crianças) buscar outras fontes instrutivas que não 
fujam do assunto. Tornar a aula significativa dando relevância às construções surgidas no 
momento, fazendo da aula uma reciprocidade e troca de idéias. 
A cultura está enraizada em nossa vida desde que fomos concebidos. De lá para cá, 
foram se transformando em outras tantas maneiras de se viver. De algum modo, o nome cultura 
é o nome que se dá às diferentes formas de viver, inventar, acreditar, construir e reconstruir. 
Fomos crianças, porém seguimos ordens de nossos pais, avós, vivendo da maneira 
que eles gostariam que vivêssemos; tínhamos idéias, criatividade e opiniões, o que não 
possuíamos era espaço e nem voz e vez para tanto. 
Atualmente, a situação se reverteu. Tratar criança hoje não é tratar um ser humano 
como se fosse um adulto, mas com algumas especificidades que os adultos não têm. É deixar 
que vivam suas histórias criadas conforme sua imaginação construa suas relações, interpretando 
seus papéis na vidacotidiana, dignas de serem elas mesmas diante da realidade que nós 
adultos, muitas vezes gostaríamos que fossem. 
A criança, já no ato de inventar, recriar, brincar e construir seu espaço, faz acontecer 
uma interação recíproca com o seu mundo imaginário. O que ela usa no momento, os objetos 
seja de forma singular ou plural, transpassa naquele momento, todos os seus anseios, desejos, 
não importando com o que dispõe, mas sim “invade outros mundos”, embora invisível aos 
nossos olhos, para as crianças, são reais. Somos críticos quanto às crianças serem verdadeiras 
e puras em seu processo de desenvolvimento e aprendizagem. 
Nesta questão da visão adulta, Nolte & Harris (2003, p. 15) nos colocam: 
 
As crianças são como esponjas. Absorvem tudo o que fazemos, tudo o dizemos. 
Aprendem conosco o tempo todo, mesmo quando não nos damos conta de que 
 
 
49 
estamos ensinando. Assim, quando adotamos um comportamento crítico – 
reclamando delas, dos outros do mundo em torno de nós -, estamos lhes mostrando 
como condenar e criticar os outros. Estamos ensinando a ver o que está errado no 
mundo, e não o que está certo. 
 
Alguns pedaços de madeira, algumas latinhas, são transformados em aviões, 
carrinhos, bonecas, na busca de algo prazeroso e real. Essas transformações estão presentes 
no mundo. A imaginação das crianças, vão além da realidade, e as idéias por elas projetadas 
criam suas próprias brincadeiras. A criança precisa interagir com as suas construções para 
poder dar andamento a outras façanhas. Novas aberturas se expandem na medida que damos 
espaços, liberdade para conseguirem serem “culturalmente” seres em construção. 
A cultura oculta por trás das brincadeiras, vai se desencadeando com o passar do 
tempo. Novas descobertas em querer ir além do imaginário. Toda essa construção histórica 
avança e oportuniza a criança modos diferentes de viver e ver o mundo. 
Com isto, as situações imaginárias criadas nas brincadeiras das crianças, lhes 
permitem operar com a recombinação – reinterpretação – modificação – a partir de elementos da 
realidade, possibilitando elaborarem seus próprios modos de agirem e de estabelecerem suas 
relações sociais. Ou seja, criando seus próprios códigos culturais, não resultando apenas num 
“conformismo de adaptação à cultura, tal como a cultura existe” (BROUGÈRE, 1997, p. 104). 
No exercício do criar, a imaginação infantil é capaz de transformar, recriar, resignificar 
a partir do que há no real. Todavia, da mesma maneira que o músico brinca com o som e sua 
melodia, o dançarino brinca com seu corpo, ao compasso de um determinado ritmo da música. O 
escritor transforma palavras soltas em grandes lições de vida, a criança vive a cultura que lhe é 
apresentada pela sociedade de forma imaginária, num processo criativo e cultural. 
Dessa forma, Wajskop (1999, p.25) sinaliza esta questão da seguinte maneira: 
 
A criança desenvolve-se pela experiência social, nas interações que estabelece, 
desde cedo, com a experiência sócio-histórica dos adultos e do mundo por eles 
criado. Dessa forma, a brincadeira é uma atividade humana na qual as crianças são 
introduzidas constituindo-se em um modo de assimilar, recriar a experiência sócio-
cultural dos adultos. 
 
 
 
 
 
 
50 
3.3 Cultura infantil e práticas educativas 
 
 
Toda brincadeira está enraizada em culturas; as significações adquiridas fazem uma 
alavanca a sair de um mundo imaginário, para um mundo totalmente específico, com pluralidade 
de idéias na construção e elaboração de outros campos condizentes com o que a criança vive no 
momento. 
 
Na sua brincadeira, a criança não se contenta em desenvolver comportamentos, 
mas manipula as imagens, as significações simbólicas que constituem uma parte da 
impregnação cultural à qual está submetida. Como conseqüência, ela tem acesso a 
um repertório cultural próprio de uma parcela da civilização [...] (BROUGÈRE, 1995, 
p. 47) 
 
Nessa sucessão de acontecimentos e de convívio no dia-a-dia das Instituições 
Educacionais, permite-se indagar que, a partir do contato e das interpretações com a cultura que 
lhes é proporcionada, as crianças reproduzem e criam outras formas de expressões, próprias da 
infância, incluindo elementos novos a esta cultura, ou seja, agindo como agentes ativos e seres 
completos no processo de produção cultural. 
Esse modo de olhar, de revelar o movimento coletivo e criativo, partilhado nas 
reproduções das culturas infantis, conduz a problematização da necessidade de se repensar a 
prática nos contextos de educação e cuidado. 
Então temos claro que são muitos os critérios para se interpretar e observar/conhecer 
as formas de expressões e manifestações culturais produzidas no contexto das Instituições 
Educacionais, com isto, alerta-se que muitas outras interpretações podem e devem ser feitas a 
cerca da cultura infantil, além, do viés das brincadeiras. 
Portanto, verificamos que as crianças, em contrapartida, ao se apropriarem de 
elementos do mundo do adulto, os trazem para o universo infantil, atribuem outros significados, 
inventando suas próprias brincadeiras e formas de brincar, recriando no mundo da ordem do 
adulto, outra ordem, porém, num tempo e espaço definido por elas, revelando com isto, nas suas 
interações a existência de uma especificidade no modo de ser criança, defendida aqui, como 
produção cultural infantil. 
Mais uma vez, vamos ressaltar que os educadores da infância colocam em suas falas, 
que criança ou infância é deixá-las viverem, brincarem, etc. Na prática, o que acontece é 
diferente: os objetivos são totalmente outros – somente se espera no final do dia, os objetivos 
 
 
51 
alcançados. As produções das crianças penduradas no “varal da sala”. Fala-se em trabalhar o 
lúdico, brincar, o mundo dos sonhos, das fantasias, sendo que no concreto usa-se somente o 
que manda o plano de aula. Aos olhos dos outros, os educadores trabalham todas as linguagens 
dos educandos. Percebemos que alguns educadores não priorizam a infância, não querem que 
as crianças mexam nos brinquedos e principalmente devem ouvir quietas o que eles têm a dizer. 
Alfabetizar uma criança não é só ensiná-la a ler e escrever, sim mostrar também 
quantas linguagens, fatos, etc., elas podem conhecer e aprender. Precisamos perceber e 
trabalhar as culturas das crianças, pois todas as brincadeiras, cantigas, faz-de-conta, 
interpretações de papéis, fazem parte da alfabetização da criança, e o educador deverá mediar, 
fazendo do espaço educativo um lugar de aprendizagem e construção de culturas. 
O educador Infantil, primeiramente deve ser um motivador e mediador da 
aprendizagem. Ele deve conhecer as teorias do desenvolvimento das crianças. Além, também, 
respeitar e acreditar nas potencialidades das mesmas, proporcionar um ambiente favorecedor da 
aprendizagem considerando o ritmo de desenvolvimento da criança. 
Deve ser alguém que tenha formação, qualificação, mas que também esteja aberto às 
novas mudanças, que priorize uma educação infantil onde as crianças tornem a questão central 
neste enfoque. 
Os objetivos só podem serem atingidos na medida em que as crianças vão produzindo 
e se interessando nos enunciados ditados pelos educadores. Incluir nos currículos, cultura de 
infância é abrir espaços para as crianças vivenciarem suas histórias, descobrir outros horizontes 
e serem capazes de modificarem suas ações, os pensamentos, o seu mundo, enquanto seres 
em desenvolvimento. 
Se faz necessário que os educadores valorizem a sua prática educativa, preservando 
os conhecimentos, os costumes e as sabedorias que as criancas já possuem, como: cantigas, 
histórias e outros “conhecimentos” que fazem parte do contexto onde vivem, articulando no 
espaço educativo, juntamente com as outras crianças, buscando sempre a interação entre todos. 
Uma cultura em que a criança deva ter espaço de ser criança, podendo explorar sua criatividade, 
sua imaginaçãoatravés de variados meios por ela proposta e também mediados pelo educador. 
As culturas infantis devem ser prioridades, devendo o educador resgatá-las na medida 
em que vai sendo trabalhado no coletivo, fazer do espaço educativo um lugar onde a criança 
sinta prazer e viva suas especificidades, um ambiente em que não sejam podadas, onde não 
prevaleça à fala do educador. Desta forma então, através da mediação, valorizar as atividades 
desenvolvidas pelas crianças. 
 
