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Asm� Introdução ● Doença caracteriza-se por episódios de obstrução reversível das vias aéreas (broncoespasmo) ● Manifestações - Dispneia, sibilos, tosse e aperto no peito ● Pacientes podem apresentar-se assintomáticos entre um episódio e outro, mas também podem apresentar sintomas residuais. ● A doença resulta de uma inflamação crônica (linfócitos Th2, eosinófilos, mastócitos e IgE), presente mesmo com o paciente assintomático, predominante em brônquios de pequeno e médio calibre. ● Essa inflamação possibilita a hipersensibilidade a diversos estímulos e também gera alterações estruturais permanentes na árvore respiratória, deixando sequelas, sobretudo nos pacientes que não recebem tratamento. Epidemiologia ● Afeta 1-18% da população globalmente ● Pode iniciar em qualquer idade, mas costuma iniciar por volta dos 3 anos de idade ● É comum que a doença desapareça na adolescência, podendo voltar na idade adulta, geralmente persistindo para o resto da vida Fenótipos Asmáticos Asma alérgica (extrínseca) (80%) ● Início na infância ● Relacionada com a atopia (rinite, alergia a alimentos e medicamentos) ● Infiltração eosinofílica ● Resposta excelente ao corticóide inalatório Asma não alérgica (intrínseca) ● Início tardio (adultos, principalmente mulheres) ● Não associada à atopia ● Infiltração neutrofílica, eosinofílica e até mesmo paucicelular ● Resposta menor ao corticóide inalatório Asma com obstrução aérea fixa - Asma de longa duração e tratamento inadequado, gerando dano irreversível a função pulmonar Asma relacionada à obesidade - Obesidade aumenta a prevalência de asma, sendo qua perda ponderal pode melhorar o quadro Fatores de Risco ● Atopia ● História familiar ● Alérgenos ● Exposição ocupacional ● Obesidade ● Fatores de risco controversos na literatura - Falta de infecções (hipótese da higiene), dieta, poluição. Fatores Desencadeantes Alérgenos ● Ácaros ● Pólens ● Pelos de animais ● Baratas ● Fungos ● Perfumes ● Produtos de limpeza Infecções virais - Principalmente as IVAS Fármacos ● Betabloqueadores (até mesmo os seletivos beta-1 e preparações tópicas) ● AAS (pode ocorrer com outros AINEs também) Exercícios físicos - A hiperventilação desidrata a mucosa, aumentando a osmolaridade, provocando degranulação dos mastócitos. Clima seco e frio - Idem anterior Dieta - Principalmente industrializados Poluição Hormônios ● Asma catamenial - Asma no período pré-menstrual resultante da queda nos níveis de progesterona ● Disfunção tireoidiana (hipo ou hipertireoidismo) Estresse Apresentação Típica da Asma ● Mais de uma queixa respiratória concomitante - Dispneia, sibilo, tosse, sensação de aperto no peito (OBS - Na criança a asma pode apresentar-se apenas com tosse, sendo chamada de asma oculta) ● Piora dos sintomas durante a noite e no início da manhã - Resulta da variação circadiana do tônus broncoconstrictor. ● Variabilidade na frequência e intensidade dos sintomas ● Início ou piora dos sintomas após contato com fatores desencadeantes Diagnóstico Clínica compatível + demonstração objetiva de obstrução variável e reversível do fluxo respiratório (espirometria) Métodos de avaliação: ● Prova broncodilatadora - Verifica a variação do VEF1 10-15 minutos após administração de agonista beta-2-adrenérgico (ex: Salbutamol) (OBS - Crises graves e infecções virais podem mascarar a resposta ao broncodilatador, devendo-se repetir o teste em 1-2 semanas se a suspeita de asma não for afastada) ● Variação diária do PFE - Realiza-se a medida do PFE, por meio de fluxômetro portátil, duas vezes ao dia (de manhã e à noite) por 1-2 semanas. ● Teste de provocação - Utiliza-se de substâncias como a metacolina, histamina, nebulização com solução hipertônica ou manitol, avaliando a resposta do VEF1 do paciente. (OBS - Costuma ser realizado apenas em adultos) Critérios para confirmação da asma Outros Exames Exames para alergia (prick tests, IgE total e IgE específicos) - Não são obrigatórios, já que nem toda asma é alérgica, mas podem ser úteis para construirmos uma estratégia de evitação do alérgeno. Exames de imagem - Mais úteis na investigação de complicações (pneumotórax, pneumonia, infiltrados