 
52 
As crianças desenvolvem linguagens, entonações em tudo que realizam. Conversam 
com o seu mundo de maneira eficaz, tendo a segurança de prosseguir sem temer o que virá 
depois. É com estes resgates de culturas, que as crianças transformam todos os espaços em 
espaços delas, vivem a vida de forma mais prazerosa. Elas vivendo nas Instituições 
Educacionais o que de casa trazem. 
É necessário atrelar outras fontes (invenções, faz-de-conta, brincadeira de roda) nos 
espaços educativos e com a prática educativa despertar nas crianças o interesse em formar no 
coletivo a construção de novas histórias. Deixar o livre arbítrio para que as diferentes formas de 
expressão se comuniquem. Respeitando-se a cultura de infância, tem como finalidade 
importantíssima para a formação da personalidade da criança - a educação em todos os 
contextos em que ela se encontra (sociedade, família, costumes, etc.) - atrelando a isso as suas 
próprias experiências adquiridas no cotidiano e transformadas e mediadas gradativamente pelo 
educador no espaço educativo. 
A Educação Infantil tem por finalidade a educação integral da criança e o seu pleno 
desenvolvimento, seja em casa ou em Instituições Educacionais específicas, transcedendo 
assim, o mero “cuidar” ditado pelo senso comum ao longo da história. É necessário também, ter 
clareza dos objetivos, tendo em vista que desde cedo a criança passa a apropriar-se de valores, 
informações e referências para a sua vida, bem como, dar oportunidade para as crianças se 
desenvolverem nas relações com outras crianças através da mediação do professor. 
A cultura infantil perpassa todos os contextos da Instituição Educacional e a criança 
possue seus conhecimentos e especificidades próprias. São bagagens culturais que elas 
vivenciam e praticam no seu dia-a-dia, construindo suas histórias a partir da aprendizagem do 
pré-estabelecido pelos adultos, o que escutam, vêem e experimentam, abstraem e transformam 
em várias ações. 
Na atualidade a finalidade volta-se para dois eixos essenciais na formação e 
construção do ser criança, e que consistem marco para a sociedade vigente, que é o educar e o 
cuidar, ou seja, além de fazer o papel assistencial, a Instituição Educacional, ainda prioriza a 
instrução (educação). A Instituição Educacional facilita o papel da educação, que seria construir 
pessoas plenas, priorizando o ser e não o ter , levando o educando a ser crítico e construir seu 
caminho. Mas uma criticidade voltada para o prazer de construir sua história de vida, sentindo o 
prrazer de fazer parte desta historicidade cultural. 
É preciso na prática educativa valorizar a cultura de infância, mas se faz necessário 
todo um conhecimento da realidade da criança para fazer acontecer no coletivo novas 
aprendizagens, crescimento para a vida das mesmas. A finalidade da Instituição Educacional é 
 
 
53 
articular esta Cultura de Infância com a prática, envolvendo todos os aspectos vigentes 
proporcionando à criança, viver de forma a aprender a apreender, descobrir e construir seu 
mundo, tendo como base a mediação do adulto/educador. 
De fato, tudo isso implica na formação de opiniões, mas dentro do contexto educativo 
para a formação da personalidade, na construção cultural. Esse jogo de idéias nos leva a 
compreender alguns processos do aprender, é cheio de significações e a criança se expressa 
usando a linguagem corporal, gestual, etc. Deixar o corpo falar é um caminho (gestos, 
expressões faciais, movimento). Sobre isso Dias (1999, p. 176) nos coloca: 
 
Contribuir para a formação da sensibilidade das crianças significa incentivar e criar 
oportunidades para que elas se expressem, ampliem e enriqueçam suas 
experiências, aumentando suas possibilidades de interlocução e o entendimento da 
realidade que as cerca. [...] 
 
Segundo Forquin (1993), afetividade e inteligência enfatizam que o principal objetivo da 
educação seria criar homens capazes de inventar coisas novas e não apenas meros repetidores 
daquilo que outras gerações fizeram. A meta seria formar homens criativos, inventivos e 
descobridores. 
Nesse sentido, estudar a cultura significa interpretá-la, e ater-se aos dados coletados 
de forma densa, propicia à aproximação mais fidedigna4 possível da realidade investigada. 
Falando em cultura infantil não podemos deixar de citar sobre o brincar como manifestação 
primordial da infância. 
Desde as brincadeiras e os jogos de papéis que as crianças fazem e o modo de 
interpretação que seguem, fazem do seu mundo um outro espaço, no qual transformam-no em 
objetivos concretos o que estão vivendo. 
Quando brincamos, relembramos nosso lado criança, nos faz bem. As crianças se 
tornam felizes quando brincam e podem ser elas mesmas sem interferência do mundo adulto. 
Suas capacidades e responsabilidades ficam sérias, quando repassadas dentro dos limites que 
exigimos. Esses limites não podem ser impostos e nem autoritários, por que vem de certa forma 
bloquear as crianças no desenvolvimento e construções de suas culturas. 
Observamos que as brincadeiras inventadas pelas crianças passaram a ser palco de 
grandes descobertas. Pois, à medida que se percebe certa sensibilidade das crianças para 
expressarem suas produções culturais durante as brincadeiras, devemos incentivá-las 
 
4 Toda criança em sua cultura específica, mostra uma realidade capacitada de mudanças e crescimento na sua especificidade 
como um ser pensante, digno de credibilidade, esperança enquanto cidadão em evolução. 
 
 
54 
possibilitando momentos ricos de observações de suas expressões culturais. Em um sentido 
mais amplo pode-se dizer que as crianças atribuem novos significados e deixam a sua marca 
nos elementos culturais no ato de brincar. 
Essa atitude composta possibilita à criança experimentar os diferentes papéis 
articulados na construção da brincadeira. ”Ao brincarem, as crianças vão construindo a 
consciência da realidade, ao mesmo tempo em que já vive uma possibilidade de modificá-la”. 
(WAJSKOP, 1999, p. 33) 
O educador deve ser exatamente isto: um educador, ou seja, alguém com 
sensibilidade e conhecimento suficientes para compreender o espírito infantil, para compreender 
e agir segundo as reais necessidades das crianças. Alguém que participe ativamente, com amor 
e comprometimento nesta etapa fascinante do desenvolvimento humano. 
Essa sensibilidade está imersa no respeito entre as crianças, no valor enquanto seres 
humanos, e o modo de viverem de cada uma. Mas é preciso que o educador sempre trabalhe 
esses aspectos para que gradativamente a criança possa ir construindo um mundo melhor. 
O educador é uma peça fundamental na vida das crianças, por isso é necessário que o 
mesmo se coloque no lugar das crianças, podendo então compreender os sentimentos de seus 
educandos. O educador precisa se transportar para o mundo das crianças, a fim de entender o 
quão importante é construir no desenvolvimento infantil e valorizar as culturas infantis, e não o 
mundo adulto. 
Conforme Pereira & Souza apud Kramer & Leite(1998, p. 40): 
 
Quando um adulto fala da infância geralmente se reporta à experiência do outro, e 
dificilmente se reconhece nessa história, como se a criança que habita o adulto já 
não encontrasse palavras para dar conta dessa experiência esquecida. O diálogo 
do adulto com a criança depende, num certo sentido, do diálogo do adulto com o 
seu passado,com a sua infância. [...] 
 
A partir dos conhecimentos advindos da família, o educador deverá mediar e abrir novo 
espaço educativo a fim de proporcionar às crianças novas maneiras de se relacionar com o 
mundo interno e externo. 
As brincadeiras fazem parte da cultura das crianças, inovando ou recriando elas 
transformam o mundo mais perfeito e mais diversificado. Também colhem do meio social fora do 
espaço educativo toda uma gama de informações e vão gradativamente construindo novas 
histórias. 
A educação infantil tem papel importante no desenvolvimento humano e social. A 
 
 
55 
prioridade das Instituições Educacionais é alavancar os conhecimentos e aprendizagens das 
crianças quanto a sua cultura de infância. Embasado nisso, a prática educativa do educador é 
levar em conta as diferentes culturas e fazer uma concordância com a real situação existente, 
desatando os nós do preconceito, atingindo outro viés para novas aquisições de valores e o 
acesso e permanência na sociedade colocando suas expressões e opiniões. 
Segundo Buffa (1996), também em termos qualitativos o trabalho realizado nas 
Instituições Educacionais ainda não é democrático: muitos têm apenas caráter assistencial ou 
sanitário, que são importantes, mas não substituem a dimensão educativa, social e cultural, 
cruciais para favorecer o desenvolvimento das crianças e seu direito de cidadania. A educação 
infantil como espaço de socialização e convivência, que assegura cuidado e educação da 
criança, não é ainda realidade em muitas das Instituições de Educação Infantis brasileiras. 
Respeitar a cultura na Educação Infantil, é fazer o resgate dos antepassados, 
repassando às crianças toda essência de como viviam tempos atrás, fazendo um resgate 
juntamente com elas para serem conhecedoras da realidade onde vivem. 
Segundo Wajskop (1995), através da experiência, as crianças vivem momentos de 
reflexão como lócus importante para transformar gradativamente a sua realidade. As crianças 
vivem sua infância a cada instante, a cada ação, vivem a sua maneira, a seu modo, sendo 
transparente consigo mesmo e com os outros. Elas aprendem, ensinam e modificam a cultura. 
O brincar como especificidade infantil, faz parte da cultura infantil. Brincando, a criança 
cria outros vínculos com mundos diferentes, nos quais as “invenções” que usarão nas 
brincadeiras mudam toda uma estrutura já preestabelecia até então. 
Diante de tudo isso, nas palavras de Brougère (1995, p. 42): 
 
O brinquedo pode ser uma reprodução da realidade, mas trata-se de uma realidade 
selecionada, isolada e, na maior parte das vezes, adaptada e modificada nem que 
seja pelo seu tamanho. Certos universos de objetos e de seres são desse modo, 
privilegiados como o universo doméstico (em particular para os brinquedos 
destinados às meninas), o universo do automóvel, do transporte (para os meninos), 
certos aspectos do mundo natural (animais), certas épocas do passado, etc. [...] 
 
Hoje as brincadeiras estão mescladas num mesmo universo, no mesmo espaço. As 
culturas infantis acontecem tanto no feminino, quanto no masculino, existindo um entrosamento 
 
 
56 
recíproco. As construções culturais, as histórias sociais se modificam, são reconstruídas sem 
distinção de gênero, mas os objetivos devem ser direcionados com o propósito de visar às 
aprendizagens mútuas autonomia e respeito fazendo da brincadeira um espaço cultural e 
construtivo. 
Podemos refletir que: 
 
A criança desenvolve-se pela experiência social, nas interações que estabelece, 
desde cedo, com a experiência sócio-histórica dos adultos e do mundo por eles 
criado. Dessa forma, a brincadeira é uma atividade humana na qual as crianças são 
introduzidas constituindo-se em um mundo de assimilar e recriar a experiência 
sócio-cultural dos adultos. (WAJSKOP 1999, p. 25) 
 
Através da cultura, acontece socialização, interação com grupos sociais e formação de 
suas identidades. Para a criança, o mundo que era objetivo começa a se apresentar de forma 
diferente; aonde vai gradativamente se modificando em um mundo subjetivo. Nossos objetivos 
devem ser de priorizar a importância das culturas infantis com os educadores em sua prática 
educativa. A realidade objetiva passa a ser realidade subjetiva. 
Vários são os fatores culturais que acontecem no espaço educativo e o processo das 
várias diversidades culturais, constituindo modos de organização no mundo infantil, que 
voluntariamente ou involuntariamente interfere na vida da criança, pois as relações sociais 
ocorrem na família. Em que a base do conhecimento é o alicerce primordial para uma vida mais 
segura na participação mais ampla no meio. Significa que criança irá internalizando, 
apropriando-se da realidade subjetiva na sua formação psíquica, que lhe possibilitará sua ação 
do mundo, construindo outros cenários culturais que estão sempre inacabados. 
A prática educativa tem como função, levar até as crianças um pouco mais de ação e 
reflexão diante de suas práticas culturais. Avaliando os seus modos de viver, hábitos, costumes, 
crenças..., sem que tudo isso interfira em sua vida como que dizendo, o que você aprendeu está 
errado. Mas ressaltando a grande valia da sua participação nas relações que envolvam novas 
culturas num contexto global. Enfim, a prática educativa, dentro do espaço educacional, consiste 
em ouvir as crianças em suas opiniões e expressões, envolvendo suas relações culturais. 
 
 
57 
Falar em construção de cultura de infância nos fez perceber muitos pontos culminantes 
em relação à cultura, desmistificando certos entrelaços5 presos e abarrotados por preconceitos e 
informações repassadas a nós informalmente; quebrando paradigmas, envolvendo-nos a novas 
situações de entendimento e dinamismo diante das várias construções culturais. 
Analisamos que no espaço educativo os educadores compreendem a importância de 
priorizar a cultura infantil, porém nas relações criança/educador e na prática educativa, não se 
observa tal ação concreta e presente no dia-a-dia. Torna-se necessário por parte destes não só 
a compreensão como a concretização de todos os significados da construção cultural infantil. 
A atual conjuntura moderna requer muitos olhares voltados as nossas crianças, não só 
no sentido de educação, mas uma educação que envolva todos os fatores de sua vida: 
responsabilidade, compromisso, cidadania e uma educação ampla, envolvendo os espaços 
educativos numa caminhada de liberdade de expressão, criticidade e preparação para vida. 
Querendo ou não, a construção cultural está dentro de nossas Instituições 
Educacionais onde as crianças representam seus diferentes papéis fazendo-nos perceber que 
cada vez mais são necessários enfoques que abordem as especificidades dentro de um contexto 
sócio-cultural. Ampliando a visão de mundo, aprofundando em debates a reflexão sobre 
opiniões, dignidade e individualidade dos educadores e crianças. Todos os educadores vivem 
momentos de transição na educação, por isso é preciso que se trabalhem todos os conceitos de 
culturas, os métodos que usam a fim de resgatar as várias culturas presentes nas Instituições 
Educacionais. E, mediações que o educador deverá fazer para relacionar as formas culturais 
com o dia-a-dia das crianças nas Instituições Educacionais. 
Precisamos refletir que o assunto cultura infantil está presente nas Instituições 
Educacionais e que discuti-las no contexto educativo é 
fazer um paralelo entre o interno e o externo, 
priorizando a cultura infantil e não apenas a cultura 
adulta. Que os educadores saibam entender e 
interpretar as manifestações de culturas em suas 
crianças. Saibam, acima de tudo, ouvir para depois 
encaminhá-las para as descobertas, sem que haja 
distorções dos fatos e conseqüentemente, que possam 
 
5 Compreender a criança na sua totalidade, desfazendo os nós que aprisionam em suas característicascomo seres ímpares na 
construção de suas histórias culturais – como atores principais, dando voz e vez para suas expressões, interpretações na vida de 
todas as pessoas. 
Fonte:http://www.pca.org.br/guia_do_voluntario
.php 
 
 
 
58 
compreender melhor as novas concepções de culturas sob novos olhares. Nossa prática 
educativa precisa ser resignificada com outros olhares para o resgate das culturas infantis. 
Para refletir... 
 