eosinofílicos nos portadores de aspergilose broncopulmonar alérgica) Óxido nítrico exalado - A fração do óxido nítrico no ar exalado tem correlação direta com o grau de infiltração eosinofílica do trato respiratório. Mas não é endossado como método diagnóstico, já que nem toda asma tem infiltrado eosinofílico predominante e algumas doenças cursam com infiltrado eosinofílico mas não são asma. Diagnóstico Diferencial ● Obstrução de via aérea alta - Apresenta estridor audível na região cervical ● Aspiração de corpo estranho (criança) - Os sibilos são localizados e não difusos como na asma ● Tumor endobrônquico (idoso) - Os sibilos são localizados e não difusos como na asma ● Asma cardíaca (congestão da mucosa brônquica) - Estertores crepitantes bibasais, alteração no ECG e ecocardiograma. ● Portadores de DPOC com componente reversível (componente asmático) Asma Ocupacional Representam cerca de 5 a 20% dos casos de asma iniciados na vida adulta Características: ● Geralmente precedida por um quadro de rinite alérgica ● Melhora dos sintomas no período de férias ou feriados Conduta - Mudança de atividade nos primeiros 6 meses (evitar remodelamento brônquico) Avaliação da Asma Avaliar a gravidade da asma ● Leve - Asma controlada com os passos 1 ou 2 da escada terapêutica. ● Moderada - Asma controlada com o passo 3 da escada terapêutica. ● Grave - Asma controlada com os passos 4 ou 5 da escada terapêutica, ou que continua sem controle a despeito destes (“asma refratária”). Avaliar o grau de controle da asma (GINA Symptom Control Tool) Espirometria 3-6 meses depois de instituir o tratamento e, após isso, repetir a cada 1-2 anos (pode variar a depender da necessidade clínica de cada paciente) Avaliar (antes de julgar a gravidade e o grau de controle): ● Adesão ao tratamento ● Técnica de utilização do inalador ● Explicações alternativas para os sintomas respiratórios ● Exposição continuada a alérgenos e irritantes GINA (Global Initiative for Asthma) Symptom Control Tool Tratamento Segue uma escala de intensidade, a qual deve ser ajustada a depender do controle ou não da doença: 1. Instituir terapêutica inicial a. Passo 1 - Para pacientes com sintomas ocasionais e ausência de fatores de risco para exacerbações b. Passo 3 - Para pacientes graves c. Passo 2 - Para o restante 2. Reavaliar o paciente após 2-3 meses (ou caso houver urgência clínica) 3. Se não houver controle da doença, deve-se intensificar a terapêutica (step up) 4. Após atingir o controle, o paciente deve ser observado por 3 meses 5. Sé a asma permanecer controlada, deve-se reduzir a intensidade do tratamento (step down) Escala terapêutica da Asma. OBS - (1) somente para pacientes > 12 anos; (2) Para crianças com idade entre 6-11 anos, prefere-se aumentar a dose da monoterapia com CI (de baixa para média) em vez de associar LABA; (3) crianças com idade entre 6-11 anos que necessitem progredir ao passo 4 já devem ser encaminhadas ao especialista a fim de receber tratamento individualizado; (4) baixas doses de budesonida/formoterol ou beclometasona/formoterol podem ser usadas como terapia de resgate em pacientes que já utilizam estes mesmos medicamentos como terapia de manutenção (isso só é válido para essas combinações). Condutas adicionais ● Vacinação - Vacina anual contra Influenza e existe controvérsia quanto a vacina pneumocócica, mas no Brasil não se recomendam doses adicionais ● Obesidade - Perda de peso pode melhorar o quadro ● Doença do refluxo gastroesofágico - As drogas usadas no tratamento da asma (agonistas beta2 e teofilina) promovem relaxamento do esfíncter esofagiano. Tratar com inibidor de bomba. ● Anafilaxia - Tratar com epinefrina intramuscular ● Rinossinusite e polipose nasal - Tratar com corticoide tópico ● Asma induzida pelo exercício - SABA inalatório como profilaxia antes do exercício ● Gravidez - Não parara medicação (o risco para o feto é insignificante). Postergar o step down para o pós-parto. Se usar SABA 48 horas antes do parto, monitorizar a glicemia do neonato (SABA aumenta a probabilidade de hipoglicemia do recém nascido) ● Pré-operatório - A asma controlada não aumenta o risco cirúrgico. Pacientes que fizeram uso de CI de alta dose e corticoide