 
Brincadeiras esquecidas 
Amarelinha, chicote queimado, 
Roda pião, esconde-esconde, 
Bola de gude, pega-pega, 
Cantigas de roda, cabra cega... 
Você não sabe? 
Não aprendeu? 
Pobre criança de hoje, 
Trancada na sala 
Pra ver tevê... 
 
 
(Extraído de “Sonhos de criança”, Belo Horizonte: Nova Safra; Blumenau: FURB, 1988) 
 
 
 
Qual a sua opinião sobre o que a autora quis dizer quando escreveu: “pobre criança 
de hoje...”? 
_________________________________________
_________________________________________
_________________________________________
_______________________________ 
 
 
Curiosidade... 
 
Bonecas, carrinhos, urso de 
pelúcia, videogame… 
Os brinquedos existem há 
milhares de anos. É claro que não eram Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Brinquedo 
 
 
59 
fabricados por indústrias, mas eram feitos à mão, usando panos, madeiras, ossos, louça. 
Entre antigos brinquedos, guardados hoje em museus, estão às 
bonecas de madeiras, de barro cozido, de pedra ou metal. 
Também as miniaturas de mesas, cadeiras e jarras eram brinquedos 
apreciados pelas crianças. 
Alguns brinquedos de hoje não eram brinquedos antigamente. A perna-
de-pau era usada para atravessar lugares alagados, e o urso de pelúcia era almofada para 
alfinetes. 
 
(Informações extraídas da “Folhinha”, SP, 2/11/91) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que as crianças hoje, nos transmitem, na questão do brincar, baseado no texto 
acima? 
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_____________________________________________________________________________
Crianças brincando de esconde-esconde em 
pintura do século XIX 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX
 
 
60 
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Dê a sua opinião sobre infância vivida e infância inventada: 
 
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A infância é etapa fundamental para que possamos incutir hábitos culturais que irão 
acompanhar nossas crianças, durante toda a sua vida escolar e, posteriormente, também em 
sua experiência familiar, profissional e emocional. Isso é corrente entre especialistas em 
Fonte:http://www.pca.org.br/guia_do_voluntario.php 
 
 
61 
educação, que estão diretamente relacionados com a formação das crianças, devem usar todas 
as ferramentas disponíveis para que seus alunos desenvolvam ao máximo suas potencialidades. 
É primordial que, entre as ferramentas legadas as crianças durante sua fase inicial de 
estudos, se consolide a leitura. Isso só pode 
ser feito se as crianças tiverem contato 
freqüente e prazeroso com recursos que 
estimulem sua curiosidade, despertem sua 
criatividade, informem divertindo e permitam 
certa interação. Nesse aspecto a utilização 
dos livros, contação de histórias, pesquisar, 
descobrir novas fontes que estimulem o 
prazer de conhecer outras formas culturais, 
são valiosas aprendizagens para as crianças, 
que as levarão a ter uma vida digna de 
conhecimentos, amadurecimento de sua 
personalidade. Instigar as crianças é montar 
estratégias através das quais as crianças contem as histórias, releiam os textos, troquem 
revistinhas, ganhem novos exemplares, desenhem, pintem, dramatizem e tantas outras 
possibilidades, é decisivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www.qdivertido.com.br/cronicas.php 
 
 
62 
Reflita... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:“Sonhos de criança”, Belo Horizonte: Nova Safra; Blumenau: FURB, 1988. 
 
 
 
63 
Baseado no texto acima analise a seguinte questão: A realidade educacional está 
voltada para a emancipação do ser humano ou para a sua escravização, diante de tanta 
complexidade? 
 
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“[...] A educação desenvolve em nós a quota de 
humanidade na medida em que nos 
torna mais compreensivos e 
abertos para a natureza, 
a sociedade, o 
semelhante.” 
 
(Adaptado de Antônio Cândido) 
 
 
 
 
64 
4 RECORDANDO A INFÂNCIA 
 
 
Quem não se lembra da sua infância, 
das travessuras sadias, das brigas... sem 
conseqüências maiores, mas... Com um 
entendimento, que levava a um único objetivo: 
fazer acontecer a brincadeira... Uma cultura 
“quase” esquecida... 
Construía-se carretilha para se descer 
do morro em alta velocidade, brincava-se de 
Tarzan (filme da TV) nos cipós da mata, nadava 
em rios e banhava-se nas cachoeiras... Os 
domingos eram saborosos: eram programados 
oito dias antes. Tinham o sabor da espera: ora 
colhia-se araticum, ora contava quantos ninhos 
de passarinhos se achava. Para as meninas, bonecas de panos, confeccionados pelas mães, 
tias e avós, carrinhos de madeira... Os carrinhos eram construídos. Todos os brinquedos 
possuíam detalhes, que só a imaginação conhecia... 
Meninos e meninas, riam, rolavam na grama, conversavam sobre o futuro, das paixões 
secretas, dos segredos escondidos, sem pensar, se um dia iriam sofrer... As meninas brincavam 
de casinha, meninos jogavambola e quando ambos os grupos se juntavam, as brincadeiras, os 
brinquedos e a infância tinham o gosto gostoso de aventura. 
Ficavam cansadas, mas adormeciam satisfeitas por terem explorado mundos 
distantes. Dragões, feras e bicho papão, eram derrubados, enchendo suas vidas de heroísmo e 
alegria. Capazes de enfrentar qualquer desafio formavam seus grupos, defendiam-se, 
organizavam-se, e ali aconteciam suas próprias crenças, mitos e sonhos... Construíam suas 
culturas; tinham opiniões individuais, mas com objetivos em comum: brincar, criar brincadeiras, 
brinquedos. Cada um interpretava seus papéis no jogo teatral da vida... 
Fonte: 
http://products.austriantrade.org/listobj.php?p=57&sec=122
9&l=de&inf=7063&idl=pt 
 
 
65 
Se havia criança depressiva não se sabia frustrada pela rigidez das famílias, não se 
tinha conhecimento, tudo isso, porque não se tinha tempo para deixar a “cabeça vazia”, o mais 
importante era viver o tempo de criança. 
A infância era construída, reconstruída a cada experiência trocada, caminhos trilhados 
e vivenciados. Esperança que brotava d’alma enchendo os olhos de brilho, de expectativa, como 
se jamais fossem crescer... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eram jogos culturais, que estavam presentes nas famílias, aperfeiçoando-se com o 
passar do tempo. As crianças aprendiam a ser elas mesmas, viajavam no tempo com as 
histórias contadas, e cada uma delas relatadas e as crianças colocavam a cabeça para 
funcionar, onde uma aventura acontecia... a imaginação fluía. 
Se pensarmos em infância, como um marco da nossa vida, sendo também fonte de 
energia para um futuro cheio de novas esperanças. Voltadas para um mundo melhor, sendo a 
criança que alavanca nossos sonhos e desejos de recomeçar, porque então esconder de nossas 
crianças as brincadeiras que estão guardadas no sótão das nossas lembranças? Brinquedos e 
ROCHA, Denise M. da Produzindo leitura e escrita, Curitiba: Braga, 
93. 
 
 
66 
brincadeiras que em épocas passadas deixavam as crianças satisfeitas? Temos o anseio de ver 
nossas crianças (hoje) felizes? 
Enfim, era uma infância incomparavelmente diferente da infância contemporânea, pois 
não era tempo de consumo e de massificação dos valores. Mas ao contrário, era a vivência dos 
acontecimentos cotidianos com uma intensidade que o tempo não apagava da lembrança. As 
crianças se transformavam em seres únicos, formadores de inesquecíveis histórias culturais. As 
memórias eram vivas e com um processo de constituição subjetiva, expressando-se e 
valorizando cada etapa, que ia ganhando contornos a partir do encontro com pessoas e coisas 
que permearam a vida de infância. Lembrar a infância é fazer um resgate para reviver nossa 
criança interior. É contemplar o presente aperfeiçoando o futuro: nossas crianças fazem parte 
dele. 
 
 
4.1 História do brinquedo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www.monica.com.br/revistas/brincade/rolima.htm 
 
 
67 
O brinquedo faz parte de nossa vida à longa data, por isso, somos descendentes de 
gerações que tinha o brinquedo como um grande valor cultural. 
Ao nascermos recebemos nosso primeiro brinquedo e começamos a aprender a 
brincar. À medida que crescemos vamos aumentando nossa relação com ele, objeto 
fundamental para a formação da nossa personalidade. Interagimos com ele como se fosse nossa 
própria proteção; fazia parte de nossa existência para nos proteger sendo um grande amigo com 
quem conversar e acima de tudo confiar. 
É nessa fase que damos vida a seres inanimados e os incorporamos às nossas 
próprias vidas. Quem não se lembra com carinho daquela boneca ou carrinho? Eles de fato 
faziam parte do nosso mundo, interagiam conosco, mesmo que não possuíssem bateria ou 
movimento. Nossa imaginação cuidava de tudo. 
E é na imaginação que os brinquedos atuam, preparando as pessoas para uma vida 
toda que virá pela frente. Por meio deles, transpomos barreiras de tempo e espaço. Somos 
capazes de ser o que sonhamos por isso eles se tornaram únicos, reservando espaço em 
nossos corações e mentes. 
Alguns filósofos garantem que brincar é à base da cultura de um povo. Dá-se a partir 
desta construção a base que toda criança precisa para a socialização e interação com o meio. 
Para todos, educadores da infância, que estão envolvidos dia-a-dia com o brincar, sabem que 
brinquedo é coisa séria. 
O fascinante elo entre o mundo do faz-de-conta e a vida real recebe, com o resgate da 
infância, um aliado de peso, num terreno nem sempre fértil de divulgação da infância. Muitas 
mudanças ocorreram e as nossas crianças passaram a conhecer uma infância mais forçada, 
mais precoce, perante aos novos parâmetros indicadores que norteiam a vida infantil. 
Ao conhecer esse universo mágico, descobrimos que o brinquedo é muito mais que 
entretenimento. É acima de tudo, um processo cultural que forma, amplia e estabelece valores. A 
criança ao brincar viaja no tempo de sua imaginação, e recria outras novas formas de reinventar 
o prazer de viver; o brinquedo age como espelho da sociedade, e partindo da sua aprendizagem, 
ela associa o presente com o futuro. A criança está inserida numa sociedade, que vem sofrendo 
transições, mas que retrata usos, costumes, moda, tecnologia através do brinquedo/brincadeira, 
de um período, como um corte radiografado no tempo. É uma transformação que nós 
 
 
68 
educadores devemos sempre fazer um paralelo, para informar às crianças da importância do 
brincar para o desenvolvimento de suas capacidades cognitivas. 
Feliz da nação que percebe quão importante é o respeito pela criança e a importância 
do brincar. Pois é brincando que a criança amadurece, realiza seus sonhos, extravasa seus 
medos, imita os pais e o mundo adulto, testando seus limites. E feliz a nação que sempre utiliza 
o brinquedo ou a brincadeira, como instrumento de ação e de educação, pois ao brincar, as 
crianças, criam seu mundo –invisível - onde o desconhecido é vencido pela imaginação. 
A história do brinquedo é tão antiga quanto à história do homem. 
Muitos brinquedos que temos hoje nasceram nas grandes civilizações antigas e boa 
parte deles permanece inalterada ao longo dos tempos (exemplos): 
# Do Egito, herdamos o jogo-da-velha e as bolinhas de gude; 
# Da China, o dominó, os cata-ventos e as pipas; 
# Da Grécia e de Roma, pernas-de-pau e marionetes. 
A viagem pela história dos brinquedos nos permite percorrer culturas, estilos, modos 
de vida, regras sociais, utilização de materiais, ferramentas e relações pessoais. Uma história 
recheada de curiosidades, inventores criativos, brinquedos que fazem sucesso e fábricas que 
lutam para se aperfeiçoar. 
 
 
 
4.2 Segurança do brinquedo 
 
 
No Brasil, todo brinquedo comercializado 
deve ter o selo do Inmetro. Para isso ele vai passar 
pelo Instituto da Qualidade do Brinquedo e de Artigos 
Infantis (IQB), pelo Instituto Falcão Bauer da Qualidade 
Fonte: 
http://www.cienciahoje.pt/mod/loja/index.php?
op=detail&list=2&id=14648 
 
 
69 
(IFBQ) ou pelo Instituto Brasileiro de Certificação (IBC). Esses institutos analisam se o brinquedo 
está dentro das normas de qualidade: se o material não é tóxico, se não têm peças que a criança 
possa engolir, etc. Outra recomendação importante: ao darmos um brinquedo a uma criança, 
precisamos sempre tirá-lo da embalagem para verificação das peças. 
Cabe às indústrias seguir as normas para produzir brinquedos seguros e imprimir as 
recomendações de uso na embalagem, assim como cabe aos responsáveis pela criança seguir 
as instruções e vigiar a brincadeira. Isso porque, mesmo o brinquedo tendo o selo do Inmetro, 
alguns problemas podem ocorrer como um irmão menor que pode ter acesso a um brinquedo 
que não é próprio para sua idade. 
Foi criada no Brasil, a Abrinq - Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos, 
fundada em São Paulo, no dia 2 de julho de 1985 para cuidar e defender os interesses do setor.A Fundação Abrinq pelos direitos da criança nasceu em 1990, com o objetivo de 
promover os direitos e exercícios da cidadania da criança e do adolescente. Conforme a 
Convenção Internacional dos Direitos da Criança (ONU, 1989), a Constituição Brasileira (1988) e 
o Estatuto da Criança e do Adolescente. (1990). 
Algumas datas e autores de alguns brinquedos: 
 
1902 - O imigrante russo Morris Michtom fabricou os primeiros ursos de pelúcia. Há 
versões que dizem que, antes dele, a alemã Margaret Steiff já fazia animaizinhos de feltro; 
1935 - O norte-americano Charles B. Darrow inventou o Banco Imobiliário; 
1949 - Na Dinamarca, o marceneiro Olé Kirk Christiansen desenvolveu as peças de 
encaixe que compunham o Lego; 
1956 - O autorama, uma minipista de corrida com carrinhos movidos a pilha, foi 
lançado na Inglaterra; 
1959 - A norte-americana Ruth Handler criou a Barbie, uma das bonecas mais famosas 
da história. O primeiro modelo vinha com um maiô listrado; 
 
 
70 
1965 - Surgiram os primeiros skates produzidos industrialmente. O brinquedo foi criado 
pelos surfistas californianos, nos Estados Unidos, como forma alternativa de diversão para os 
dias em que o mar estava de ressaca; 
1972 - Quatro alunos da Escola Politécnica de São Paulo elaboraram uma versão 
nacional de um jogo de estratégia de guerra europeu, o War; 
1974 – Metall ware infabrik Georg Branstatter, uma fabricante alemã de telefones e 
caixas registradoras, lançou o Playmobil, um brinquedo com kits temáticos de bonecos feitos 
com um novo tipo de plástico (mais resistente e lavável); 
1978 - Chegou ao Brasil o Genius, um jogo eletrônico de memória criado nos Estados 
Unidos; 
1996 - O Tamagochi, um bichinho de estimação eletrônico, foi criado no Japão. O 
desenhista Kazuki Takahashi desenvolveu um jogo de cartas com monstros chamados Yu-Gi-
Oh; 
 
 
 
4.3 A criança e a cultura no papel moderno 
 
 
 