sistêmico por mais de 2 semanas devem receber hidrocortisona IV durante a anestesia para prevenir insuficiência adrenal aguda. ● Doença respiratória exacerbada por AAS - Protocolo de dessensibilização ● Aspergilose broncopulmonar alérgica - Corticoide oral, associado ou não a itraconazol Tratamento das Exacerbações Tratamento domiciliar com plano escrito de automanejo ● Drogas de resgate ● Aumentar a dose do CI (dobrar ou quadruplicar) por um período de 7-14 dias ● Corticoide oral caso não haja resposta em 48 horas ● Ir ao hospital caso haja - Deterioração progressiva a despeito das medidas tomadas e desconforto respiratório súbito e intenso. ● OBS - Mesmo se o automanejo der certo, o paciente deve ver o médico dentro de 1-2 semanas Tratamento Ambulatorial ● Referenciar os casos graves, e realizar as medidas possíveis a nível ambulatorial ● Intensificar a terapia de controle ● SABA inalatório em doses repetidas na primeira hora ● Corticoide oral dentro da primeira hora ● Oxigênio caso necessário Algoritmo de tratamento ambulatorial da crise asmática Tratamento no serviço de emergência (pacientes graves) ● Avaliar sinais vitais ● Classificar a crise em leve, moderada ou grave ● Se for leve ou moderada, o tratamento é igual ao ambulatorial ● Se for grave - SABA + ipratrópio, corticóide VO ou IV, oxigênio e IOT se necessário Algoritmo de tratamento no serviço de emergência Gasometria Só é indicada se: ● PFE ou VEF1<50% do previsto ● Ausência de resposta ao tratamento ● Piora clínica progressiva pO2 < 60 mmHg e/ou pCO2 normal ou aumentada (Na asma espera-se que a pCO2 esteja diminuída devido a hiperventilação, se está normal ou aumentada, sinal que há algo de errado) indicam insuficiência respiratória e necessidade de IOT Diagnóstico em Crianças (<5 anos) Devido a incapacidade das crianças em colaborar com a espirometria e medida do PFE, a asma nesse grupo é diagnosticada apenas com dados clínicos (quanto mais critérios presentes, mais provável o diagnóstico): ● Padrão de sintomas compatíveis (mais de um sintoma concomitante: dispneia, sibilos, tosse). ● Os sintomas persistem de forma prolongada (> 10 dias) durante um episódio de IVAS. ● Ocorrem > 3 episódios por ano, ou os episódios são graves e/ou apresentam piora noturna. ● Os sintomas também acontecem na ausência de IVAS, sendo desencadeados por atividades físicas, choro, riso, exposição ao tabaco, poluição ambiental e/ou aeroalérgenos comuns ● História pessoal ou familiar de outras manifestações atópicas (rinite e/ou dermatite alérgica) ● História familiar de asma em parente de 1º grau ● Melhora em resposta ao tratamento de controle empírico; piora após a suspensão do mesmo. Avaliação da Asma em Crianças Segue o mesmo princípio da avaliação em adultos, mas apresenta algumas peculiaridades: ● Dificuldades na avaliação do controle dos sintomas (por isso é proposto uma forma diferente de avaliação) ● O CI pode afetar o crescimento da criança nos primeiros 1-2 anos de tratamento - Monitorar cuidadosamente a estatura do paciente Avaliação do controle de sintomas em crianças Tratamento de Crianças Segue o mesmo princípio do tratamento em adultos, mas apresenta algumas peculiaridade: ● A escala terapêutica é mais limitada em crianças, já que algumas drogas são contraindicadas na infância ● Os acompanhamentos devem ser feitos em intervalos menores (3-6 meses), pois a asma pode entrar em remissão mais facilmente em crianças ● A escolha do dispositivo inalatório deve priorizar aqueles que não necessitem de coordenação para seu acionamento e manobras de inspiração profunda - Usar nebulização convencional ou pMDI com espaçador ou aerocâmara. Escala de tratamento da asma em crianças Tratamento das Exacerbações em Crianças Nem sempre é fácil identificar exacerbação em crianças, os sinais mais comuns são: ● Aumento agudo dos sibilos e da dispneia ● Aumento da tosse, principalmente noturna ● Letargia ou diminuição da tolerância ao exercício ● Redução das atividades diárias, incluindo alimentação ● Diminuição da resposta ao SABA inalatório Algoritmo de tratamento das exacerbações em crianças Referência Medcurso 2018 - Pneumologia - Volume 1
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