Sabemos que atualmente a infância de nossas crianças é marcada pelas novas 
brincadeiras de Power-Rangers, meninas superpoderosas, Hello Kitty, músicas do RBD, entre 
outras. Não podemos esquecer a Tiazinha, homem-aranha, etc. Com tudo isso, e mais um 
pouco, vem se formando uma nova cultura, transformando a criança em uma criança 
enveredada ao consumo dos brinquedos, prontos inseridos no mundo dos adultos. Em que 
muitas vezes, como compensação, os próprios adultos preferem preencher o mundo das 
crianças, viciando-as a uma cultura sistematizada, devido ao corre-corre das agendas cheias, 
dos compromissos. 
Apesar de muitas e muitas vezes nos depararmos com situações que requerem 
ponderação antes de agirmos, precisamos reconhecer nas crianças um emaranhado de 
inteligências e capacidades, que poderão nos ensinar muitas coisas. As brincadeiras infantis têm 
 
 
71 
muito de construção de culturas, e é relevante fazer uma ponte que liga a educação nas 
Instituições Educativas com o que está acontecendo, com as novas formas culturais das nossas 
crianças. Não precisamos “queimar” as etapas da infância em prol disso, mas sim mediarmos às 
verdadeiras funções do brincar perante as novas realidades. 
É necessário pensar na Instituição Educacional, na qual as crianças com suas 
diferentes culturas possam criar e recriarem brincadeiras. Inventar e imaginar de como fazer 
para a brincadeira acontecer. É preciso pensar que a Instituição Educacional, fundamenta sua 
atuação na abordagem centrada na criança, como uma concepção humanística de educação, 
que todo ser tem uma potencialidade natural para aprender, mas esta aprendizagem só será 
significativa se o indivíduo perceber o conteúdo como importante para seus objetivos. Dentro 
deste enfoque temos o educador como facilitador da aprendizagem, convencido de que a 
eficácia de sua ação depende fundamentalmente do grau de sua própria autenticidade, 
aceitando o grupo de crianças como é, colocando-se à disposição deste e proporcionando 
condições para que construam o seu próprio desenvolvimento. A criança deve ser respeitada 
como pessoa que é. 
Partindo do princípio de que a criança é o centro da ação educativa, o planejamento 
inicia-se a partir de um tema que surge das vivências e interesses da criança. A escolha de um 
tema cultural parte do contexto familiar e social, onde a criança está inserida, portanto, é 
considerada a bagagem sociocultural que a criança traz. 
A infância está sendo (quase) 
roubada de nossas “crianças modernas”, 
mas ainda a tempo de construirmos juntos, 
uma infância melhor, buscando aquilo que se 
perdeu. Resgatar as brincadeiras, os jogos 
do faz-de-conta, o contar histórias, os 
brinquedos, ouvir as interpretações das 
crianças no palco de suas vidas, para fazer 
uma conexão da imagem que temos das 
mesmas. As linguagens que as crianças 
traduzem de suas realidades, são na verdade 
o que elas absorvem no cotidiano do espaço 
familiar, educacional e social. Fazem seus Fonte:http://www.canalkids.com.br/central/arquivo/ar
t_greguinhos.htm 
 
 
72 
jogos em forma de brincadeiras expressando-se da mais pura inocência. 
A criança depende muito dos adultos para crescer, aprender e socializar-se. As fases 
de transição que a criança passa, pois como está inserida na vida dos adultos, onde também 
ocorrem mudanças. E, conseqüentemente a criança está dentro dessas transformações, torna-
se importante que nós saibamos levá-las a sério e tenhamos cuidado ao impormos 
responsabilidades, compromissos, muitas vezes, exigindo dela o que não podem cumprir, 
“pulando a infância”, todo seu desenvolvimento e descoberta do mundo. 
A criança poderá receber dos adultos, instruções de limites, regras, mas sem tirar as 
oportunidades de ser criança, construindo sua personalidade numa "visão de mundo" menos 
chocante, continuando sua jornada progressiva na construção de sua história. 
Segundo Jussara Hoffmann: 
 
Acompanhar a criança em seu desenvolvimento exige um olhar teórico-reflexivo, 
sobre seu contexto sócio-cultural e manifestações decorrentes do caráter evolutivo 
de seu pensamento. Significa respeitá-la em sua individualidade e em suas 
sucessivas e gradativas conquistas de conhecimento em todas as áreas (2000, p. 
8). 
 
O novo mundo, na qual ela começa a fazer parte, tem outros significados, símbolos, 
objetos e caminhos diferentes que, outrora, a criança estava protegida. 
É sem dúvida, urgente analisar o significado dessas descobertas no próprio contexto 
da educação infantil, pois, a construção de vida no mundo adulto, requer muito 
acompanhamento e oportunização ao desenvolvimento máximo de cada criança. A cada 
aprendizagem descoberta, ela vai fazendo história. História diferente da história do outro. 
 
 
 
 
 
 
73 
As cantigas de roda ajudam a embalar a infância, a prolongá-la. 
Dessa forma permitem que nossos meninos e meninas continuem sendo crianças 
por muito mais tempo... 
Fonte:http://www.planetaeducacao.com.br/novo/artigo.asp?artigo=538 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assistência se dá à criança sempre que ela precisa do apoio para seu entendimento 
dentro do processo de evolução. Ela tem dimensões amplas, julgadoras e inquestionáveis, 
indagações sobre o que ela é ou não capaz de fazer. É nesse embasamento, da interação 
adulto/criança, que ela vai construindo sua abordagem histórica sociocultural. 
A concepção da criança diante de tanta complexidade do real, e experiências sobre o 
meio e das condições que o meio oferece para isso, é que se percebe que a criança é um ser 
ativo. Construindo história, impulsionado pelos adultos sobre a ação existente, isto é, o adulto é 
o divã da criança: mostramos vários mundos, fases, e a história ela mesma vai construindo e a 
aprendizagem sendo interiorizada. 
Segundo Piaget (2000, p. 22): "A criança constrói o conhecimento na sua interação 
com o objeto, entendido como seu próprio corpo, as coisas, os animais, a natureza, os 
fenômenos do mundo físico em geral."74 
É necessário instigar a criança para sempre continuar fazendo história, resgatando e 
aperfeiçoando o que já adquiriu, e adquirirá. Dessa forma a criança participa ativamente da 
construção de sua própria cultura e de sua história, construindo conhecimentos e constituindo 
sua identidade a partir de relações interpessoais. 
A criança está envolvida nos mais variados prismas e com isso, a interação com os 
novos compromissos reais, perdeu-se um pouco, por que não dizer muito, da verdadeira 
infância. Aspectos considerados fundamentais no processo de desenvolvimento da criança como 
as brincadeiras tradicionais, foram gradativamente perdendo seu espaço. 
As crianças são de enorme importância para resgate da cultura dos povos, valorizando 
a interação entre os membros, pelo sentido de que elas dependem da ação e interação dos 
outros para acontecer e se desenvolver. 
É justamente por este motivo, que se faz necessário uma maior abertura de tempo 
disponível para que as brincadeiras aconteçam. É perfeitamente notável que as formas, 
maneiras em que as crianças brincam são totalmente competitivas, ressaltando a guerra, a 
violência, tudo para vencer. Grande parte das brincadeiras atuais está girando neste sentido, 
deve-se a forte influência que a mídia (TV) exerce na vida das famílias, atingindo principalmente 
as crianças, que assistem aos programas e acham tudo natural, normal, pelo fato de que assim 
lhe é transmitido. 
As crianças incorporam isso como verdade e acabam assumindo posturas 
extremamente radicais nas brincadeiras que realizam. 
É de extrema urgência um repensar em nossas práticas pedagógicas, pois com elas 
podemos possibilitar uma visão diferenciada do padrão dominante impregnado na sociedade 
atual. 
Criar oportunidade aos educandos é sem sombras de dúvidas, uma tarefa de todo 
educador que se preocupa com o desenvolvimento físico, emocional e intelectual de seus 
educandos. Por que nestas, é possível encontrar uma bagagem na qual, muitos ensinamentos 
podem ser aprendidos por quem dela, participa. 
Incentivar brincadeiras tradicionais nas Instituições Educacionais é um passo 
fundamental na conquista dos objetivos propostos por um educador que realmente preocupa-se 
com as ações humanas, pois é a base que dá sustentação ao todo do indivíduo. 
 
 
75 
A nova cultura moderna dos brinquedos e brincadeiras que acontecem no cotidiano 
das instituições infantis ou fora delas, exige dos educadores um olhar voltado para novos fazeres 
pedagógicos, isto é, dar importância a todos os aspectos que envolvem a criança – social, 
emocional, familiar aprendizagem, etc. Instituindo nelas esta nova realidade, porém dando a elas 
a oportunidade de acontecer, criando suas próprias histórias, interpretando e buscando descobrir 
por si as novas descobertas deste “mundo em construção”. 
As crianças têm seus traços – suas raízes – atrelados a famílias tradicionais, por mais 
que a modernidade se faz presente, a essência cultural popular fica com as conexões de família 
para família. E esse resgate, por vezes, pouco presente à realidade das crianças do nosso 
tempo, com toda sua historicidade, as brincadeiras tradicionais infantis, ainda é um meio de 
modificar algumas concepções de “modernidade” que vem sendo incutida nas crianças. 
Considerando como parte da cultura popular, as brincadeiras/brinquedos tradicionais 
são transmitidas de geração em geração preservando sua estrutura inicial, facilitam o 
conhecimento espontâneo sobre os elementos do ambiente. 
O papel educativo das brincadeiras é exatamente esse, quando desenvolvido 
livremente pela criança, tem efeitos positivos na esfera cognitiva, social e moral. 
Do ponto de vista histórico, a análise dos brinquedos/brincadeiras, é feito a partir da 
imagem da criança presente no cotidiano de uma determinada época. O lugar que a criança 
ocupa num contexto social específico, a educação a que está submetida e o conjunto de 
relações sociais que mantêm com personagens do seu mundo. Tudo isso permite compreender 
melhor o cotidiano infantil – é nesse cotidiano que se forma a imagem da criança e do brincar. 
Todo ser humano tem seu cotidiano marcado pela heterogeneidade e pela presença de 
valores hierárquicos que dão sentido às imagens culturais de cada época. Segundo Heller (1989, 
p. 16-17): 
 
[...] O homem participa da vida cotidiana com todos os aspectos de sua 
individualidade, de sua personalidade. Nele, colocam-se em funcionamento todos os 
seus sentidos, todas as suas capacidades intelectuais, suas habilidades 
manipulativas, seus sentimentos, paixões, idéias, ideologias. 
 
 
 
76 
4.4 Jogo, brinquedo e brincadeira 
 
 
No Brasil, termos como jogo, brinquedo e brincadeira ainda são empregados de forma 
indistinta, demonstrando um nível baixo de conceituação deste campo. Brinquedo é outro termo 
indispensável para compreender esse campo. Diferindo do jogo, o brinquedo supõe uma relação 
íntima com a criança e ausência de um sistema de regras que organizam sua utilização. 
O brinquedo estimula a representação, a expressão de imagens que evocam aspectos 
da realidade. Admite-se que o brinquedo representa certas realidades. Uma representação é 
algo presente no lugar de algo6. Representar é corresponder a alguma coisa e permite sua 
evocação, mesmo em sua ausência. O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: 
tudo o que existe no cotidiano, a natureza e as construções humanas. Pode-se dizer que um dos 
objetivos do brinquedo é dar à criança um substituto dos objetivos reais, para que possa 
manipulá-los. 
Os brinquedos podem incorporar também um imaginário preexistente criado pelos 
desenhos animados, seriados televisivos, mundo de ficção científica com motores e robôs, 
mundo encantado dos contos de fadas, histórias de piratas, índios e bandidos. Ao representar 
realidades imaginárias, os brinquedos expressam, preferencialmente, personagens sob forma de 
bonecos, como manequins articulados ou super-heróis, mistos de homens, máquinas, monstros. 
O brinquedo propõe um mundo imaginário da criança e do adulto, criador do objeto 
lúdico. No caso da criança, o imaginário varia conforme a idade, integrando predominantemente 
elementos da realidade. 
Por tais razões, o brinquedo contém sempre uma referência ao tempo de infância do 
adulto com representações veiculadas pela memória e imaginação. 
O vocábulo “brinquedo” não pode ser reduzido à pluralidade de sentidos do jogo, pois 
conota criança e tem uma dimensão material, cultural e técnica. Enquanto objeto, é sempre 
suporte de brincadeira. É estimulante material para fazer fluir o imaginário infantil. E a 
 
6 Construção de novas oportunidades, interagindo com o objeto real dos brinquedos e brincadeiras a partir do que 
se já tem conhecimento. A criança inventa e reinventa situações novas. 
 
 
 
77 
brincadeira? É a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar 
na ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação. 
Desta forma, brinquedo e brincadeira relacionam-se diretamente com a criança e não 
se confundem com o jogo. 
Falando um pouco sobre o jogo infantil, alguns pedagogos e psicólogos, estão de 
acordo que os jogos Infantis, são 
atividades físicas e mentais que favorecem 
tanto o desenvolvimento pessoal como a 
sociabilidade, de forma integral e 
harmoniosa. A criança evolui com o jogo e 
o jogo da criança vai evoluindo quando 
representa (o jogo) seu papel na 
integração com brinquedo/brincadeira, 
criando individualmente suas várias 
encenações para um melhor 
aprofundamento de sua cognição de 
aprendizagem. Independente de época, 
cultura e classe social, os jogos e os brinquedos/brincadeiras estão imersos na vida das 
crianças, pois elas vivem num mundo de fantasia, onde se transportam para qualquer lugar, 
imaginam cenas, vivem diversos personagens, fazendoacontecer sua própria 
realidade(Kishimoto, 1999). O jogo está na gênese do pensamento, da descoberta de si mesmo, 
da possibilidade de experimentar, de criar e de transformar o mundo. 
Apesar de o jogo ser uma atividade espontânea nas crianças, isso não significa que o 
professor não necessite ter uma atitude ativa sobre ela, inclusive, uma atitude de observação 
que lhe permitirá conhecer muito sobre as crianças com que trabalha. É imprescindível que o 
educador saiba também interpretar o que as crianças estão representando nas suas brincadeiras 
com seus brinquedos, para poder avaliá-las em todo o seu desenvolvimento. Sejam nas 
afetividades com colegas, seus sentimentos, suas angústias, seus anseios, nas suas histórias de 
mundo imaginário de “novas” culturas ligadas direta ou indiretamente nas suas construções 
ligadas ao mundo moderno. 
Claparéde (1956), procurando conceituar pedagogicamente a brincadeira, recorre à 
psicologia da criança, embebida de influências da biologia e do romantismo. Para o autor, o jogo 
Fonte: http://www.eb1-sede-2.rcts.pt/actividades.htm 
 
 
78 
infantil desempenha papel importante como o motor do autodesenvolvimento e em 
conseqüência, método natural de educação e instrumento de desenvolvimento. É pela 
brincadeira e imitação que se dará o desenvolvimento natural como postula a psicologia e a 
pedagogia do escolanovismo7. 
Piaget (1978, 1977) adota, em partes, o referencial escolanovista, ao dar destaque à 
imitação, que participa de processos de acomodação, na forma de assimilação. 
Na teoria piagetiana, a brincadeira não recebe uma conceituação específica. Entendida 
como ação assimiladora, a brincadeira aparece como forma de expressão da conduta, adotada 
de características metafóricas como espontâneas, prazerosas, semelhantes às do romantismo e 
da biologia. Ao colocar a brincadeira dentro do conteúdo da inteligência e não na estrutura 
cognitiva, Piaget distingue a construção de estruturas mentais da aquisição de conhecimentos. 
A compreensão das brincadeiras e a recuperação do sentido lúdico de cada povo 
dependem do modo de vida de cada agrupamento humano, em seu tempo e espaço. Daí 
emerge a imagem que se faz da criança, seus valores, costumes e brincadeiras. 
 
 
4.5 Relação educador/educando na educação infantil e o desenvolvimento humano 
 
 
Ouvimos falar, repetidamente, que estamos vivendo uma crise de valores. E realmente 
estamos. Quando a impunidade parece ser a lei maior, quando entre o “certo” e o “errado” 
parece não mais haver fronteiras, é comum, é humano vermos educadores se questionando: 
vale à pena continuarmos nossa luta? E educar nossas crianças segundo as regras da 
honestidade e da honradez? Haverá algum jeito de mudar essa situação? O que podemos fazer 
para que nossas crianças sejam cidadãos honrados e cumpridores de deveres e direitos? 
 
7 O ideário da Escola Nova veio para contrapor o que era considerado “tradicional”. Os seus defensores lutavam por diferenciar-
se das práticas pedagógicas anteriores. No fim do século XIX, muitas das mudanças que seriam afirmadas como originais pelo 
“escolanovismo” da década de 20, já eram levantadas e colocadas em prática. 
 
 
 
79 
A criança necessita de ambiente material e social adequado, capaz de estimular o 
pleno desenvolvimento. São indispensáveis recursos humanos (educadores) qualificados, em 
todos os níveis, bem como, o trabalho de estimulação essencial ao desenvolvimento. Pois a 
estimulação essencial é como um conjunto de aspectos que concorrem para o desenvolvimento 
global da criança, não se limitando a um grupo de atividades ministrado por um adulto, em 
determinada sala ou horário. 
O lugar que a criança ocupa num contexto social específico, a educação a qual está 
submetida e o conjunto de relações sociais que mantêm com personagens do seu mundo, tudo 
isto permite compreender melhor o cotidiano que se forma a imagem da criança e seu brincar. 
E é nesse cotidiano, que nós educadores temos o dever de estarmos inseridos, para 
permitir a construção de diferentes tipos de imagens da criança, conforme o contexto social ao 
qual a criança está submetida, e neste contexto, o brincar aparece como elemento indispensável 
para educar a criança. 
Desde Froebel, o criador do jardim de infância, a relevância da brincadeira é apontada 
ora pela ação livre e espontânea da criança ora pela ação orientada pelo educador como um 
fator importante para a educação infantil. 
No desenvolvimento das crianças, é evidente a transição de uma forma para outra 
através do jogo, que é a imaginação em ação. A criança precisa de tempo e de espaço para 
trabalhar a construção do real pelo exercício da fantasia. Infelizmente nossas crianças, na 
maioria das escolas, recebem regras prontas, não significativas. Elas devem aceitá-las para 
poder se transformar num “bom adulto”. E o mesmo acontece com os educadores. As relações 
na escola estão congeladas e os conhecimentos ritualizados. Existe um abismo entre o jogo 
metafórico e a aprendizagem mecanicista8. A força da manipulação autoritária faz sombra à 
força da vida instintiva da criança e à possibilidade de construção do conhecimento significativo. 
No entanto, o jogo está presente na escola quer o educador permita quer não. Mas é 
um jogo de regras marcadas, predeterminadas em que a única ação permitida à criança é a 
obediência, ou melhor, a submissão. Por isso, é preciso resgatar o direito da criança a uma 
educação que respeite seu processo de construção do pensamento, que lhe permita 
desenvolver-se nas linguagens expressivas do jogo, do desenho e da música. 
 
8 “Ato ou efeito de tornar sempre nas mesmas “coisas”, transformando as ações em algo mecânico, programado”. 
 
 
80 
As idéias e as ações que as crianças adquirem provêm do mundo social em que vive, 
incluindo a família e o seu círculo de relacionamento, o currículo apresentado pela escola, as 
idéias discutidas em classe, os materiais e os pares. O conteúdo das representações simbólicas 
recebe, geralmente, grande influência do currículo e dos professores. Os conteúdos veiculados 
durante as brincadeiras infantis bem como os temas de brincadeiras, os materiais para brincar, 
as oportunidades para interações sociais e o tempo disponível são todos os fatores que 
dependem basicamente do currículo proposto pela escola. Normalmente, a criança precisa de 
tempo para elaborar as idéias que encontra. Esse fator é bastante negligenciado pela maioria 
das escolas que privilegiam as atividades individuais orientadas. 
É importante perceber a Instituição de Educação Infantil como um espaço de animação 
cultural, onde jogos livres, escolhidos pelas crianças, possam colaborar com o cultivo do corpo. 
Entretanto, não é essa a realidade que predomina nas Instituições de Educação Infantil. É 
necessária a conscientização da importância de conciliar a tarefa de educar com a necessidade 
irresistível de brincar. Assim surge o jogo educativo, metade jogo e metade educação, como uma 
forma de instrução, um importante recurso para ensinar que o educador poderá fazer uso e ao 
mesmo tempo um fim em si mesmo, para a criança que quer brincar. 
 
 
http://pipocaecompanhia.blogs.sapo.pt/arquivo/escola3.jpg 
 
 
81 
4.6 Brincadeiras tradicionais infantis e o seu papel na formação da cidadania 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sabe-se que a brincadeira tradicional é transmitida pela oralidade infantil e seus 
conteúdos provêm dos tempos passados, de fragmentos de contos, mitos, práticas religiosas e 
culturais abandonadas pelos adultos. 
Há brincadeiras muito antigas que provavelmente derivam de objetos de culto e dá 
margem para a criança desenvolver a sua fantasia. Há outras brincadeiras, simplesmente 
impostas pelos adultos enquanto a expressão da criança se mostra com um sentimentode 
nostalgia. 
Nas brincadeiras tradicionais infantis, existe uma relação harmoniosa entre todos os 
jogadores, e essa relação é fundamental para que a criança desde pequena aprenda a 
necessidade do companheirismo, da ajuda, do desafio. 
Fonte: 
http://uei2005.blogs.sapo.pt/arquivo/10444
46.html 
 
 
82 
Em uma sociedade como a nossa capitalista, onde se perdeu o direito de partilha, as 
brincadeiras tradicionais infantis resgatam os valores que a criança ocupa num contesto social. 
São esses valores que orientam a elaboração de um banco de imagens culturais, que se 
refletem nas concepções e formação da criança e possibilita a percepção total da criança em 
seus aspectos motor, afetivo, social ou moral. 
Percebemos que hoje, o processo de industrialização e urbanização roubou o espaço 
das brincadeiras. Nesse contexto, é importante enfatizar o crescimento das ciências da 
educação, porém, apontar para a importância do jogo, brinquedos e brincadeiras, que são 
primordiais no desenvolvimento da criança. 
O jogo tradicional infantil é um tipo de jogo livre, espontâneo no qual a criança brinca 
pelo prazer de fazer. Por pertencer à categoria de experiências transmitidas espontaneamente 
conforme motivações internas da criança, o jogo tradicional infantil tem um fim em si mesmo e 
preenche a necessidade de jogar da criança. Tais brincadeiras acompanham a dinâmica da vida 
social permitindo alterações e criação de novos jogos e brincadeiras. Desde tempos passados, 
os jogos tradicionais infantis fazem parte da cultura infantil. 
Estudos atuais mostram a necessidade de incorporar as concepções de criança e de 
jogo na análise dos jogos tradicionais infantis. 
É pelo jogo e brincadeiras, que a criança se revela. As suas inclinações boas ou más, 
a sua vocação, as suas habilidades, o seu caráter, tudo que ela traz no seu eu em formação, 
torna-se visível pelos jogos e pelos brinquedos que ela executa. 
A criança se habilita, na medida em que seus conhecimentos buscam um 
aperfeiçoamento, com intenção de mudar, transformar, criar e recriar seu mundo; um ser em 
construção, capaz de interagir com o meio. A criança faz sua história. Faz o seu mundo ficar 
colorido, viaja, interpreta, molda seus percursos, vais e vem buscando sempre fazer do jogo e da 
brincadeira a mola propulsora para a aquisição de novos horizontes... 
 
 
 
 
 
 
83 
Fonte: jrjuniao@uol. jrjuniao@uol.com.br com.br 
 
 
 
 
A criança faz sua cultura. Inventa faz sua história... Entra e sai da sua própria 
realidade... Cultiva sua identidade de infância... Revive os momentos e os transforma em outros; 
realiza, fazendo acontecer os sonhos em ações reais... Interpretam vários papéis e cada qual 
com especificidades diferenciadas. Vive e revive e socializa sua inocência, sem se importar com 
o mundo adulto. Criança faz e desfaz. É única, ímpar. Infância só faz bem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
84 
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